05 janeiro 2007

O massacre de Kassange

(efeitos da napalm que terá sido usada em Kassange; será que ficaria alguém para contar?; imagem daqui)

Ontem decorreu mais um aniversário do Massacre da Baixa do Kassange, celebrado como o Dia dos Mártires da Repressão Colonial.
Uma vez mais os números de mortos divergiram. Foram dos 10 mil evocados no Angonotícias e na Angop, às “centenas de camponeses” de acordo com a Angop, passando pelos 5 mil da Angop e pelos 7 mil do Angonotícias; mau, antes era 10 mil, agora 7 mil e também já foram só 5 mil alguma coisa escapou os editores do Angonotícias e da Angop; acontece, embora já nem o secretariado do MPLA fale naqueles números mas, sensatamente, em massacre indiscriminado.
Não está em causa o massacre mas os números avançados. Sobre isso, a minha opinião já foi transmitida num artigo do ano passado e publicado no Notícias Lusófonas, sob o título “Guerras de memórias da Baixa do Cassange”.
O que agora ressalva é, o facto da Associação para o apoio e Desenvolvimento da Baixa do Kassange decidir apresentar uma queixa-crime contra o Governo português. Este pedido poderá vir a ter o apoio do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Penso que é uma medida que se saúda porque, caso vá em frente irá, talvez e de uma vez, possa esclarecer a amplitude do massacre.
Mas penso que a Associação também deveria colocar a então empresa belga empregadora, a Compª de Algodão de Angola (Cotonang) em tribunal dado que foi, segundo rezam crónicas verbais da altura – porque sejamos honestos o que foi escrito foi-o em função daquilo que algumas pessoas transmitiram, nomeadamente, militares e administradores da empresa empregadora –, a empresa belga que solicitou o envio de militares para acabar com uma greve laboral que exigia respeito pelos contratos assinados, entre eles a ida dos trabalhadores aos seus locais de origem.
Não esqueçamos que eram, na sua maioria, provenientes do sul de Angola; os tais “contratados” muito bem celebrizados por Agostinho Neto e Mingas.

2 comentários:

Marco Oliveira disse...

Alguma imprensa portuguesa referiu a efeméride?

Anónimo disse...

Obrigado Eugenio,

no meu post do 4.1. sobre Kassange adicionei a sua confirmação (e Blog)que o napalm foi mesmo utilizado.
Estava a procura.
Cumprimentos
Ralf (Konrad)