(imagem do CICV)
Não se contesta esta ajuda e solidariedade com o povo palestiniano.
O Governo sudanês, na maioria muçulmano, nada mais fez que cumprir um dos três conceitos, ou postulados, onde assenta a Lei islâmica1: o Postulado da Fé (Íman). Neste postulado o crente terá direito ao paraíso “o êxito supremo” por melhor cumprir as suas obrigações sociais e religiosas ou ao que, de uma forma contratual e nada metafísica, ofereça a sua vida e os seus bens terrenos em prol de uma vontade de Alá.
Ora é o que o Sudão está a fazer. Oferecer 10 milhões de USDólares ao Governo palestiniano do primeiro-ministro, e líder do Hamas, Ismail Haniyeh.
Muito bonito e muito correcto, até porque não será o único a fazê-lo. O Qatar também irá dar uma ajuda financeira ao Governo palestiniano do Hamas.
Só que o Governo sudanês de Cartum esqueceu-se que este postulado engloba toda a Umma (comunidade muçulmana ou que dela dependam) e não só uma parte.
O Governo sudanês de Cartum esqueceu-se dos seus concidadãos – porque o são independentemente de serem cristãos ou animistas – do Darfur que continuam a penar com fome e sob o espectro da guerra e do terrorismo perpetrado por milícias afectas ao regime islamita de Cartum.
Ou seja, o Governo de Cartum não cumpre o terceiro postulado, o do Comportamento Social, que prevê a recusa de comportamentos altivos, ambições injustificadas, a gula e a pilhagem. É precisamente isso que Cartum está a fazer em Darfur: pilhar os bens locais em seu próprio proveito desprezando um dos mais elementares comportamentos sociais: respeito pela vida humana.
Não será isto, também, um genocídio?
1 Sobre esta matéria podem ler mais elaboradamente no meu livro “Fundamentalismo Islâmico, A Ideologia e o Estado”, edição Autonomia27;
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