04 abril 2008

Eu ainda tenho um sonho…

(Eles mostraram aos políticos como se põe o interesse de Angola acima dos seus próprios interesses; mas os políticos parece que ainda não compreenderam como fazer...) (foto Not.Lusófonas)


"Tal como Martin Luther King, falecido há precisamente 40 anos (4-Abr-1968), eu ainda tenho um sonho.
Ainda continuo a sonhar que a assinatura que dois homens da guerra Geraldo Abreu “Kamorteiro”, pelas FALA, e o general Armando Cruz Neto, pelas FAA, posta em 4 de Abril de 2002, no chamado Memorando de Entendimento que pôs fim à guerra fratricida entre angolanos, possa vir um dia ter efeito.
Não bastou a boa vontade daqueles dois Homens que, melhor que ninguém, souberam o que a Guerra provoca e o quanto a Guerra castra e impede um Povo de ser grande e feliz.
Ainda sonho que não mais sejam necessários eventos como o que há dias se registou e que, passe a vontade dos organizadores em homenagear a força de vontade e a solidariedade entre as vítimas, era dispensável. Falo do concurso de “Miss Angola Sobrevivente de Minas 2008”.
Se as mulheres angolanas têm sido um dos alvos dos mais mortíferos brinquedos dos homens de guerra plantados em muitas savanas e chanas nacionais, também os homens e, principalmente, as crianças são vítimas contínuas. E se os homens e as mulheres admitem conseguir aceitar o seu desígnio, dificilmente uma criança consegue não deixar de sentir uma enorme revolta por impedirem-no de ser criança, de brincar como uma qualquer despreocupada criança.
Ainda sonho que verei Angola um País enorme, feliz, sem fome, com doenças residuais e onde um Ministro não diga nunca mais que protege melhor os seus cães que o seu povo.
Ainda continuo a sonhar que o meu Povo deixará de passar fome, terá água canalizada e energia eléctrica contínua e sem problemas.
Ainda sonho que um dia Angola não terá mais guerras e que Cabinda está, enfim, em efectiva paz social e económica.
Eu ainda mantenho forte o sonho que poderei ver o meu Povo e os meus políticos sentirem que vivem num Grande País.
Para isso é necessário que ponderemos com frieza o que nos trouxe os 6 anos de Paz militar!
Para isso é necessário que os seus dirigentes mudem de mentalidades e compreendam, enfim, que Angola é dos angolanos – TODOS – e não só de uns quantos que têm muitíssimo, enquanto milhões nada têm!
Tal como o senhor King eu ainda sonho!
"

Artigo publicado no , "Colunistas" de hoje e que também pode ser lido aqui. Igualmente publicado no , "Hoje convidamos...", em 8/Abril/2008.

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