(uma incómoda vista)
Numa altura que, em Nairobi, Quénia, se reúne, na sua 7º edição, o Fórum Social Mundial (FSM), um projecto antiglobalizante que teve o seu início em Porto Alegre, Brasil, nos idos de 2001, constata-se que a força globalizadora da China se faz claramente sentir.
Apesar do FSM reivindicar ser um espaço aberto ao debate e construção de estruturas democráticas, aprofundamento da reflexão e do respeito pelas espiritualidades diversas, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONG’s e todas organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do Mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, nota-se que a força globalizadora da China está bem presente.
Embora esta reunião tenha como objectivos principais – ou talvez por isso mesmo –a globalização, os países ricos, o Banco Mundial, George W. Bush, o combate ao SIDA, o perdão da dívida externa dos países pobres e as guerras, destacando os organizadores a invasão da Somália, pela Etiópia, – e as outras, já acabaram? –, não há dúvidas que a força globalizadora da China é evidente.
Conquanto o FSM defenda, também, a dignidade, diversidade, garantia da igualdade de género e eliminação de todas as formas de discriminação, a garantia dos direitos económicos, sociais, humanos e culturais, especialmente os direitos à alimentação, saúde, educação, emprego, habitação e trabalho digno, é um facto que a omnipresença globalizadora da China se torna indesmentível.
Ora se a FSM foi criado tendo em visa ser um projecto antiglobalizante e tendencialmente anti-monopolista e a favor da construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos [de todos os povos excluídos e, ou, subjugados] – alguns dos principais objectivos do programa FSM 2007 – como se explica que força globalizadora da China não seja igualmente criticada como o está a ser, pertinentemente face à génese da FSM, a de W. Bush?
A força globalizadora da China está evidente em toda a África, sabemo-lo; mas tem, nesta altura, um particular destaque no Quénia onde, e pela segunda vez em 8 anos, “fez” impedir a entrada do Dalai Lama no país de Jomo Kenyatta, que, desta feita, parece que queria, somente, visitar o parque nacional de Maasai Mara.
Porque quem não vê Lama, não pode ouvir Lama… mesmo em repúblicas das bananas!!
Sem comentários:
Enviar um comentário