(o “realojamento” no subúrbio de Harare, © foto da BBC)
Quando se sabe que África é dos continentes que mais tem de combater a pobreza, e quando alguns tentam combater essa pobreza com projectos credíveis, no Zimbabué o presidente Mugabe continua a caminhar a passos largos para tornar o antigo celeiro do centro meridional de África num país ainda mais pobre apesar de querer, para dentro e para alguns de fora, fazer crer que o que deseja é dividir equitativamente a riqueza pelo Estado – leia-se, pela sua pandilha – e pelo povo; mesmo que esta já quase não exista como afirmam os poucos economistas zimbabueanos que ainda permanecem no país.
De facto, o novo alvo de Mugabe está virado para as minas e as companhias mineiras detidas pelos estrangeiros – a grande maioria dominada por sul-africanos, cujo presidente continua a achar que Mugabe é um democrata, e por britânicos.
Para isso o governo de Harare – leia-se, o senhor Mugabe – apresentou um novo (já antigo) programa económico onde 25% das acções de todas as companhias mineiras serão tomadas de forma gratuita e 26% compradas compulsivamente, ou seja, 51% das acções passam, à força, para as mãos do Estado zimbabueano ou, por outras palavras, para o ciclo mugabeano.
Segundo Mugabe, destes 51% nacionalizados, o governo está a pensar distribuir 50/50% ou 51/49% entre o povo e o Estado.
E aqui surge a pergunta. Quem é o povo, porque o Estado já se sabe quem é.
O povo é todo aquele que vive no Zimbabué, incluindo aqueles que têm votado na oposição e expulsos de Harare ao abrigo de um realojamento na altura tão duramente criticado por inopinado quanto inconcebível - ver foto acima -? Ou serão só os filiados do seu partido e os antigos combatentes – e destes nem todos serão, por certo, contemplados.
Vamos esperar para ver e também para ver como reagirá, desta feita, os governos de Mbeki, principalmente este, e de Blair.
E como irá reagir o BAD que, ainda há dias, começou a distribuir por alguns países oeste-africanos fundos para desenvolverem as suas depauperadas economias?
ADENDA: Sobre a pobreza no Mundo, a Marcha Mundial contra a Fome que vai ser feita amanhã, dia 21 de Maio em várias cidades de 117 países.
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