03 setembro 2009

Mais um tiro na liberdade de comunicação?

(quem é que é amigo, quem é?; imagem ximunada daqui)


Quem é que há dias numa entrevista afirmava, e bem, que num determinado partido havia – parecia – impedimentos vários por “delito de opinião”?

E quem é que há muito vinha também reclamando de uma televisão privada – e, parece, impôs que se queriam debatas a dois teria de ser em lugar neutro e nunca naquela empresa de comunicação televisiva – nomeadamente, quanto à sua linha editorial, ou, pelo menos, quanto a um dos seus programas informativos?

Pois se num caso a situação é clara e manifestamente contrária à liberdade de expressão e opinião noutra não o é menos.

E porque os amigos são para as ocasiões – e se os amigos são de fora, melhor ainda – a administração da TVI parece ter decidido, por indicação da sua holding espanhola – amigo Sócrates, Zapatero de España está sempre contigo –, suspender o tal programa indigesto para o ainda primeiro-ministro português. Quanto não vale ter grandes e potentes amigo, mesmo que seja só por “
razões económicas, em consequência de uma reestruturação em curso” [a quem estão a chamar de ignaros??!] de acordo com a Prisa, a holding espanhola…

E, a fazer fé na
edição online do matutino português Público, a jornalista responsável pela edição do tal bloco informativo malquisto pelo primeiro-ministro português teria já, segundo ela e confirmado à rádio TSF, pronta uma nova peça jornalística sobre o caso – faz que anda mas parece inerte – Freeport “(…)Temos pronta uma peça sobre o Freeport, com dados novos e, como sempre, documentados” o que, talvez por ser em vésperas eleitorais (e quando ao contrário do que seria expectável não deverá ter desenvolvimentos antes das eleições legislativas), quiçá não seja politicamente correcto colocar no ar.

Recordemos como foi o caso da “suspensão” das conversas do professor Marcelo Rebelo de Sousa, também na TVI e como a oposição de altura tanto exacerbou sobre o assunto.

Na altura alguém dizia que se estava a fazer “censura encoberta”. E agora o que se pode dizer?

Ainda de acordo com o Público, citando o matutino Correio da Manhã, parece que o spot publicitário sobre tal bloco informativo já era para ter ido para o ar na semana passada mas razões, segundo o gabinete de comunicação da TVI considerado "normal".

Como se sabe a primeira consequência foi a
demissão em bloco da Direcção de informação da TVI; a segunda, parece que foi o grupo Impresa, de Pinto Balsemão – por acaso “opositor” do primeiro-ministro, via a líder do seu partido, PSD – viu as suas acções subirem cerca de 10,31% (info MillenniumBCP; já a informação “PSI20” do SAPO.pt mantém-se indisponível a esta hora que escrevo o apontamento).

Como recorda Orlando Castro no seu blogue
Alto Hama, para o sociólogo António Barreto – antigo dirigente do PS e considerado o pai da reforma Agrária portuguesa – o ainda primeiro-ministro português parece “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.

Ou seja, e como hoje Paulo Porta afirmou, isto não será mais que um "
acto de censura que afecta a liberdade de expressão”.

Vamos esperar para ver até onde vai este tsunami jornalístico e, quem sabe, não seja o primeiro tiro para que a comunicação social portuguesa comece a voltar a ser de novo mais credível, ou seja, que as notícias passem a ser feitas por Jornalistas e não em gabinetes de administradores ou de pseudo-casas de informação e comunicação social sem qualificações para tal…

E só espero que depois disto e do artigo de opinião hoje publicado no semanário Frente Oeste não me venham chamar de
pós-maneleiro ou anti-socrático ou vice-versa. Porque como sabem só esporadicamente intervenho na política “politiqueira” portuguesa. É que tenho mais que fazer do que estender a mão à caridadezinha…

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