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Cem anos depois, a Rádio ainda junta povos, em volta de transístores, sendo o único veículo informativo e formativo de inúmeras comunidades como, por exemplo, nas regiões mais interiores de África.
Cem anos depois, ainda é a Rádio quem me faz sentir vivo principalmente quando se tem a oportunidade de acordar ao som discreto, ou vibrante, de um qualquer tipo de música.
Cem anos depois, ainda é a Rádio quem, primeiro, mais facilmente nos transmite, e a vós, o perfume dos nossos países.
Como recordo, com saudade, a voz calma de Sebastião Coelho ao oferecer-nos uma xícara de café quente ou a voz estonteante e forte de Francisco Simmons a relatar – como só ele sabia – uma partida de basquetebol ou de hóquei em patins, ou a voz bem timbrada de Pedro Moutinho, no Rádio Clube do Lobito, a dar-nos as últimas notícias do dia. Era na rádio que ouvíamos as emissões dos movimentos de Libertação, ou da Voz da América, ou a Rádio Moscovo, ou Voz da Suiça, ou a sempre actual BBC – a primeira emissora a despertar-me para o Golpe dos Capitães, nas primeiras horas da madrugada, estava eu em pleno alto mar, no Infante D. Henrique, já que regressava à minha Angola depois de uns meses vividos em Portugal.
Foi também na Rádio que pela primeira vez ouvi a voz quente do pai do soul, James Brown, hoje falecido. O éter ganhou mais uma estrela e mais sonoridade; a Rádio ficou menos rica embora nos valha o seu arquivo.
Ok! admito!! Provavelmente andará por aqui uma galopante PDI, mas que a Rádio ainda é Rádio, lá isso é.
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