12 julho 2006

Uma efeméride e uma purga kafkaniana nunca explicadas

Com a devida vénia ao cabo-verdiano Liberal, no dia em que se iniciam os trabalhos conducentes à VI Cimeira da CPLP, em Bissau, este interessante relembrar da História nunca bem contada e, pelos vistos, ainda mal digerida:

"PAULO CORREIA E VIRIATO PÃ: A INDECIFRÁVEL “CONSPIRAÇÃO BALANTA”"

Durante 20 anos nunca se fez luz sobre este caso, sempre silenciado, sempre escondido debaixo do tapete da intriga política em Bissau, como se os cordelinhos do processo trouxessem implicações diversas e porventura depois contraditórias”.
Porque há 20 anos, duas personalidades da República da Guiné-Bissau, Paulo Correia (a altura vice-presidente do Conselho de Estado) e Viriato Pã, além de outras 10 indiferenciadas políticas e militares são julgadas à porta fechada no Tribunal Superior, sob a acusação de “conspiração” tendo o então Procurador-geral Turpin pedido a pena de morte que foi aceite pelo Tribunal. Apesar das ténues pressões internacionais, ou por isso mesmo, são de imediato executados.
Tudo porque segundo se constava teria havido uma conspiração com base étnica, a chamada “conspiração balanta”, que visaria derrubar o Poder e colocar a principal etnia no domínio do país – note-se que o actual Chefe de estado maior das Forças Armadas guineenses, o general Tagma Na Way, é um dos sobreviventes da purga –. Uma conspiração, que mais não terá sido que uma purga kafkaniana, cujas as provas nunca foram publicamente apresentadas tendo todo o processo ficado envolto em insondáveis mistérios, boatos, conflitos de interesses, eventuais negócios de saias e corrupção.
Em 20 anos tudo se mantém como no início do processo; tudo excepto três factos indesmentíveis: a existência de um julgamento com contornos mais do que duvidosos, dois fuzilamentos e o continuado calar da Comunidade internacional.

1 comentário:

Anónimo disse...

Camaradas,
A verdade é esta : houve, hà e haverà sempre problemas étnicos na Guiné- Bissau. Enquanto esta questao existir, o pais terà sempre uma deriva decadente e nao ascendente.
Mas visto a politica de avestruz (a de querer "cobrir o céu com as maos do homem"...), esta polémica estarà sempre presente em certos espiritos"mal-sains"(deshonestos), oportunistas, que aproveitarao desta "intriga", de uns contra os outros, para melhor reinar ( o mais tempo possivel), obter dinheiro, viagens, casas, "kumadris e kumpadris"...é assim o reino tabankal (governo e companhia)na nossa Guiné, infelizmente, para a felicidade de alguns (em numero limitado,escolhido, a dita elite nacional)e infelicidade dos outros(em maioria).
Aqui falam das victimas do dito "complot" ou conspiraçao e da execuçao do Paulo CORREIA e do Viriato PAN, sem esquecer do Binhakara N'DJENDA( em memoria do meu ex aluno, no licéu nacional Kwam N'krumah, em Bissau)e tantos outros militares, executados por pertencerem à etnia balanta.
Mas esquecemos de outros executados, nas mesmas condiçoes por serem diferentes:SAIEG(militar na época portuguêsa), e muitos outros jovens que cumpriram o serviço militar durante a época colonial.
A razao de toda esta supressao de vida , de modo cruel, é de ter uma ideia, uma posicao diferente e sobretudo de ter vivido numa época, que por cima nao escolheram.
Acho justo e normal que ajam justiça e julgamentos ...mas que devem ser justificados, segundo a lei e nas condiçoes humanas de um digno pais dito democràtico e a demais lutou pela liberdade e paz... . Podemos confirmar que nao é o caso na Guiné -Bissau, onde a execuçao faz parte da vingança pessoal. A Guiné B., està inondada de sangue de todas as partes: para uns, é de terem vivido durante os portuguêses, para outros é o facto de terem colaborado com os "tugas", e alguns outros , porque trairam uma causa nao identificada...aquilo vai à guilhotina...é matar sem lei!!!
Cito alguns : régulo Joaquim Batica, o sipaio Mamadu Lamine N'djai,o militar Saieg, os executados do partido PAIGC: Paulo CORREIA, Viriato PAN...enfim!!! a lista é longa. Até quando!
Devemos também citar aqueles que foram as victimas da guerra de 1998, pois que houve "réglement de comptes" do jeito da mafia, visto que os padrinhos se declararam a guerra.
Um outro SAIEG Rachid( colega de turma durante 3 anos seguidos), que morreu pelas mesmas balas que o irmao. Eugénio SPEIN...OUTROS MAIS!
BASTA! Camaradas, a Guiné-Bissau, nao é uma propriedade privada, é um pais, com a sua populaçao , cultura...voçês sao"nhu toma konta". E pergunto com que direito?
Ter feito a luta armada, nao vos dà o direito de destruir o pais e o seu povo.Sao "vosotros "que devemos eliminar para poder fazer avançar o pais e viver em paz. Tenho a esperança que serà este o futuro da Guiné. Sem "vosotros", amén.