06 novembro 2008

Quem quer incendiar a África Central?

(Kabila Jr., quem com ferros matou…)

Quando não é porque um qualquer tirano está afrente de um depauperado e aflito Pais e não quer sair por nada deste Mundo – nem do outro – e goza do apoio descarado de alguns “amigos”;
Quando não são umas quaisquer eleições, mesmo que hipoteticamente possam estar viciadas à partida, mas que sejam eleições e recebam o rótulo de democratas, correctas e justas;
Quando não é um presidente que cai em desgraça porque o partido que o sustentava mudou de “senhor” e este está sob vigilância judicial por razões que, só por si, seriam normais para que nem tivesse tomado posse como líder partidário, quanto mais obrigar o partido a derrubar” o seu anterior presidente e presidente do Pai;
Quando não é um qualquer barco de um grupo de ricaços europeus que, apesar de todos os avisos, gostam de sentir a adrenalina que já não conseguem obter na Europa e se aventuram pelas “impróprias” águas somalis à espera de um qualquer rapto e poderem dizer aos netos que foram salvos por uma qualquer secção de um qualquer exército especial do seu País;
Quando já todos estão calados e esquecidos de Darfur e dos crimes contra a Humanidade que ali se tem praticado;
Aparece sempre qualquer coisinha em África para relembrar que aquele é um Continente a manter incandescente porque há muito material bélico em stock para ser vendido e matérias-primas para explorar ao preço mais reduzido, mesmo que, para isso, se tenha de pôr vizinhos contra vizinhos, povos contra povos, provocar a morte de inocentes civis, ou, melhor ainda, criar milhares de refugiados para uns quantos poderem aparecer como salvadores humanitários e vociferarem contra o status quo do momento.
É isso o que se passa na República Democrática do Congo nas ricas regiões do Kivu.
Existe uma MONUC que nada faz, foge – repito FOGE – juntamente com o exército regular de Joseph Kabila Jr. e de xx (filho de Mobutu), as FARDC, face aos rebeldes tutis Banyamulengue, do Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), do excomungado (sê-lo-á?) general Laurent Nkunda.
Aparece uma União Europeia, liderada por uma França e Reino Unido, muito aflita a pedir protecção aos refugiados e avisar que estamos perante uma nova catástrofe humanitária, mas esquecendo-se, como convém, que muito do material bélico ali presente tem por remetente os países europeus, nomeadamente aqueles dois bons samaritanos.
Não vemos a União Africana, cada vez mais decrépita e inerte – tal como outras organizações regionais e linguísticas – a exigir uma pronta intervenção, diplomática ou mesmo militar, dos países aliados para pôr fim aos problemas na região. Só se ouve as vozes críticas e preocupadas dos analistas políticos.
E, depois, constatamos que alguns países procuram conceber Conferências para a resolução do conflito, com a participação de outros países que nada têm de proximidade político-militar, nem diplomática, com a região, enquanto outros vão mantendo um silêncio discreto só cortado por declarações avulsas de possíveis intervenções de países terceiros no conflito na linha do que, já anteriormente, tinham feito.
E é assim que, um País que procura consolidar a sua Paz interna – esquece-se, ou parece fazer gala de o esquecer, o que se passa em Cabinda – e o desenvolvimento social e económico do seu Povo e um outro País que, só por acaso, tem a maior e mais gigantesca inflação do Mundo, um Povo à míngua, e um tirano que não quer largar o poder, se perfilam para intervir num conflito quase regional para darem uso ao seu volumoso armazém belígero e manterem ocupados os seus “funcionários” castrenses – os diamantes também se acabam...
Por onde é que, realmente, anda a União Africana e a sua vontade na resoluções de conflitos? Porque esperou tanto tempo para convocar uma Conferência em Nairobi?
Será que só aparecerá quando a África Central estiver totalmente em chamas? Esquecem-se que os históricos ventos da região são sempre inconstantes e que as chamas se podem propalar para as chanas e nharas ou savanas vizinhas descontroladamente?
Ou querem que apareçam os habituais “médicos” com as suas promessas de ajuda desde que, não esquecendo, comprem tudo aos países deles e forneçam as matérias-primas necessárias e carecidas a custos baixos, muito baixos.
Na região pode não haver petróleo, normalmente o produto associado a conflitos regionais, mas há, e com fartura, minérios – quase únicos e ali unicamente localizados – que são necessários para as novas tecnologias.
Antes quem dominava o Rimland, dominava o Heartland; e quem dominasse o Heartland dominaria o Mundo. Hoje, quem domina as matérias-primas para as chamadas novas tecnologias claramente pode dominar o Mundo, nem que, para isso, se tenha de fabricar portáteis/pochettes.
E, por isso a corrida é desenfreada sem que olhem aos meios utilizados para esse fim!
Mesmo que, para isso, seja necessário incendiar uma região. E, se for em África… como já estão habituados!

Sem comentários: