Angola celebra hoje o Dia da Quitandeira.
Quantas ocasiões não foram elas, muitas vezes trôpegas e com enormes e pesadas kitandas à cabeça, que nos saciaram a fome e a sede com as suas frutas frescas e perfumadas recolhidas na penumbra do matinal cacimbo.
Quantas vezes suculentos abacaxis, maravilhosas espigas de milho, lindas laranjas, perfumadas pitangas, belas papaias, magníficas bananas, ou deliciosas mangas ou goiabas nos caíram nas nossas mãos ávidas da frescura que elas nos transmitiam esquecendo-nos das longas caminhadas já percorridas pelas, por certo, cansadas quitandeiras.
Associando-me a esta data relembro parte do poema de Luandino Vieira “Canção para Luanda”: E você / mana Maria quintandeira / vendendo maboques / os seios-maboque / gritando, saltando / os pés percorrendo / caminhos vermelhos / de todos os dias? / "maboque, m'boquinha boa / doce docinha; ou, então, propondo-vos uma leitura no Malambas do poema de Agostinho Neto “Quitandeira” ou "Névoas" de Namibiano Ferreira.
2 comentários:
QUITANDEIRA AO SOL
Passeio os olhos pela grande planície do sol ao meio dia.
As sombras não existem:
o sol cai a pique, diluindo-se em luz e calor.
São sinais tropicais, tangências equatoriais.
O mercado, imenso cambriquito, dorme no banho lavado de sol,
lençol estendido envolvendo cores, pregões e odores.
Uma quitandeira teima em apregoar milagres,
os milagres para todos os males... esperanças anseios e desejos
mas o seu pregão – prece chorada – não traz na voz
o milagre para grandes males; não tem na voz os milongos da Paz.
Namibiano Ferreira
13/02/1999
Emocionante... mesmo!
Abraços da Daniela
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