22 novembro 2008

Obama é um marco mas não o exemplo…

"O passado 4 de Novembro do corrente ano da graça judaico-cristã de 2008 pode ser, e é-o certamente, um marco na vida política mundial. Neste dia um afro-americano realizou, 40 anos depois da sua apresentação, o sonho de Martin Luther King de ver uma América para além da raça e da pessoa.

Barack Obama, afro-americano, ao ser eleito como 44º presidente dos EUA tornou-se, indiscutivelmente, um marco na vida política mundial.

Mostrou que a raça é efectivamente uma única. A raça humana. Que credos, cores epidérmicas não são nem podem ser razões válidas para se singrar e se afirmar.

Barack Obama foi e é um marco na vida política mundial mas não é, ao contrário do que muitos querem fazer crer e laurear o exemplo. (...)
" (se quiser saber quem já foi "o" exemplo, e foi-o em África, aceda aqui ou, quando estiver disponível, aqui)
Publicado no semanário , edição 192, de 22/Novembro/2008

5 comentários:

Anónimo disse...

Amabilíssimo Pululu,
Gosto muito do seu blog e deleito-me durante longos fios do pouco tempo livre que tenho tido a ler boas e imparciais análises contidas nos seus artigos. Quanto ao presente artigo, tenho simplesmente a incentivar-lhe a encontrar - mesmo que isso venha a exigir da sua parte ter um coraçao negro - as motivações que estiveram e estão ainda, infelizmente, na origem de um sentimento de revolta e que agora se transforma quase em "exclusão", embora eu nem sequer partilhe desse sentimento de vítima, dado que até em Angola, p.ex.,os brancos e mulatos - que nao constituem 14% como os negros nos EUA - ocuparam e ocupam sempre bons e até melhores lugares e se eu disser que em muitos casos, sao eles a excluirem a maioria negra e eles proprios a autoafirmarem-se mulatos e nao negros e, no caso de brancos, angolanos sò quando isso convém, sei que nao me vai acreditar ( E entao eu devia ter mais motivos de escrever as minhas lamúrias...). A ùnica coisa que vai acreditar é que o branco nunca foi escravo do negro e nunca se submeteu aos desprezos mais humilhantes à custa da cor da sua pele; e acho que confirma também esta: o negro nunca se considerou superior ao branco, mas sempre lutou e teve que lutar, por si próprio, pela dignidade e igualdade. A essa luta juntaram-se mais tarde outros não-negros de quem os negros nunca se vão esquecer, porque a eles rendem homenagem. E existem muitos ainda hoje, e sobretudo hoje, na mesma senda. Creio que sua senhoria também está do lado dessa luta, embora neste artigo revele mais o interesse de promover quem sempre se auto-promoveu e nunca foi despromovido por ninguém, aproveitando-se do "caso Obama" que é simplesmente uma victória do Povo maduro americano maioritariamente branco que foi acompanhando essa luta sem armas.
E nem penso que este seja o fim da luta; é o principio...! Obama terà de usar as suas competências não só para lutar contra a corrente dos preconceitos, mas também e sobretudo para defender a cor. Tudo o que vier a correr mal durante a sua governação já náo terá como causa o Presidente americano Obama, mas o Presidente afro-americano (negro) Obama. É mesmo assim, enquanto uns são americanos, brasileiros, outros são afro-americanos, afro-brasileiros.
Contra a minha vontade tive de recordar-lhe só alguns de muitos factos a que devemos estar atentos quando pretendemos que acontecimentos dos EUA sirvam de exemplo para Angola, Moçambique, etc. Sigamos a història, curemos as feridas do passado com muito respeito, tolerância, serenidade, mas sobretudo com espírito de perdão( e nós que apenas obtivemos a independência em 1975 e com uma guerra civil que só terminou há 6 anos, ainda estamos nessa fase). Ainda temos um longo caminho a percorrer: em Angola ( onde já desde o ano da independência existem mulatos e brancos em cargos públicos importantes, incluindo governadores provinciais porque foram vistos simplesmente como angolanos e o são!) , em Portugal (se calhar também ai existem negros portugueses - quem são eles na política ou noutros sectores importantes?), no Brasil, em Moçambique, na França, na Holanda, na Bélgica, na Zâmbia, no Zimbabwe, na Inglaterra, na Itália, na África do Sul(também aí, apesar de os negros ainda terem as cicatrizes do apartheid bem visiveis, nao me parece que os brancos estejam a ser vítimas de exclusão nem política nem social) , na China...
Andemos devagar, invistamos nas nossas fazendas sim mas também nos valores humanos, respeitemos o povo e a sua cultura viva, nos ocupemos dele, lutemos pelo seu bem-estar, apresentemos as nossas propostas inteligentemente, que a nossa política convença o eleitor(como o fez Obama), façamos jogo democrático limpo, na harmonia e na paz, e então poderemos ( “we’ll be able”, futuro do presente “we can” de Barack Obama) chegar ao poder sem condescendência de ninguém nem precisaremos de usurpá-lo de ninguém, mas por mérito próprio e reconhecimento do povo!

Anónimo disse...

Não poderia estar mais de acordo.

Carlos Gil disse...

Excelente, Eugénio. nem mais uma letra sequer: excelente!

abraço

Anónimo disse...

Tenho de explicar-me:
Preciso explicar-me
Estou absolutamente de acordo com o primeiro comentário.

Demagogias não.
Tu sabes Eugénio, Dr Eugénio V.Excia sabe que a realidade é a tese do seu "leitor".
Posso até acreditar que o faz de boa fé, meu caro Eugénio.
Mas a verdade nua e crua é que se o Obama errar, não lhe será sequer perdoado. Vai pagar caro.
Afro- Americano!!!!

Sabe lá???


Um abraço

ELCAlmeida disse...

Meus caros anónimos
Porque também acolho a opinião do primeiro leitor, tomei a liberdade de o colocar em destaque no próprio blogue.
Também não tenho dúvidas que se Obama tiver problemas, estes nunca NUNCA serão da sua administração mas SEMPRE por culpa dele. Muito mais do que se passou com W. Bush.
Haverá já muitos com as mãos cheios de pedras para lhe lançarem à primeira oportunidade.
Cumprimentos aos leitores.
Obrigado caro Gil.
Abraços
Eugénio ALmeida