Mari Alkatiri viu o seu processo judicial arquivado por falta de provas, pelo Procurador-geral da República (PGR).
Como se sabe, o processo em causa indiciava Alkatiri de ter entregue armas a civis nos confrontos e na crise de Abril/Maio de 2006. Por causa deste mesmo processo, Alkatiri foi “obrigado” a entregar o Governo; relembremos que a dada altura Xanana chegou a dar entender que era… “ou ele ou eu!”
Diante estes novos desenvolvimentos, quais serão, agora, as posições do primeiro-ministro Ramos Horta e do presidente Xanana? E, mais importante ainda, da Austrália, um dos seus mais encarniçados “acusadores”?
Por outro lado, será bom para Alkatiri ter visto o processo ser “só” arquivado e não ir a Tribunal? Não esquecer que o processo foi encerrado, não por ser inocente mas, por falta de provas e isso será sempre um estigma que o irá, de ora avante, acompanhar.
E depois não esquecer que nos depoimentos registados durante o julgamento do antigo Ministro do Interior, Rogério Lobato, também Alkatiri foi implicado nas tais entregas de armas em boas mãos, apesar de, em recentes declarações no tribunal, o comandante Railós, uma das principais testemunhas de acusação, agora o tenha “omitido”.
E, também como se sabe, outros há que, pelas mesmas razões, estarão sob a alçada da justiça, um dos quais, o mais procurado, está foragido desde Agosto quando escapou de uma prisão de Dili; o major Alfredo Reinado, antigo comandante da polícia que, segundo a ONU e o PGR terá em seu poder armas “roubadas” à polícia; o mesmo comandante Reinado que terá eventualmente sido aconselhado a se entregar numa jurisdição diferente, Ermera, da de onde terá(?) fugido: segundo o que se consta Reinado ter-se-á refugiado em Ermera com um livre-trânsito passado pelo primeiro-ministro.
Face estes novos factos e esta velada acusação, se Alkatiri concorrer, como o já terá dado a entender, às presidenciais, pela Fretilin, em 9 de Abril próximo, como se posicionará o primeiro-ministro Ramos Horta perante este partido, apesar de já dele se ter desvinculado?
É que para ser eleito, o próximo presidente vai ter de contar com os votos dos militantes e simpatizantes da Fretilin; e no actual contexto social e político…
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Artigo publicado inicialmente no Notícias Lusófonas.
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