"Como se pode dizer que há transparência quando a imprensa pública, claramente, fez campanha por um dos partidos concorrentes, incluindo no próprio dia da eleição?
Como dizer que houve transparência quando um dos candidatos “obriga” os votantes esperarem na fila de voto para ser o primeiro votante e em plena urna faz um gesto caracterizador do seu partido à frente de toda a gente, nomeadamente, do presidente da CNE sem que isso fosse criticado (numa democracia consolidada, o que infelizmente ainda não acontece com a nossa, esse gesto dava direito a processo crime)?
Como se pode dizer que houve transparência quando um dos nossos “Palancas”, em plena mesa de voto, declara na TPA que votou bem, dado que votou no “partido do seu coração” símbolo ligado a um dos actores concorrentes ao pleito eleitoral?
Como dizer que houve transparência quando um dos partidos tinha todo o dinheiro e os outros nada tiveram?
Como se pode dizer que houve transparência quando os boletins de voto andaram “perdidos” e as listas dos eleitores em papel ou digital estiveram “desaparecidas”?
Quando pode haver transparência se a maioria das urnas tiveram de ser enviadas para os Centros provinciais porque os locais de voto não tinham condições de luminosidade para os conferir e esta conferência só ter acontecido 24 horas após o encerramento da votação?
Como se pode dizer que houve transparência quando observadores dizem ser um “desastre” e depois virem dar o dito por não dito e esclarecer aquilo que quiseram dizer mas que não souberam sustentar porque Angola é só o maior produtor de crude da África subsaariana?
Como dizer que houve transparência quando um dos observadores afirma que os observadores internos independentes não obtiveram a sua credenciação e depois apareceram algumas centenas de observadores credenciados por um dos actores do pleito eleitoral?
Como se pode dizer que houve transparência quando um dos observadores internacionais afirmou que esta “desorganização” estava bem organizada, nomeadamente quando estava prevista a abertura de cerca de 300 mesas de Assembleia no segundo dia e depois só abrirem cerca de 40 mesas?
É claro que não houve transparência nas eleições legislativas angolanas!
Mas apesar de não ter havido transparência, não me parece, nem é crível que tenha havido fraude eleitoral!" (continuar aqui ou aqui)
Publicado no , de hoje, sob o título "Não houve transparência, mas glória aos vencedores"
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