04 setembro 2008

Porque hoje é dia de reflexão…

Porque hoje é dia de reflexão não deveria botar palavra mas não posso deixar de colocar aqui algumas reflexões para ponderar.

A campanha que não foi nem aconteceu como muitos jornalistas e analista – aqueles que conseguiram entrar em Angola sem problemas – acabaram por confirmar. A falta de dinheiro na maioria dos partidos e coligações e o excesso de fundos mostrado pelo partido do Poder acabou por tornar medíocre e inócua uma festa que se queria grande com o apogeu no próximo dia 5 de Setembro;

A falta de isenção e objectividade da imprensa oficial que mostrou não ser mais que o veículo de propaganda do partido do Poder sendo, por vezes, mais acintosa nas críticas à oposição que os próprios militantes e dirigentes do MPLA;

A incapacidade que a maioria dos partidos e coligações mostraram para fazer a campanha, justificando as críticas ouvidas por quando da sua legalização para este acto eleitoral. Se houve por parte de pretensos militantes e simpatizantes do partido do Poder actos pouco dignos de quem quer mostrar uma Angola a caminho da democracia, também é verdade que os partidos e coligações da Oposição não souberam nem tiveram capacidade para tornear os problemas que se lhes deparavam;
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(imagem ximunada daqui)

Exceptuando a UNITA e a FpD a maioria dos partidos oposicionistas limitaram-se a fazer passeatas, a dar alguns inofensivos panfletos propagandísticos, oferecer camisolas que depois apareciam nas campanhas de outros partidos, e pouco mais. Até a histórica FNLA mostrou porque está em decadência e não consegue fazer valer os seus direitos constitucionais junto dos Tribunais face à hipocrisia Governamental do Ministério das Finanças. Só os dois partidos inicialmente indicados, com as limitações naturais de quem está dependente dos seus militantes e algumas empresas não tementes, tentaram remar contra a maré e dizer que o 5 de Setembro vai ser um acto eleitoral e não um plebiscito; ainda assim com muitas reservas como demonstra a foto humorística acima;

Numa coisa este acto eleitoral conseguiu agregar a Oposição. Todos pediram, incluindo alguns sectores do MPLA, que no próximo dia 6 de Setembro esteja visível uma Mudança em Angola;

Paradoxalmente, ou talvez não porque pode ter sido o “dia 1” para a campanha presidencial, o presidente da República e líder nº1 da lista do MPLA, no comício de encerramento, também pediu a Mudança ao anunciar que vai defender uma revisão Constitucional – é de aplaudir – e que os corruptos não mais terão assento no Poder em Angola – será que vai ficar sem colaboradores? –; recordava aqui uma velha anedota que em tempos se contava em Luanda e que versava um hipotético roubo a digníssima esposa de Eduardo dos Santos que, irada, solicitou a este mandasse prender os ladrões, porque já nem na cidade e nem na baixa se podia andar sem a presença de tão infaustos personagens. Recordo que, na anedota, Eduardo dos Santos, após uns minutos calado, terá elucidado a sua esposa que era impossível esta ter sido alvo de ladrões dado que “os mesmos estavam todos ali na sala com ele” – provavelmente, deve ser por isso que alguns já andam a comprar quintas fora do País ou transferir fundos e comprar empresas no estrangeiro…;

Caberá ao eleitorado angolano ponderar o que melhor lhe interessa e quem melhor estará posicionado para defender os seus interesses. Minorar a pobreza redestribuindo os proveitos das grandes exportações, manter o desenvolvimento do Pais sem esquecer a Educação, o real desenvolvimento infraestrutural – redes de estradas, mais canalizações para as casas em vez de fontanários, luz eléctrica em condições, comunicação social mais isenta, recuperar a imagem da TAAG (parece que alguém só pensa nas companhias privadas de certas empresas, que por acaso até são públicas) –, melhores condições de salubridade, mais e melhor emprego, combater e esbater até onde for possível a corrupção e procurar solucionar o problema de Cabinda;

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Amanhã Angola vai acordar para que o dia seguinte desperte para uma nova – esperemos que seja mesmo nova! – realidade governativa com um novo Parlamento.

Até amanhã os angolanos terão de ponderar e se lembrar que o voto É MESMO SECRETO e que ninguém – NINGUÉM – pode exigir acompanhar o votante ao local onde irá colocar a sua cruzinha política. Caso persistam nesta tentativa devem solicitar a presença dos observadores independentes e se queixarem à CNE!!!

Infelizmente não vou poder usufruir do direito cívico que a minha angolanidade e a minha identificação me permitem, porque assim o não quiseram e não deixaram; esperemos que a revisão Constitucional traga esse direito. Irei tentar acompanhar por Internet – nem pela TV (leia-se TPA – será que haverá mesmo informações reais?) o vou poder fazer por, durante uma semana, estar fora dos grandes centros culturais – os resultados eleitorais e a alegria que irá haver no seio do meu País.

Tal como afirmei numa recente entrevista ao Portugal Diário (da IOL-MediaCapital), não acredito que Angola vá ter um novo 1992 como não acredito que as FAA’s deixem acontecer um novo Quénia ou um Zimbabué. Não serão só os angolanos que estarão vigilantes. Também o continente africano estará vigilante e esperançoso que Angola seja um exemplo para África e para o Mundo.

Até lá vamos todos reflectir e recordar que o voto É SECRETO!!!

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