29 janeiro 2007

A "desmiscigenação" humana ou uma forma encapotada de racismo?

Já tenho escrito nestas mesmas páginas temas sobre o racismo e a questão da miscigenação dos portugueses e do facto da maioria dos portugueses serem mestiços apesar de se considerarem, alguns em posição de relevo na sociedade portuguesa, “branquinhos da silva”.
Também o jornalista e intelectual João Craveirinha escreveu um tema sobre esta questão aqui transcrito.
Mas parece que em Portugal, face ao que às vezes se lê, ainda persiste a ideia de que ou há “brancos” ou há “negros” e não o resto. Ou seja, NÃO PARECE HAVER MESTIÇOS. E foram os portugueses quem inventaram as duas palavras mais usuais da miscigenação: Mulatos e Cabritos.
Por isso não deixa de ser interessante esta análise de Joffre Justino no seu blogue sobre um dos potenciais pré-candidados à nomeação democrata para a presidência dos EUA, o senador Barack Obama.
JJ, citando o matutino português “Público” identifica o senador como “filho de "pai negro e imigrante do Quénia e de mãe branca da chamada “middle América" ” para logo de seguida o mesmo matutino afirmar que "Barak Hussein Obama, 45 anos, não é o primeiro negro…", o que, tal como relembra JJ “coloca este senador no contexto de uma das minorias americanas, a afro-americana”, ou seja, exclusivamente, dentro do grupo rácico “Negro”.
Tal como JJ relembra Obama é um indivíduo miscigenado; como a maioria dos norte-americanos não provenientes da Europa do Norte.
Só que o racismo norte-americano – e, infelizmente até naqueles onde essa miscigenação é clara como se constata pelo artigo do Público citado por JJ – não reconhece as diversas diferenças. Porque para eles ou são “brancos” ou são “outros”. E os outros são “negros” ou são “hispânicos”.
Uma forma laxista de ver a raça humana não como uma Raça Única – a HUMANA – mas como “sub-espécies” a analisar e criticar…

2 comentários:

CN disse...

De facto, meu amigo, nos EUA vive-se num regime social próximo do apartheid de má memória. Conheço razoavelmente os EUA e sei do que estou a falar. Não foram eles quem inventaram os ghettos, mas foram os americanos que os disseminaram pelas suas cidades. Os negros não são mais do que 30% da população do país, mas são mais de 70% da população prisional... este é apenas um indicador do racismo prevalecente nos EUA, mas é um indicador pertinente.
Um abraço.

inominável disse...

muito pertinente... ver o mundo a preto-e-branco é recusar o arco-iris...

e o indicador que o CN aponta é so um, de entre os muitos...