Uma das rubricas do “Portugal em Linha” é a do “Café Luso” onde as pessoas – leitores e participantes – são convidadas a se sentarem e tomarem xícara de um bom e maravilhoso café (como relembrava o saudoso Sebastião Coelho no velhinho "Café da Noite", e se for o de Angola ou o de Timor, não tenho a mínima dúvida) e lerem o que os convidados de cada um dos temas propostos pelo “administrador” escrevem.
Por norma são sempre duas sensibilidades diferentes que apresentam as suas teses antagónicas; embora por vezes mais complementares que antagónicas.
A última proposta prende-se com a Acordo Ortográfico e o facto (ou fato) de uma comissão do Ministério da Educação do Brasil avançar que o Acordo começará a ser implementado neste país a partir de 1 de Janeiro de 2009, quando, juridicamente, o mesmo já deveria estar em vigor porque foi já assinado por três países membros da CPLP: Brasil, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe como prevê o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Julho de 2004 (Ah! não esquecer que o protocolo original, de 1990, já tinha sido ratificado também por países, entre eles, Portugal, além do Brasil e Cabo Verde).
Ao “confronto” foram convidados dois distintos jornalistas angolanos com a particularidade de um, Orlando Castro (OC), viver e trabalhar em Portugal e, por esse facto, sentir mais o impacto do “português euro-imperial” e o segundo, Jorge Eurico (JE), exercer a sua profissão em Moçambique, embora vagueie por Angola e Cabo Verde, sempre que necessário, e, por essas razão sentir o impacto do “português africano”.
Um pelo Não, outro pelo Sim, mas próximo do nim!
Deixo-vos aqui um cheirinho do que escreveram, podendo ler as suas crónicas, na íntegra, acedendo aqui.
Por norma são sempre duas sensibilidades diferentes que apresentam as suas teses antagónicas; embora por vezes mais complementares que antagónicas.
A última proposta prende-se com a Acordo Ortográfico e o facto (ou fato) de uma comissão do Ministério da Educação do Brasil avançar que o Acordo começará a ser implementado neste país a partir de 1 de Janeiro de 2009, quando, juridicamente, o mesmo já deveria estar em vigor porque foi já assinado por três países membros da CPLP: Brasil, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe como prevê o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Julho de 2004 (Ah! não esquecer que o protocolo original, de 1990, já tinha sido ratificado também por países, entre eles, Portugal, além do Brasil e Cabo Verde).
Ao “confronto” foram convidados dois distintos jornalistas angolanos com a particularidade de um, Orlando Castro (OC), viver e trabalhar em Portugal e, por esse facto, sentir mais o impacto do “português euro-imperial” e o segundo, Jorge Eurico (JE), exercer a sua profissão em Moçambique, embora vagueie por Angola e Cabo Verde, sempre que necessário, e, por essas razão sentir o impacto do “português africano”.
Um pelo Não, outro pelo Sim, mas próximo do nim!
Deixo-vos aqui um cheirinho do que escreveram, podendo ler as suas crónicas, na íntegra, acedendo aqui.
JE: O Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que tem como escopo a unidade do idioma escrito, é indubitavelmente uma retumbante vitória cultural, sociológica, académica e, por que não, política do Brasil sobre Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), facto que, quanto a mim, significa uma oportunidade de “ressurreição” da quinta língua mais falada à face da terra e a terceira mais falada no mundo Ocidental numa altura em que é (era) considerada pelos cientistas sociais como sendo uma língua morta e (bem) enterrada.
Brasília pode, finalmente, embandeirar em arco e lançar foguetes por ter convencido Lisboa, Luanda, Praia, Maputo, Príncipe, Bissau e Dili — e por arrasto a antiga Índia portuguesa (Goa, Damão, Diu, Dadrá e Naga-Aveli), Macau, Guine-Equatorial – a adoptarem uma só grafia com o nobre e oportuno propósito de unir a língua (portuguesa) escrita.
(…)O linguista Malaca Casteleiro, defensor do Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, defende ser necessário “um período de adaptação que não deve ser inferior a quatro anos para permitir as alterações em dicionários, manuais escolares e para a aprendizagem das alterações ortográficas”.
Subscrevo literalmente a opinião de Malaca Casteleiro. É preciso que se dê tempo ao tempo e aos Estados que têm o português como Língua Veicular para que se adaptem às modificações ora «impostas» pelo Brasil ao mundo lusófono.
Aliás, deverá ser por esta razão que o presidente moçambicano Armando Guebuza afirmou que o seu Executivo está a analisar o Novo Acordo Ortográfico e depois de o analisar irá ratificar. E como eles há muitos que assim pensam e assim procederão.
Brasília pode, finalmente, embandeirar em arco e lançar foguetes por ter convencido Lisboa, Luanda, Praia, Maputo, Príncipe, Bissau e Dili — e por arrasto a antiga Índia portuguesa (Goa, Damão, Diu, Dadrá e Naga-Aveli), Macau, Guine-Equatorial – a adoptarem uma só grafia com o nobre e oportuno propósito de unir a língua (portuguesa) escrita.
(…)O linguista Malaca Casteleiro, defensor do Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, defende ser necessário “um período de adaptação que não deve ser inferior a quatro anos para permitir as alterações em dicionários, manuais escolares e para a aprendizagem das alterações ortográficas”.
Subscrevo literalmente a opinião de Malaca Casteleiro. É preciso que se dê tempo ao tempo e aos Estados que têm o português como Língua Veicular para que se adaptem às modificações ora «impostas» pelo Brasil ao mundo lusófono.
Aliás, deverá ser por esta razão que o presidente moçambicano Armando Guebuza afirmou que o seu Executivo está a analisar o Novo Acordo Ortográfico e depois de o analisar irá ratificar. E como eles há muitos que assim pensam e assim procederão.
OC: “Não” ao Acordo Ortográfico. Considero, sobretudo dada a disparidade das forças em confronto, que a minha luta pelo português de Portugal está condenada à derrota. Apesar disso, continuo a entender que só é derrotado quem desiste de lutar. Ora desistir é algo que me recuso a fazer, mesmo sabendo que do outro lado está uma força monumentalmente maior em todos os aspectos, sobretudo no número de falantes.
Sou, portanto, contra o Acordo Ortográfico. Admito, quando muito, que se deixe que sejam o tempo e os protagonistas a transformar a língua, a dar-lhe eventualmente diferente grafia, tal como acontece com a introdução de novos termos.
(…)Não cabe aos que defendem o português, contudo, abdicar a atirar a toalha ao tapete quando podemos ser poucos, mas podemos ser bons (sem querer dizer que os outros são maus). (…).
Por isso, esta é para mim, uma questão de identidade e de honra que deve continuar a ter as suas próprias características, respeitando a dos outros e convivendo em sã harmonia com as diferenças.
Aliás, quando me falam de harmonização (seja do que for) cheira-me logo a algo hitleraiano. Por isso, custe o que custar, não serei eu a render-me a um acordo ortográfico contra-natura e violador das diferenças que são, aliás, a grande força da Lusofonia.
Deixo-vos este pitéu para ler, meditar e deixarem os vossos naturais e, por certo, perspicazes comentários no sítio certo. Ou seja, no Café Luso enquanto bebericam e recebem um cálido e delicioso aroma cafeeiro, de preferência das cálidas e húmidas zonas da Gabela (desculpem fugir-me para o nacionalismo…).
Sou, portanto, contra o Acordo Ortográfico. Admito, quando muito, que se deixe que sejam o tempo e os protagonistas a transformar a língua, a dar-lhe eventualmente diferente grafia, tal como acontece com a introdução de novos termos.
(…)Não cabe aos que defendem o português, contudo, abdicar a atirar a toalha ao tapete quando podemos ser poucos, mas podemos ser bons (sem querer dizer que os outros são maus). (…).
Por isso, esta é para mim, uma questão de identidade e de honra que deve continuar a ter as suas próprias características, respeitando a dos outros e convivendo em sã harmonia com as diferenças.
Aliás, quando me falam de harmonização (seja do que for) cheira-me logo a algo hitleraiano. Por isso, custe o que custar, não serei eu a render-me a um acordo ortográfico contra-natura e violador das diferenças que são, aliás, a grande força da Lusofonia.
Deixo-vos este pitéu para ler, meditar e deixarem os vossos naturais e, por certo, perspicazes comentários no sítio certo. Ou seja, no Café Luso enquanto bebericam e recebem um cálido e delicioso aroma cafeeiro, de preferência das cálidas e húmidas zonas da Gabela (desculpem fugir-me para o nacionalismo…).
2 comentários:
A Língua portuguesa está a passar por um período de implantação, quer nos países Africanos de Língua Portuguesa, quer em Timor Leste. Na Guiné-Bissau esteve até para ser adoptado o Francês como língua oficial e em Timor-Leste o Inglês. Daí será fácil concluir que a língua portuguesa nas nossas ex-colónias não ficou muito bem cimentada. Esses países já não são colónias portuguesas, são livres e tanto poderão seguir o português falado em Portugal, por 10 milhões de habitantes, como o português falado no Brasil, por 220 milhões.
A teoria de Darwin é mesmo verdadeira e Portugal, se teimar em não se aproximar da versão de português do Brasil sujeita-se a ficar só e, mesmo assim, não vai conseguir manter a pureza da língua porque ela evolui todos os dias, independentemente da questão que agora se nos põe: todos os dias há termos que caem em desuso e outros novos que são adoptados pela nossa língua, em especial termos ingleses que são adoptados sem quaisquer modificações.
Se não houver aproximações sucessivas ambas as versões do português continuarão a divergir e daqui a algumas gerações serão línguas completamente distintas. Será então a altura de Portugal confirmar que saiu a perder porque ficou agarrado a um tabu que não conseguiu ultrapassar.
O Brasil tem um impacto muito maior no mundo do que Portugal, dada a sua dimensão, população e poderio económico que em breve irá ter. O nosso português tem hoje algum peso muito em função dos novos países africanos PALOPs ) e de Timor Leste, mas ninguém garante que esses países não venham um dia a aproximar o seu português da versão brasileira e há até já alguns sinais nesse sentido. A população do Brasil permite altas tiragens das publicações que ficarão mais baratas e, se houver maior harmonização, as editoras portuguesas (e amanhã dos PALOPs ) poderão vender mais no Brasil.
Se Portugal permanecer imutável um dia poderá ficar só: a língua portuguesa de Portugal será então considerada uma respeitável língua antiga (o Grego é ainda mais), da qual derivou uma outra falada e escrita por centenas de milhões de habitantes neste planeta. O nosso orgulho ficar-se-á por aí e pronto!
Ambas as versões de português têm uma raiz comum e divergem há apenas cerca de 250 anos. Outros tantos anos a divergir e já não nos entenderemos, terão que ser consideradas duas línguas.
O acordo ortográfico é uma decisão apenas política que os técnicos terão depois que assimilar e seguir. Portugal nada ganhará de imediato, mas tem muito a perder no futuro se rejeitar agora o acordo que o Brasil está disposto a aceitar.
Zé da Burra o Alentejano
Há cerca de 100 anos fizémos alterações nesse sentido que hoje ninguém contesta: basta pegarmos num livro desse tempo e facilmente constataremos muitas diferenças gráficas, por exemplo: commissario, auctoridade, offerecer, allemão, commercio, thermometro, affirmar, jury, official, (e o seu plural) officiaes, monarchia, d'elle, d'ella, d'este d'aquelle, n'esse, n'essa, pharmacia, elephante, sêco, Victor, Luíz, Benguella, Mossamedes, Pôrto, Cintra, Cezimbra, Barca d'Alva...
Deveremos por também em causa aquelas alterações?
O Acordo está aprovado e assinado pelo nosso presidente; agora há que pô-lo em vigor o mais rapidamente possível para que as nossas crianças comecem a aprender com as novas regras. Quanto aos velhos, têm até à reforma para se habituarem.
Zé da Burra...
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