22 fevereiro 2007

Portugal ajuda esforçadamente refugiados moçambicanos

(Uma ilha de ocasião no Zambeze; Foto ©DN/Sapo)

Apesar do governo moçambicano não precisar de ajuda (vejam apontamento aqui recentemente deixado) ainda assim o Estado português, através da magnanimidade da sua embaixada, ofertou ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) 25 (por extenso para se ler bem, vinte e cinco) tendas para ajudar a suprir a escassez de abrigos existentes nos centros de acolhimento de refugiados das cheias do Zambeze; cerca de 71.106 pessoas..
Apesar do sentido lamento do meu amigo Orlando Castro por Portugal só ter oferecido as tais 25 tendas sempre é mais que aquilo que os catalães da Agência Catalã de Cooperação para o Desenvolvimento (ACCD) e da Cruz Vermelha ousaram oferecer: cinco mil mantas, 3.000 lonas para tendas de campanha, mil "kits" de cozinha e 2.300 bidões de água de 20 litros cada.
É que as 25 tendas, são 25 tendas e já não precisam de ser montadas ao contrário das lonas catalãs…
E depois, nesta altura do ano, para que são precisas mantas se se está na época quente?
E para que são necessários os bidões? só pode ser para gozar! Então com tanta água à volta, para que haveriam os refugiados moçambicanos de suportar o peso de um bidão de 20 litros?
Que falta de sensibilidade catalã…
Orlando Castro propunha que os moçambicanos devolvessem as tendas para que Portugal protegesse os seus mendigos, principalmente nesta época de fortes intempéries e muito frio.
Por mim propunha que as devolvessem, sim, mas para acolher as dezenas de pessoas que, diariamente, vão para as bichas – perdão, filas – dos ainda abertos Centros de Saúde e Hospitais até serem atendidos em tempo útil!
Haja pachorra e depois não se admirem que a Lusofonia seja gozada face a estas simbólicas ofertas, porque quero acreditar que isto mais não foi que uma simbólica oferta até Portugal saber das reais necessidades moçambicanas.
É que eu ainda quero acreditar nas pessoas e na solidariedade!!
.
Adenda: E como já não bastasse as cheias o centro de Moçambique foi “atravessado” por um ciclone, o Favio, com ventos na ordem dos 180 km hora que obrigou os turistas do resort da ilha Bazaruto (distrito de Inhambane) a serem evacuados para a ilha de Inhaca, ao largo de Maputo (cerca de 600 quilómetros a sul).
O ciclone desloca-se para norte e deverá passar pela cidade da Beira esta madrugada devendo inflectir para o interior do país, para os distritos de Nhamatanda e Muanza e atravessar o Zambeze onde deverá perder parte substancial da sua força destruidora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Protagonismos baratos para efeitos de propaganda política. Isso não é ajuda é insulto e além disso quem pediu ajuda? Mesmo assim atiram à cara pseudo ajuda que nunca foi pedida e muito menos controlada até aos destinatários.
E se fossem ajudar para a terra deles?
Há por exemplo em Portugal as vítimas da explosão de gás em Carnaxide e hoje (26 de Fevereiro 2007) segundo as notícias esses desalojados nem têm aonde dormir a partir de hoje. A Camara de Oeiras não irá pagar mais a hospedagem em Hotel. Quer o envolvimento de outras Instituições portuguesas de solidariedade. É que a caridade começa em casa. Essas 25 tendas se calhar teriam melhor serventia em Portugal que em Moçambique. E além disso é lá com eles se não desejam ajuda que nem pediram se calhar mesmo por estarem fartos de humilhações com nome de ajuda.

Anónimo disse...

Dinheiro vivo para as vítimas das cheias?

Não, obrigado!

Enquanto as autoridades moçambicanas se desmultiplicam por várias frentes para acudir a várias calamidades naturais que atingem o país, parceiros internacionais põem em cima da mesa várias soluções para apoiar as vítimas dos desastres.
A "Save the Children" da Grã Bretanha defende a entrega de cheques às famílias afectadas pelas cheias do Vale do Zambeze no período que vai de Março a Junho, uma forma de reabilitar a vida dos deslocados e ajudar a dinâmica dos mercados locais. O período compreende a fase em que as pessoas começarão a deixar os campos de deslocados e a preparar as sementeiras para as colheitas da época fresca em Junho.
"Não queremos minar a validade e importância das intervenções em ajuda alimentar, queremos evitar a dependência, estimular os mercados locais e dar às pessoas a dignidade de escolha", defende Chris McIvor, director da "Save the Children".
Confrontado com a possibilidade de entregar "dinheiro vivo" aos deslocados, um funcionário do INGC (Instituto Nacional de Gestão das Calamidades) é completamente contrário à ideia. Argumenta que tal iniciativa pode provocar inflação, distorcer a dinâmica local, criar dependências e enviar ao Governo
uma factura que não podemos suportar".
A proposta da "Save the Children" é cautelosa e McIvor faz questão em sublinhar que é preciso que este assunto seja debatido junto da comunidade humanitária para que seja decidido o que é mais apropriado.
O funcionário do INGC considera que a distribuição de comida gratuita se faz em termos "estritamente humanitários", mas há consciência que em tais situações há sempre desvios, negócios paralelos e os mercados locais acabam por ser afectados. A zona de cheias do Zambeze é rica em colheitas de cereais e as próprias compras para auxiliar as famílias afectadas são feitas na zona, uma política que tem o apoio do Programa Mundial da Alimentação (PMA).
O funcionário do INGC defende que, a ser entregue "dinheiro vivo", esta acção deve ser feita através de instituições vocacionadas para o micro-crédito, "pois é preciso dar sempre um valor e um custo ao dinheiro e não criar situações que distorçam o tecido económico e agravem a dependência".
A política de entregar dinheiro às pessoas afectadas por calamidades não é nova em Moçambique. Durante as cheias de 2000 em Gaza, milhares de camponeses receberam dinheiro para reconstituírem as suas vidas e pequenos empréstimos através de instituições de crédito foram concedidos a agricultores, comerciantes e pequenos industriais no vale do Limpopo. Segundo a última avaliação feita pelas Nações Unidas em coordenação com o INGC há 120 791 pessoas afectadas pelas cheias do vale do Zambeze, 71 000 das quais estão agora em centros de acomodação. O INGC eventualmente terá de acudir a uma nova frente criada a Norte de Inhambane e no Sul de Sofala pelo ciclone Favio e já há planos de contingência para uma nova depressão tropical que se apoxima de Moçambique e que foi denominada Gamede.
SAVANA - 22.02.2007
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Nações Unidas anunciam ajuda de 7,6 milhões de dólares

As Nações Unidas anunciaram a concessão de mais de 7,6 milhões de dólares de ajuda às vitimas das recentes cheias e do ciclone que atingiram Moçambique.
Num comunicado emitido em Nova Iorque, a ONU refere que aquele montante faz parte do seu Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF), criado no ano passado para fornecer ajuda mais rápida às vítimas de desastres naturais.
"Com a situação a deteriorar-se em Moçambique, é vital que iniciemos o mais rapidamente possível operações para salvar vidas," disse Margaret Wahlstrom, coordenadora da ajuda de emergência da ONU.
O comunicado cita Wahlstrom como tendo elogiado o governo moçambicano pelo seu papel em liderar os esforços de ajuda internacional.
"É importante que nós os apoiemos para minimizar o impacto do desastre no máximo possível", acrescentou.
O comunicado da ONU adianta que a Organização Mundial de Saúde enviou quatro equipas para as quatro províncias moçambicanas mais afectadas.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 24.02.2007