02 outubro 2006

Uma achega a favor da Lusofonia

Relativamente aos apontamentos aqui colocados sobre Moçambique e a Francofonia, em particular, o último, recebi do leitor Paulo Andrez o comentário que abaixo se transcreve e que mereceram a minha melhor atenção e, para o qual, pedi a necessária autorização de publicação:
Acompanho regularmente e aprecio o seu Pululu.
Venho somente lançar uma questão, para apuramento e desenvolvimento, para quem tenha tempo e o queira fazer, sobre o seu artigo intitulado "Moçambique na Francofonia - comentário", quando fala sobre as razões que fazem a Guiné Equatorial insistir em fazer parte da CPLP.
Já li, em tempos, não sei onde, mas guardei em memória, por isso lanço a questão para aprofundamento, que a Guiné Equatorial foi território português desde os fins do século XV até inícios do século XVIII. E que PT a perdeu por ter feito um acordo com os castelhanos e a trocou pelo Uruguay (antiga Colónia de Sacramento, já povoada pelos tugas, ainda que assolada por piratas castelhanos), porque os castelhanos choravam por não ter nenhum território na costa africana.
Li tambêm que, ainda hoje, na ilha de Ano Bom e mesmo Malabar se fala crioulo de origem portuguesa, muito chegada a S.Tomé, e que a população desta Guiné se identifica mais com o passado histórico português do que do castelhano.
Quanto às Maurícias não guardo memórias de ter lido nada, mas, naturalmente, os "tugas" devem ter lá estado, forçosamente, como no sul de Madagáscar, Zinginchor, Maldivas, Terra Austral, Nova Guiné, Molucas, Malaca, Marrocos, Ceuta, Dakla, Casamança, Togo, Benim, Namíbia, Africa do Sul, Ormuz, Sri Lanka, Goa, Damão Diu, Dadra e Nagar-Haveli, Bombaim, Terra Nova, Terra Florida, Terra de Lavrador, Japão, Bangladech, Myanmar, Galiza, Olivença ... de quem ninguêm fala. Por este critério a CPLP seria muito maior do que imaginamos sequer. Pelo menos com membros observadores, por enquanto. Existe aqui um potencial capaz de dar exemplos a esta ONU manipulada por 5 países, profundamente não democrática e imparcial.
E viva, estão quase a começar os Jogos Lusófonos.

Melhores cumprimentos

Paulo Andrez


Posteriormente, e na sequência dos e-mails trocados, Paulo Andrez toca um assunto pertinente sobre a CPLP – que apresenta um site com um novo grafismo mas que se esquece de colocar acessos para os novos membros observadores, organizações e/ou países, bem assim as suas bandeiras, – e a sua clara pouco abrangência relativamente à Lusofonia.
Paulo Andrez propõe a criação de uma comunidade claramente vocacionada para os povos lusófonos que aglutinasse povos e não Governos, a que ele chamaria de CICEL (Comunidade Internacional de Cidadãos de Expressão Lusófona).
Subscrevo esta ideia só que em vez de independente proporia que a mesma estivesse subordinada à CPLP, como um organismo autónomo, o que permitiria e justificaria a entrada de outros Estados como membros-observadores e legitimaria ainda mais a presença desses Estados nos Jogos de Lusofonia.
E sobre estes seguir-se-á um apontamento autónomo.

3 comentários:

Orlando Castro disse...

«Compro» a ideia da CICEL (Comunidade Internacional de Cidadãos de Expressão Lusófona) proposta por Paulo Andrez mas, meu caro Eugénio, já não alinho nessa sua peregrina ideia de ela estar "subordinada à CPLP, como um organismo autónomo".
Como poderia a CICEL estar subordinada a uma coisa que não existe?

Kandando

ELCAlmeida disse...

Meu caro Orlando, é que assim talvez a CPLP se transformasse numa Organização mais legítima e mais trabalhadora e, com isso, talvez dessem mais poderes ao secretário executivo da mesma.
Quero acreditar que sim.
Kandando
EA

Anónimo disse...

Caro Eugénio Almeida,

Obrigado pela publicação. Ficou bem enquadrado.

O mais parecido que conheço com o eventual CICEL será o CCP - Conselho das Comunidades Portuguesas (http://www.ccp-mundial.org/). Uma estrutura consultiva do Governo português.

A ideia era existir o mesmo tipo de estrutura, com as devidas melhorias, que englobasse os cidadãos dos países da CPLP, países observadores e outros com afinidades de qualquer tipo, que estivessem interessados, e as suas respectivas diásporas.

Assim, os Jogos Lusófonos já integrariam gente a residir em muitos mais países, e a sua particpação seria anunciada, por exemplo, como "atleta X da diáspora de Cabo-Verde na Holanda", ou "selecção de futebol da comunidade portuguesa residente no município de New Bedford", ou "pugilista Y da Comunidade Brasileira residente no Japão", ...

"Há coisas fantásticas, não há?"

Cumprimentos