29 outubro 2006

Brasil e R.D.Congo dois diferentes estilos em confronto

(Protestos em Bruxelas contra Kabila – imagem ©daqui)

Como serão dirimidas as duas crises* que, por certo – mais numa que em outra –, no próximo fim-de-semana se irão manifestar.
E ambas através das 2ªs voltas (ou turno) para as presidenciais.
Uma, lado ocidental do Atlântico, entre o proletário, entretanto aboletado ao consumismo e ao capitalismo, Lula da Silva e o capitalista, entretanto aderente das boas-maneiras e da transparência – será por causa da Opus Dei? –, Geraldo Alckmin.
No outro caso, na outra margem, são (serão????) as eleições na República Democrática do Congo – que, por acaso, terá observadores nas eleições brasileiras… (é por causa do avançado sistema electrónico brasileiro; o que é que pensavam?!?!) – que oporá o actual presidente-herdeiro, Joseph Kabila – e apoiado pelos governos angolano, namibiano e zimbabueano –, ao seu antigo vice-presidente e líder de uma das facções que esteve em guerra, Jean-Pierre Bemba – que, por mero acaso, ainda goza do apoio do Uganda, Burundi e Ruanda.
Se no primeiro caso a dúvida está em saber como irão votar os brasileiros, nomeadamente, os indecisos – o voto é obrigatório no Brasil –, e se os tucanos conseguirão destronar o populismo, já no caso dos congoleses a dúvida está em saber como os “seus apoiantes” irão acolher o resultado das eleições. Dos “reais” candidatos, dizem as Crónicas recentes, não reza a História. Serão os “virtuais” quem mais as irão apreciar.
Se no Brasil a disputa eleitoral procura, claramente, o voto do povão, já na R.D. do Congo a campanha está na busca e na consolidação dos apoios vizinhos.
Se no Brasil a dúvida estará em saber com quem o boliviano Morales vai ter de negociar, quer por causa dos aquartelamentos fronteiriços apoiados pela Venezuela, quer por causa das nacionalizações petrolíferas, no caso congolês a dúvida está em saber se o candidato vencedor conseguirá calar a oposição dos governos hostis e impedir a fragmentação da República Democrática do Congo.
Tanto num caso, como no outro, a estabilidade política interna – e no caso congolês, também militar – poderá (vai) condicionar a estabilidade política, social e militar dos países vizinhos.

*(texto escrito em 26-Out-2006, com título inicial "E por falar em crises…")

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