(estaremos perante uma nova Inquisição? imagem furtada...)
Portugal ocupa os lugares cimeiros da cultura e da investigação universitária quer a nível europeu como, e porque não dizê-lo, a nível mundial. Dúvidas? Então leiam o que se segue.
Quando no centenário de um dos poetas mais populares portugueses, Miguel Torga, o Ministério da Cultura – presumo que seja assim que se chame e é se existe – pautou para ausência oficial a nível de chefias ou que uma Universidade a quem lhe ofereceram duas obras – dois ensaios – por acaso, e só mesmo por acaso como adiante compreenderão, da minha autoria, a biblioteca não os aceitar previamente sem antes analisarem à lupa (dixit) as referidas obras é porque se nada em cultura em Portugal.
Se se entende, apesar de eu como autor, embora não tenha sido eu quem as ofertasse mas o meu editor, não goste desta forma de gerir uma Biblioteca que deve ser um local de consulta – e para isso de depósito sem restrições – de qualquer tipo de obra, principalmente se estas até são consideradas de consulta obrigatória como o são na universidade Agostinho Neto, em Luanda, ou na Universidade Lusíada, na mesma cidade, – ah! mas aqui devem estar atrasados na compreensão do que é cultura, provavelmente, – como se entende que numa universidade portuguesa, e receberiam, repito, por oferta, são tão “exigentes”?
Talvez pelas mesmas razões que a seguir descrevo.
Na Universidade Técnica de Lisboa (UTL), existe um Instituto, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) onde uma das suas principais vertentes lectivas, e como o nome sugere, está no estudo das Ciências Sociais (Ciências Políticas e Relações Internacionais).
Um dos suportes que os futuros licenciados, Mestres ou Doutores desta duas áreas era o Centro de Estudos do Pensamento Político (CEPP), cujo um dos seus principais dinamizadores e ex-Director foi o Professor José Adelino Maltez, agrupado, mais tarde, como portal no ISCSP que eu cheguei a aceder e de lá tirar inúmeras informações quer quando estava a fazer o meu Mestrado, quer agora como Doutorando.
O CEPP era, ultimamente, um portal onde se podia aceder a cerca de 12000 (DOZE MIL) ficheiros da Ciência Política portuguesa e universal com uma área de 183 Megabytes. Um enorme ficheiro que a cultura e o ensino muito agradeciam.
Mas como a cultura é um bem de luxo – daí se compreende que em certos aspectos e em certos produtos se pague IVA dos mais altos; se pague IVA – e como em Portugal não abundo o dinheiro, uma personalidade – não acredito que o tenha feito sozinho e sem apoio de outras – decidiu que este enorme tijolo que pesaria sobra as incautas e (in)cultas cabeças portuguesas – e que estrangeiros, inopinadamente e sem quaisquer custos, também tinham a mania de aceder – além de poder prejudicar, seriamente, os futuros utilizadores da UTL/ISCSP obrigando-os a pagar insuportáveis propinas (aquelas que já são das maiores da Europa, a nível de Universidades públicas), decidiu, escrevia, acabar com o CEPP e limpar dos acessos do ISCSP.
183 Mb deletados e mandados para o lixo como se de um antigo e inapropriado jornal ou livrinho de cordel se tratasse; 183 Mb daquilo que Pacheco pereira considerou como “...o execelente "site" sobre o pensamento político contemporâneo existente em Portugal”
Se Portugal soubesse o que é cultura – há quem diga que já o soube até porque tem uma das universidades, a de Coimbra, mais antigas do Mundo – e se houvesse um Ministro ou um Ministério que tutelasse a Cultura ou o Ensino Superior capazmente, de certeza que em vez de limparem o portal tê-lo-iam transferido para uma qualquer fundação – não é isso que um tal Ministério do Ensino Superior propôs às universidades públicas portuguesas? devo ter lido em jornal errado… – e ficaria disponível para quem quisesse aceder.
A pagar, gratuito, restrito, pois fosse assim. Mas ninguém ficaria prejudicado.
Assim… sigo o conselho de quem acha, e bem, que este assunto deve merecer melhor ponderação e pedir que reponham o acesso do CEPP no sítio que existia até encontrarem local mais apropriado. Parece que na Biblioteca do ISCSP não o é…
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ADENDA: Transcrito no Democracia Liberal, na rubrica "Hoje convidamos..." e citado na Manchete do Notícias Lusófonas
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