26 maio 2006

Instabilidade ou necessidade de afirmação?

© "Tão felizes que nós éramos"; foto de arquivo do JN

O que realmente se passa em Timor-Leste?
Há instabilidade como os actos das últimas semanas nos querem fazer crer ou, pelo contrário, uma luta de clãs consubstanciada nos pseudo-grupos Leste/Oeste (lorosae/ loromonu), como alguns parecem ter interesse em acentuar, ou uma clara falta de autoridade governativa – dois ou três elementos para o mesmo poleiro – que já levou o presidente Xanana, através, de terceiros deixar entender que não acredita no actual Governo e assumir directamente o contacto com as forças estrangeiras de interposição?
Quem mandou militares fazerem o papel de polícias e provocar mortes entre civis?
Quem está a ordenar a morte de familiares de polícias?
Porque Xanana e Ramos Horta tiveram contactos com os “revoltosos” sem que nada houvesse e fossem estes a solicitar a presença de forças estrangeiras, contra a inicial vontade de Alkatiri, e só agora realmente essas forças chegaram?
E porque há diferenças assinaláveis entre a atitude do presidente Xanana, conciliador, e o primeiro-ministro Alkatiri, que parece estar em bicos de pés exigindo o reconhecimento de uma unidade governativa – que não parece haver; Horta fala de uma forma que é corroborada pela mulher de Xanana, a australiana Kirsty Sword , e o ministro do Interior anda “desaparecido” – e de uma coordenação com a presidência sobre uma segurança que, mais não é que uma falácia.
E já agora, porque é que esta crise se acentuou depois do Congresso da Fretilim de votações por mãos no ar?
E porque é que os australianos e os neo-zelandeses enviaram uma força de cerca de 1300 homens fortemente armados para subjugar cerca de 50 homens revoltados* e, segundo parece, deficientemente armados?
Será que o petróleo timorense que abastece Austrália está em perigo? Ou será que os australianos pensam que uma mudança radical do actual governo poderia questionar, uma vez mais, o Timor Gap?
E quem agradará esta instabilidade?
Iremos ver uma nova colonização timorense, se bem que encapotada?
Pois!! Tantas perguntas e ainda nenhuma resposta plausível. Nem a inicial.
O que se passa em Timor-Leste? Instabilidade ou necessidade de afirmação?

Adenda: Muita desta matéria sobre a questão timorense pode ser lida no Notícias Lusófonas e no Jornal de Notícias.

*Adenda2: Pelos vistos o grupo inicial de 50 militares já vai em 600... porque será?

1 comentário:

Macro disse...

Olha que troika...
Infelizmente, hoje tendemos a ver ou a imputar a responsabilidade política maior a Alkatiri, o lagarto de Comoro mas, na realidade, creio que o poeta Xanana Gusmão, que já manifestou por mais de uma vez não querer continuar na política, também o é. O Ramos Horta - está para o seu país como o Guterres esteve para Portugal, estava cá mas queria era altos voos internacionais, o mesmo sucede com Horta: quer ser Secretário-Geral da ONU. No fundo, e desculpem-me a franqueza ess a troika de sujeitos são os principais responsáveis a quem hoje deveriam ser imputáveis as desgraças sociais, políticas e económicas com sucede áquele pobre povo e pobre território.

Ocultar isto é ser sectário e tomar partido pelo poeta-trapalhão que fez a resistência mas, coitado, presidir um país é uma tarefa bem mais complicada do que alinhar uns miseráveis poemas. E o mesmo se aplica a Horta, embora este seja infinitamente mais esperto e oportunista.

Resumindo: Timor está frito, já há muito queé um "Estado falhado" dentro da moderna teoria do Direito internacional público, e as novas soi-disant elites também não existem, daí o drama: Timor presidido por um poeta que além de trapalhão e gongórico também fala mal o português. Tenho para mim que essa gente se está a lixar para o povo, eles querem é alinhar-se com a poderosa Austrália, NZ e mercado regional. E aí Portugal não conta nem risca, nem desenhos no papel.

É triste mas é assim..
Pense-se nisto..

RMatos