Mais uma remodelação no Governo angolano e, uma vez mais, com a chancela do Presidente da República. Substituiu Ministros e reimplantou as Secretarias de Estado
Uma vez mais se estranha que seja o presidente Eduardo dos Santos a determinar a saída e alterações dos membros do governo quando, constitucionalmente, a República de Angola é semi-presidencialista; ou seja, cabe ao Chefe do Governo, o primeiro-ministro, determinar essas alterações propondo-as ao Presidente da República que as aceitas, no quadro constitucional e institucional, ou as rejeita e propõe ao primeiro-ministro que apresente novos nomes.
Segundo uma notícia do portal AngoNotícias, uma das alterações que ocorreram no GURN, a exoneração do Ministro da Saúde, Sebastião Veloso, foi determinada pela Presidente que terá, segundo uma fonte da Presidência, avisado previamente o presidente da UNITA, Samakuva – o ministro foi indicado pela UNITA –, desta alteração e que o ministro exonerado também terá sido avisado pelo primeiro-ministro.
Acontece que tanto o porta-voz da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, como o ministro demitido – que tomou conhecimento oficial da sua exoneração quando estava a preparar a agenda da semana seguinte – afirmam que ninguém teve prévio conhecimento desta medida.
Não está em causa as alterações visadas, nomeadamente as do Ministro da Saúde. Reconheçamos que, por muito que tenha feito a nível da saúde, nomeadamente nos hospitais, como se infere pelos comentários anexos à notícia, situações houve que não deram um largo campo de manobra para o manter: desde logo ter sido uma segunda escolha, a UNITA terá proposto Carlos Morgado que dos Santos rejeitou; o deficiente combate à febre hemorrágica de Marburg, de início no Uíge e depois pelo país, com um saldo superior a 200 vítimas; a desautorização de um governador provincial aose permitir demitir, à revelia do ministro, o Director de um Hospital; o aparecimento de um novo surto hemorrágico grave, uma vez mais no Uíge, cuja identificação viral só agora foi possível, uma tifóide da família das salmonelas.
Independentemente das motivações que estarão por detrás desta exoneração, parece continuar a haver quem queira dinamitar as relações entre José Eduardo dos Santos e Isaías Samakuva.
Não me admiro que a presidência tenha querido avisar Samakuva como afirmam os serviços da presidência. Falta saber se o mensageiro não se enganou no destino…