Em Angola como em Portugal a escola política é a mesma.
Nada como chegarem eleições para aparecerem dinheiros a rodos para obras públicas e inaugurações a mato para mostrar obra feita.
Se para isso tem de haver sistematicamente eleições, então vivam as eleições.
Esta semana, na província do Huambo, o senhor Presidente da República (segundo a Lista fornecida pelo MPLA ao Tribunal Constitucional, o Presidente Eduardo dos Santos, encabeça a referida Lista, logo parte interessada na matéria) inaugurou várias estradas construídas ou reconstruídas de onde se destacam as que ligam a cidade do Huambo a Alto Hama, ao Bailundo e à Caála. 170 quilómetros que custaram 70 milhões de euros.
Três estradas novinhas em folha inauguradas para mostrar como Angola está em pleno desenvolvimento.
Três estradas novinhas em folha inauguradas para mostrar como Angola não precisa, segundo a óptica do Poder, de haver Mudança. Só é pena que se tenham apercebido agora como eram necessárias as infra-estruturas inauguradas ou em vias de serem implementadas.
Porque se estão inaugurar obras, outras há que embora só devam estar semi-concluídas em meados de Setembro já andam a propalar como uma obra a inaugurar: a auto-estrada Luanda-Viana que só vai estar concluída a metade…
E para que a boca não seque há mais água para manter os lábios húmidos.
Entretanto foi iniciada a auto-estrada – agora é só auto-estradas; parece-me que já vi isto em qualquer lugar – entre Luanda e Soyo, por um consórcio sino-italiano. Mas não serão só de estradas que o Poder fala para a província do Zaire. Segundo o vice-ministro das Obras Públicas o Governo vai gastar com a província 5 mil milhões de dólares em infra-estruturas diversas.
Se para isto aconteça com celeridade tem de haver sistematicamente eleições, então vivam as eleições.
Mas Luanda não é só a auto-estrada. Há muitos anos que se vem reclamando com o fornecimento de energia a muitos municípios da cidade da Kianda. Pois hoje foram inaugurados 5 (cinco de uma vez só) postos de transformação para dar luz ao bairro do Rocha Pinto, município da Maianga. Mas também foram inaugurados dois fontanários na comuna do Prenda, um centro cultural para o grupo carnavalesco União da Cacimba e um balneário público adjacente a uma paragem de táxi.
Tudo bem descrito na ANGOP, não fosse o povo não saber que o Poder está a dar obras feitas!
Quanto à minha província, Benguela, e à minha cidade, Lobito, os meios informativos têm de se restringir à nossa – desculpem se me enganei – ANGOP onde só surgem as ladainhas do senhor Jorge Valentim a aplaudir o Governo – leia-se o MPLA, porque é a ele que o senhor JV dá laudas e confirma – pelas grandes obras lá efectuadas, de onde destaca: o Caminho-de-ferro CFB (que nunca mais está pronto pelos chineses; se é que eles ainda lá estão); a ampliação do Porto do Lobito (inoperativo sem a operacionalidade do CFB); a criação de duas enormes fábricas que continuam sem se saber se vão laborar, uma delas a refinaria, tantas vezes falada e outras tantas quase descartada, que só vai destruir o ecossistema da região.
Ah! até a Canata – onde fui gerado – já deixou de ser uma sanzala para haver lá fábricas e, pasme-se – será por lá viver, ou ter nascido, o senhor JV –, casas de luxo (sic).
Mas, se para isto tudo aconteça, com a celeridade que se quer, tem de haver sistematicamente eleições, então vivam as eleições.
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