21 fevereiro 2011

Agora a Líbia…

Depois da Tunísia e do Egipto, com passagem pelo Iémen, Bahrein, Irão (este bem camuflado), Argélia e Marrocos, agora a Líbia do auto-intitulado “Príncipe do príncipes africanos”.


Como é que o Ocidente que reverteu um antigo “assassino” e “terrorista” em “aliado preferencial” – a AICEP portuguesa e o Governo de Sócrates que o digam – vai agora se posicionar face ao desbotar da “Revolução Verde” de Kadhafi provocada pelos distúrbios que se verificam no 4º maior produtor de crude de África?


E, já agora, também Tripoli não é como o Cairo, tal como outras paragens não o são, mas, segundo parece, o Parlamento já está a arder, só esperando que não seja mais uma Noite dos Cristais, semelhante à de Hitler, para abafar a deficiente formação do exército – que parece estar aderir aos manifestantes pelas liberdades – mal preparado e mal armado como terá afirmado o filho de Kadhafi, ontem, na televisão. Talvez, por isso, já parece haver mercenários a disparar contra os manifestantes...

19 fevereiro 2011

Angola faz estória no CHAN...

Angola passou hoje às meias-finais do CHAN (Campeonato Africano de Nações em Futebol, para atletas a jogarem nos seus países), que se realiza no Sudão, ao bater hoje a forte selecção dos Camarões na marca das grandes penalidades por 8-7, após prolongamento.

O resultado, ao fim dos 120 minutos, saldava-se por um numo a zero bola.

De notar que os Palancas Negras passaram sucessivamente a Tunísia (1-1), o senegal (0-0) e o Ruanda (2-1) na fase de grupos.

Angola vai defrontar, nas meias, o vencedor do encontro entre a Tunísia e a R. D. Congo, esta, uma das grandes favoritas à vitória final, logo pelo facto de ter apresentado vários jogadores do TP Mazengue, vice-campeão mundial de clubes.

A noutra meia-final oporá o Sudão, vencedor nos penalties do Níger (1-1, no prolongamento), à Argélia que eliminou a África do Sul (2-0).

Uma ode ao Lobito e aos seus jovens…

(Lobito, Morro da Bela Vista, foto©Elcalmeida)

Um interessante e belo artigo de Manuel Fernando, no blogue do semanário Folha8, intitulado “Educação e giz. Administração do Lobito, motivo de orgulho para os jovens formados no período de guerra”.


Neste artigo M. Fernando elogia a capacidade dos jovens letrados pós-independência têm vindo a manifestar na defesa do bem comum e como esses mesmos jovens à frente da segunda ou terceira cidade de Angola, a voltaram a elevar os níveis de civilidade da mesma, conforme eu, próprio, pude , na altura, constatar quando por lá passei.


Só falta mesmo, ou só faltava mesmo, era recuperar os jardins, nomeadamente a Colina da Saudade, e renomear as artérias da bela cidade dos flamingos… Ah! e já agora, procurar que os mesmos voltem à Cidade, mesmo que para isso, seja necessário “oferecer-lhes” uma nova zona de mangais para seu habitat.

17 fevereiro 2011

“Manif” em Angola?

(manifestações na Líbia, Bahrein, Irão ou Iémen; foto ©Ismail Zitouny/Reuters/Jornal de Notícias)

Circula na Internet uma eventual convocatória por um hipotético Movimento Revolucionário do Povo Lutador de Angola (MRPLA) liderado por um tal Agostinho Jonas Roberto dos Santos, para o próximo dia 7 de Março e que ocorreria em todo o território nacional angolano.


As causas e os motivos que lhe estão subjacentes até serão pertinentes, mas… e há sempre um mas.

Primeiro é estranho que uma tal convocatória seja feita em círculo aberto como são os blogues em vez de, como habitualmente, ser por via de mensagens. via emails ou celulares, ou através das redes sociais até para evitar que “ouvidos” estranhos saibam, antecipadamente, da mesma e tentem evitar que tal aconteça a todo o custo.

Depois o eventual líder do tal MRPLA não parece ser “conhecido” nos meios cibernéticos excepto por via dos que o citam. E, por mero acaso o referido líder tem como identificação “nomes” bem conhecidos da vida política angolana, mais concretamente de 4 personalidades que muito directamente contribuíram para o nacionalismo angolano…

Por outro lado a própria sigla do tal movimento só difere de um actual partido político angolano por uma única letra que está incluída no mesmo. Interessante….

E, depois, parece-me pouco inteligente convocar uma manifestação com o cariz apresentada na convocatória com tanta antecedência como se manifesta e para maior estranheza, ou para reforço da mesma, interessante como hoje alguns utilizadores angolanos se queixaram de não conseguir aceder aos seus próprios produtos, nomeadamente aos endereços do “gmail” e aos blogues aliado a facto do facebook ter estado em “off” durante algum tempo por motivos, segundo parece, de uma avaria(?) do cabo submarino…

Desculpem, mas parece-me que esta convocatória é um logro!

14 fevereiro 2011

Os dinossauros políticos poderão ter os dias contados?…

(imagem Internet)

Primeiro foi Ben Ali – rectifico, primeiro foi, ou quase foi porque ainda abana com apoio de outros como ele, Gbagbo, na Cote d’Ivoire – e de seguida, realmente Ben Ali, da Tunísia; depois abanou, mas ainda se agarra ao cacaueiro, um senhor que dá por um nome que já foi grande em África, Bongo, mais concretamente Ali Bongo, no Gabão.


Há três dias, de tanta ventania, caiu, de maduro, Hosni Mubarak, do Egipto, enquanto no Iémen, na Argélia, e, timidamente, no Irão a ventosidade começa a se fazer sentir.


E porque a História repete-se, refundando-se, tal como na Tunísia um grevista de fome despoletou a queda do autocrata, agora este vírus chegou à Guiné-Equatorial onde um escritor, Juan Tomaz Ávila Laurel, está em greve de fome desde sexta-feira para que o general – mais um – Teodoro Obiang Nguema saia de cena onde está agarrado há 32 anos (por acaso é o actual presidente em exercício da União Africana) e o povo guineense-equatorial saia daquilo a que o escritor chama de "anestesiados" e "desalentados" onde a agricultura que poderia ser totalmente auto-suficiente está abandonada ao ponto de mais de 80% dos que os guineenses de Malabo consomem ser totalmente importada.


Petróleo e habituais e inconfessáveis interesses externos oblige


Enquanto for interesse das potências que Obiang se mantenha no poder – como foi com Mubarak ou como recorda Lukamba Gato, antigo secretário-geral da UNITA numa entrevista ao Semanário Angolense, relativamente a Savimbi – é certo que estará sempre comodamente sentado no poder. Então agora que formalizou o pedido de adesão à CPLP e solicitou a Angola o apoio para o ensino da língua portuguesa, deve sentir melhor essa protecção. Mas também porque o fez, pode mais facilmente cair dado que os espanhóis devem mudar as suas actuais agulhas de apoio mesmo que os EUA continuem a apoiá-lo até certo ponto. É que estes mudam mais depressa de acúleo, em função dos seus interesses, que de camisas…


E porque os interesses de hoje nem sempre são os de amanhã – ou mesmo de mais logo – é muito natural que outros dois dinossauros. situados um pouco mais a sul, também vejam o SEU assento dourado ser-lhes retirado ao fim de dezenas de anos de mataco nele assente.


É que os dinossauros não se sentem confiantes nos actuais descontrolados cata-ventos dos interesses económicos, políticos e, principalmente, sociais!

11 fevereiro 2011

Mubarak já está out!!

O presidente do Egipto, Hosni Mubarak, ao fim de quase duas semanas de contestações cairotas e após ter redito, ainda ontem que só abandonava o poder em Setembro, por quando das legislativas marcadas para essa data, terá, hoje, apresentado a sua demissão.


Terá demitido ou, mais provavelmente, “aconselhado” pelos seus antigos amigos e discípulos militares que dever-se-ia demitir podendo, caso contrário, ter algum maior dissabor e, talvez, perder uma grande parte, senão mesmo, a totalidade, da colossal fortuna ainda há dias revelada.


As perguntas que agora ficam são onde estão os cerca de 88,6% que o elegeram nas últimas eleições e os 60% que o (re)aprovaram em Setembro de 2005?

E mais importante ainda, como se posicionarão os novos líderes egípcios face ao Próximo Oriente (normalmente reconhecido como Médio Oriente pelos norte-americanos) e, especialmente, com Israel.

Não podemos esquecer que os Irmãos Muçulmanos – e não Irmandade Muçulmana ou Islâmica como os jornalistas portugueses continuam estupidamente a se referir a eles e ainda num recente programa da RTP, Prós e Contra, um historiador o voltou alertar para esse erro – devem a sua génese ao anti-semitismo e são umbilicalmente contrários à presença judaica na região.

E, não esqueçamos, que o partido fundado por Mubarak, até agora no poder, está integrado na Internacional Socialista.

Interessante como muitos partidos ditos democráticos, mas com práticas bem autocratas e ditatoriais e no poder há muitos anos, alguns há mesmo mais de vinte anos, são aliados ou associados da Internacional Socialista…

09 fevereiro 2011

Sudão cinde-se

O que a maioria previa, aconteceu.

Cerca de 98% dos inscritos no Sul do Sudão apostaram e ganharam o direito a se separar do Sudão dividindo o maior país de África em dois (ou três porque ainda há que definir como ficará o enclave de Abyei e o Darfur), um Norte muçulmano por onde circulam os oleodutos para o Mediterrâneo e um Sul cristão e animista e rico em recursos petrolíferos, cuja declaração de independência deverá ocorrer em 9 de Julho próximo.

Ou seja, aquilo que os norte-americanos não permitiram que acontecesse durante a chamada Guerra da Secessão entre o Norte liberal e anti-esclavagista e o Sul racista e separatista ou os ingleses só a muito custo e depois de muitas vidas perdidas o aceitaram quando os “ianques” deram o grito do Chá e se afastaram da coroa britânica, agora foram eles que mais apoiaram essa secessão.

Também a União Africana (UA), estranhamente, ou talvez não, o tempo o dirá, está satisfeita com esta decisão. Parece-me que os estadistas residentes em Addis Abeba estão desconhecendo os ventos que sopram em alguns países africanos. Ventos não só de mudanças políticas como, principalmente, algumas pequenas, mas ruidosas tempestades, de separações (Somalilândia, Casamance, Zanzibar, Faixa do Caprivi, Sahara Ocidental, Congo, Cabinda ou Lundas, por exemplo).


Depois da Eritreia, uma província que já tinha sido autónoma da Abissínia/Etiópia até ao fim da I Guerra Mundial, se ter separado agora; depois do Paquistão Oriental, um enclave paquistanês na península hindustani se ter separado do Paquistão, após sangrenta luta pela independência apoiada pelos indianos e se ter tornado no Bangladesh, agora temos um país ser cindido por manifesta vontade dos anglófonos com o apoio “desinteressado” do chineses que mantém no Sul uma parafernália de empresas chinesas – estatais e privadas – de exploração petrolífera.


Vamos aguardar e ver como irão soprar os ventos e se a UA terá capacidade para manter inalteráveisl os artigos 3º e 4º (sobre a intangibilidade das fronteiras coloniais à data da independência) bem assim o princípio "uti possidetis" ou "uti possidetis iuri" que a eles estão adjacentes.

Cabo Verde dá lição de democracia

Cabo Verde foi a eleições legislativas no passado domingo e contra algumas esperadas expectativas o PAICV, de José Maria Neves, embora tenha diminuído o seu peso no Parlamento nacional – obteve 37 assentos, em 72 deputados, um pouco menos que na anterior legislatura – renovou a maioria absoluta com 51% dos votos expressos (cerca de 97.800 boletins).


O Movimento para a Democracia (MpD), liderado por Carlos Veiga, não foi além dos 33 deputados – ganhou 3 deputados ao PAICV – e cerca de 80.230 votos (41,9%) e a cristã-democrata União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID), embora tenha quase duplicado o número de eleitores (obteve 4,9% representando cerca de 9 mil 300 votos), ficou-se somente por dois eleitos.


Os restantes dois partidos concorrentes ao Parlamento ficaram-se por percentagens residuais a saber: o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS) obteve 1009 votos (0,5%) e o Partido Social-Democrata (PSD) 689 votos (0,4%).

De registar que a taxa de abstenção não foi além dos 24,5% o que mostra a elevada participação dos caboverdianos no país, dado que na diáspora esse valor foi significativamente , conforme as agências de informação faziam chegar aos ouvintes bem superior.

Agora virão as presidenciais e se fizermos fé nas análises de alguns analistas caboverdianos em que a figura de Carlos Veiga é mais forte que o seu partido, não seria de espantar que os caboverdianos, em mais uma prova da sua vitalidade cívica e democrata pudessem vir torná-lo no substituto de Pedro Pires como fiel da balança e da estabilidade entre o socialismo democrático do PAICV e o centralismo liberal do MpD.

07 fevereiro 2011

Obrigado CEMD

Obrigado ao Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e ao seu presidente, o poeta Delmar Maia Gonçalves, pela homenagem prestada!

04 fevereiro 2011

Quem quer acirrar as secessões em vésperas do 4 de Fevereiro?

"Entre o mês de Agosto a Dezembro de 2010, a empresa de exploração de diamantes na localidade de Calonda, no Município de Lukapa, Lunda-Norte, no âmbito da expansão de exploração de projectos mineiros expropriou mais de 667 camponeses das sua lavras, o Governo Angolano permitiu por omissão que estes camponeses perdessem as suas lavras, violando desta forma o direito a segurança alimentar.

Consta que a ITM terá feito indemnizações para alguns camponeses na ordem de 50,00 USD a 100,00 USD por lavra de 300 m2 ou 400 m2. - 50 ou 100 USD não resolve a fome de uma família em 365 dias do ano, não cobre as despesas de material escolares dos filhos, medicamentos ou a compra de sabão, óleo e panos bem como outras necessidades das famílias camponesas.

A população da Lunda, 90% vive da agricultura de subsistência numa região onde o desemprego é da ordem dos 95%. A Localidade de Calonda é rica em diamantes e possui o maior Kimberlito do Mundo que ainda não está em explorado.

Numa época em que multiplicam-se os movimentos secessionistas – recordemos Sudão; Nigéria e Camarões – e de lutas sociais ou pelo derrube dos “poderes” hereditários – Tunísia, Egipto, Argélia, Jordânia, Iémen, Gabão, só para citar os mais recentes e não esquecendo aqueles que parecem adormecidos – não se compreende como, a fazer fé no comunicado da Comissão do Manifesto Jurídico Sociologico do Protectorado da Lunda Tchokwe, o Governo provincial da Lunda Norte e, principalmente, o Governo Central, em Luanda, permitam tais posturas anti-sociais (...)" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , "Colunistas", de hoje

Porque hoje é 4 de Fevereiro…

(Rua Manuel das Neves…esta continua a ser a única homenagem visível ao cónego angolano e reconhecido líder espiritual do 4 de Fevereiro, Manuel das Neves…)


Porque hoje é 4 de Fevereiro e se comemora os 50 anos da oficializada início de liberação armada – politicamente há quem queira continuar a esquecer os dias dos levantamentos de Cassange e Nambuangongo no mês anterior… – e porque ainda a História está muito recente e é dominada pelos “vencedores” – talvez que o livro que hoje Dalila Mateus apresenta, sobre Angola 61, possa vir a desmistificar algumas ideias politicamente pré-adquiridas como veras – prefiro ler a interessante reflexão de Adelino Maltez e só dizer “Obrigado Angola!”!!