A República Federativa do México está hoje numa roda-viva não só devido às eleições presidenciais como à escolha de governadores de quatro estados, incluindo o Distrito Federal (Ciudad de México), mais de cem alcaides, além da renovação do Congresso de la Unión e de várias câmaras legislativas regionais.
Para a presidência perfilam-se dois fortes candidatos, embora um terceiro não seja de excluir de imediato. Os principais candidatos são Andrés López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD) – conotado com a esquerda coligado com o Partido del Trabajo y Convergencia na aliança Coalición por el Bien de Todos –, e Felipe Calderón Hinojosa, do Partido Acción Nacional (PAN) – considerado o homem da continuidade e muito amigo de Bush, já que é apoiado pelo quase despedido Vicente Fox –; todavia, e porque o sistema eleitoral mexicano tem sido, ultimamente, pródigo em surpresas estranhas, não devemos esquecer o candidato daqueles que dominaram o poder entre 1929-2000, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), Roberto Madrazo, que tem o apoio dos verdes do Partido Verde Ecologista do México (PVEM), assente na Alianza por México. Além destes há uma senhora que quer ser a primeira presidente mexicana, a candidata Patricia Mercado, do Partido Alternativa Socialdemócrata y Campesina (PASC).
Numa campanha muito cara, e onde parece tudo ter valido, apesar do Estado ter distribuído “rodos” de dinheiro para evitar corrupção eleitoral, que durou cerca de 160 dias, custou qualquer coisa como 51 milhões de dólares e onde tudo valeu, os mexicanos podem colocar, e pela primeira vez, um candidato da esquerda no Distrito Federal, mais concretamente em Los Pinos.
Se houve ou não corrupção durante a campanha, isso só os analistas mexicanos poderão aquilatar. No entanto, algo já sobressaiu na véspera das eleições. O antigo presidente Luis Echeverría Álvarez foi detido sob acusação genocídio contra manifestantes em Outubro de 1968, por alturas dos Jogos Olímpicos do México; só que, estranhamente, esta acusação já terá prescrito em Outubro de 2005.
Veremos então quem amanhã surge como o sucessor de Vicente Fox, o presidente cessante que falhou quase todas as suas “promessas”. Não esquecer que o sistema eleitoral mexicano não prevê segundas voltas pelo que todos os candidatos saberão a sua posição quando o escrutínio fechar e os cerca de 71,3 milhões de mexicanos tiverem votado.
Quem sucederá ao “liberal” Fox? O “esquerdista” Obrador, que o candidato conservador Calderón compara a Chavez (o fantasma da campanha) – se ganhar, como prevêem as sondagens, de que modo irá se posicionar o poderoso vizinho do Norte? Será por isso que já estava a levantar um muro na fronteira e não por causa da imigração clandestina? – ou haverá uma surpresa no final da “lide” e será outro candidato a recolher as orelhas e o rabo e deliciar-se, no fim, com um bom e picante taco?
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