Ou seja, que o poder instituído começa a ter mais dificuldades em manipular as eleições e as Oposições, devidamente estruturadas e credíveis podem ascender ao poder pela via justa do voto.
É por esse facto que agradeço aos zimbabueanos e a SADC o trabalho que tiveram para mostrar quanto a justiça ainda não é uma palavra vã.
Nem a vontade da cúpula militar e paramilitar zimbabueana, nomeadamente, de um certo sector da polícia, conseguiu impedir que a Comissão Nacional de Eleições (ZEC), muito dependente do governamental ZANU-PF, informasse que, 28 anos depois, a oposição agrupada na MDC (Movimento para a Mudança Democrática) e numa ramificação dissidente do MDC conseguisse obter a maioria absoluta dos parlamentares eleitos. O MDC terá obtido entre 96 e 109 assentos enquanto o ZANU-PF não terá conseguido mais que 97 cadeiras. Os dissidentes do MDC terão garantido 9 deputados e foi eleito um deputado independente.
E se a isto tomarmos em linha de conta que o presidente pode eleger, por via indirecta e de acordo com a actual Constituição, mais uns quantos deputados, e se os ventos confirmarem a derrota presidencial, ainda que não aceite, oficialmente, por Mugabe, nem bem digerida pelos seus velhos camaradas da luta armada e comandantes do exército e polícia, ficará então claro que a maioria do MDC será muito maior, não havendo, ainda e contudo, uma maioria qualificada que possa alterar a Constituição, nomeadamente os polémicos artigos que permitiram a Mugabe e aos seus “olds comrades” ocuparem as fazendas e as empresas particulares não-negras.
A única dúvida está se Morgan Tsvangirai foi eleito, ou não, à primeira volta por uma margem curta de 0,53% ou se haverá uma desgastantes e humilhante segunda volta para o octogenário Robert Mugabe.
O subordinado “The Herald” garante uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados, admitindo, ainda que de forma ténue, que o líder oposicionista está melhor posicionado. Já fontes próximas de Tsvangirai e do MDC afirmam que aquele venceu na primeira volta e que tudo está dependente de negociações entre líderes da SADC, nomeadamente sul-africanos, que querem manter a face de Mugabe e evitar a todo custo uma crise do tipo Quénia devido à intransigência dos chefes militares e paramilitares ainda reticentes para a mudança.
Ainda assim, obrigado Zimbabué por me fazeres acreditar que é possível a mudança em Setembro próximo…
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