Sim, os norte-americanos poderão mudar. O problema é se estão preparados para a Mudança, qualquer que ela seja. Porque, qualquer que seja o candidato vencedor haverá, sem qualquer dúvida, uma mudança na política norte-americana. Um trará mais que outro.
De um lado está um afro-americano, democrata, Barak Obama, que derrotou nas primárias a mais provável candidata e quem melhor teria capacidade para à boca das urnas dizer “I’m a winner”, Hillary Clinton; do outro, um republicano, John McCain, antigo prisioneiro de guerra no VietNam, e pré-candidato derrotado por George W. Bush, numas anteriores primárias e com quem, desde essa data, mantém uma distância surda e forte, apesar o partido, mesmo sabendo que politicamente não seria muito correcto, tivesse gostado de ver mais apoio presidencial.
Os dois candidatos propõem a Mudança. Enquanto Obama avança para um quase completo e radical corte com o status quo vigente nos EUA, McCain, advoga-a mas em menor escala e com os habituais valores norte-americanos bem vincados.
E isto é, ou poderá ser, o grande problema para Obama poder ser eleito: os habituais valores norte-americanos. Mesmo que os primeiros simbólicos resultados, em Dixville Notch e Hart's Location, no New Hampshire, habitualmente republicanos, lhe tenham dado a vitória.
Quer queiramos, quer não, há valores que os norte-americanos não prescindem. E, por vezes, o simples facto de sentirem que alguém pode estar a mandar neles, o que colocaria o seu habitual revolucionarismo e sentido de liberdade em causa, tem um efeito contrário ao desejado.
Os norte-americanos sempre viveram segundo um tríade religiosa: Deus, Armas e Teoria da Conspiração.
Indiscutivelmente são muito religiosos e tementes a Deus, ou não fossem eles os primeiros a advogar o “fundamentalismo religioso” [“Fundamentals”, ver meu livro “Fundamentalismo Islâmico, A Ideologia e o Estado”, pág. 13]; a vida corre e gere-se em torno do sagrado princípio de quem ganha bem a vida na Terra serve a Deus (mais ou menos assim) aliados á crença política da defesa da dignidade essencial do indivíduo, a igualdade fundamental entre todos os homens e o direito inalienável à liberdade, à justiça e a oportunidades justas. Razão que levou Samuel Huntington a criticar a imigração hispânica, porque, segundo ele, no livro “Who Are We? The Challenges to America's National Identity”, a cultura dos hispânicos despreza a educação e as crenças produzidas pela sociedade anglo-protestante engendrada nos séculos 17 e 18. McCain, é o candidato que melhor norteia estes sagrados princípios da ignorância cultural norte-americana e que tem, como expoente máximo, uma forte aliada, a candidata a vice-presidente Sarah Palin.
Um sagrado princípio que leva ao segundo da tríada religiosa: as Armas. Muitos Estados sentem na existência indiscriminada das armas o direito à suprema e total liberdade de escolha, do direito ao seu modo de vida, a imposição dos princípios religiosos já anteriormente referidos. Obama pondera e defende uma restrição ao uso das armas de fogo, o que levou os defensores das mesmas a efectuarem virulentos ataques ao candidato afro-americano, por sinal, filho de um economista e político queniano e de uma antropóloga norte-americana.
E, aqui surge o terceiro princípio: a Teoria da Conspiração. Apesar de cristão e, segundo os princípios religiosos anglo-prostestantes, um evangélico, uma parte substancial dos norte-americanos não esquecem que Obama já professou o islamismo. E quem fala em islamismo, pensa em 11 de Setembro. Outro dos factores importantes para os norte-americanos sentirem, como poucos, as teorias conspirativas tem prende-se com a sua história de liberdade e do “excepcionalismo”, ou seja, a convicção de que os EUA são uma nação excepcional, produto de uma trajectória histórica única, e com um papel missionário no mundo igualmente extraordinário onde não cabem “conselhos” ou “interferências adjectivas”. E só o facto de África e a Europa dizerem, com clareza, que preferem Obama a McCain poderá ser um sinal interpretativo para os norte-americanos de interferência na sua vida política. Pensam que o Mundo e os não-americanos (afro-americanos, hispânicos, europeus do sul, asiáticos, judeus, islâmicos) vão querer mandar nos seus sagrados princípios fundamentais, em vez do contrário.
Estes, quer os norte-americanos o admitam, ou não, vão ser os grandes princípios que vão nortear as eleições de hoje.
Ou os norte-americanos sentem que estão preparados para uma efectiva mudança política e social, para uma sã convivência racial e religiosa, e votam Barak Hussein Obama, cumprindo, assim o sonho de Martin Luther King e de JFK, ou continuarão hermeticamente fechados nos seus primados fundamentalistas religiosos e rácicos e votarão John Sidney McCain apesar deste defender alguns valores contrários aos princípios cristãos dos republicanos.
Hoje, caberão aos eleitores norte-americanos mostrarem que, apesar do seu conservadorismo social, continuam a ser um povo revolucionário e aberto como foram os pais fundadores da União. Serão eles que irão dizer 52 anos depois se querem a Mudança ou seguirem aquilo que tanto desprezam e o fizeram os soviéticos, a 4 de Novembro de 1956, na Revolução Húngara (iniciada em 23 de Outubro e feroz e completamente mente abortada a 11 de Novembro): amordaçar a Liberdade e os Ventos da Mudança.
O Mundo e a História estão com os olhos nos norte-americanos. E esse é o meu grande receio. Que pensem que os “outros” lhes estão impor princípios e factos…
E, depois, há que não esquecer os independentes que podem influenciar a votação do Colégio eleitoral e impedir, como já o fizeram no passado, a vitória de Barak Obama e de Joseph Biden.
De um lado está um afro-americano, democrata, Barak Obama, que derrotou nas primárias a mais provável candidata e quem melhor teria capacidade para à boca das urnas dizer “I’m a winner”, Hillary Clinton; do outro, um republicano, John McCain, antigo prisioneiro de guerra no VietNam, e pré-candidato derrotado por George W. Bush, numas anteriores primárias e com quem, desde essa data, mantém uma distância surda e forte, apesar o partido, mesmo sabendo que politicamente não seria muito correcto, tivesse gostado de ver mais apoio presidencial.
Os dois candidatos propõem a Mudança. Enquanto Obama avança para um quase completo e radical corte com o status quo vigente nos EUA, McCain, advoga-a mas em menor escala e com os habituais valores norte-americanos bem vincados.
E isto é, ou poderá ser, o grande problema para Obama poder ser eleito: os habituais valores norte-americanos. Mesmo que os primeiros simbólicos resultados, em Dixville Notch e Hart's Location, no New Hampshire, habitualmente republicanos, lhe tenham dado a vitória.
Quer queiramos, quer não, há valores que os norte-americanos não prescindem. E, por vezes, o simples facto de sentirem que alguém pode estar a mandar neles, o que colocaria o seu habitual revolucionarismo e sentido de liberdade em causa, tem um efeito contrário ao desejado.
Os norte-americanos sempre viveram segundo um tríade religiosa: Deus, Armas e Teoria da Conspiração.
Indiscutivelmente são muito religiosos e tementes a Deus, ou não fossem eles os primeiros a advogar o “fundamentalismo religioso” [“Fundamentals”, ver meu livro “Fundamentalismo Islâmico, A Ideologia e o Estado”, pág. 13]; a vida corre e gere-se em torno do sagrado princípio de quem ganha bem a vida na Terra serve a Deus (mais ou menos assim) aliados á crença política da defesa da dignidade essencial do indivíduo, a igualdade fundamental entre todos os homens e o direito inalienável à liberdade, à justiça e a oportunidades justas. Razão que levou Samuel Huntington a criticar a imigração hispânica, porque, segundo ele, no livro “Who Are We? The Challenges to America's National Identity”, a cultura dos hispânicos despreza a educação e as crenças produzidas pela sociedade anglo-protestante engendrada nos séculos 17 e 18. McCain, é o candidato que melhor norteia estes sagrados princípios da ignorância cultural norte-americana e que tem, como expoente máximo, uma forte aliada, a candidata a vice-presidente Sarah Palin.
Um sagrado princípio que leva ao segundo da tríada religiosa: as Armas. Muitos Estados sentem na existência indiscriminada das armas o direito à suprema e total liberdade de escolha, do direito ao seu modo de vida, a imposição dos princípios religiosos já anteriormente referidos. Obama pondera e defende uma restrição ao uso das armas de fogo, o que levou os defensores das mesmas a efectuarem virulentos ataques ao candidato afro-americano, por sinal, filho de um economista e político queniano e de uma antropóloga norte-americana.
E, aqui surge o terceiro princípio: a Teoria da Conspiração. Apesar de cristão e, segundo os princípios religiosos anglo-prostestantes, um evangélico, uma parte substancial dos norte-americanos não esquecem que Obama já professou o islamismo. E quem fala em islamismo, pensa em 11 de Setembro. Outro dos factores importantes para os norte-americanos sentirem, como poucos, as teorias conspirativas tem prende-se com a sua história de liberdade e do “excepcionalismo”, ou seja, a convicção de que os EUA são uma nação excepcional, produto de uma trajectória histórica única, e com um papel missionário no mundo igualmente extraordinário onde não cabem “conselhos” ou “interferências adjectivas”. E só o facto de África e a Europa dizerem, com clareza, que preferem Obama a McCain poderá ser um sinal interpretativo para os norte-americanos de interferência na sua vida política. Pensam que o Mundo e os não-americanos (afro-americanos, hispânicos, europeus do sul, asiáticos, judeus, islâmicos) vão querer mandar nos seus sagrados princípios fundamentais, em vez do contrário.
Estes, quer os norte-americanos o admitam, ou não, vão ser os grandes princípios que vão nortear as eleições de hoje.
Ou os norte-americanos sentem que estão preparados para uma efectiva mudança política e social, para uma sã convivência racial e religiosa, e votam Barak Hussein Obama, cumprindo, assim o sonho de Martin Luther King e de JFK, ou continuarão hermeticamente fechados nos seus primados fundamentalistas religiosos e rácicos e votarão John Sidney McCain apesar deste defender alguns valores contrários aos princípios cristãos dos republicanos.
Hoje, caberão aos eleitores norte-americanos mostrarem que, apesar do seu conservadorismo social, continuam a ser um povo revolucionário e aberto como foram os pais fundadores da União. Serão eles que irão dizer 52 anos depois se querem a Mudança ou seguirem aquilo que tanto desprezam e o fizeram os soviéticos, a 4 de Novembro de 1956, na Revolução Húngara (iniciada em 23 de Outubro e feroz e completamente mente abortada a 11 de Novembro): amordaçar a Liberdade e os Ventos da Mudança.
O Mundo e a História estão com os olhos nos norte-americanos. E esse é o meu grande receio. Que pensem que os “outros” lhes estão impor princípios e factos…
E, depois, há que não esquecer os independentes que podem influenciar a votação do Colégio eleitoral e impedir, como já o fizeram no passado, a vitória de Barak Obama e de Joseph Biden.
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