26 dezembro 2004

Ainda as eleições de Moçambique

Recebi um simpático comentário sobre as eleições moçambicanas as quais pelo seu conteúdo tenho a certeza que não foram assinadas por mero esquecimento.
O simpático anónimo que, provavelmente, entrou via Blogger e como não deve estar inscrito neste sistema foi “anonimizado”. Senão, por certo, não se teria esquecido da identificação. Um lapso perfeitamente plausível.
Acredite que não tenho ressentimentos pela sua achega. Bem pelo contrário.
Na questão que põe no seu comentário, é que quanto às eleições angolanas, sabemos unicamente que irão acontecer durante o próximo ano, ou inícios de 2006.
Já é um princípio.
O problema quanto às eleições moçambicanas não está nem existência, ou não de fraudes – não estive lá para poder auferir dessa eventualidade – mas do facto de se ter registado situações anómalas como as detectadas tanto pela União Europeia como pela Fundação Carter; e o mais grave a elevada abstenção que as mesmas registaram.
Por outro lado, é também grave que quer a União Africana, quer a SADC, que para lá enviaram observadores não digam nada sobre o assunto; nem que seja se decorreram sem problemas ou que tenha havido situações anómalas. Pelo contrário ficam-se pelo vazio. Também é verdade que a última informação da U.A. se fica por 13 de Dezembro e que a SADC, embora mais recente (17 de Dezembro) abordou em 8 do corrente as eleições, com um relatório assinado a 3, onde depois de indicar quem, em seu nome, esteve presente e agradecer o convite da CNE remata: “The development of the Principles and Guidelines Governing Democratic Elections aims at, inter alia, ensuring acceptance of election results by all contesting parties. It is the expectation of the Mission that the final results will be acceptable to all participating parties.
Ficamos, assim, sem saber se estes observadores estiveram no local das votações ou a gastar o erário público africano gozando dos celebrados prazeres que as praias de Moçambique oferecem.
E aqui sim, continuo a considerar que a democracia moçambicana sofreu uma derrota.
Porquê? A isso respondam os políticos moçambicanos. Será que não souberam, ou não quiseram, explicar aos potenciais votantes o que significaria essas eleições e o que estavam em jogo. Será que já contavam com o “ovo no cú da galinha”, isto é, consideravam o voto como plenamente adquirido?. Se assim foi, é mau.
E nisso Angola e a Guiné-Bissau, que será já em breve, deverão tirar as respectivas ilações.
No entanto, há algo que estes dois países devem plenamente copiar das eleições moçambicanas. O direito ao voto pela Diáspora.
Por isso meu caro correspondente, sem ressentimentos. Não falo das eleições angolanas, porque infelizmente, aguardamos esperançados que elas venham a ocorrer; por outro lado quando dentro do país, quem devia pugnar pelas mesmas questiona da oportunidade de se fazer uma hipotética e absurda 2ª volta das presidenciais, já anteriormente aqui abordadas e também no semanário África...
Santa paciência. Desculpe-me, mas vou vendo os outros quintais para que no meu não aconteçam situações iguais.
Sempre,
Eugénio Almeida

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