02 dezembro 2004
Amazónia, a quem pertence?
A mensagem que a seguir retranscrevo recebi-a de uma amiga do Brasil.
Como digo no cabeçalho não desejo, nem quero, que este blogue seja um factor ou um albergue de intrigas, principalmente as mesmas estiverem fora da área continental africana; só que por vezes...
Apesar de já ter um certo tempo - cerca de três anos - mas pela sua oportunidade e porque o problema não se circunscreve unicamente à Amazónia, mas a outros os pulmões ou regiões equatoriais também muito ricas, aqui a deixo sem mais comentários. Cada um tire as conclusões que desejar.
Abaixo um relato que recebi no ano de 2001.
Enviei para meus contantos da lista esperando que fosse passado adiante.
Pelo visto não obtive sucesso.
Foram pouquíssimos os que se indignaram e repassaram.
Esse relato chegou a ser enviado ao Congresso Nacional e provavelmente deletado.
Semana passada recebi a foto do mapa do Brasil onde a Amazônia é declarada como aréa de preservação ambiental do mundo (???).
Pelo rumo que as coisas estão tomando em breve o Brasil vai perder definitivamente uma de suas áreas mais ricas.
O relato do Silvio é só uma constatação do que vem ocorrendo a decádas.
Beijo da amiga Tânia.
UM RELATO DE Silvio Malta Rangel Drummond.
Oi pessoal.
As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (capital do estado de Roraima), não pude resistir em fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Pra começar, o mais difícil de se encontrar por aqui é roraimense! Para falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável: tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto, falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência: ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo o é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro, ou trabalha no comércio local ou recebe ajuda de programas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo.
Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto, restam apenas 30%, descontando-se os rios e as terras improdutivas (que são muitas!) para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800km) existe um trecho de aproximadamente 200km ( reserva indígena Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6 h da manhã e 6 h da tarde!
Nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI " e dos americanos") para que os mesmos não sejam incomodados!
Detalhe: você não passa se for brasileiro, mas o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses! Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI!
Detalhe: americanos entram na hora que quiserem!
Outro detalhe: se você não tem uma autorização da FUNAI, mas tem a dos americanos, então você pode entrar!
A maioria dos índios fala a língua nativa, além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português.
Dizem que é comum, na entrada de algumas reservas, encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas!
É comum se encontrar por aqui americanos tipo "nerds", com cara de quem não quer nada, que "vieram caçar borboleta e joaninha e catalogá-las" mas, no final das contas, pasmem, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camu-camu etc, medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar royalties para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia !
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: "é, os americanos irão acabar tomando a Amazônia" e em todas elas ouvi a mesma resposta, com palavras diferentes.
Reproduzo a resposta de uma senhora simples, que vendia suco e água na rodovia, próximo de Mucajaí: "Irão não, meu filho, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles! Eles comandam tudo! Você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam! Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque (quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra!) Aqui vai ser a mesma coisa." A dona é bem informada, não?
O pior é que, segundo a ONU, o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena ....... O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas.
Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil, numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivo de combater o narcotráfico.
Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa "mãe" chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela.
Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada , principalmente se for americano , europeu ou japonês, "isso pode causar um incidente diplomático"!
Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.
Pergunto inocentemente às pessoas: porquê os americanos querem tanto proteger os índios ? e a resposta é absolutamente a mesma:
"Porque as terras indígenas, além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas, minério e, nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO".
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa.
Saio daqui com a quase certeza de que, em breve, o Brasil irá diminuir de tamanho. Um grande abraço a todos,
Silvio Malta Rangel Drummond. 2001
Comentário: É de se lamentar que tal fato somente agora está preocupando parte da sociedade brasileira. Na verdade, há muitos anos as Forças Armadas já haviam detectado este problema e levado ao conhecimento dos escalões superiores da República.
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