30 novembro 2009

Quando o lúdico e a segurança se conflituam…

"Segundo algumas notícias que se vão ouvindo no éter radiofónico, nomeadamente na RDP-África, a região autónoma do Príncipe está em polvorosa, nomeadamente o Governo Regional, porque um radar de segurança colocado naquela ilha interfere com as emissões de rádio e da televisão, em particular, com as emissões para África da RDP e RTP.

O radar em questão foi colocado na ilha ao abrigo dos acordos de segurança rubricados entre o Ministério da Defesa santomense e as autoridades de defesa marítima norte-americanas tendo em vista não só a defesa do Golfo, onde parece haver muita gente que se esquece que está a caminhar a passos largos para ser uma nova Somália no que toca à pirataria marítima, como se enquadra no programa afro-norte-americano AFRICOM.

Recordemos que, inicialmente, era intenção dos EUA colocar vasos de guerra estacionados na região, nomeadamente, em São Tomé ou no Príncipe, fazendo destas ilhas umas novas Port Arthur.

Todavia, a manifesta “má-vontade” de Angola e Nigéria as potências regionais em emergência e em “conflito” pelo domínio da região centro-africano e do Golfo, e o facto da presença das forças navais – e com ela outras forças militarizadas – não seria muito bem quista por outros Estados da região nem por aqueles que continuam a considerar que África é um feudo particular – recordemos como a França continua a olhar para o continente Africano e para as regiões onde foi potência colonial – levaram o departamento de Defesa norte-americano a ponderar pela não presença dessas forças mas pela colocação do referido radar.(...)
" (continuar a ler aqui)
Publicado no , edição 242, de 28/Novembro de 2009

25 novembro 2009

UNITA vai apresentar Moção de Censura; para quê?

"Como afirmava há dias um colega destas lides, com a particularidade de ser um renomado jornalista, nada como de vez em quando aparecer para que não se pense que estão “mortos”.

Depois de contestar as linhas programáticas onde parecem vir assentar a futura Constituição Nacional, a UNITA, talvez porque os principais órgão de informação global que são estatizadas – leia-se, quase totalmente partidarizadas – não lhe deram a devida importância, decidiu avançar para um facto político que poderia ser relevante caso o partido do Galo Negro gozasse de uma força que nas últimas eleições não soube – vamos admitir que não soube – capitalizar.

Ou seja, a UNITA, de acordo com a sua líder parlamentar, Alda Sachiango, que preside a menos de 10% dos deputados que formam o actual Parlamento angolano (16 assentos em 220 lugares), vai propor uma Moção de Censura ao Governo do MPLA que domina cerca de 2/3 do referido Hemiciclo (191 em 220 deputados).

A UNITA assenta a sua Moção no facto do Governo estar a falhar algumas das promessas feitas durante a campanha – recorde-se que as principais até foram feitas pelo seu líder num dos actos de campanha por ele protagonizado e não pelo MPLA que se limitou a cimentar as suas bases e implodir as dos seus adversários – bem assim pelas críticas que o Presidente vem vindo a fazer a alguns membros do Executivo angolano como se percebeu na abertura da reunião do Comité Central do MPLA, no passado sábado, quando Eduardo dos Santos «pediu "tolerância zero" para os actos de gestão "ilícitos, danosos ou fraudulentos"». (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado na secção «Colunistas» do , de hoje: podem também verificar o artigo da Manchete onde a matéria é igualmente abordada (posteriormente reproduzido, no portal Zwela Angola, na coluna "Malambas de Kamutangre", em 30/Nov./2009)

22 novembro 2009

Mundial de Futebol de Praia 2009

(imagem do Mundialito de Futebol de Praia ocorrido, em tempos, em Portimão, Portugal; imagem daqui)

Está decorrer até hoje, em Dubai, EAU, o Mundial de Futebol de Praia (ou futebol de areia).

Até ao momento ainda não sei quem é o vencedor que sairá da final que oporá Brasil à estreante Suíça. Em princípio e fora alguma surpresa – basta recordar a
final no Mundial dos sub-17 realizado na Nigéria – o Brasil deverá arrecadar a medalha de ouro e, por consequência, o título Mundial.

Só sei que para o terceiro lugar Portugal bateu o Uruguai, com quem tinha perdido na primeira fase, por 14-7 arrecadando, uma vez mais, a medalha de bronze (acabado de ser televisto na Eurosport2).

Não consegui saber quem foram – se foram – os países que representaram o continente africano. Pelo menos na arbitragem África esteve representada porque num dos encontros que televisionei estava presente um árbitro nigeriano.

O que pergunto é por onde anda Angola ou Moçambique, países com muito boas condições para apresentarem excelentes selecções com muito bons jogadores.

Recordemos como em Angola havia tantos “brinca-na-areia” um dos quais, Dinis (na
Mini-Copa de 1972 os locutores radiofónicos brasileiros, que relatavam os jogos, tanto vezes afirmaram que tinha nascido em… Bengala), esteve em destaque no sorteio – diga-se muito bem apresentado na TPA (nem sempre tem que ser tudo mal) – do CAN "Orange-Angola 2010".

De certeza que se a FAF
decidir apostar no futebol de praia – até porque ouvi dizer que está na calha para ser modalidade olímpica, se já não é – de certeza que poderemos mostrar ao Mundo uma boa selecção.

Têm a palavra Justino Fernandes e a FAF porque ainda vamos a tempo!

Crónica de João Craveirinha: A origem do espírito brasileiro “anti-português”

Mais uma interessante análise de João Craveirinha desta feita sobre algum certo "anti-português" de uma certa sociedade brasileira que o mesmo tem verificado durante a sua estadia em Terras de Vera Cruz.

Dialogando por João Craveirinha
(escrito em P.M. - português de Moçambique)

Crónicas dos (27) Brasís – I (série)
Breves incursões diacrónicas (passado ao presente).
Subsídios para compreender o Brasil e os brasileiros.

A origem do espírito brasileiro “anti-português”
“E quem nos fez assim (antes de tudo quanto tem de particular a nossa vida) foi a própria Europa. “ (in Pombo, Rocha (1925). História do Brasil, pp.279).

Grosso modo, até que ponto se poderá inferir que no Brasil possa existir um sentimento de repúdio ou desprezo a tudo que se relacione com Portugal, incluindo a África onde se fala português? Até que ponto está entranhado no imaginário colectivo brasileiro contemporâneo esse sentimento?

Essa verificação ad hoc poderá ser consubstanciada in loco no Brasil, sobretudo entre as camadas urbanizadas e quanto mais ditas eruditas, se acentuaria esse fenómeno. Obviamente haverá sempre excepções à regra. Mas no fundo ou na génese do tema tratar-se-ia de ressentimentos e recalcamentos em relação à antiga metrópole colonial paulatinamente (re)construídos a partir do século XVII (1600/1699) e teríamos de analisar... “até que ponto esta aversão foi alimentada pelos próprios intelectuais brasileiros (incluído Machado) que, no empenho de se distanciarem da metrópole (colonial portuguesa) viraram críticos azedos de tudo o que acontecia na Península (Ibérica) e renegaram da origem, tentando ganhar uma identidade própria. Não sei qual teria sido a atitude dos brasileiros se D. João VI (rei de Portugal, início séc. XIX) tivesse sido derrotado por Napoleão. Será que teriam gostado de serem cidadãos franceses?”...(depoimento de uma professora latino-americana sobre este tema).

Essa aversão vem ressurgindo em força no novo Brasil pretendente a um lugar entre as super-potências mundiais (?!). A confirmar-se (esse espírito brasileiro) inferir-se-ia que esse sentimento brasileiro “anti-português” se encontra parado no espaço e tempo. Não teria havido o necessário exorcismo dos fantasmas diacrónicos do Brasil desde 7 de Setembro de 1822 (187 anos de independência passados, em 2009).

Por outro lado, as tradicionais piadas (chistes) de mau-gosto no Brasil inferiorizando as capacidades mentais dos portugueses reflectem uma forma de complexo das avoengas lusitanas nos genes desse brasileiro remetendo para uma espécie de complexo colonial a necessitar de esclarecimento lúcido ou de uma catarsis. (Actualmente há um processo contrário em Portugal de piadas para inferiorizarem brasileiros que chegam à Europa quer como emigrantes quer como turistas - é o reverso da medalha da piada do “matuto”- simplório. Este processo inverso teve início após a entrada de Portugal na União Europeia em 1986. É de se dizer “tal pai, tal filho”).

Rocha Pombo

Uma possível análise desse fenómeno brasileiro
Para tal socorremo-nos do ilustre historiador brasileiro, José Francisco da Rocha Pombo, mais conhecido por Rocha Pombo (n. Paraná, 4 de Dezembro de 1857, f. Rio de Janeiro em 26 de Junho de 1933). Ora nas páginas do seu livro de História do Brasil (1925) volume II, no capítulo IX intitulado “O Regime Colonial”, na pp. 73 vemos inserido o “Capítulo IX – Síntese das causas que atuaram na diferenciação do nosso espírito nacional.”pp. 278. Eis um resumo dessas causas em cinco pontos:
I - O Brasil colónia portuguesa ter ficado entregue aos colonos portugueses que a geriam de acordo às suas vontades e necessidades sendo motivo de orgulho “e de entusiasmo pela (nova) pátria; e ao mesmo tempo feridos de ressentimentos e queixas amargas contra a côrte;” (em Lisboa).
II - A convicção que os interesses da colónia e do reino de Portugal não se combinarem.
III - A enorme distância geográfica a afastar Portugal na Europa, e o Brasil na América do Sul.
IV - “O encontro” do europeu, ameríndio e do africano, originando uma “fusão” genético-cultural que teriam de ser “resolvidas” no Brasil. (Nem sempre pacífica diga-se. O itálico é nosso).
V - Um espírito colonial de conquista do interior (sertão), a partir de um esforço próprio considerado heróico pelos colonos na manutenção e defesa de um património que sempre defenderam (como seu) assim como o enriquecimento com as minas (mentalidade de novos-ricos). O “bandeirante e o mineiro” expressariam as derradeiras acções do período colonial no esforço de erigir uma nação (o Brasil). O século XIX (1800/1899) deixaria um travo amargo nos colonos portugueses de (...)“profundo ressentimento, uma desconfiança irredutível”(...)” em viva antipatia e repulsa por tudo que de lá nos vinha”(...). E do “antagonismo entre filhos da terra” (Brasil) “e filhos do reino” (Portugal). Passaria essa aversão para o próprio país e às suas instituições mais emblemáticas, acrescentaria Rocha Pombo (em 1925). O “desprendimento” a tudo relacionado com Portugal (mãe-pátria) seria a motivação para os (luso) brasileiros estarem por sua conta e risco.

É paradigmática esta “aversão” a tudo que vinha do reino de Portugal nas suas colónias por parte de seus descendentes, quer na América do sul (Brasil), em África, Ásia ou Oceânia (Timor).

Maranhão

Flash back (diacronia)
Segundo crónicas do séc. XVII, em 22 de Novembro de 1652, parte de Lisboa o padre António Vieira integrante de um grupo de outros missionários (Jesuítas) acompanhados por dois capitães-mor chegariam ao Maranhão (S. Luiz), situado entre o Pará do Belém na parte norte do Brasil e do nordeste Piauí (Teresina), Bahia (Salvador), e a sul, Tocantins-Palmas (Goiás). Esses oficiais traziam ordens expressas do Reino para “corrigir os excessos praticados pelos moradores” - colonos portugueses e outros europeus (?!) contra os ameríndios (guaranis) que eram brutalizados em trabalho escravo pelos proprietários de terras (outrora dos mesmos ameríndios). Ora essas e outras situações “normalizadoras” eram consideradas como ingerência nos ”negócios” da colónia e respondidas muitas vezes de armas na mão pelos colonos portugueses (brasileiros) contra as autoridades do reino de Portugal. Esse espírito seria eventualmente transmitido trans-geracionalmente aos dias de hoje, sem que na contemporaneidade, quiçá, se tenha a noção da origem desse sentimento, aliás, peculiar nas colónias de outras potências coloniais europeias de então, com algumas variantes. No entanto, o caso da gesta colonial portuguesa é sui generis. O português é por excelência um puro nómada global quinhentista. A essência da sua “necessidade aguça-lhe o engenho”. Fez-se ao mar repleto de Adamastores que o amedrontavam, e superou-se. Faz parte da sua índole lamentar-se. No entanto segue em frente. Ou pelo menos assim fazia. Insatisfeito com o seu torrão natal vai, parte, e o seu génio e mau génio, recriam outros Portugais em outras paragens longínquas e inóspitas como por exemplo pelo nordeste brasileiro de temperaturas elevadíssimas ou pela selva amazónica densa e húmida. Compõem em desgarrada um “Fado Tropical”(1). Rompe com a mãe-pátria na Europa. O caso português-brasileiro é paradigmático. No caso africano os ventos da história pregaram-lhe uma partida. Mas isso fica para outro dia com a letra (2) e a música do “Fado Tropical”.

Notas:
(1) Alusão à composição musical e poética do cineasta moçambicano Ruy Guerra e do brasileiro Chico Buarque.
(2)
http://letras.terra.com.br/ruy-guerra/989543/

Fontes sitográficas:
Biografia de Rocha Pombo: Academia de Letras do Brasil (
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=214&sid=349
Mapas do Brasil: (
http://www.sites-do-brasil.com/diretorio/index.php?cat_id=881&cat_id_thm=29)
Blog “Pensar não dói”(
http://pensarnaodoiaiai.blogspot.com/2009/03/fado-tropical-chico-buarque-dholanda-oh.html)

21 novembro 2009

Faleceu um blogger mas não a obra!

O blogue “Tomar Partido”, de Jorge Ferreira, ficou hoje órfão do seu autor.

Jorge Ferreira faleceu hoje vítima de doença. Foi um antigo líder parlamentar do CDS-PP e um dos seus principais dirigentes e um dos fundadores do Partido da Nova Democracia (PND).

Regista-se o passamento físico do Homem, do Político combativo, do autor de excelentes textos que surgiam no seu blogue e no Jornal da Nova Democracia. Mas se foi fisicamente o Homem que estava por detrás do blogue, ficou a sua obra política e as suas intervenções políticas e sociais, bem assim as que vão perdurar os seus textos!

20 novembro 2009

Vai-se a União Europeia nasce a Federação Europeia?

Até há pouco a União Europeia, uma constelação de Estados Europeus onde existia uma Comissão e a presidência era semestralmente rotativa entre os Estados-membros, regia-se como, essencialmente, uma União económica, tendencialmente política e social, mas onde o "euro" e os "maiores" já mais mandavam.

Agora com a entrada em vigor, no próximo mês de Janeiro do Tratado de Lisboa, e com a eleição ontem ocorrida do novo Presidente da União, vulgo, Conselho Europeu, o até agora primeiro-ministro belga, Herman Van Rompuy, e da britânica Catherine Ashton como Alto-representante para a Política Externa da União Europeia e, simultaneamente, a número dois da Comissão europeia, ainda liderada por Durão Barroso, passará a existir na Europa um super-Estado onde os Estados, progressivamente, quer queiram, quer não, quer o reconheçam, quer não, irão ver progressivamente, serem-lhe retirados alguns – e provavelmente não pouco – poderes constitucionais.

Podem afirmar que não o é, ainda, uma Constituição Europeia, mas na prática o Tratado de Lisboa é-o. Só diferiu do seu vetado antecessor porque lhe foi retirada a expressão “Constitucional”.

Ou seja, e basta conhecer a História e os movimentos políticos europeus para o constatar, que o que Carlos V, Napoleão, Bismark ou Hitler não o conseguiram por via militar, conseguiu-o o sistema financeiro e a paranóia da Pax Europeia: uma União da maioria dos Estados europeus que o novo “futuro” presidente já afirmou logo nas primeiras palavras ser sua essa vontade "continuar a expandir a UE e reforçar o seu papel como peça importante no Mundo".

Veremos como os EUA, a Rússia, a China e os Emergentes irão aceitar esse “fortelecimento”…

Corrupção, doença ou naturalidade?

(uma imagem daqui)


Comenta-se, e bem, sobre a queda que Angola, Guiné-Bissau e Moçambique etambém, embora pequena, Portugal e Brasil, sofreram no quadro dos Países mais corruptos do Mundo.

De acordo com o
Transparency International (TI), Angola e Guiné-Bissau estarão entre os países mais corruptos e onde se registaram as maiores quedas, estando relativamente perto da posição 180 onde está o mais corrupto de todos. Melhor estarão Moçambique, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe – este terá subido mais de uma dezena de posições – para já não falar de Cabo Verde que mantém um rácio acima da metade, cerca de 5,1 em 10 pontos possíveis (só os menos corruptos conseguem chegar perto deste número).

Portugal e Brasil estarão perto das posições 30 e 80, sendo que o Brasil está bem atrás de Cabo verde que ocupa uma posição entre as posições 45 e 50, ou seja, muito perto de Portugal.

Por curiosidade a França está numa posição próxima do 25º país, oiu seja, entre os menos corruptos.

E falo por curiosidade na França como também em Portugal porque estes dois países por razões diversas andam nas bocas do Mundo – e ambos ligados a Angola – como países onde a corrupção parece estar bem implantada, embora, a Justiça dos dois países esteja em pouco sintonia com a transparência que os processos exigiriam.

Em Portugal, fala-se e comenta-se que 30% dos produtos de luxo vendidos pelas lojas da especialidade, leia-se, de luxo, são-no
aos angolanos. Primeiro foi a empresa de televisão SIC que o noticiou – o que levou o nosso confrade Wilson Dada, no seu “Morro da Maianga” a perguntar se seria mais uma «Campanha da SIC» no que foi hoje retomado na portuguesa RTP e no Jornal Nacional.

Isto só por si não infere que os angolanos estejam a contribuir para a corrupção em Portugal. Pelo contrário, estão a manter viva uma actividade económica que , apesar de tudo, não sofre muito com a crise internacional.

O problema é que em Portugal começam a aparecer certos sintomas de corrupção, embora ainda de
face oculta, mas onde entram pessoas próximas do Estado, com conversas gravadas e escutadas junto de personalidade do Governo, e de empresas, algumas das quais com forte implantação em Angola, um dos escutados até é – ou foi – o presidente de uma instituição financeira que também está estabelecida em Angola, embora já tenha capitais angolanos, tal como em Portugal; mas só o era da parte estabelecida em Angola, ressalve-se... a parte portuguesa, teoricamente privada, tem mostrado que pertence ao Estado português, via CGD…

E Portugal está numa posição relativamente segura entre os menos corruptos. Olha se não estivesse…

Já a França, claramente melhor posicionada que Portugal entre os menos corruptos parece que vive no mesmo lodaçal. Só que há quem consiga ter um Estado mais blindado e por isso passa menos para a opinião pública os escândalos que norteiam os Champs Élysées. Mas quando os amigos se zangam ai que vem tudo ao de cima.

Todos se recordam, por certo, do processo Angolagate e das condenações que houveram e daquelas que morreram para não “ofender” relações políticas e económicas. Só que houve quem parece que não gostou de ser condenado e ver outros a cirandarem pelos Campos Elísios alegres e felizes.

De acordo com
Charles Pasqua o antigo ministro do interior e ex-candidato às presidenciais francesas, um dos condenados, os serviços secretos franceses (DGSE) teriam dado conta ao Estado francês e a algumas das suas mais altas individualidades das negociatas com as armas para Angola.

Ou seja, os amigos nem sempre são para as ocasiões. Mas o que mais ressalva nesta questão é que não vale a pena mandar pedras aos vizinhos quando se têm vidros tão finos ou paredes tão elásticas.

Condenemos, e bem e fortemente, a corrupção. Mas olhemos com olhos de ver para todos. É que na lista da TI que merece uma ponderação bem vincada há países que parecem ser o que não o são na realidade ou seja se mantém atractivamente apelativos como locais aprazíveis de se viver em liberdade e sem corrupção.

Recordemos que Portugal até Outubro de 2005 ou 2006, isto é, até uma declaração do presidente português Cavaco Silva parecia desconhecer a palavra “corrupção”. Só conhecia “a cunha”, “os esquemas” e “os favores”. Agora parece que dia si, dia sim, aí está mais um caso…

Será que a corrupção deixou de ser uma doença na sociedade para ser um acto natural?
Reproduzido, posteriormente, no portal , na coluna "Malambas de Kamutangre", em 23/Nov./2009

15 novembro 2009

Angola, Prémio Nacional de Cultura ou um Muro de silêncio?...

(imagem Jornal de Angola)

Será que o jornalista e escritor João de Melo vai aceitar o Prémio Nacional de Cultura e Artes outorgado – leia-se, imposto – pela Ministério da Cultura angolano em clara discordância ao que os membros do júri propuseram, ou seja, Viriato da Cruz?

Ou será que a reconhecida consciência política, cultural e social de João Melo o fará se inclinar pela declinação desta concessão política – apesar da
ANGOP mostrar fotos em contrário – só porque no MPLA ainda se sente que não estão saradas certas feridas antigas e há nomes vetados?

Ainda hoje num programa “Debate Africano”, da RDP-África, que passa ao fim da manhã de Domingo, havia quem questionasse se a não entrega do Prémio a Viriato Cruz seria porque o mesmo talvez não prevesse a entregue a título póstumo. Recorde-se que já depois de 2000, ano em que foi criado o Prémio, os artistas plásticos, Victor Teixeira “Viteix”, pintor, e Rui de Matos, escultor, foram premiados a
título póstumo.

Faz, de certa forma, lembrar o caso de Luandino Vieira quando foi laureado, em 1965, pela Sociedade Portuguesa de Escritores com o Grande Prémio da Literatura Novelística com o seu livro «Luuanda», naquele que seria o seu segundo grande Prémio já que aquela mesma Sociedade já tentara conceder-lhe, pela mesma obra, o Prémio Camilo Castelo Branco.

Recorde-se que também nessa altura o poder instituído vetou a concessão do Prémio exigindo que o mesmo fosse dado a outrem o que foi negado pelos membros do júri e pela SPE faço que levou ao então Poder demitir todos os órgãos da Sociedade e extinguir o organismo que teve a ousadia de laurear um escritor “maldito” ligado aos “Estudantes do Império” e às questões relacionadas com o movimento independentista das colónias, nomeadamente ao “Processo dos 50”, a suspender o Jornal que, então, teve a ousadia de publicar a notícia, o
Jornal do Fundão.

Quase 50 anos depois e 20 após o derrube do “Muro” outros há que se mantêm para desgosto da Cultura!
Reproduzido, posteriormente, no portal , na coluna "Malambas de Kamutangre", em 19/Nov./2009

11 novembro 2009

Angola, e a Dipanda foi há 34 anos

Porque hoje é o Dia Nacional de Angola vou tentar não pensar muito e ver como as coisas vão andar, embora há quem tudo faça por me obrigar a ponderar sobre a pobreza, a liberdade política, a luxúria, o despesismo, o nepotismo, enfim...

09 novembro 2009

Berlim, e o Muro implodiu há 20 anos!

(Foto EPA/Wolfgang Kumm/Oje)

Faz hoje 20 anos que o então chamado “Muro de Berlim” – ou Muro da Vergonha – caiu depois que Gorbachev mostrou ao então líder da então República Democrática da Alemanha, Egon Krenz, que o Mundo estava em mudança, que na Rússia já decorria uma Perestroika devido a uma quase líquida Glasnost, sem podermos nunca esquecer o enorme contributo polaco através do movimento cívico-sindical Solidarność (Solidariedade).

Pena é que 20 anos depois se veja outros Muros (
aqui e aqui) a serem erguidos ou que algumas personaliaddes ainda não tenham percebido que com a implosão do Muro apareceu um novo ideal político onde as Democracia não se podem assentar no exclusivo predomínio abusador de algumas maiorias…

08 novembro 2009

À mulher de César não basta parecer ser séria…

"Depois da queda do “Muro de Berlim” e do advento da democracia pluralista em África, era sentimento geral que, embora ninguém acreditasse que os ventos da mudanças fizessem logo efeito – em outras partes duraram décadas para se afirmarem – esperava-se, ao menos, que paulatinamente essa mudança minimamente assentasse nos jangos e nas roças da vida africana.

Passou já mais de uma dezena e meia de anos desde que a maioria dos Estados africanos adoptaram a democracia pluralista. E o que se observa e se objectiva?

A presença de uma cada vez maior afirmação de um despotismo iluminado, a confirmação da supremacia de certos partidos sob a capa de liberdade política, a existência de uma cada vez maior conexão entre a política e a economia, a manutenção, apesar de “ilegalizada” pela União Africana, de Golpes de Estado e Intentonas militares, fazem prever que uma pseudo-democracia bem autocrática está firmemente implantada em África.

Por exemplo, o prémio Mo Ibrahim para “boa governação” e que premeia os presidentes africanos que abdicaram democraticamente do poder, não tenha conferido a nenhum antigo líder este ano. As razões, talvez as encontremos nas palavras do presidente ugandês, Yoweri Museveni, quando terá afirmado “Cinco milhões de dólares para mim não é nada. Cinco milhões de dólares é como uma mesada!”. Pois é precisamente este o valor pecuniário do Prémio Mo Ibrahim a ser pago em tranches anuais de 250 mil dólares.

Ora quando um estadista africano, que quando chegou ao poder, em 1986, afirmava que um presidente africano só deveria manter-se no poder durante dois mandatos, e faz uma afirmação destas, pode-se afirmar que, no mínimo, é chocante e… desmotivante!

É que à mulher de César não basta parecer ser séria… (...)
" (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário , edição 239, de 7-Novembro-2009

06 novembro 2009

Moçambique pós-eleições, e agora?

Como se sabe Moçambique foi a eleições para as Legislativas, Presidenciais e Provinciais.

Sabe-se que a estas eleições houve constrangimentos que ninguém dos observadores teve coragem de, com clareza, denunciá-los. Bem pelo contrário, aceitou-os, com naturalidade. Recorda-se os impedimentos pouco esclarecidos que levaram os partidos não oficiais – leia-se, de todos os partidos menos FRELIMO e RENAMO – a verem vetados em alguns círculos eleitorais.

Apesar disso, e a fazer fé em todos os relatórios dos diferentes observadores, apesar de certas anomalias o acto eleitoral terá decorrido sem problemas, sendo que o chefe dos observadores da União Africana,
deu nota positiva ao acto.

Por isso, já se sabe, mesmo ainda sem resultados oficiais apresentados pela CNE local, que a FRELIMO e Guebuza foram – ou terão sido – os grandes vencedores.

Como, habitualmente, o também já seria espectável, já se sabe que a RENAMO contestou – ou contesta – os resultados intercalares ameaçando denunciá-los e não aceitá-los por os mesmos estarem feridos de ilegalidades e de fraudes.

Como é habitual neste partido, mesmo ameaçando, como parece que terá acontecido, pôr o País a
ferro e fogo, ao ponto dos observadores estrangeiros, nomeadamente da União Europeia e da SADC dizerem que é aconselhável mais moderação na linguagem, principalmente quando proferida por um líder, ainda por cima da oposição

Ou seja, diplomaticamente, os observadores estão a aceitar que nem tudo decorreu tão bem como propalaram logo.

Entretanto, o Observatório Eleitoral moçambicano decidiu
reunir-se à porta fechada com Afonso Dhlakama. Assim como assim e pelo sim, pelo não, a Polícia moçambicana já irá a caminho das antigas bases da RENAMO em Nampula…

Se fosse só a RENAMO já diríamos, como habitualmente… E para alicerçar as suas habituais queixas e desconfianças apresentou
boletins de voto – em tudo iguais aos oficiais, numerados e verificados – já previamente assinalados que o STAE diz desconhecer.

Mas quando lemos no portal noticioso moçambicano, Canal de Moçambique, uma acusação tão forte como “Fraude filmada em Escola Primária na Beira” denunciada por alguém próximo do MDM e cuja transmissão do vídeo parece ter sido vetada pela TV Miramar embora tenha passado na TIM, uma televisão independente. Nas denúncias subsequentes o MDM acusa o presidente da mesa de ter recusado aceitar o protesto do seu delegado.

Mas houve também, segundo aquele portal denúncia forte fraude no distrito de Búzi onde cerca de 11000 (onze mil!!!) votos terão sido anulados e que os recursos apresentados pelas partes denunciadoras não foram aceites pelos membros das respectivas mesas.

Vamos aguardar que a CNE divulgue, definitivamente, os resultados e que as denúncias apontadas, mesmo que não passem só de uma “dor de corno” sejam totalmente analisadas e bem escrutinadas pela CNE e pelo PGR moçambicano. A bem da transparência e para não ferir o
Prémio Mo Ibrahim de Boa Governação, conquistado por Joaquim Chissano, em 2007… (de notar que em 2009 não houve vencedores…)
.
Reproduzido, posteriormente, no portal Zwela Angola, na coluna "Malambas de Kamutangre", em 6/Nov./2009

Sporting, sai PB e entra BP?

(Paulo Bento versus Bernardino Pedroto?)
Depois das palavras que este treinador, já por 5 vezes um campeão nacional, recentemente proferiu e depois da demissão, hoje, deste treinador, não me admiraria nada que o primeiro viesse a substituir o segundo…

Acreditem que não é boca reaccionária de benfiquista mas saber somar dois mais dois, até porque um campeonato ainda vai no primeiro terço e o outro já acabou…

E, depois, haverá mais treinadores acessíveis para quem está
tecnicamente falido?

04 novembro 2009

Mais do mesmo…

(Baía do Lobito vista da Restinga, Lobito; foto ©Elcalmeida, Maio 2009)

Como gostaria de estar hoje aqui, sentindo o doce sopro da maresia, acompanhado de um bom livro ou de uma boa conversa com amigos e com aqueles que me são mais próximos.

Talvez, para o ano, quem sabe, ou, provavelmente… mais do mesmo…

01 novembro 2009

Eduardo dos Santos estará a preparar a reforma?

(A “Casa Amarela”, segundo Semanário Angolense)

"De acordo com a edição online do Semanário Angolense (edição 340, de 31 de Outubro), o senhor José Eduardo dos Santos, engenheiro de petróleos, de formação, e Presidente da República de Angola, de profissão, estará, ultimamente, a usufruir mais vezes – pelo menos quase todos os fins-de-semana – da sua mansão, que terá mandado construir no distinto e selectivo Bairro do Miramar, reconhecida pela “Casa Amarela”.

Nada mais normal quando um presidente está em fase final de mandato e prevê poder não continuar. Normal num país onde os limites de mandatos são rigorosamente levados à risca como determina a Constituição, ainda vigente, ainda que esteja em revisão.

Só que Eduardo dos Santos não está num País normal no que toca às legitimidades Constitucionais.

Quando num País existe uma Constituição que afirma que o Chefe de Governo é o Primeiro-Ministro e um Tribunal determina que, tal como defende o Presidente, o Chefe de Governo é o Presidente e não aquele, não é – não pode ser – um País normal.

Mas, tal como tudo, e na política tal como no futebol o que é verdade agora é uma clara mentira daqui a bocado.

Por isso, considero perfeitamente normal que Eduardo dos Santos comece a pensar na reforma e gozar dos prazeres que uma vivenda, no Miramar, onde por certo, terá uma das mais magníficas vistas sobre a baía e sobre a Ilha, lhe poderá ofertar além de, provavelmente, sentir à sua volta os seus netos com quem gostará de brincar e de quem, por certo, não obterá as ignóbeis subserviências que alguns projectam na esperança de estarem sempre nas boas graças do Presidente.

As crianças podem se malandrecas e oportunistas, mas são-o puras e aliam-no, à bondade, à inocência e à sua proverbial frontalidade crua da verdade. Para eles não há cinzento ou marfim. O branco é branco e o preto é preto!

Mas só o facto de Eduardo dos Santos estar a utilizar com muita acuidade a sua Casa Amarela leva a que a Comunicação social faça disso notícia, sem, todavia, especular.

Para isso existe essa classe absurda e mortal chamada de os especialistas em política, também chamados de analistas políticos. (...)
" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado na secção "Colunistas" do , de hoje.