16 maio 2008

Sim ao Acordo Ortográfico e ao 2º Protocolo Modificativo

"Há um grupo de pessoas que, embora merecendo o meu respeito, não acolhem a minha concordância sobre a questão Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa e que está muito na ordem do dia quer no Brasil, quer em Portugal.

Quando publicar este artigo já Portugal terá ratificado, ou não, o 2º Protocolo Modificativo que adenda ao Acordo Ortográfico de 1990, apesar das cerca de 30 mil assinaturas contrárias e menos de 1 milhar a favor.

Não escrevi mais cedo para, e, passe a imodéstia, no entanto, sei que há deputados e membros do governo português que lêem os meus artigos, para, escrevia, não vir a ser acusado de alguma influência no resultado da dita votação (o riso e o escárnio são bem aceites).

O que está em jogo, e ao contrário do que fazem crer alguns dos seus detractores não é o Acordo Ortográfico mas, tão só o 2º Protocolo Modificativo.

O Acordo Ortográfico foi debatido e assinado pelas partes subscritoras, os Estados da CPLP – Timor-Leste à data ainda não era um Estado independente –, prevendo-se, então, que a sua entrada em vigor seria em Janeiro de 1994.

Todavia, só foi ratificado por Portugal (em 1991), Brasil (1995) e por Cabo Verde quando o Acordo exigia a ratificação de todos signatários para entrar em vigor.

Em Julho de 1998, na Cidade da Praia, os Estados da CPLP acordaram em aprovar um primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que, e uma vez mais, exigia a ratificação de todos os Estados signatários para entrar em vigor.

E, uma vez mais, são os 3 países anteriores os únicos a que ratificarem o Protocolo.

Face a esta situação, em Julho de 2004, os Chefes de Estado e de Governo dos 8 decidiram aprovar um 2º Protocolo, – o da actual discórdia –, reconhecido como “Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico” onde, em vez de todos, bastariam 3 (três) Estados que o ratificassem para entrar em vigor o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa.

Ora como este protocolo foi já ratificado por 3 dos Países da CPLP, a saber, Brasil (ainda em 2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), de acordo com o novo Protocolo, rubricado pelos Chefes de Estado e de Governos de cada um dos estados da CPLP, já está em condições de entrar em vigor.

Alguns dos detractores do Acordo, nomeadamente em Portugal, consideram este 2º protocolo ferido juridicamente por não exigir a ratificação unânime dos países signatários.

Outros, menos juristas, afirmam para colocar em causa a exequibilidade do Protocolo que, ainda como hoje ouvi, Angola e Moçambique nada têm feito para o ratificar, bem pelo contrário.

Esquecem-se esses detractores que, apesar da sua legitimidade em o contestarem, há razões estratégicas e políticas dos 2 grandes Estados afro-lusófonos para estarem reticentes em o ratificar.
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Tanto Angola como Moçambique já adoptaram e há muito – desde que me lembre e desde que aprendi o português – as três consoantes da discórdia portuguesa: o K, o Y e o W.

Recordo de escrever, ainda antes da independência, embora às vezes, e não poucas, sempre criticado por professores oriundos de Portugal, por escrever Kwanza e não Cuanza, Kissama em vez de Quissama, ou serem aceites nomes como Walter em vez de Gualter, etc. (...)" (continuar a ler aqui ou aqui).
Publicado no /Colunistas, de hoje

NOTA: De acordo com as últimas notícias, o 2º Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua portuguesa foi ratificado no Parlamento Português entrando, definitivamente em vigar dentro de seis anos. Até lá, as escritas estarão a vigorar em paralelo. Será interessante ver um professor analisar o fa(c)to ou o ó(p)timo…
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Todos pensaram na “habituação” mas esqueceram-se do mais importante: as crianças que vão começar a estudar …

1 comentário:

Anónimo disse...

Não percebo!
Não percebo porquê não podemos considerar as duas formas de escrita certas. Porque razão teremos de alterar milhares de livros, em vez de apenas acrescentar as outras formas de escrita aos nossos dicionários? Afinal "cousa" e "coisa", não são ambas maneiras correctas de se escrever a mesma coisa, e não estão presentes, as duas, no nosso vocabulário? Que seja o mesmo para "actor" e "ator".
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Modificações ortográficas em palavras que já tem o mesmo significado, que todo mundo dos quatro cantos da CPLP já as entende, não aproxima, nem deixa de aproximar ninguém. Agora expressões do dia-a-dia e palavras que pertencem ao vocabulário de uns e de outros, não; isso sim afasta! E o que será que farão os caríssimos governos em relação? Nada, simplesmente porque é impossível mudar a forma característica de se expressar que cada região deste mundo, tem. São marcadores socio-culturais, não podem ser mudados. A única forma de nós percebermos os seus significados é tomando conhecimento dos meios de cultura fabricados em toda Comunidade.

Grande parte dos Portugueses ouvem músicas dos Palops, como kisombas e kuduros; temos as comunidades africanas residentes no país; não esquecendo dos milhares de jovens Africanos que se formam aqui e regressam à África; e assim nos aproximamos mais à África Lusófona. A palavra "bué" foi agregada aos nossos vocabulários devido à esse tipo de ligações. Os portugueses até conhecem expressões em crioulo caboverdiano!

Há mais de vinte anos que acompanhamos nas nossas casas novelas brasileiras; milhares de Brasileiros vivem em Portugal; para falar das músicas; e por isso, igualmente, conhecemos uma grande variedade de expressões brasileiras.

O contacto que o Brasil tem com a cultura do resto do países da CPLP é muito escasso! Boa parte dos Portugueses sabe quem é Caetano Veloso, quantos Brasileiros sabem quem é Rui Veloso? Os Angolanos sabem! Nós sabemos o que significa "muleque", os africanos lusófonos também, e os Brasileiros, será que sabem o significado de "puto"? Pouquíssimos! Em Portugal, sabe-se quem é o Bonga, Cesária Evóra, Mia Couto, e no Brasil?

Ou seja, não são acordos ortográficos que unem a língua, e nem os Portugueses estão a isolar-se. Se Portugal fosse mesmo adverso à mudança, teria dobrado para português de Portugal, todas as novelas brasileiras e evitado a chegada da grande quantidade de música brasileira que chegou e continua a chegar. O que é necessário é um maior contacto intercultural! Trocas em grandes quantidades, na mesma quantidade, e de excelente qualidade em todas as direcções da CPLP! E não apenas Brasil-CPLP!

Onde estiveram o referendo e o livre-arbítrio da questão? O meu voto seria um magnífico, não!

Enquanto existirem pessoas, a língua portuguesa nunca morrerá! A língua de Pessoa nunca se extinguirá!

Paz!