03 maio 2012
No Dia Internacional da Liberdade de Imprensa
27 julho 2011
Crise II

(imagem ©daqui; enquanto uns aparam um mísero saco de qualquer coisa, outros simplesmente esbanjam…)
Todos os dias as televisões oferecem aos espectadores as horripilantes imagens de pessoas (adultas e crianças, principalmente, bebés) a passar fome no Corno de África.
Diariamente, somos atingidos com a informação de que cerca de 11 milhões de seres humanos passam horríveis dias de fome, miséria e pandemias.
A Somalis, onde grassa uma crise humanitária há mais de uma década de anos, a Etiópia, o Djibuti, e uma parte do Quénia, está sob o espectro da seca e, subsequentemente, da fome.
Se dos últimos três países esperemos que seja um facto pontual resultante de uma situação anómala das variações térmicas por que passa, periodicamente, o continente africano, já da Somália, o caso é mais sério e merece mais ponderação.
Por onde andam os andarilhos e “benfeitores” das outras crises que se esquecem desta?
Será porque não há aqui petróleo como no Darfur, na Líbia, ou no Egipto?
Ou será porque os norte-americanos ainda – e nunca – esquecem a cruel derrota do “Restaurar a Esperança” quando foram liminarmente, e perante as câmaras de televisão de todo os EUA, expulsos da Somália?
Será que os islamitas de altura e as razões que os suportavam ainda são os mesmos de agora?
Não terão já os norte-americanos aprendido, melhor, a estratégia de ataque à crise somaliana?
As primeiras ajudas do PAN já vão a caminho, mas até onde?
18 novembro 2008
Onde estão os polícias do Mundo?

Por muito menos os “polícias do Mundo” já intervieram em locais mais recônditos deste Planeta.
Sabemos que sempre houve todo o tipo de pirataria, nomeadamente, e é esta a que faço referência, a marítima, com particular destaque para o Mar da China e para os mares envolventes das ilhas e ilhéus que formam os arquipélagos indonésio e vizinhos.
Mas o que se passa na Somália – ainda acredito que em África existe um País chamado Somália e membro da União Africana e das Nações Unidas – é não só lamentável como incompreensível o desplante e a liberdade como operam os piratas.
Até há pouco eram pequenas embarcações ou navios de reduzido porte. Hoje, ou ontem, tudo foi suplantado com o desvio de um superpetroleiro saudita – transporta qualquer coisa como a sua produção diária de hidrocarbonetos e que levou à subida do crude, interessante… – e de um cargueiro chinês, com pavilhão de Hong Kong, que transportava cereais e um pesqueiro do Kiribati. Tudo no no Golfo de Ádem, entre a Somália e o Iémen, antes este era o “país-abrigo” dos piratas. Mudaram-se interesses…
Segundo dizem há barcos de guerra franceses, russos e norte-americanos na zona. Mas parece que não há nada que desmotive os piratas. E, calmamente, levam os seus produtos pirateados para a Somália…
Até quando vai a Comunidade Internacional permitir que piratas façam gato-sapato das forças navais e não exijam aos Polícias do Mundo que cumpram a sua parte.
Ou será que querem que a Somália desapareça de vez e ali recrearem uma nova divisão berlinesca?
Se nos recordarmos que ainda ontem o seu presidente, cujo governo e exército(?) são apoiados pelos etíopes, afirmava que o país estava em colapso e que as legitimadas autoridades somalis e os aliados só controlavam as cidades de Mogadíscio, a capital, e de Baidoa e que tudo o resto, nomeadamente alguns dos principais portos somalis, estariam nas mãos dos islâmicos da UTI e de outros rebeldes extremistas que, segundo se fala, apoiam e suportam a pirataria…
15 agosto 2008
Quando se fala em Somália…

Segundo relatos de populações locais, militares etíopes atacaram indiscriminadamente dois autocarros provocando entre 30 e 37 mortos entre os ocupantes.
Com libertadores assim quem precisa das milícias islâmicas jihadistas na Somália…
02 maio 2008
Somália, até quando um pária em África?
Até quando o Mundo, já que parece a União Africana não tem capacidade ou não quer chamar a si essa responsabilidade, vai continuar a aceitar um pária em África chamado Somália?
Não é só o Zimbabué ou o Sudão que têm graves problemas e merecem as parangonas diárias da comunicação e o enleio de artistas conhecidos.
Na Somália ainda se acoitam e se manifestam, porque a Lei isso o permite afinal, mesmo com a presença de tropas etíopes, supostamente cristãs, e de um governo próximo dos EUA, piratas que não só colocam em causa a navegabilidade ao longo do Corno de África como a chegada de mantimentos às populações somalis.
A guerra para desalojar os islamitas de Al Shebab, continua insana e, apesar da morte recente de dois dos seus líderes, Aden Hashi Ayro e o xeque Muhidin Mohamud, devido a um ataque aéreo norte-americano a Dusamareeb– o Al Shabaab é considerado como o grupo da Al Qaeda na Somália – não parece dar mostras de minorar, fazendo fé nas dezenas de mortos que juncam as ruas de Mogadíscio e dos ataques jihadistas sobre algumas das principais localidades somalis.
Como não bastasse a guerra entre os jihadistas e a coligação somali-etíope, uma pequena explosão em Baidoa levou os militares da coligação começarem a disparar desenfreadamente provocando vítimas entre civis o que só aproxima estes dos islamitas.
Finalmente como se não bastasse o anteriormente já referido, os somalis ainda padecem das desinteligências entre os diferentes líderes dos diferentes clãs islamitas que ainda proliferam no País.
Até quando a União Africana vai continuar assobiar para o lado e só falar daquilo que o Mundo externo fala?
Esperemos que o novo presidente da Comissão da União Africana (UA), o gabonês Jean Ping consiga o milagre que o seu antecessor, o maliano Alpha Oumar Konaré, tantas vezes tentou e não conseguiu: criar uma força pan-africana para substituir os etíopes e colocar um fim à crise da Somália.
24 agosto 2007
Na Somália morreu mais um jornalista… qual a novidade?

Jornalista, embora também seja historiador mas não faz uso desta sua prorrogativa, de 40 costados – para ele, um jornalista é-o 24 horas, mesmo que desempregado – Orlando Castro verbera esta morte e como a situação na Somália está a ser tratada nos grandes salões da Europa sob um sugestivo, quanto pertinaz, título “Mais um jornalista assassinado na Somália - Europa protesta entre um copo de whisky”.
Mas será que a Europa sabe onde fica a Somália? E será que gastariam um “viski” por um povo que, ainda por cima, vive numa região chamada “Corno de África” – ups...vá de retro santanás – olha se pega…
Entretanto, enquanto a Europa se delicia nos seus deliciosos e faustosos euro-salões com maltes puros de 45 ou mais anos, enquanto outros tentam mostrar à essa e a outra Europa o que se passa nos seus países, vão sendo silenciados.
Hoje foi um no sul do país! Há cerca de duas semanas, em Mogadíscio, outros dois. Todos na Somália que diziam a Paz ia chegar com o fim dos extremistas islâmicos e a chegada das forças africanas que se posicionariam ao lado dos etíopes.
A Paz para a Somália não chega, os etíopes estão sozinhos e os eritreus vão apoiando os extremistas e a ONU vai, sentada e bem-posta aprovando resoluções e fazendo acusações contra eritreus, esquecendo-se dos etíopes…!
21 abril 2007
Somália, a não esquecer

Da Somália poucas vezes vem notícias. E quando surgem…
Como glosaria Orlando Castro, como não são brancos e não vivem na Europa ou nos EUA não há necessidade de saber.
E por isso quando se lê que nos últimos três dias, em confrontos entre o exército etíope e rebeldes islamitas somalis, aconteceram 113 mortos e 229 feridos.
Que interessa, não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA…
Quando se sabe que a União Africana continua a não saber quando conseguirá criar uma força que substitua os etíopes na Somália e o resto da Comunidade Internacional pouco ou nada faz…
Que interessa, não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA…
Quando o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirma que em redor de Mogadíscio, e só se reportam à capital, (sobre)vivem cerca de trezentos mil desalojados numa população que já teve três milhões de habitantes, 1,4 dos quais já fugiram para zonas inóspitas para fugirem da guerra…
Que interessa, não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA…
O responsável do principal hospital da capital pede a intervenção do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Mas para quê e porque se há-de gastar dinheiro com povos que não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA…
Para os EUA o que interessa é que na Somália perdura o cutelo da al-Qaeda mantendo-se convictos que por detrás da violência na capital somali estarão operacionais daquela organização terrorista.
Mas, ainda assim, que lhes interessa, se os somalis não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA…
Provavelmente só quando aparecer petróleo ou gás natural em condições de exploração aí já então a Comunidade Internacional se irá lembrar deles, como em Darfur, por exemplo, apesar de irem morrendo aos poucos e sem direito ao seu legítimo rendimento, e, diariamente, ir-se-á falar do morticínio e da depauperação do povo somali.
Mas, até lá, que interessa se não são brancos e nem vivem na Europa ou nos EUA e… acrescento eu, nem são de origem banto!
Logo…
09 março 2007
Que mais lhe falta acontecer?
À Somália parece que tudo acontece.
Desde um guerra interna que, incompreensivelmente, perdurou para além do compreensível – isto no caso de haver guerras compreensíveis e, para cúmulo, interinas – até aos problemas que têm acontecido com as tropas africanas de manutenção de Paz.
Por um lado, países houve – e em alguns casos, bem, – que declinaram o convite em pertencer ao respectivo corpo militar.
Depois, as primeiras tropas da união Africana (UA) acabadas de chegar são recebidas a tiro e morteiro por elementos que se crêem afectos à UTI que, em simultâneo, atacaram a actual sede do governo provisório na capital Mogadíscio.
Posteriormente as tropas são atacadas por rebeldes islamitas cifrando as primeiras vítimas entre o contingente ugandês – onde estão os outros? que foram tão prontos a se oferecerem –; morreram mais de uma dezena de pessoas e ficaram feridas cerca de 30, entre militares e civis.
Entretanto, um barco fretado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) foi aprisionado por terroristas ou por piratas quando descarregava no nordeste da Somália víveres para os refugiados somalis. O Governo Federal somali de Transição está em negociações com os piratas no sentido de conseguir a libertação dos tripulantes, seis quenianos e seis srilanqueses. Registe-se que, na zona e desde 2005, já foram sequestrados mais de 20 barcos.
Agora tropas ugandesas da força da UA para a manutenção da paz no país ao chegarem têm como recepção uma má aterragem em Mogadíscio com incêndio do avião onde se faziam transportar. Felizmente sem vítimas.
Que mais pode acontecer aos somalis?
09 janeiro 2007
Nova frente anti-terrorista ou um novo “Restaurar a Esperança”?

Nas costas somalis estão vários vasos de guerra norte-americanos, nomeadamente, um porta-aviões prontos para outras operações.
Espera-se que a sua presença não sirva para tentar um novo “Restaurar a Esperança”, de que tão mal saíram da primeira vez, mas para serenar os ânimos pós-entrada das forças etíopes que expulsaram os islamitas radicais da maior parte do país. Depois dos primeiros “aplausos” as forças etíopes têm sido atacadas e insultadas e as armas que o Governo provisório pediu aos somalis para que as entregasse livremente não o têm sido.
Os somalis não esquecem dois factos importantes: a crise de Ogaden e o facto dos etíopes serem cristãos e os somalis professarem o islamismo.
Por isso bom seria que as forças de manutenção da Paz chegassem depressa. O problema reside em quem irá para lá. Se forças intercontinentais ou somente africanas e destas quais estarão em condições de manter a Paz? Os sul-africanos como já se alvitrou? Ou a Uganda, que já se ofereceu? E os países limítrofes que também têm interesses hegemónicos aceitarão mais esse “aval” de tornar a África do Sul ou a Uganda em principais e únicos Estados-director africanos ou regionais?
São factos que devem ser bem ponderados de modo a não sossegar uma região e criar mais fricções em outras que, já de si, são um pouco problemáticas.
29 dezembro 2006
Somália, que caminho para a crise?

Parece, porque se há algo que um radical não aceita é a derrota. Para ele, a derrota de um combate é o princípio da vitória de uma guerra. E na região – que não só no Corno de África e nem só em África – estão muitos interesses em jogo e muitas vontades para serem cumpridas.
Como já escrevi, o Corno de África é um importante e apetecível check-point na região onde pontuam potências como o imprevisível Iémen ou a tradicionalista islâmica Arábia Saudita além da Etiópia e das forças francesas estacionadas no Djibuti.
Ora, apesar dos islamitas da UTI estarem conotados com a al-Qaeda, é ponto assente que tinham alguns militares eritreus a combater ao seu lado. Como na guerra de secessão, que a Eritreia levou contra a Etiópia, os eritreus foram apoiados pela Arábia Saudita é de crer que muitos sauditas estivessem por detrás da UTI.
Haverá país islâmico mais tradicionalista, ortodoxo e radical que a Arábia Saudita?
27 dezembro 2006
UA com dois pesos e duas medidas?

A citada resolução adoptada em 6 de Dezembro passado, autoriza a criação de uma força de paz africana na Somália de modo a apoiar o governo provisório de transição somali e fomentar o diálogo com a UTI.
Até aqui nada a objectar, pelo contrário. O Corno de África há muito que precisa de Paz.
O que se estranha é a UA só exigir a saída das tropas etíopes. E as eritreias que apoiam os islamitas?
Compreender-se-ia melhor e o povo somali agradeceria, como já alertou o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, se a UA exigisse a retirada imediata das tropas estrangeiras no local e o acantonamento imediato das duas milícias somalis: as dos senhores da Guerra e as da UTI. Agora só um dos contendores?
Será que a UA já começa, claramente, a ter dois pesos e duas medidas?
A ver pela entrevista que o vice-presidente da Comissão da UA, Patrick Mazimhaka, parece ter dado à BBC, é essa a ideia que fica.
23 dezembro 2006
O Corno de África agita-se neste final de Novo Ano
O final do ano não se vislumbra atraente para o Corno de África.
Os islamitas somalis da União dos Tribunais Islâmicos (UTI) continuam a sua progressão diante das forças conjuntas dos Senhores da Guerra, legitimados pelos EUA e pela ONU/UA quando os obrigaram a constituir um Governo provisório com capital provisória em Baidoa.
Se há ou não desproporcionalidade militar entre os dois conjuntos, não o sei. Agora que parece que as forças islamitas – segundo os bastidores políticos norte-americanos apoiadas e apoiantes da Al Qaeda – estão melhor organizadas, quer política, quer social, quer militarmente disso não parecem restar dúvidas.
A prova está como célere e disciplinadamente chegaram às portas da capital do governo provisório onde, segundo rezam certas notícias, já se verificam combates entre os dois opositores militarizados embora, desta feita, e de acordo com os islamitas os senhores da Guerra têm a combater ao seu lado tropas etíopes; este facto levou a UTI a declarar guerra à Etiópia, como terá reafirmado o principal dirigente islamita, xeque Muhamad Ibrahim Suley.
É evidente que não descarto esta natural hipótese de tropas etíopes estarem a combater ao lado do Governo de Transição.
Dada a situação actual da Etiópia, o país seria alvo de inúmeras convulsões sociais caso se verificasse uma vitória completa dos islamitas da UTI, como preconiza um dos seus líderes, o radical xeque Hassan Dahir Aweys.
Senão vejamos:
A norte têm a Eritreia, islâmica e pouco satisfeita com os etíopes, ao ponto de se constar que estão militares eritreus a combater ao lado dos islamitas somalis. Não esquecer que a Etiópia ainda não “aceitou” ter ficado sem uma saída para o mar e o Djibouti não parece ser o caminho mais indicado. Relembremos que na terra dos Afars e Issas “pernoitam” os franceses;
A oeste o Sudão com as crises que se conhecem, entre elas e a principal, no Darfur, mas que se mantêm, e renovado, no Sul animista;
A sul está um Quénia que, por vezes, nos oferece cíclicas perturbações sociais devido à incisiva penetração dos islamitas radicais.
Ora, se a sudeste estiver um estado claramente islâmico onde a sharia está já aplicada nos locais dominados pela UTI, como poderia a Etiópia manter o actual estatuto de país-sede da União Africana, maioritariamente cristão, mas com uma comunidade islâmica superior a 30%.
Claramente, o Corno de África, importante check-point marítimo, vai ver acabar o ano numa agitação militar como há muito não se via, a que não poderemos dissociar a que, certamente, ocorrerá na vida social e política da região, com particular destaque para aqueles que navegam junto dela, para Norte, de caminho para o Médio Oriente e Europa, ou através dos seus estreitos para os países do centro e sul africanos.
E com isto, o Sudão conseguirá um pequeno intervalo junto da Comunidade Internacional com nefastas consequências para o mártir povo de Darfur.
NOTA: Artigo publicado, na íntegra, no portal
20 novembro 2006
Os Direitos das Crianças

“Faz o que eu mando, esquece o que eu faço”.
De acordo com um artigo do Jornal de Notícias tanto os EUA – a segunda maior democracia do Mundo (a primeira é a Índia?) – como a Somália são únicos dois países que, dezassete anos depois da sua entrada em vigor, ainda não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.
Porque será?
Na Somália não se surpreende dado ser um dos países que mais utiliza as crianças como “carne para canhão”, ou seja como crianças-soldados (facto que, infelizmente, não é único). E os EUA, desde sempre considerado e aceite como o paladino da defesa dos Direitos Humanos? Que os “burros” entrem depressa nas diferentes Câmaras para ver se fazem aquilo que a anopsia de um grupo impede.
26 outubro 2006
Somália e Etiópia em perigosa rota de colisão
Fui alertado por um apontamento de Carlos Narciso, no Blogda-se, sobre a possível guerra entre uma das facções guerreiras da Somália e a Etiópia, conforme ele pode constatar no sítio da Aljazeera.net.
Também o sítio do semanário português Sol faz referência a este assunto.De facto, e de acordo com o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, desde há umas semanas que se registam confrontos entre forças regulares etíopes e guerrilheiros da União dos Tribunais Islâmicos (UTI) que, segura e paulatinamente, estão a ganhar terreno e conquistar cidades à Coligação dos Senhores da Guerra, agora elevados à categoria de protectores do Ocidente, liderados por Abdullah Yusuf, como presidente do Governo Nacional de Transição, e que conta, também, com o apoio de soldados etíopes.
Como a Eritreia, que mantém há uns anos um conflito surdo com a Etiópia, parece apoiar os guerrilheiros da UTI – e não esquecer que foram os sunitas e alguns xiitas que apoiaram a Frente Eritreia de Libertação Nacional na sua luta separatista contra a Etiópia – é de prever uma escalada no conflito.
Não esquecer que a Etiópia ficou sem a sua ancestral saída marítima e que, não poucas vezes, tem reclamado algumas parcelas somalis. O contrário também é verdade; relembremos o deserto de Ogaden e do conflito de 1977.
E, provavelmente, o assunto não ficará por aí.
Djibuti, onde estão estacionadas tropas francesas deverá estar a sentir as costas demasiado quentes. Ora o antigo território dos Afars e dos Issas que também estão disseminados pela Etiópia e pela Somália poderá vir a ser um “prato” delicioso para, por um lado, os etíopes terem uma saída para o Mar e, por outro, os somalis aproveitarem para levar a “jihad” o mais longe possível.
Ora quem dominar a entrada do golfo dominará o Corno de África e todas as rotas marinhas da região, em particular o Golfo de Aden e o sacrificado e discutido estreito de Bad el Mandeb.
E, aqui, por certo, entrarão os sauditas, iemenitas, egípcios e… israelitas e americanos.
15 junho 2006
Apontamentos soltos numa semana de férias

Se face ao resultado que Angola registou não terá começado bem, a selecção dos Palancas Negras não tem, antes pelo contrário, de se sentir desmotivada.
Apesar da derrota por 1-0 perante Portugal, reconhecido como um dos mais fortes do grupo, Angola conseguiu não só, não envergonhar África como mostrar que tem material humano para eventos futuros. Assim os responsáveis saibam trabalhar e assim a equipa técnica deixe de mostrar algum receio, quando a perder, em jogar com um ponta-de-lança, Akwá ou Love, apoiado por dois avançados Mantorras e Mateus e não alternar Akwá por Love ou Mantorras. Embora admita que o técnico Orlando Gonçalves é que melhor conhece os seus homens continuo a não compreender porque Akwá e Mantorras não jogam juntos.
Em qualquer dos casos interessa é que a selecção dos Palancas Negras continue a honrar Angola e o futebol africano.
E por falar de futebol; alguém me explica porque é que a SIC que comprou os direitos de 13/14 jogos não transmitiu nenhum dos jogos de segunda a quarta-feira onde, só por acaso, jogavam três ou quatro dos candidatos ao título e com jogos de capital importância como se provou pelos resultados. Mais um dos mistérios da televisão portuguesa que não entendo…
Ah! Já agora alguém me explica porque que é que os analistas desportivos portugueses dão como certa a classificação da equipa portuguesa caso passe o Irão? É que se esquecem que na última jornada poderá haver 3 equipas com 6 pontos; por exemplo Portugal, se ganhar ao Irão; México caso vença Portugal na última jornada; e Angola caso vença, como espero e desejo, o México e o Irão…
2. Somália, o radicalismo islamita ganha

Aliado a isto, o UTI é segundo alguns analistas é um forte aliado da al-Qaeda, enquanto outros vão mais longe ao afirmarem que é uma extensão tentacular daquela Medusa assassina.
Uma coisa é certa, depois de terem tomado, diria facilmente, a capital Mogadiscio, ainda mais facilmente tomaram o último grande reduto dos senhores da guerra, Jowhar, o que levou o Parlamento - dominado pelos tais senhores da guerra - a aprovar a criação de uma força de manutenção de paz(?) para o país.
3. A morte de al-Zarqawi fez diminuir alguma tensão?
Parece que a morte do “mártir” jordano al-Zarqawi não só não fez diminuir a tensão no Iraque – como já anteriormente tinha previsto a sua morte lucrou mais aos radicais que ao mundo civilizado e os islâmicos moderados – como agora começou a emergir uma divergência entre a Coligação, liderada pelos EUA, e os iraquianos sobre o que efectivamente aconteceu após a captura do moribundo al-Zarqawi; e tudo isto porque surgem acusações de maus-tratos sobre o corpo do líder da al-Qaeda na Mesopotâmia e no Iraque para obtenção de informações sobre este movimento assassino e terrorista. Verdadeira, ou não, reconheçamos que a “apresentação” cénica da foto gigante da cabeça disformada de al-Zarqawi poderá indiciar que não terá ficado só assim devido ao ataque aéreo. E as declarações do médico militar norte-americano Steve Jones não ajudam a dissipar as legítimas dúvidas daqueles que vêem em tudo o que os norte-americanos fazem como um atentado aos Direitos Humanos. A situação em Guantánamo e o triplo suicídio alí ocorrido são dois dos factores que suportam essas dúvidas.
Não sei se o seu encerramento será suficiente para minorar essas dúvidas. Pessoalmente quero continuar a acreditar num Mundo livre, justo e humanizado.
4. A Palestina em agonia interna

Não devemos esquecer os apoios claros e inequívocos do Irão e do nada discreto, e nunca formalmente rejeitado, da al-Qaeda ao Hamas, enquanto a Fatah, que apoia o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, goza de imenso prestígio junto dos países árabes moderados – considerar o fanatismo sunita dos sauditas como moderado é, no mínimo, caricato e politicamente conveniente –; por outro lado, o presidente Abbas quer efectuar, em claro confronto político com o Hamas, um Referendo que poderá sancionar, e em definitivo, a presença judaica na região.
Daí que a Israel e muito mais à Palestina esta caótica situação entre os dois mais importantes interlocutores palestinianos não seja a mais interessante nem desejável.
5. Timor-Leste ainda espera

O problema está em saber como irão posicionar no areópago internacional os membros do Conselho de Segurança (CS) e depois da RTP ter transmitido uma reportagem onde o irmão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, por acaso um muçulmano em terra de católicos, e um ex-Ministro são acusados de criarem e armarem uma milícia para destruir a oposição local; ora por mero acaso, este facto já foi denunciado em órgãos informativos australianos e, também só por acaso, só o tinha sido por estes.
Em vésperas de reunião do CS e do que a União Europeia possa dizer, não há dúvidas que foi uma reportagem providencial; falta saber para quem…
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Nota: a enorme dificuldade que continuo a ter para colocar certas imagens no blogger parece-me fazer crer que os problemas anteriores ainda não estarão sanados. Por essa razão um pu outro apontamento não terá imagens e os que têm foram obtidos em vários sítios.
01 junho 2006
Um caos chamado Somália

Um caos que a derrota norte-americana e o seu fracassado “Restaurar a Esperança”, em 1992, bem assim a da complacência internacional vai mantendo no Corno de África.
Falo, naturalmente, da Somália e dos senhores da guerra e das milícias que pululam num território que, em tempos, a Comunidade Internacional reconhecia como país.
Falo de uma região que pela sua localização geográfica é como “um Gruyère ou um Parmesão” para os ratos que querem dominar o estreito e a entrada para o Golfo de Adem, para o Mar Vermelho e, subsequentemente, para o Canal de Suez?
De que servem os inúmeros apelos que algumas organizações como a ONU e a alguns dos seus departamentos fazem aos velhos “senhores da guerra” solicitando-os que parem de impedir os civis feridos de receber assistência e protecção durante os confrontos na cidade quando também nesses confrontos estão outros “parceiros” poderosos como as milícias dos “Tribunais islâmicos” que segundo aqueles, estarão ligados à al-Qaeda mas, que, claramente, são financiados por fundos sunitas e por islamitas radicais?
De que serve à Somália ser o único país africano com uma única língua falante (o somali, havendo também quem fale árabe, inglês e italiano) se ninguém se entende?
De que serviu termos “celebrado” o Dia e o Mês de África se no seu seio há uma entidade que não se entende, mantém-se em constante caos e poderá num futuro, infelizmente não longínquo como gostaríamos, estender pelos seus vizinhos e, fatalmente, por uma grande região africana. E o Darfur ali tão perto…
Tantas questões e uma só evidência: um caos perdura há tempo demais em África!!
29 março 2006
Timor-Leste, uma nova Somália?
Também na Somália os acontecimentos começaram assim. Por outro lado, num comentário a um último apontamento sobre Timor, Carlos Narciso alertava que os problemas de Timor-Leste estavam nos clãs que emergiam – tal como na Somália.
A Comunidade Internacional, que ainda acompanha Timor-Leste não deve deixar que esta Nação caia no mesmo abismo.
Os timorense que tão bem souberam conduzir a sua independência e auto-gestão devem-na continuar a manter. Até porque - é bom que não se esqueçam - têm no seu seio um potencial candidato a Secretário-geral da Nações Unidas, o ministro Ramos Horta.
O ciclo da Somália: a seca

Somália, um país – que ainda persiste como tal porque as NU ainda o consideram assim – do Corno de África onde a população continua a sobreviver – sabe-se lá como – sem que se vislumbre um meio humanitário – a honrosa excepção chama-se CICV – que ponha fim aos absurdos apetites dos senhores da guerra apesar destes, ciclicamente, assinarem, entre si e sob complacência da Comunidade Internacional, protocolos e acordos de paz e (re)unificação.Desde a Invasão da Somaria na operação “Restaurar a Esperança”, levada a efeito – e perdida – pelos EUA, entre 1992/94 – com uma passagem da ONU (Unosom) pelo meio –, que o país nunca mais se segurou.
Até quando?