05 julho 2006

Final entre dois países com escândalos no futebol

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Não se entende, ou talvez sim, como dois países que tiveram, e têm, recentes casos de escândalos no futebol, e nisso Portugal também não está livre dessa acusação – ainda ninguém entendeu o chamado caso “Apito Dourado” e o que ele realmente despoletou, e se, de facto, alguma coisa despoletou, – nem a Alemanha com o problema da arbitragem, estão na final satisfeitos da vida e sem que ninguém tenha posto um qualquer travão ou questionado das suas presenças.
Sobre o jogo Portugal-França, em jogo jogado a França foi mais feliz; por isso ganhou e está na final. Mas há uma ou duas faltas estranhas não assinaladas e, também estranhamente, só dois atletas tapados é que acabaram amarelados – um de cada – pelo que se despedem do Mundial; e houve outras situações mais claras que não tiveram “amarelos”. E a penalidade favorável à França, deixo o benefício da dúvida ao árbitro mas parece que é Henry que pise Ricardo Carvalho e, nesse sentido, não seria falta. E alguns jogadores portugueses estiveram em sub-rendimento. Agora tentem o último lugar do pódio e mantenham o Felipão até terminar a revolução que já implantou na organização lusa.
Por outro lado, vemos que no jogo Alemanha-Itália há uma penalidade inequívoca – a falta é bem dentro da área – contra os italianos que o árbitro acaba por marcar fora da área sem que daí ocorresse perigo. E a Alemanha perdeu o jogo. E ninguém reclama… porque será? que dividendos irá obter a Alemanha com o bico calado?
Sobre estes dois próximos jogos agora só desejo uma coisa. Que sejam dois hinos ao futebol, porque se quiserem sê-lo-ão, mas… do lado da Itália, tenho muitas dúvidas.
Mas, sobre os escândalos…
Interessante como o processo jurídico italiano só teve desenvolvimentos depois do fim da primeira fase, e o veredito do julgamento será depois do fim do Campeonato…não fosse a FIFA suspender a Itália e algum dirigente ou jogador devido ao processo que pode levar à descida da Juventus para a 3ª divisão italiana…
E depois temos uma FIFA a suspender a Grécia, por acaso só a campeã europeia em título – será que é a desforra da FIFA por ter sido um pequeno e “obscuro” país que não os teme? – só porque esta, enquanto Estado de Direito, não quer se sujeitar as leis particulares impostas pela FIFA, mas exige (como já outros por exemplo, países africano, também o tentaram) que o desporto, em geral, e o futebol, em particular, devem depender das normas jurídicas internas e não de uma qualquer organização privada, como é o caso da FIFA – ou do COI – que mais não é que uma organização privada mas cujos os seus limites parecem não conhecer quaisquer fronteiras nem limitações.
E depois há o escândalo do “escândalo do Togo” que chegou a ameaçar não se apresentar face à França, no último jogo, e, depois e à última hora, decide se apresentar… o que se terá passado?
Há escândalos atrás de escândalos e não só ninguém faz nada como, paradoxalmente, ou talvez não, a Suiça – onde está sedeada a FIFA e UEFA – impede que se faça alguma coisa; se alguém tem um processo cível, a FIFA, ou a UEFA (na prática uma subsidiária da FIFA), exige que essa pessoa não seja molestada e possa, sempre que estiver em eventos da FIFA, entrar e sair livremente de um qualquer país; lembram-se de Weah? e das dificuldades em ser notificado? E do mandado de detenção que tinha em Portugal mas que a FIFA conseguiu que ele entrasse e saísse sem que fosse detido e o seu “acusador” ficasse caladinho?
Até a União Europeia engoliu em seco quando se falou em criar Tribunais desportivos e liberdade de circulação de jogadores – eles são profissionais como quaisquer outros da União – e a FIFA/UEFA acabaram por sair das negociações sem que se vislumbre que alguma vez venham a ser retomadas a contento dos europeus… A Grécia que o diga…
E depois como pode uma organização apresentar lucros descomunais, bem superiores ao PIB da maioria dos Estados que formam a Nações Unidas, mesmo que parte – ínfima parte – desses lucros sejam distribuídos pelas Associações nacionaisexcepto a do Togo…?
E, já agora, porque é que a FIFA impediu que os sistemas electrónicos fossem validados e servissem de ajuda aos árbitros principais e auxiliares, invocando que tirava espectacularidade ao futebol; não me parece que seja isso o que acontece com o “futebol americano” onde os árbitros até param jogos para verem e ajuizarem melhor os lances e vemos os Estádios sempre a abarrotar, ao contrário do que se vê no nosso futebol; pois não está lá o senhor Sócrates para os ensinar…
E depois não querem que certos países gritem escândalo e subordinação, com foi o caso de Moçambique sobre a tomada de posição - ou não posição - de uma subsidiária da FIFA, a CAF, e os candidatos apurados para a organização do CAN 2010.
Mas, não há dúvidas que a FIFA é … é a FIFA!!!! e quem se mete com ela?!?!

ADENDA: Depois de ler quem são os nomeados para o melhor jogador do Mundial, depois de ouvir e ler vários elogios a jogadores como Figo, Ricardo, Lúcio, Maxi Rodriguez, etc, estranha-se (será?) que nenhum deles esteja entre os nomeados e que além dos ítalo-franceses (4-3, um prenúncio antecipado?) só haja um português, Maniche, e dois alemães… ou seja, os 4 semi-finalistas da presente edição.
Nem Cristiano Ronaldo está lá presente, apesar de estar nomeado para o melhor jogador jovem. Será que um facto impede outro? Se sim, estranha-se...
Ou será porque a FIFA é… a FIFA?

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