(é pena estar tão vilipendiada)
“Um português reformado, de 64 anos, foi quinta-feira de manhã morto por enforcamento no decorrer de um assalto à sua casa em Springs, a leste de Joanesburgo, disse neste sábado à agência Lusa o filho da vítima” (SIC Online)
Esta começa a ser uma notícia preocupante quer para os portugueses, (na verdade não são só os portugueses as vítimas) quer para a República da África do Sul.
Ora a grande preocupação das autoridades sul-africanas, há uns dois anos a esta parte, tem sido, segundo elas, suster os “ crime prioritários”. Daí que, ainda de acordo com aquelas autoridades as mortes terão diminuído 4,9% e os assaltos às habitações, cerca de 3,5%.
Mas a grande realidade não parece ser essa.
Desde o início do ano já foram mortos 8 portugueses, a maioria comerciantes; mas também gregos e outros europeus, como africanos de várias nacionalidades são vítimas dessa sanha assassina.
Não esqueçamos as palavras do ministro da Segurança, Charles Nqakula, em Dezembro de 2004, ao afirmar no Parlamento, que, em média, são violadas diariamente 43 crianças e que em 2003 teriam sido mortas cerca de 700. Mas o mais grave são os números oficiais que dizem serem objecto de condenação só 4,5% das violações e de 13% os condenados por crimes de morte.
Este facto já levou à criação de um Fórum Português Contra a Violência, presidida pelo padre Carlos Gabriel, que, terá tido uma reunião com assessores do presidente português Jorge Sampaio, onde terá exposto a preocupação lusitana sobre a situação desta na África do Sul.
Ora uma das acusações que mais se ouvem na África do Sul está precisamente no facto das autoridades de Lisboa parecerem estar divorciadas das questões luso-sul-africanas, nomeadamente sobre os assassínios (e que já deixaram de ser cíclicos) que vão acontecendo no país de Mandela.
No mesmo diapasão a excelente análise, embora dura, que Orlando Castro faz no Notícias Lusófonas, na sua rubrica Alto Hama, sob o título “África do Sul é cemitério de portugueses”, quando se refere à posição do governo português como passo a citar “Ou será que está mais preocupado com a tese de quem se meter com o PS... leva? Ou será que os portugueses que estão na África do Sul são, como o foram os que fugiram de Angola, Cabinda, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste, cidadãos de segunda?” Todavia, Orlando Castro espera que, na realidade, Lisboa esteja a “actuar no segredo dos deuses para dar uma mão na resolução do caso”.
Também nós.
É urgente que esta situação não descambe e não seja necessário que a África do sul não se torne num Estado não-policial ou que não seja preciso morrerem milhares de pessoas como em Darfur (Sudão) para “a comunidade internacional dizer que vai acordar”.
Ou como escreve Orlando Castro, enquanto em África houver “petróleo, diamantes etc. bem podem matar-se uns aos outros... até porque essas riquezas são uma boa forma de pagamento das armas que tanto americanos como europeus não se cansam de para lá enviar”. Porque se morrerem “todos não haverá problemas... as riquezas continuarão lá”.
E é esta atitude e ideia que temos de alterar.
A bem do Continente… a bem de nós todos.
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