29 dezembro 2004

A Paz reside mesmo em Angola?

A organização Human Rights Watch (citada pela BBC para África), acusou o exército angolano de cometer abusos generalizados (que vão da tortura, à violação e prisão indiscriminada) contra civis no enclave de Cabinda, rico em petróleo.
Ora, George Chicoty, vice-ministro das Relações Exteriores, desmentiu a organização afirmando que as acusações formuladas não têm fundamento porque segundo ele “... não existe guerra em Cabinda. Eles publicam coisas que as pessoas dizem numa base individual, mas são coisas que não são verificadas” nem “... espelha a realidade daquilo que se vive em Angola hoje, em termos globais, e muito menos em Cabinda”.
Para Chicoty “há dois anos que Angola vive uma paz total e uma harmonia quase total em todo país. As preocupações da nossa sociedade hoje vão no sentido de consolidar a paz. Não existem prisões arbitrárias e muito menos mortes por motivos políticos... Penso que as pessoas deveriam olhar por tudo quanto Angola alcançou nos últimos anos sozinha para consolidar a paz e para fazer com que os angolanos vivam cada vez melhor”.
Só que Chicoty parece ter esquecido as preocupações do ministro do Interior, Osvaldo Van-Dúnem, sobre os excessos de zelo praticados por alguns efectivos da Polícia Nacional que levaram aos acontecimentos de Capenda Camulemba; às denúncias feitas pelo Director dos Serviços de Segurança Externa que lembrou a existência de grupos terroristas a operar no país actuando sob cobertura de empresas ou grupos financeiros e cuja actividade final só será visível no "Dia D"; ou o ataque a uma na
residência das Irmãs Diocesanas, na missão católica em Cabinda
Há que defender a imagem e integridade territorial de Angola.
Mas a todo e a qualquer custo não. Isso só descredebiliza-nos.
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Nota complementar:
Por razões que se prende com acessos, ontem não me foi possível conectar ao AngoNotícias, onde sempre que posso retiro algumas notas que servem de base aos meus apontamentos, até porque cita diferentes órgãos de informação angolanos.
Daí que hoje tenha tido a oportunidade de ler uma notícia que, pelo seu conteúdo não só complementa como reforça a minha opinião já acima referida.
O governador provincial de Cabinda, Aníbal Rocha, garantiu que a estabilidade política na província é um facto; no entanto reconhece “haver acções esporádicas de alguns rebeldes da FLEC mas sem nenhum "peso" que possa atrapalhar o actual quadro político.
Ou seja, apesar de tanto a desejarmos a PAZ, num todo, ainda é uma pequena luz ao fundo do túnel.

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