Circula pelos meios electrónicos e nos diferentes portais que as autoridades angolanas, no âmbito das investigações sobre o atentado à comitiva do Togo, estariam ou têm estado a proceder a diferentes detenções, algumas de personalidades reconhecidas nos diferentes meios académicos e empresariais cabindenses, bem assim, de eventuais personalidades próximas do activismo de Direitos Humanos.
Uma coisa é procurar quem perpetrou o atentado e, principalmente, os seus mentores. Estes por vezes são mais terroristas e assassinos que aqueles que levam a efeito o acto, porque se mantêm discretos em belas casinhas limitando-se a dar ordens e a mandar para a fogueira os outros. Outra coisa é atacar a eito todos os que não comungam das mesmas ideias que o Poder! E isso é o maior contra-senso que um governante pode praticar.
Além de não desmotivar os que defendem o secessionismo acirra ainda mais as vontades independentistas.
Por isso não se compreende – e a ser verdade – as eventuais detenções do docente universitário Belchior Lanso, e activista social da extinta Mpalabanda, ou de um tal Zeferino Puati, pelo simples facto deste ter na sua posse o livro de Francisco Luemba. «O problema de Cabinda exposto e assumido à luz da verdade e da justiça» apresentado em meados de 2008 em Portugal.
Tal como não se entende que possam deter o autor, Francisco Luemba, como o próprio prevê por já lhe terem feito esse aviso, por considerarem a obra como um panfleto a favor da independência de Cabinda.
Angola passa por ser uma Democracia e o Governo de Angola por respeitar os Direitos Humanos. Ora se isso é verdade – e eu acredito e quero continuar a acreditar que sim – o Governo angolano não pode deter uma pessoa só por expor ideias contrárias ao seu pensamento.
Quanto muito, e sempre por via e ordem do Procurador-geral da República solicitar a um juiz que proceda à detenção da obra para análise e, caso disso, embora considere que nenhuma obra deve ser apreendida só por defender ideias contrárias, tomar providências no sentido que junto com a mesma seja publicado um opúsculo com a defesa das teses do Estado Angolano.
É que continuarmos a calar o problema de Cabinda que existe, e como muito bem Laurindo Neto, presidente da Aliança Nacional recorda numa entrevista ao Notícias Lusófonas, “é um facto”, é dar mostras de falta de coragem para estudar e tentar resolver o problema. Só com diálogo, como apela Frei João Domingos, citado n' O Apostolado, se pode ir a algum lado.
Nada como estarmos quase a aprovar uma nova Constituição para que este assunto seja séria e frontalmente ponderado. De certeza que os nossos deputados saberão no alto da sua inteligência descobrir a melhor forma para que a questão de Cabinda seja resolvida. Eu, por mais de uma vez, já escrevi qual a minha opinião: um Estatuto especial.
Só assim poderemos descansar em Paz e dizer que a Paz está efectivamente estabelecida em Angola!