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27 julho 2011

Crise II


(imagem ©daqui; enquanto uns aparam um mísero saco de qualquer coisa, outros simplesmente esbanjam…)

Todos os dias as televisões oferecem aos espectadores as horripilantes imagens de pessoas (adultas e crianças, principalmente, bebés) a passar fome no Corno de África.

Diariamente, somos atingidos com a informação de que cerca de 11 milhões de seres humanos passam horríveis dias de fome, miséria e pandemias.

A Somalis, onde grassa uma crise humanitária há mais de uma década de anos, a Etiópia, o Djibuti, e uma parte do Quénia, está sob o espectro da seca e, subsequentemente, da fome.

Se dos últimos três países esperemos que seja um facto pontual resultante de uma situação anómala das variações térmicas por que passa, periodicamente, o continente africano, já da Somália, o caso é mais sério e merece mais ponderação.

Por onde andam os andarilhos e “benfeitores” das outras crises que se esquecem desta?

Será porque não há aqui petróleo como no Darfur, na Líbia, ou no Egipto?

Ou será porque os norte-americanos ainda – e nunca – esquecem a cruel derrota do “Restaurar a Esperança” quando foram liminarmente, e perante as câmaras de televisão de todo os EUA, expulsos da Somália?

Será que os islamitas de altura e as razões que os suportavam ainda são os mesmos de agora?

Não terão já os norte-americanos aprendido, melhor, a estratégia de ataque à crise somaliana?

As primeiras ajudas do PAN já vão a caminho, mas até onde?

09 janeiro 2007

Nova frente anti-terrorista ou um novo “Restaurar a Esperança”?

A aviação dos EUA, com a complacência e autorização – mal seria se não o fosse – do Governo provisório de transição da Somália, cujo presidente reentrou em Mogadíscio ontem, atacou dois locais (Ras Kamboni e Afmadow, no sul do país) onde se presume estejam acoitados os líderes da UTI e, entre eles, o mentor e organizador dos sangrentos atentados às embaixadas norte-americanas no Quénia e na Tanzânia, em 1998.
Nas costas somalis estão vários vasos de guerra norte-americanos, nomeadamente, um porta-aviões prontos para outras operações.
Espera-se que a sua presença não sirva para tentar um novo “Restaurar a Esperança”, de que tão mal saíram da primeira vez, mas para serenar os ânimos pós-entrada das forças etíopes que expulsaram os islamitas radicais da maior parte do país. Depois dos primeiros “aplausos” as forças etíopes têm sido atacadas e insultadas e as armas que o Governo provisório pediu aos somalis para que as entregasse livremente não o têm sido.
Os somalis não esquecem dois factos importantes: a crise de Ogaden e o facto dos etíopes serem cristãos e os somalis professarem o islamismo.
Por isso bom seria que as forças de manutenção da Paz chegassem depressa. O problema reside em quem irá para lá. Se forças intercontinentais ou somente africanas e destas quais estarão em condições de manter a Paz? Os sul-africanos como já se alvitrou? Ou a Uganda, que já se ofereceu? E os países limítrofes que também têm interesses hegemónicos aceitarão mais esse “aval” de tornar a África do Sul ou a Uganda em principais e únicos Estados-director africanos ou regionais?
São factos que devem ser bem ponderados de modo a não sossegar uma região e criar mais fricções em outras que, já de si, são um pouco problemáticas.

01 janeiro 2007

Feliz Dia da PAZ

(Olhando o futuro com esperança e interrogação)

Já quase passou mais um Dia Mundial da Paz um dia em que todos os anos renovamos a esperança de Paz, Fraternidade, Amizade e dias melhores para nós e para os nossos países.
Como outros dias, alguns quantos esqueceram-se que entrava um novo ano, novas perspectivas e novos desejos como, por exemplo, precisamente menos guerras e mais fraternidade.
Tailândia acordou para a realidade 5 minutos após a entrada do novo ano.
Indonésia, embora por outras razões, que tinha visto o ano acabar com um naufrágio vê, espera-se, o primeiro dia do novo ano terminar com o desaparecimento de um avião que fazia as ligações internas entre duas ilhas.
Na Somália, apesar de nas últimas horas o Governo de Transição oferecer amnistia aos milicianos da UTI, no início do novo ano, ainda se verificavam combates entre as duas milícias e tropas etíopes e alguns quantos a pilharem o pouco que o país ainda tem não se sabendo o que irá acontecer quando os milicianos islâmicos fugirem, como parece estar a acontecer.
Mas, felizmente, nem tudo são más notícias.
Cheguei ao artigo que segue, através da mwanapwo. de acordo com uma análise deo Denudado, há um povo insular algures entre o subcontinente indiano e a indochina que não só parece ter previsto o tsunami que aconteceu já vão 2 (dois) anos, como nenhum dos seus membros pereceu nesse fatídico dia de 26 de Dezembro de 2004.
Um interessante artigo a não perder lendo aqui (a foto foi lá roubada); há lá um povo que talvez dia mais aos africanos do que possam pensar.
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ADENDA: E um número que se esperava e desejava que nunca viesse a acontecer, já aconteceu. Segundo o portal GlobalSecurity.com, citado pela edição online do semanário Sol, os militares norte-americanos (e só os norte-americanos) atingiram, hoje neste Dia que se quer de Paz, os tristes 3.002 mortos em combate e 22.401 feridos (o Pentágono, em 29 de Dezembro anunciava 2.983 soldados mortos e 22.565 feridos).
Em qualquer dos casos, números que ultrapassam as vítimas do pós 11 de Setembro. Até quando se justifica esta vontade do senhor Bush em mandar filhos dos seus concidadãos para uma guerra que, até hoje, nunca foi cabalmente justificada?

29 dezembro 2006

Somália: Nada está definido - análise

No Jornal de Notícias de hoje, página 43, poderão ler uma análise minha que o jornalista Orlando Castro, amavelmente, recolheu e colocou em “caixa”, sob o título “Nada está definido
"Dada a situação actual da Etiópia, o país seria alvo de inúmeras convulsões caso se verificasse uma vitória completa dos Tribunais Islâmicos", salienta o especialista em Relações Internacionais Eugénio Costa Almeida, alertando para o facto de os etíopes "ainda não aceitarem o facto de terem ficado sem uma saída para o mar e de Djibuti não parece ser o caminho mais indicado para lá chegar". Este analista recorda a instabilidade de toda a região, "seja a oeste o Sudão com as crises que se conhecem, entre elas e a principal, em Darfur, seja a sul com um Quénia que, por vezes, nos oferece cíclicas perturbações sociais devido à incisiva penetração dos islamitas radicais". "Se a sudeste estiver um estado claramente islâmico, como poderia a Etiópia manter o actual estatuto de país-sede da União Africana, maioritariamente cristão, mas com uma comunidade islâmica superior a 30%?", interroga-se Eugénio Costa Almeida, afirmando que a situação na Somália "dará ao Sudão um pequeno intervalo nas pressões internacionais com nefastas consequências para o mártir povo de Darfur".

Somália, que caminho para a crise?


Há primeira vista parece que a crise somali poderá estar em regressão. As tropas do Governo provisório de transição – leia-se as milícias dos senhores da guerra – fortemente apoiadas pelos etíopes retomaram Mogadíscio e expulsaram os radicais islâmicos da UTI que parece já terem aceite a derrota.
Parece, porque se há algo que um radical não aceita é a derrota. Para ele, a derrota de um combate é o princípio da vitória de uma guerra. E na região – que não só no Corno de África e nem só em África – estão muitos interesses em jogo e muitas vontades para serem cumpridas.
Como já escrevi, o Corno de África é um importante e apetecível check-point na região onde pontuam potências como o imprevisível Iémen ou a tradicionalista islâmica Arábia Saudita além da Etiópia e das forças francesas estacionadas no Djibuti.
Ora, apesar dos islamitas da UTI estarem conotados com a al-Qaeda, é ponto assente que tinham alguns militares eritreus a combater ao seu lado. Como na guerra de secessão, que a Eritreia levou contra a Etiópia, os eritreus foram apoiados pela Arábia Saudita é de crer que muitos sauditas estivessem por detrás da UTI.
Haverá país islâmico mais tradicionalista, ortodoxo e radical que a Arábia Saudita?

27 dezembro 2006

UA com dois pesos e duas medidas?

Alpha Oumar Konaré, ex-presidente do Mali e actual presidente da Comissão da União Africana (UA), pediu a saída “sem demora” – leia-se, imediata – das tropas etíopes da Somália para que a Resolução 1725 do Conselho de Segurança, possa ser devidamente aplicada.
A citada resolução adoptada em 6 de Dezembro passado, autoriza a criação de uma força de paz africana na Somália de modo a apoiar o governo provisório de transição somali e fomentar o diálogo com a UTI.
Até aqui nada a objectar, pelo contrário. O Corno de África há muito que precisa de Paz.
O que se estranha é a UA só exigir a saída das tropas etíopes. E as eritreias que apoiam os islamitas?
Compreender-se-ia melhor e o povo somali agradeceria, como já alertou o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, se a UA exigisse a retirada imediata das tropas estrangeiras no local e o acantonamento imediato das duas milícias somalis: as dos senhores da Guerra e as da UTI. Agora só um dos contendores?
Será que a UA já começa, claramente, a ter dois pesos e duas medidas?
A ver pela entrevista que o vice-presidente da Comissão da UA, Patrick Mazimhaka, parece ter dado à BBC, é essa a ideia que fica.

25 dezembro 2006

O Dia da Família ainda não é para todos

(um triste hábito no Corno de África)
Infelizmente, os somalis que o digam.
Depois dos líderes da UTI ter declarado que estava em guerra com a Etiópia devido à alegada presença de tropas deste país ao lado do Governo provisório que os islamitas não reconhecem, agora é a Etiópia a confirmar, “pela primeira vez, que começou a tomar "medidas ofensivas" em regiões da Somália que circundam a cidade de Baidoa [sede do Governo provisório] para "tentar evitar" a infiltração de milicianos islâmicos somalis”; o aeroporto de Mogadiscio tem estado sob bombardeamentos etíopes.
É o Corno de África a continuar a nos alertar que, apesar do Dia Mundial da Paz estar próximo, este ainda é um dia e uma palavra vãs e sem sentido.

23 dezembro 2006

O Corno de África agita-se neste final de Novo Ano

O final do ano não se vislumbra atraente para o Corno de África.
Os islamitas somalis da União dos Tribunais Islâmicos (UTI) continuam a sua progressão diante das forças conjuntas dos Senhores da Guerra, legitimados pelos EUA e pela ONU/UA quando os obrigaram a constituir um Governo provisório com capital provisória em Baidoa.
Se há ou não desproporcionalidade militar entre os dois conjuntos, não o sei. Agora que parece que as forças islamitas – segundo os bastidores políticos norte-americanos apoiadas e apoiantes da Al Qaeda – estão melhor organizadas, quer política, quer social, quer militarmente disso não parecem restar dúvidas.
A prova está como célere e disciplinadamente chegaram às portas da capital do governo provisório onde, segundo rezam certas notícias, já se verificam combates entre os dois opositores militarizados embora, desta feita, e de acordo com os islamitas os senhores da Guerra têm a combater ao seu lado tropas etíopes; este facto levou a UTI a declarar guerra à Etiópia, como terá reafirmado o principal dirigente islamita, xeque Muhamad Ibrahim Suley.
É evidente que não descarto esta natural hipótese de tropas etíopes estarem a combater ao lado do Governo de Transição.
Dada a situação actual da Etiópia, o país seria alvo de inúmeras convulsões sociais caso se verificasse uma vitória completa dos islamitas da UTI, como preconiza um dos seus líderes, o radical xeque Hassan Dahir Aweys.
Senão vejamos:
A norte têm a Eritreia, islâmica e pouco satisfeita com os etíopes, ao ponto de se constar que estão militares eritreus a combater ao lado dos islamitas somalis. Não esquecer que a Etiópia ainda não “aceitou” ter ficado sem uma saída para o mar e o Djibouti não parece ser o caminho mais indicado. Relembremos que na terra dos Afars e Issas “pernoitam” os franceses;
A oeste o Sudão com as crises que se conhecem, entre elas e a principal, no Darfur, mas que se mantêm, e renovado, no Sul animista;
A sul está um Quénia que, por vezes, nos oferece cíclicas perturbações sociais devido à incisiva penetração dos islamitas radicais.
Ora, se a sudeste estiver um estado claramente islâmico onde a sharia está já aplicada nos locais dominados pela UTI, como poderia a Etiópia manter o actual estatuto de país-sede da União Africana, maioritariamente cristão, mas com uma comunidade islâmica superior a 30%.
Claramente, o Corno de África, importante check-point marítimo, vai ver acabar o ano numa agitação militar como há muito não se via, a que não poderemos dissociar a que, certamente, ocorrerá na vida social e política da região, com particular destaque para aqueles que navegam junto dela, para Norte, de caminho para o Médio Oriente e Europa, ou através dos seus estreitos para os países do centro e sul africanos.
E com isto, o Sudão conseguirá um pequeno intervalo junto da Comunidade Internacional com nefastas consequências para o mártir povo de Darfur.

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NOTA: Artigo publicado, na íntegra, no portal Image hosted by Photobucket.com sob o título "O Corno de África".

01 junho 2006

Um caos chamado Somália

(uma criança somali a quem o Dia Mundial nada diz)

Um caos que a derrota norte-americana e o seu fracassado “Restaurar a Esperança”, em 1992, bem assim a da complacência internacional vai mantendo no Corno de África.
Falo, naturalmente, da Somália e dos senhores da guerra e das milícias que pululam num território que, em tempos, a Comunidade Internacional reconhecia como país.
Falo de uma região que pela sua localização geográfica é como “um Gruyère ou um Parmesão” para os ratos que querem dominar o estreito e a entrada para o Golfo de Adem, para o Mar Vermelho e, subsequentemente, para o Canal de Suez?
De que servem os inúmeros apelos que algumas organizações como a ONU e a alguns dos seus departamentos fazem aos velhos “senhores da guerra” solicitando-os que parem de impedir os civis feridos de receber assistência e protecção durante os confrontos na cidade quando também nesses confrontos estão outros “parceiros” poderosos como as milícias dos “Tribunais islâmicos” que segundo aqueles, estarão ligados à al-Qaeda mas, que, claramente, são financiados por fundos sunitas e por islamitas radicais?
De que serve à Somália ser o único país africano com uma única língua falante (o somali, havendo também quem fale árabe, inglês e italiano) se ninguém se entende?
De que serviu termos “celebrado” o Dia e o Mês de África se no seu seio há uma entidade que não se entende, mantém-se em constante caos e poderá num futuro, infelizmente não longínquo como gostaríamos, estender pelos seus vizinhos e, fatalmente, por uma grande região africana. E o Darfur ali tão perto…
Tantas questões e uma só evidência: um caos perdura há tempo demais em África!!