Faz hoje precisamente trinta e um anos que escrevi um poema dedicado à Liberdade e a tudo que a ela diz respeito, incluindo a liberdade por que os trabalhadores e camposeses, as mulheres e os homens e os países tanto almejam. O poema está disponível no "Malambas".
Sobre o Dia do Trabalhador poderão, mais tarde, ler um artigo no Notícias Lusófonas.
Os acessos quer ao "Malambas" quer ao "Notícias Lusófonas" podem ser feitos nas "ligações" que estão ao lado.
Um bom fim-de-semana e um bom feriado.
ADENDA: O artigo no "Notícias Lusófonas" está publicado na secção "Manchete" sob o título "Ainda pode ser poesia como o foi há 31 anos"
28 abril 2006
27 abril 2006
Tudo novo e tudo na mesma - artigo
Artigo de opinião sobre as recentes eleições em São Tomé e Príncipe e publicado no Correio da Semana, edição nº. 59, de 8 de Abril pp.
Por só agora ter tido acesso ao mesmo só agora tive a informação da sua publicação. Em breve isso será rectificado.
Para o ler, na íntegra, podem acedê-lo a partir daqui e deixar a vossa opinião ou aqui, nos comentários, ou no livro de visitas da minha página pessoal.
Por só agora ter tido acesso ao mesmo só agora tive a informação da sua publicação. Em breve isso será rectificado.
Para o ler, na íntegra, podem acedê-lo a partir daqui e deixar a vossa opinião ou aqui, nos comentários, ou no livro de visitas da minha página pessoal.
Onde há fumo...
… há quase sempre fogo e este é do forte.
Só assim se entende que no vespeiro de Luanda se comente, cada vez mais, a saúde – ou eventual falta dela – de Eduardo dos Santos ao ponto do presidente da Unita, Isaías Samakuva, ser “obrigado” a vir falar ao quimbo para especular sobre a mesma afirmando querer acabar precisamente com as especulações que a dita suscita.
Como escreveu Orlando Castro, na sua rubrica Alto Hama, Samakuva em vez de colocar água na fervura, acabou por atiçar ainda mais as chamas.
Que fale sobre a propalada descoberta de armas no Kuanza Sul e no Togo e Costa do Marfim aceita-se e saúda-se; agora o líder da oposição – que por acaso até está no GURN – fazer de porta-voz da presidência, já é um pouco estranho.
É que, realmente, o interesse político não se deve sobrepor aos interesses nacionais. E munjimbos sobre saúde de um presidente não interessa aos desígnios da Nação.
Depois estranha-se que os EUA aconselhem "cautelas" os seus cidadãos sobre e que visitem Angola...
Só assim se entende que no vespeiro de Luanda se comente, cada vez mais, a saúde – ou eventual falta dela – de Eduardo dos Santos ao ponto do presidente da Unita, Isaías Samakuva, ser “obrigado” a vir falar ao quimbo para especular sobre a mesma afirmando querer acabar precisamente com as especulações que a dita suscita.
Como escreveu Orlando Castro, na sua rubrica Alto Hama, Samakuva em vez de colocar água na fervura, acabou por atiçar ainda mais as chamas.
Que fale sobre a propalada descoberta de armas no Kuanza Sul e no Togo e Costa do Marfim aceita-se e saúda-se; agora o líder da oposição – que por acaso até está no GURN – fazer de porta-voz da presidência, já é um pouco estranho.
É que, realmente, o interesse político não se deve sobrepor aos interesses nacionais. E munjimbos sobre saúde de um presidente não interessa aos desígnios da Nação.
Depois estranha-se que os EUA aconselhem "cautelas" os seus cidadãos sobre e que visitem Angola...
26 abril 2006
Mas que se passa com os jovens?...
Segundo um relatório do SIS, os Serviço de Informação e Segurança (a secreta portuguesa), citado por alguns órgãos de comunicação portuguesa, os jovens portugueses estão a aderir com preocupante adesão aos movimentos nacionalistas – leia-se “skinheads”, neo-nazis e afins.
Não entendo porquê essa adesão dos jovens...
Os partidos, em geral, e os da “governação”, em particular, são cada vez mais apelativos: senão veja-se que sempre que muda a cor a cor governativa, muda o discurso oposicionista;
o desemprego está devidamente controlado: há uns tempos que não desce e sobe diária e paulatinamente, logo o Estado português tem o dito bem administrado;
o ensino está a ter uma adesão completa dos estudantes: não há alteração que não dê em greve e que eles não participem em massa;
as Universidades continuam a mandar cá para fora estudantes com canudo: é certo que não arranjam emprego… bom, também nem trabalho, mas bolas pelo menos são licenciados, mestres, pós-graduados e têm direito ao "Dr." nos cheques;
Realmente!!! Não percebo porque aderem a movimentos ditos nacionalistas.
Será que é para terem direito a transporte gratuito para poderem vibrar e “cacetar” com o espectáculo que vai ser a caqueirada no Mundial FIFA 2006. Espera-se que a FIFA não o suspenda devido à chamada gripe aviaria, senão como o Ricardo, o de Portugal, não o de Angola que até nem tem clube, poderia oferecer a Portugal alguns franguinhos.
Lá vai estar toda a panóplia colorida que forma a Humanidade…
Eh lá!!! isto cheira-me a um partido ou um sítio próximo dos nacionalistas. Querem ver que ainda vou ser citado pelo SIS…
Não entendo porquê essa adesão dos jovens...
Os partidos, em geral, e os da “governação”, em particular, são cada vez mais apelativos: senão veja-se que sempre que muda a cor a cor governativa, muda o discurso oposicionista;
o desemprego está devidamente controlado: há uns tempos que não desce e sobe diária e paulatinamente, logo o Estado português tem o dito bem administrado;
o ensino está a ter uma adesão completa dos estudantes: não há alteração que não dê em greve e que eles não participem em massa;
as Universidades continuam a mandar cá para fora estudantes com canudo: é certo que não arranjam emprego… bom, também nem trabalho, mas bolas pelo menos são licenciados, mestres, pós-graduados e têm direito ao "Dr." nos cheques;
Realmente!!! Não percebo porque aderem a movimentos ditos nacionalistas.
Será que é para terem direito a transporte gratuito para poderem vibrar e “cacetar” com o espectáculo que vai ser a caqueirada no Mundial FIFA 2006. Espera-se que a FIFA não o suspenda devido à chamada gripe aviaria, senão como o Ricardo, o de Portugal, não o de Angola que até nem tem clube, poderia oferecer a Portugal alguns franguinhos.
Lá vai estar toda a panóplia colorida que forma a Humanidade…
Eh lá!!! isto cheira-me a um partido ou um sítio próximo dos nacionalistas. Querem ver que ainda vou ser citado pelo SIS…
24 abril 2006
África de novo sob ataque terrorista
Que clarividência política…
(© retirado, com a devida vénia, daqui)
Em homenagem à clarividência política do verdadeiro Abril do senhor da Pérola do Atlântico (já repararam que tem uma interessante simpatia por um tal Hugo Chavez, presidente de uma tal República Bolivariana da Venezuela; mas nem assim se recebe petróleo mais barato) coloquei no “Malambas” 8 partes de poemas de outros tantos autores lusófonos.
Um de cada nacionalidade.
Desculpem-me, mas como não tinha a certeza qual era a nacionalidade da Pérola do Atlântico - aqui mais parece imperar as regras de um Estado autónomo que as de um território com autonomia - decidi por não colocar nenhum de algum autor deste território.
ADENDA: Por razões que me ultrapassam, problemas no Blogger, só agora, quase 10 horas depois é que consegui colocar este apontamento. Mas ainda vai muito a tempo...
Em homenagem à clarividência política do verdadeiro Abril do senhor da Pérola do Atlântico (já repararam que tem uma interessante simpatia por um tal Hugo Chavez, presidente de uma tal República Bolivariana da Venezuela; mas nem assim se recebe petróleo mais barato) coloquei no “Malambas” 8 partes de poemas de outros tantos autores lusófonos.
Um de cada nacionalidade.
Desculpem-me, mas como não tinha a certeza qual era a nacionalidade da Pérola do Atlântico - aqui mais parece imperar as regras de um Estado autónomo que as de um território com autonomia - decidi por não colocar nenhum de algum autor deste território.
ADENDA: Por razões que me ultrapassam, problemas no Blogger, só agora, quase 10 horas depois é que consegui colocar este apontamento. Mas ainda vai muito a tempo...
23 abril 2006
Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais
E que tal se hoje nos deixassem fazeruma pausa para desfrutarmos do prazer de um bom livro.
Será que nos deixam?
Eu por mim vou tentar...
De qualquer das formas vou continuar a ler "Deus Acorda" da angolana-portuguesa Ana Paula de Castro, um livro que nos conta as estórias de um menino nascido num quimbo perto de Benguela que se fez homem.
Um romance que mais parece ser uma pequena história de Angola, na pele do menino Adrocasued [leiam ao contário], desde o regime colonial até à independência.
Nota: Mais tarde colocarei um trecho deste romance no Malambas (já colocado).
Será que nos deixam?
Eu por mim vou tentar...
De qualquer das formas vou continuar a ler "Deus Acorda" da angolana-portuguesa Ana Paula de Castro, um livro que nos conta as estórias de um menino nascido num quimbo perto de Benguela que se fez homem.
Um romance que mais parece ser uma pequena história de Angola, na pele do menino Adrocasued [leiam ao contário], desde o regime colonial até à independência.
Nota: Mais tarde colocarei um trecho deste romance no Malambas (já colocado).
21 abril 2006
Fim da crise militar no norte da Guiné-Bissau?
(© Foto de Jorge Neto; esta e outras a deliciar aqui)
Pelo menos é isso que informam os militares guineenses ao comunicarem que já expulsaram os rebeldes casamansenses do território Bissau-guineense.
Pois eu também sou muito ingénuo e acredito em tudo, nomeadamente, quando, apesar de não terem conseguido deter Salif Sadjo, o líder da facção mais radical do MFDC, e os senegaleses estarem, como estão, tão impávidos e serenos a verem o sangue guineense a ser derramado, que tudo se vai acalmar.
Como também acredito, por exemplo, que um actual Chefe de Estado-Maior guineense, a quem o actual presidente deu ordem de prisão, tortura, castração e indigência, esteja totalmente com o seu presidente; o mesmo militar que ameaçou prender deputados que acusou de apoiarem os rebeldes; ou que os balantas e os fulas, entre outros, não continuarão apoiar os seus irmãos de Casamança; e também que um Governo de Unidade Nacional, como proposto Bacai Sanhá, seja possível no actual quadro político nacional.
E já agora… alguém sabe por onde anda Kumba Yalá e Francisco Fadul?
Também, antigamente e nomeadamente no império romano, os triunviratos…
Pelo menos é isso que informam os militares guineenses ao comunicarem que já expulsaram os rebeldes casamansenses do território Bissau-guineense.
Pois eu também sou muito ingénuo e acredito em tudo, nomeadamente, quando, apesar de não terem conseguido deter Salif Sadjo, o líder da facção mais radical do MFDC, e os senegaleses estarem, como estão, tão impávidos e serenos a verem o sangue guineense a ser derramado, que tudo se vai acalmar.
Como também acredito, por exemplo, que um actual Chefe de Estado-Maior guineense, a quem o actual presidente deu ordem de prisão, tortura, castração e indigência, esteja totalmente com o seu presidente; o mesmo militar que ameaçou prender deputados que acusou de apoiarem os rebeldes; ou que os balantas e os fulas, entre outros, não continuarão apoiar os seus irmãos de Casamança; e também que um Governo de Unidade Nacional, como proposto Bacai Sanhá, seja possível no actual quadro político nacional.
E já agora… alguém sabe por onde anda Kumba Yalá e Francisco Fadul?
Também, antigamente e nomeadamente no império romano, os triunviratos…
O novo governo de STP
(© Palácio presidencial; retirado daqui)
Fradique Menezes deu posse ao novo Governo santomense saído das últimas eleições legislativas e ganhas pela coligação MDFM/PCD. O novo primeiro-ministro que chefiará um gabinete de 12 membros, é Tomé Vera Cruz, antigo ministro dos Recursos Naturais, no executivo até agora liderado por Maria das Neves (uma nota interessante: neste novo executivo parece haver alguns quantos ministros com laços familiares, ou talvez seja… Silvas há muitos!).
Que garantias irá dar este governo de minoria saído de uma contagem eleitoral polémica e sob “vigilância” do Ministério da Defesa, ou seja, dos militares e que pôs em causa «um dos pilares basilares da consolidação da democracia» como lembrou a presidente do Supremo Tribunal de Justiça/Tribunal Constitucional (STJ/TC), juiz-conselheira Alice Vera Cruz.
Uma vez mais eles saíram das casernas e nada de mais aconteceu. E, uma vez mais, o ministério da Defesa e Ordem Interna mantém-se liderado por um militar, o tal da “visita” a STJ/TC.
Até quando os militares continuarão a impor, mesmo que subtilmente, leis no seio da política democrática - a possível - de alguns países lusófonos?
Fradique Menezes deu posse ao novo Governo santomense saído das últimas eleições legislativas e ganhas pela coligação MDFM/PCD. O novo primeiro-ministro que chefiará um gabinete de 12 membros, é Tomé Vera Cruz, antigo ministro dos Recursos Naturais, no executivo até agora liderado por Maria das Neves (uma nota interessante: neste novo executivo parece haver alguns quantos ministros com laços familiares, ou talvez seja… Silvas há muitos!).
Que garantias irá dar este governo de minoria saído de uma contagem eleitoral polémica e sob “vigilância” do Ministério da Defesa, ou seja, dos militares e que pôs em causa «um dos pilares basilares da consolidação da democracia» como lembrou a presidente do Supremo Tribunal de Justiça/Tribunal Constitucional (STJ/TC), juiz-conselheira Alice Vera Cruz.
Uma vez mais eles saíram das casernas e nada de mais aconteceu. E, uma vez mais, o ministério da Defesa e Ordem Interna mantém-se liderado por um militar, o tal da “visita” a STJ/TC.
Até quando os militares continuarão a impor, mesmo que subtilmente, leis no seio da política democrática - a possível - de alguns países lusófonos?
20 abril 2006
Diamantes o melhor amigo do Partido
(diamantes... quem não gosta?)
Alguém me explica como é que, numa sociedade democrática ou em vias de democratização, um partido político tenha direito a explorar e comercializar gemas obtidas numa região diamantífera que lhe foi concessionada, mesmo que isso esteja ao abrigo de um Protocolo de Paz anteriormente assinado?
A quem agradam estas situações?
Alguém me explica como é que, numa sociedade democrática ou em vias de democratização, um partido político tenha direito a explorar e comercializar gemas obtidas numa região diamantífera que lhe foi concessionada, mesmo que isso esteja ao abrigo de um Protocolo de Paz anteriormente assinado?
A quem agradam estas situações?
Cabo-verdianos vão ter legalização antecipada
“Os cidadãos cabo-verdianos ilegais que se encontrem há mais de cinco anos a trabalhar em Portugal vão usufruir condições especiais de legalização.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, no final de uma visita de três dias a Cabo Verde, marcada pela constituição de uma comissão conjunta para debater os problemas da comunidade cabo-verdiana em Portugal.
(…) Depois de revelar ter falado com José Sócrates ao telefone [é!! não fosse abrir a boca antes do tempo como no caso dos cartunes], o ministro afirmou, citado pela Lusa "Estou em condições de anunciar que (…) dentro de duas a três semanas (…haverá) uma nova legislação para a imigração (...)” (in: Jornal de Notícias)
Não está em causa os legítimos anseios dos imigrantes cabo-verdianos em quererem ser legalizados quando estão a contribuir para o desenvolvimento do país que os acolhe e que, não poucas vezes, lhe é padrasto.
O que se questiona por que é que os outros não são igualmente contemplados e têm de esperar pela nova Lei da Nacionalidade? E como poderão os imigrantes provar que estão há cinco anos a trabalhar em Portugal se, em teoria, não estarão devidamente documentados porque, por certo, as entidades patronais, para não fugir às leis do seu País, não terão feito participação dessa qualidade – trabalhador – às competentes autoridades sociais.
Ora se não podem provar que trabalharam… como poderão solicitar a sua legalização? Ou irão, também, “legalizar” a prevaricação patronal?
.
imagem dos trabalhadores migrantes retirada daqui
O anúncio foi feito ontem pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, no final de uma visita de três dias a Cabo Verde, marcada pela constituição de uma comissão conjunta para debater os problemas da comunidade cabo-verdiana em Portugal.
(…) Depois de revelar ter falado com José Sócrates ao telefone [é!! não fosse abrir a boca antes do tempo como no caso dos cartunes], o ministro afirmou, citado pela Lusa "Estou em condições de anunciar que (…) dentro de duas a três semanas (…haverá) uma nova legislação para a imigração (...)” (in: Jornal de Notícias)
Não está em causa os legítimos anseios dos imigrantes cabo-verdianos em quererem ser legalizados quando estão a contribuir para o desenvolvimento do país que os acolhe e que, não poucas vezes, lhe é padrasto.
O que se questiona por que é que os outros não são igualmente contemplados e têm de esperar pela nova Lei da Nacionalidade? E como poderão os imigrantes provar que estão há cinco anos a trabalhar em Portugal se, em teoria, não estarão devidamente documentados porque, por certo, as entidades patronais, para não fugir às leis do seu País, não terão feito participação dessa qualidade – trabalhador – às competentes autoridades sociais.
Ora se não podem provar que trabalharam… como poderão solicitar a sua legalização? Ou irão, também, “legalizar” a prevaricação patronal?
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imagem dos trabalhadores migrantes retirada daqui
19 abril 2006
Há 32 anos...
(paquete Infante D. Henrique)
... e depois de ter passado quase um ano a viver em Portugal, conseguia "obrigar" os meus pais voltarem de vez - era essa a nossa intenção - para Angola.
Meu pai que tinha ido uns dias antes de avião, deixou-nos o encargo de embarcar as nossas imbambas para a volta que se previa - queria - definitiva à minha terra, à minha Angola.
Foi a 19 de Abril de 1974 que embarcámos, eu e minha mãe, no paquete Infante D. Henrique naquela que foi, em termos de viagem, a pior que alguma vez tinha feito por barco.
Portugal já andava em bolandas; tinha havido o 16 de Março reconhecido pelo Golpe das Caldas; a Assembleia Nacional, dominada pela União Nacional, via os seus deputados a não lá porem os pés - onde é que eu ouvi isto, recentemente? -; o paquete foi com metade a tripulação devido a problemas sociais e laborais na companhia a que pertencia o paquete, a Companhia Colonial de Navegação; a comida era intragável: corvina ao almoço, corvina ao jantar e, aleluia, omelete de... corvina ao mata-bicho (a minha mãe que estava de dieta rigorosa foi quem melhor se safou já que comia só cozido... umas vezes corvina, outras pescada); e depois... bom, e depois houve uma data que tudo mudou e essa é para outros cenários.
Foi há 32 anos...
... e depois de ter passado quase um ano a viver em Portugal, conseguia "obrigar" os meus pais voltarem de vez - era essa a nossa intenção - para Angola.
Meu pai que tinha ido uns dias antes de avião, deixou-nos o encargo de embarcar as nossas imbambas para a volta que se previa - queria - definitiva à minha terra, à minha Angola.
Foi a 19 de Abril de 1974 que embarcámos, eu e minha mãe, no paquete Infante D. Henrique naquela que foi, em termos de viagem, a pior que alguma vez tinha feito por barco.
Portugal já andava em bolandas; tinha havido o 16 de Março reconhecido pelo Golpe das Caldas; a Assembleia Nacional, dominada pela União Nacional, via os seus deputados a não lá porem os pés - onde é que eu ouvi isto, recentemente? -; o paquete foi com metade a tripulação devido a problemas sociais e laborais na companhia a que pertencia o paquete, a Companhia Colonial de Navegação; a comida era intragável: corvina ao almoço, corvina ao jantar e, aleluia, omelete de... corvina ao mata-bicho (a minha mãe que estava de dieta rigorosa foi quem melhor se safou já que comia só cozido... umas vezes corvina, outras pescada); e depois... bom, e depois houve uma data que tudo mudou e essa é para outros cenários.
Foi há 32 anos...
18 abril 2006
O caso Miala III
O caso Miala ainda tem pernas e parece ter vindo para ficar. Faz lembrar aquele anúncio de uma marca automóvel japonesa “que veio para ficar”.
Segundo se consta nos “corredores” de Luanda circula na cidade um documento atribuído ao antigo chefe de Segurança, Francisco Miala, e que terá sido divulgado pela Folha 8 e citado pelo Notícias Lusófonas.
Nesse documento Miala pergunta porque o condenaram sem o ouvirem sendo que o resultado da sindicância solicitada por Eduardo dos Santos onde são relatados os crimes que levaram à sua despromoção e reforma compulsiva «mais parecem uma peça de fantoches».
No citado documentos pode-se ler a certo passo que o trabalho que executava terá criado “… um mal-estar de que só mais tarde me apercebi. Quando se fala em alegadas investigações no interior do palácio (presidencial) não estão a dizer a verdade, mas posso garantir que não seria eu a denunciar o número de contas bancárias, imóveis ou investimentos do Presidente da República, como se chegou a aventar. E penso desta forma por continuar a ser fiel ao engenheiro José Eduardo dos Santos” para mais adiante referir que o seu grande crime “…foi o de tentar dizer a determinados colegas de trabalho que deveríamos aconselhar de forma diferente o camarada presidente, que seria importante, especialmente num quadro de paz, dizermos sempre a verdade ao chefe, para que ele tivesse a real noção da situação e de determinados riscos ao tomar algumas medidas”.
O interessante é que este documento terá começado a circular depois de Eduardo dos Santos ter saído do país em gozo de férias. Parece haver quem não queira que Miala chegue mesmo à fala com dos Santos. Porque será?
Grande parte deste documento pode ser lido acedendo aqui.
Segundo se consta nos “corredores” de Luanda circula na cidade um documento atribuído ao antigo chefe de Segurança, Francisco Miala, e que terá sido divulgado pela Folha 8 e citado pelo Notícias Lusófonas.
Nesse documento Miala pergunta porque o condenaram sem o ouvirem sendo que o resultado da sindicância solicitada por Eduardo dos Santos onde são relatados os crimes que levaram à sua despromoção e reforma compulsiva «mais parecem uma peça de fantoches».
No citado documentos pode-se ler a certo passo que o trabalho que executava terá criado “… um mal-estar de que só mais tarde me apercebi. Quando se fala em alegadas investigações no interior do palácio (presidencial) não estão a dizer a verdade, mas posso garantir que não seria eu a denunciar o número de contas bancárias, imóveis ou investimentos do Presidente da República, como se chegou a aventar. E penso desta forma por continuar a ser fiel ao engenheiro José Eduardo dos Santos” para mais adiante referir que o seu grande crime “…foi o de tentar dizer a determinados colegas de trabalho que deveríamos aconselhar de forma diferente o camarada presidente, que seria importante, especialmente num quadro de paz, dizermos sempre a verdade ao chefe, para que ele tivesse a real noção da situação e de determinados riscos ao tomar algumas medidas”.
O interessante é que este documento terá começado a circular depois de Eduardo dos Santos ter saído do país em gozo de férias. Parece haver quem não queira que Miala chegue mesmo à fala com dos Santos. Porque será?
Grande parte deste documento pode ser lido acedendo aqui.
17 abril 2006
Angola contraiu empréstimos ou uma colossal dívida?
De acordo com os mais recentes números Angola contraiu empréstimos – leiam-se dívidas – de 5,5 mil milhões de dólares (USD), desde os Acordos de Paz de Luena.
Estes números foram avançados pelos vice-ministro das Finanças angolano que referiu, ainda, que 58% foram contraídos junto da China – e que serão bem pagos, não tenhamos dúvidas –, 19% em Espanha, 11% tiveram proveniência em Israel, 4% foram “dados” pelo Brasil e 3% pela Alemanha. África do Sul e Índia contribuíram com 1% cada.
Pois é! o vice-ministro diz que Angola contraiu 5,5 mil milhões de USD de empréstimos. O Clube de Paris, que contabiliza as dívidas nacionais diz, pela boca do porta-voz do Ministério das Finanças angolano, que o país tem uma dívida – perdão, uma monstruosa dívida – externa de 9,5 mil milhões de USD que irá ser objecto de uma reestruturação para regularizar falta de pagamentos!!! a credores internacionais!
Face ao crescimento económico previsto para este ano – números do Banco Mundial apontam para 14% enquanto outras fontes, como o FMI, avançam para os 27% (nem estes que são da mesma casa se entendem) –, a redução da inflação para valores nunca antes atingidos – cerca de 10% – e a previsão de produção petrolífera, até 2008, de 2.000 milhões de barris/dia!!! – ao actual preço de referência de 60 USD, hoje dá qualquer coisa como uma produção anual de 6,5 mil milhões de USD – não é estranho que, 4 anos após a celebração da Paz, ainda haja tanta gente a morrer devido às más condições de salubridade e falta de apoio social, ou seja, morram de cólera – que neste momento já começa a ser um caso de nível nacional – e má-nutrição; que ainda hajam populações a solicitar intervenção das autoridades para desminarem alguma parcela de campo de modo a poderem criar um mínimo sustentável de produção agrícola – relembrava o grito da população de Lopitanga, Andulo, que não pode circular por ter o campo todo minado e que parece ser a sina de toda a região do Andulo –; que as eleições nunca mais se realizem, prevendo-se que muito dificilmente acontecerão em 2007?
Pois é! o vice-ministro diz que Angola contraiu empréstimos. O porta-voz diz que temos uma colossal dívida...
A quem agrada esta situação?
De certeza que não é aos Angolanos!!!!
Ou, como alguém há dias comentava em surdina, quem não quer ser comissionista nestes negócios...
Estes números foram avançados pelos vice-ministro das Finanças angolano que referiu, ainda, que 58% foram contraídos junto da China – e que serão bem pagos, não tenhamos dúvidas –, 19% em Espanha, 11% tiveram proveniência em Israel, 4% foram “dados” pelo Brasil e 3% pela Alemanha. África do Sul e Índia contribuíram com 1% cada.
Pois é! o vice-ministro diz que Angola contraiu 5,5 mil milhões de USD de empréstimos. O Clube de Paris, que contabiliza as dívidas nacionais diz, pela boca do porta-voz do Ministério das Finanças angolano, que o país tem uma dívida – perdão, uma monstruosa dívida – externa de 9,5 mil milhões de USD que irá ser objecto de uma reestruturação para regularizar falta de pagamentos!!! a credores internacionais!
Face ao crescimento económico previsto para este ano – números do Banco Mundial apontam para 14% enquanto outras fontes, como o FMI, avançam para os 27% (nem estes que são da mesma casa se entendem) –, a redução da inflação para valores nunca antes atingidos – cerca de 10% – e a previsão de produção petrolífera, até 2008, de 2.000 milhões de barris/dia!!! – ao actual preço de referência de 60 USD, hoje dá qualquer coisa como uma produção anual de 6,5 mil milhões de USD – não é estranho que, 4 anos após a celebração da Paz, ainda haja tanta gente a morrer devido às más condições de salubridade e falta de apoio social, ou seja, morram de cólera – que neste momento já começa a ser um caso de nível nacional – e má-nutrição; que ainda hajam populações a solicitar intervenção das autoridades para desminarem alguma parcela de campo de modo a poderem criar um mínimo sustentável de produção agrícola – relembrava o grito da população de Lopitanga, Andulo, que não pode circular por ter o campo todo minado e que parece ser a sina de toda a região do Andulo –; que as eleições nunca mais se realizem, prevendo-se que muito dificilmente acontecerão em 2007?
Pois é! o vice-ministro diz que Angola contraiu empréstimos. O porta-voz diz que temos uma colossal dívida...
A quem agrada esta situação?
De certeza que não é aos Angolanos!!!!
Ou, como alguém há dias comentava em surdina, quem não quer ser comissionista nestes negócios...
Bijagós em exposição
Sob a coordenação de Joacine Moreira, o CIDAC, Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral, o Museu Nacional de História Natural, o Instituto Marquês Valle Flor e a AEGBL, Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa, vão levar a efeito no Museu de História Natural, sito em Lisboa, uma exposição fotográfica e antropológica sobre os Bijagós que servirá, em simultâneo, como suporte à sua candidatura – à sua natural candidatura – a Património Mundial.Deixo-vos o convite que os organizadores estão a efectuar e que se realizará de 22 de Abril a 30 de Junho:
“ARQUIPÉLAGO DOS BIJAGÓS: UM PATRIMÓNIO A PRESERVAR”
A exposição foi realizada pelo PRCM – Programa Regional de Conservação da Zona Costeira e Marinha da África Ocidental na sede da UNESCO (Paris), de 24 a 28 de Fevereiro de 2005, no âmbito da Conferência Internacional “Biodiversité, Science et Gouvernance”.
Foi apresentada posteriormente no Palais de la Porte Dorée, mais especificamente no Aquarium Tropical, onde esteve patente de 6 de Abril a 6 de Novembro de 2005.
O objectivo da Exposição é dar a conhecer o Arquipélago dos Bijagós, situado ao largo da Guiné-Bissau, o modo de gestão tradicional dos seus recursos que preserva a biodiversidade, assim como as ameaças exteriores que pesam sobre uma natureza extraordinária, até aqui preservada pelas comunidades rurais.
O CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral dará continuidade a esta iniciativa com a sua apresentação em Portugal, contribuindo para a emergência de uma opinião pública portuguesa mais informada nas áreas abrangidas pela exposição.
A exposição permite introduzir os seguintes painéis temáticos: a natureza, a biodiversidade e os recursos; os ritos culturais e religiosos para gerir o espaço e seus recursos; a globalização e as pressões exógenas; a Reserva de Biosfera, quadro apropriado para a ciência, a educação e a conservação em benefício da comunidade e do país.
A exposição é constituída por fotografias de diferentes formatos (fruto da selecção do trabalho dos fotógrafos profissionais, Jean François Hellio e de Nicolas Van Ingen – que passaram dois meses com os bijagós), e de vários objectos representativos da cultura e religião bijagó.
.
Local da exposição:
MNHN – Rua da Escola Politécnica, nº 58, 1269-102 Lisboa
Acessos: Metro do Rato, autocarros carris nº 58, nº100, nº6, nº9, nº27, nº38 e nº49
Horário: Seg a sexta das 10h às 13h e das 14h às 17h / sábados das 15h às 18h
MNHN – Rua da Escola Politécnica, nº 58, 1269-102 Lisboa
Acessos: Metro do Rato, autocarros carris nº 58, nº100, nº6, nº9, nº27, nº38 e nº49
Horário: Seg a sexta das 10h às 13h e das 14h às 17h / sábados das 15h às 18h
13 abril 2006
Feliz Páscoa 2006
Nesta ocasião desejo-vos muitos e deliciosos ovinhos.
Felizmente não serão destas
Mas destes!!
BOA e FELIZ PÁSCOA
12 abril 2006
Peru, e os resultados das presidenciais são...
Tal como em Itália, também no Peru parece que as sondagens foram derrotadas pelo voto.
De acordo com as primeiras projecções eleitorais passariam à segunda volta, a realizar em Maio, o candidato populista bolivariano Ollanta Humala, pró-Hugo Chavez, e a conservadora-cristã Lourdes Flores.
Todavia, e de acordo com o mapa acima e quando estão escrutinados cerca de 87% dos votos, parece que o liberal e antigo presidente Alan Garcia surge, nesta altura como o mais provável candidato a acompanhar Humala à referida 2ª volta – nesta altura parece que é a única certeza.
Garcia espera que o voto camponês, ainda não contado, o possa favorecer e consagrá-lo como o oponente de Humala. Considerando o apoio que Humala tinha junto deste sector, o mesmo que consagrou Chavez, na presidência da Venezuela, "Lula" da Silva, no Brasil ou um Evo Morales, na Bolívia, é - ou será - um pouco estranha esta esperança.
Por sua vez, e aqui a similitude com os italianos é interessante, a Unidad Nacional, de Flores, espera que os votos dos peruanos no exterior inverta a situação actual.
Mas tal como em Itália, ou como em São Tomé e Príncipe e como foi em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, os diferentes opositores não se conformam e exigem recontagem atrás de recontagem evocando “errores involuntarios” entre as actas observadas e a contagem de votos.
Entretanto, o demissionário presidente Alejandro Tolledo assina hoje um Tratado de Livre Comércio (TLC), com os EUA, no âmbito de um possível alargamento da NAFTA.
Será uma forma dos EUA contrariarem o contínuo aumento de governos mais "esquerdistas" no seio da OEA.
De acordo com as primeiras projecções eleitorais passariam à segunda volta, a realizar em Maio, o candidato populista bolivariano Ollanta Humala, pró-Hugo Chavez, e a conservadora-cristã Lourdes Flores.
Todavia, e de acordo com o mapa acima e quando estão escrutinados cerca de 87% dos votos, parece que o liberal e antigo presidente Alan Garcia surge, nesta altura como o mais provável candidato a acompanhar Humala à referida 2ª volta – nesta altura parece que é a única certeza.
Garcia espera que o voto camponês, ainda não contado, o possa favorecer e consagrá-lo como o oponente de Humala. Considerando o apoio que Humala tinha junto deste sector, o mesmo que consagrou Chavez, na presidência da Venezuela, "Lula" da Silva, no Brasil ou um Evo Morales, na Bolívia, é - ou será - um pouco estranha esta esperança.
Por sua vez, e aqui a similitude com os italianos é interessante, a Unidad Nacional, de Flores, espera que os votos dos peruanos no exterior inverta a situação actual.
Mas tal como em Itália, ou como em São Tomé e Príncipe e como foi em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, os diferentes opositores não se conformam e exigem recontagem atrás de recontagem evocando “errores involuntarios” entre as actas observadas e a contagem de votos.
Entretanto, o demissionário presidente Alejandro Tolledo assina hoje um Tratado de Livre Comércio (TLC), com os EUA, no âmbito de um possível alargamento da NAFTA.
Será uma forma dos EUA contrariarem o contínuo aumento de governos mais "esquerdistas" no seio da OEA.
11 abril 2006
E o país também está de férias?
Enorme é um país em que o seu presidente, depois de ter estado ausente em viagem particular (leia-se férias) para consultas médicas, entrou, de novo, em merecido gozo de férias – segundo parece, cerca de 15 dias – voltando ao mesmo lugar e viajando por outras paragens no exterior.
País assim, só demonstra estar bem governado… ou será que o que irá acontecer é que alguém ir-se-á bem governar?
País assim, só demonstra estar bem governado… ou será que o que irá acontecer é que alguém ir-se-á bem governar?
Benfica ainda em três frentes
© retirado daqui, não se vá dar o caso de me pedirem que pague direitos
Esta recebi, via SMS, de um sportinguista que ainda anda a comprimidos por causa da azia que lhe provocou Jorginho no passado sábado, dia 8 de Abril.
“Afinal o Benfica ainda está nas 3 frentes: frente ao Colombo [um enorme Centro Comercial]; frente ao MediaMarket [outro Centro Comercial]; e frente à Repsol [empresa gasolineira que, por acaso, é espanhola]”.
Reconheçamos que, apesar de tudo, ainda têm espírito. É de saudar e de louvar. Principalmente quando há aqueles que estão ainda em três frentes e outros querem-se desfazer, a qualquer preço, de todas elas…
Ah! e já agora, só para ajudar a aumentar a azia. O Benfica de Luanda está bem posicionado no Girabola, em 3º; já o do Lubango está em 6º... e alguém sabe por onde anda a filial sportiguista? Certo! ainda vamos na oitava jornada...
Esta recebi, via SMS, de um sportinguista que ainda anda a comprimidos por causa da azia que lhe provocou Jorginho no passado sábado, dia 8 de Abril.
“Afinal o Benfica ainda está nas 3 frentes: frente ao Colombo [um enorme Centro Comercial]; frente ao MediaMarket [outro Centro Comercial]; e frente à Repsol [empresa gasolineira que, por acaso, é espanhola]”.
Reconheçamos que, apesar de tudo, ainda têm espírito. É de saudar e de louvar. Principalmente quando há aqueles que estão ainda em três frentes e outros querem-se desfazer, a qualquer preço, de todas elas…
Ah! e já agora, só para ajudar a aumentar a azia. O Benfica de Luanda está bem posicionado no Girabola, em 3º; já o do Lubango está em 6º... e alguém sabe por onde anda a filial sportiguista? Certo! ainda vamos na oitava jornada...
Eusébio Sanjane, o blogue
Eusébio Sanjane, um jovem poeta que editou, recentemente, Rosas e Lágrimas e que tive o prazer de colocar no Malambas um poema dele, lançou-se mais além.
Acabou de criar um blogue, "Eusébio Sanjane".
É um blogue que promete e que penso ser leitor assíduo como tenho a certeza o será JPT, do Ma-Schamba - ele que me desculpe este abuso -, de onde bebi, inicialmente, a informaçãosobre o citado lançamento de Rosas e Lágrimas.
Acabou de criar um blogue, "Eusébio Sanjane".
É um blogue que promete e que penso ser leitor assíduo como tenho a certeza o será JPT, do Ma-Schamba - ele que me desculpe este abuso -, de onde bebi, inicialmente, a informaçãosobre o citado lançamento de Rosas e Lágrimas.
10 abril 2006
A cólera em Angola
("Crianças brincando, ou sorvendo, no meio do lixo" uma das muitas fotos que Estevão LaFuente enviou para os órgãos de informação e que mostram o outro lado da riqueza angolana, retirada daqui).
De acordo com notícias de Angola e transmitidas pelos Médicos sem Fronteiras, Angola está a atingir o ponto de ruptura quanto à capacidade para receber e tratar doentes de cólera.
Segundo aquela organização, em informação prestada à RDP-África, directamente de Luanda, há já quatro províncias onde a pandemia está totalmente "implantada": Luanda, Bengo, Benguela e Kwanza Norte; onde já se registaram entre 3700 e 4000 casos confirmados e mais de 150 mortos.
Porque será? Será por causa de factos como os que mostram a fotografia?
Será por causa da deficiente confecção da comida, da falta de higiene, de alguns esgotos a ceú-aberto, ou terá sido por causa das chuvadas intensas que cairam em Luanda, na passada semana?
A presença dos empresários portugueses foi positiva e é de saudar. Mas não seria também de saudar se Sócrates tivesse levado apoio médico quando já se sabia que a epidemia da cólera estava a alastrar por todo o país? Deve se lembrar das dificuldades que a sua comitiva teve para se vacinar...
De acordo com notícias de Angola e transmitidas pelos Médicos sem Fronteiras, Angola está a atingir o ponto de ruptura quanto à capacidade para receber e tratar doentes de cólera.
Segundo aquela organização, em informação prestada à RDP-África, directamente de Luanda, há já quatro províncias onde a pandemia está totalmente "implantada": Luanda, Bengo, Benguela e Kwanza Norte; onde já se registaram entre 3700 e 4000 casos confirmados e mais de 150 mortos.
Porque será? Será por causa de factos como os que mostram a fotografia?
Será por causa da deficiente confecção da comida, da falta de higiene, de alguns esgotos a ceú-aberto, ou terá sido por causa das chuvadas intensas que cairam em Luanda, na passada semana?
A presença dos empresários portugueses foi positiva e é de saudar. Mas não seria também de saudar se Sócrates tivesse levado apoio médico quando já se sabia que a epidemia da cólera estava a alastrar por todo o país? Deve se lembrar das dificuldades que a sua comitiva teve para se vacinar...
08 abril 2006
Eleições no Peru
Publicado na edição de hoje do Jornal de Notícias um comentário às eleições peruanas de amanhã, sob o título “Aos EUA já basta um Hugo Chavez”.
Na mesma edição, na secção Internacional, poderão aceder a dois interessantes artigos de Orlando Castro onde a problemática eleitoral latino-americana está em análise, em particular a chegada ao poder de partidos e individualidades de Esquerda mas que mantém cerebralmente uma economia de Direita.
Só assim se percebe porque a administração norte-americana EUA ainda deixa a América Latina tão sossegada.
07 abril 2006
Dia Mundial da Saúde
Em África a saúde continua a ser o parente pobre dos inúmeros Governos nacionais.
O Sida, o paludismo/malária, a cólera são endemias para as quais não se vislumbra um fim. A seca mata milhares na zona do Sahel.
Seis mil pessoas morrem diariamente em África com Sida, mas nem por isso certos governantes permitem que sejam dados retrovirais ao seu povo;
A morte por paludismo (malária), em África, representa cerca de 80% dos mortos mundiais, num universo de 1 milhão de mortos/ano, custando à economia africana cerca de 12 mil milhões de USDólares;
A UNICEF avisa que, na CPLP e nos próximos quatro anos, devido ao Sida o número de crianças órfãs deverá aumentar cerca de 25%.
Em Angola, a cólera que já afectou cerca de 3700 pessoas, matou 155.
Moçambique, regista cerca de 320.000 crianças órfãs de pais vítimas de sida, sendo que 80.000, serão já portadoras da doença.
Na Guiné-Bissau, por causa do Sida, a constante falta de médicos leva as populações acorrerem à medicina tradicional, às ervas e aos irãs.
No Níger cerca de 300 mil pessoas poderão morrer devido à “endémica” falta de água
Estes, são exemplos como outros mais que se poderia aqui deixar neste Dia Mundial da Saúde.
O Sida, o paludismo/malária, a cólera são endemias para as quais não se vislumbra um fim. A seca mata milhares na zona do Sahel.
Seis mil pessoas morrem diariamente em África com Sida, mas nem por isso certos governantes permitem que sejam dados retrovirais ao seu povo;
A morte por paludismo (malária), em África, representa cerca de 80% dos mortos mundiais, num universo de 1 milhão de mortos/ano, custando à economia africana cerca de 12 mil milhões de USDólares;
A UNICEF avisa que, na CPLP e nos próximos quatro anos, devido ao Sida o número de crianças órfãs deverá aumentar cerca de 25%.
Em Angola, a cólera que já afectou cerca de 3700 pessoas, matou 155.
Moçambique, regista cerca de 320.000 crianças órfãs de pais vítimas de sida, sendo que 80.000, serão já portadoras da doença.
Na Guiné-Bissau, por causa do Sida, a constante falta de médicos leva as populações acorrerem à medicina tradicional, às ervas e aos irãs.
No Níger cerca de 300 mil pessoas poderão morrer devido à “endémica” falta de água
Estes, são exemplos como outros mais que se poderia aqui deixar neste Dia Mundial da Saúde.
Imigrantes expulsos de Portugal
© Trabalhadores-migrantes; enquanto úteis…
Muito se tem falado em expulsão de imigrantes…
Só durante o ano de 2005, e de acordo com dados do SEF citados no DN, Portugal terá expulso 784 imigrantes ilegais; mais 270 imigrantes que o ano anterior, representando um aumento de 53% nas expulsões. A maioria dos expulsos é de nacionalidade brasileira, alguns já há uns anos a residir em Portugal e que estavam a atentar obter a sua regularização ao abrigo do “Acordo Lula” mas que, até ao momento, o não conseguiram, na maioria dos casos por dificuldades em obtenção de acordos de trabalho válido junto de empregadores nacionais.
Pois é!! tantas “lágrimas e ranho” por imigrantes portugueses expulsos do Canadá – e que, segundo uma frase dada como sendo de António Vitorino, terá uma legislação menos restritiva que a Europeia – enquanto em Portugal se vai expulsando pessoas sem que esses “fazedores de lágrimas” nada digam.
Há que seguir as normas e fazer como diz o adágio popular: faz o que ele diz [aqui está o legislador português], não o que ele faz [os “biltres” dos canadianos].
Muito se tem falado em expulsão de imigrantes…
Só durante o ano de 2005, e de acordo com dados do SEF citados no DN, Portugal terá expulso 784 imigrantes ilegais; mais 270 imigrantes que o ano anterior, representando um aumento de 53% nas expulsões. A maioria dos expulsos é de nacionalidade brasileira, alguns já há uns anos a residir em Portugal e que estavam a atentar obter a sua regularização ao abrigo do “Acordo Lula” mas que, até ao momento, o não conseguiram, na maioria dos casos por dificuldades em obtenção de acordos de trabalho válido junto de empregadores nacionais.
Pois é!! tantas “lágrimas e ranho” por imigrantes portugueses expulsos do Canadá – e que, segundo uma frase dada como sendo de António Vitorino, terá uma legislação menos restritiva que a Europeia – enquanto em Portugal se vai expulsando pessoas sem que esses “fazedores de lágrimas” nada digam.
Há que seguir as normas e fazer como diz o adágio popular: faz o que ele diz [aqui está o legislador português], não o que ele faz [os “biltres” dos canadianos].
Angola, a esperança
“ […] De resto, só me convencerei de que Angola está mesmo a avançar o dia em que um mudo telefonar para um surdo a dizer que um cego viu um aleijado a correr atrás de um careca para cortar-lhe o cabelo com o fito de ir à boda da paz porque em Caluquembe (Huila), desde o dia 4 de Abril de 2002, para cá que já não se morre de fome nem de frio.”
Caro Jorge Eurico, como um, já kota, lampião, triste por ter visto o meu Benfica ficar pelo caminho, mas alegre porque acredito na vida, confio que ainda iremos ver a Paz, a Liberdade e o Desenvolvimento na nossa Angola.
Apesar de tudo, e citando tal como o meu amigo, um adágio, a esperança é a última a morrer.
Caro Jorge Eurico, como um, já kota, lampião, triste por ter visto o meu Benfica ficar pelo caminho, mas alegre porque acredito na vida, confio que ainda iremos ver a Paz, a Liberdade e o Desenvolvimento na nossa Angola.
Apesar de tudo, e citando tal como o meu amigo, um adágio, a esperança é a última a morrer.
05 abril 2006
A cultura portuguesa em Angola
foto retirada do sítio Instituto Camões
Durante a inauguração da exposição "Portugal Novo", no renovado Centro Cultural Português, que agrupa pinturas de Paula Rego e Julião Sarmento, fotografias de Helena Almeida e Jorge Molder, e uma escultura de Rui Chafes, José Sócrates afirmou que Portugal estava a dar mostras da sua modernidade ao apresentar aos angolanos estas obras que representam, segundo suas palavras, o “mais moderno que há nas artes plásticas” de Portugal; – penso que continuo demasiado agarrado a arcaísmos culturais para ainda hoje, olhando a pintura de Sampaio, efectuada por Paula Rego, não a conseguir discernir convenientemente; é que, desde sempre, me pareceu mais uma caricatura que um retrato, mas quem sou eu para criticar uma obra de arte?
Pois, uma nova modernidade ecuménica por certo. Perdão, queria dizer, económica. Só assim se entende que na sua comitiva só fossem empresários – leia-se economicistas e homens de dinheiro – e nada de cultura ou outras actividades, como médicos, por exemplo, para ajudar a quase pandemia em que se está a tornar o surto de cólera.
Ou será que Sócrates já sabia que uma editora portuguesa ia oferecer 5000 volumes à Biblioteca Nacional e Angola, em Luanda, e isso bastava para solidificar a cultura junto de Angola?
Ou será que para Sócrates, Angola é um país onde a cultura é uma palavra vã?
Só assim pensará quem não sabe que da zona de Angola saiu, também, a génese do samba, entre outras manifestações de cultura.
Pelo andar da carruagem o governo de Sócrates deve pensar que Angola não precisa da cultura portuguesa. Ou será que esta ainda tem alguma coisa para oferecer?
Mas Angola tem. Daí ter inaugurado, ontem, uma exposição de artistas plásticos em Lisboa e haver muitas outras espalhadas por Portugal.
Não temos receio de mostrar a nossa cultura. Será pobre? Seja, mas existe…
Durante a inauguração da exposição "Portugal Novo", no renovado Centro Cultural Português, que agrupa pinturas de Paula Rego e Julião Sarmento, fotografias de Helena Almeida e Jorge Molder, e uma escultura de Rui Chafes, José Sócrates afirmou que Portugal estava a dar mostras da sua modernidade ao apresentar aos angolanos estas obras que representam, segundo suas palavras, o “mais moderno que há nas artes plásticas” de Portugal; – penso que continuo demasiado agarrado a arcaísmos culturais para ainda hoje, olhando a pintura de Sampaio, efectuada por Paula Rego, não a conseguir discernir convenientemente; é que, desde sempre, me pareceu mais uma caricatura que um retrato, mas quem sou eu para criticar uma obra de arte?
Pois, uma nova modernidade ecuménica por certo. Perdão, queria dizer, económica. Só assim se entende que na sua comitiva só fossem empresários – leia-se economicistas e homens de dinheiro – e nada de cultura ou outras actividades, como médicos, por exemplo, para ajudar a quase pandemia em que se está a tornar o surto de cólera.
Ou será que Sócrates já sabia que uma editora portuguesa ia oferecer 5000 volumes à Biblioteca Nacional e Angola, em Luanda, e isso bastava para solidificar a cultura junto de Angola?
Ou será que para Sócrates, Angola é um país onde a cultura é uma palavra vã?
Só assim pensará quem não sabe que da zona de Angola saiu, também, a génese do samba, entre outras manifestações de cultura.
Pelo andar da carruagem o governo de Sócrates deve pensar que Angola não precisa da cultura portuguesa. Ou será que esta ainda tem alguma coisa para oferecer?
Mas Angola tem. Daí ter inaugurado, ontem, uma exposição de artistas plásticos em Lisboa e haver muitas outras espalhadas por Portugal.
Não temos receio de mostrar a nossa cultura. Será pobre? Seja, mas existe…
Ainda estou a reflectir…
Estas foram as palavras do presidente José Eduardo dos Santos a uma questão colocada por jornalistas sobre a sua possível, e quase mais que provável, recandidatura às presidenciais angolanas.
Esta resposta aconteceu durante a recepção ao primeiro-ministro português, José Sócrates. Muito deve valer este primeiro - não acredito que sejam só os 300 milhões de euros - porque o presidente Cavaco não teve a presença de Eduardo dos Santos na sua investidura - é verdade, ia ao Brasil fazer uma inspecção médica, ou seria porque havia que deslindar Miala - nem um presidente, como "Xanana" Gusmão, foi recebido por ele.
Mas senhor presidente reflicta depressa porque o país precisa, urgentemente, de eleições. Se não forem as presidenciais, pelo menos deixe sair da gaveta a data das legislativas.
Agradecemos reconhecidos.
Esta resposta aconteceu durante a recepção ao primeiro-ministro português, José Sócrates. Muito deve valer este primeiro - não acredito que sejam só os 300 milhões de euros - porque o presidente Cavaco não teve a presença de Eduardo dos Santos na sua investidura - é verdade, ia ao Brasil fazer uma inspecção médica, ou seria porque havia que deslindar Miala - nem um presidente, como "Xanana" Gusmão, foi recebido por ele.
Mas senhor presidente reflicta depressa porque o país precisa, urgentemente, de eleições. Se não forem as presidenciais, pelo menos deixe sair da gaveta a data das legislativas.
Agradecemos reconhecidos.
04 abril 2006
Dia Nacional da Paz e da Reconciliação
(retirado do Tantã cultural, nº. 209, ed. Total Angola)
Comemora-se hoje, 4 de Abril, o Dia Nacional da Paz e da Reconciliação
É o quarto aniversário do fim da fratricida luta angolana, com a assinatura em Luanda, em 2002, do memorando de Entendimento, preparado em Luena, e assinado por aqueles que fizeram a guerra (os generais Armando Cruz Neto, Chefe do Estado-maior das FAA, e Geraldo Ucuahitembo “Kamorteiro”, hoje vice-Chefe do Estado-maior das FAA e, na altura, o general das Fala/Unita que aceitou dar a cara pela Paz) e não por políticos de “boa-vontade” como até então.
Interessante um artigo publicado no Jornal de Angola, e citada no AngoNotícias, sobre as palavras proferidas pelo general Kamorteiro às chefias militares angolanas.
Igualmente interessante e pertinente um dos comentários aí registados: a Paz só será consolidada quando houver eleições e se registar uma reestruturação do Governo.
Será suficiente?
Comemora-se hoje, 4 de Abril, o Dia Nacional da Paz e da Reconciliação
É o quarto aniversário do fim da fratricida luta angolana, com a assinatura em Luanda, em 2002, do memorando de Entendimento, preparado em Luena, e assinado por aqueles que fizeram a guerra (os generais Armando Cruz Neto, Chefe do Estado-maior das FAA, e Geraldo Ucuahitembo “Kamorteiro”, hoje vice-Chefe do Estado-maior das FAA e, na altura, o general das Fala/Unita que aceitou dar a cara pela Paz) e não por políticos de “boa-vontade” como até então.
Interessante um artigo publicado no Jornal de Angola, e citada no AngoNotícias, sobre as palavras proferidas pelo general Kamorteiro às chefias militares angolanas.
Igualmente interessante e pertinente um dos comentários aí registados: a Paz só será consolidada quando houver eleições e se registar uma reestruturação do Governo.
Será suficiente?
Entrevista ao Notícias Lusófonas
Por ocasião da visita de José Sócrates a Angola, o NL solicitou-me uma entrevista a que foi dada o título de «Empresários portugueses gostam pouco de arriscar» e que poderá ser lida, na íntegra, acedendo aqui.
Gostaria da vossa opinião, pelo que não se preocupem se atulharem os comentários.
Obrigado.
Gostaria da vossa opinião, pelo que não se preocupem se atulharem os comentários.
Obrigado.
03 abril 2006
Senghor, o centenário do nascimento
A 20 de Março decorreram as Jornadas Internacionais da Francofonia.
Era minha intenção alertar para este facto em contra-ponto àquilo que se faz – ou não e faz – quanto à Lusofonia.
Uma das razões prendia-se com o facto de um dos maiores defensores da Francofonia ser, também ele, um dos criadores da Negritude, corrente mais tarde adoptada por muitos dos intelectuais e políticos africanos: Leopold Ségar Senghor (1906-2001), Poeta, Ensaísta e Homem de Estado estar a comemorar o centenário do nascimento.
Havia também o facto da proximidade do Dia Mundial da Poesia. Todavia, nem por esse facto, a data deixou de ser indesculpavelmente, esquecida. Mas como vale mais tarde que nunca e porque em Angola está a decorrer a Feira do livro infantil – comemorou-se ontem o Dia Mundial – e em Maio vai decorrer a Feira do Livro e do Disco da CPLP, aproveito para vos deixar aqui um poema de Senghor na versão francesa (da obra "Oeuvres Poétiques", ed. Le soleil) e na versão portuguesa de Guilherme de Souza Castro:
Femme noire
Femme nue, femme noire
Vétue de ta couleur qui est vie, de ta forme qui est beauté
J'ai grandi à ton ombre; la douceur de tes mains bandait mes yeux
Et voilà qu'au coeur de l'Eté et de Midi,
Je te découvre, Terre promise, du haut d'un haut col calciné
Et ta beauté me foudroie en plein coeur, comme l'éclair d'un aigle
Femme nue, femme obscure
Fruit mûr à la chair ferme, sombres extases du vin noir, bouche qui fais
lyrique ma bouche
Savane aux horizons purs, savane qui frémis aux caresses ferventes du
Vent d'Est
Tamtam sculpté, tamtam tendu qui gronde sous les doigts du vainqueur
Ta voix grave de contralto est le chant spirituel de l'Aimée
Femme noire, femme obscure
Huile que ne ride nul souffle, huile calme aux flancs de l'athlète, aux
flancs des princes du Mali
Gazelle aux attaches célestes, les perles sont étoiles sur la nuit de ta
peau.
Délices des jeux de l'Esprit, les reflets de l'or ronge ta peau qui se moire
A l'ombre de ta chevelure, s'éclaire mon angoisse aux soleils prochains
de tes yeux.
Femme nue, femme noire
Je chante ta beauté qui passe, forme que je fixe dans l'Eternel
Avant que le destin jaloux ne te réduise en cendres pour nourrir les
racines de la vie.
Mulher Negra
Mulher nua, mulher negra
Vestida de tua cor que é vida, de tua forma que é beleza!
Cresci à tua sombra; a doçura de tuas mãos acariciou os meus olhos
E eis que, no auge do verão, em pleno Sul, eu te descubro,
Terra prometida, do cimo de alto desfiladeiro calcinado,
E tua beleza me atinge em pleno coração, como o golpe certeiro
de uma águia.
Fêmea nua, fêmea escura.
Fruto sazonado de carne vigorosa, êxtase escuro de vinho negro,
boca que faz lírica a minha boca
savana de horizontes puros, savana que freme com
as carícias ardentes do vento Leste.
Tam-tam escultural, tenso tambor que murmura sob os dedos
do vencedor
Tua voz grave de contralto é o canto espiritual da Amada.
Fêmea nua, fêmea negra,
Lençol de óleo que nenhum sopro enruga, óleo calmo nos flancos do atleta,
nos flancos dos príncipes do Mali.
Gazela de adornos celestes, as pérolas são estrelas sobre
a noite da tua pele.
Delícia do espírito, as cintilações de ouro sobre tua pele que ondula
à sombra de tua cabeleira. Dissipa-se minha angústia,
ante o sol dos teus olhos.
Mulher nua, fêmea negra,
Eu te canto a beleza passageira para fixá-la eternamente,
antes que o zelo do destino te reduza a cinzas para
alimentar as raízes da vida.
Era minha intenção alertar para este facto em contra-ponto àquilo que se faz – ou não e faz – quanto à Lusofonia.
Uma das razões prendia-se com o facto de um dos maiores defensores da Francofonia ser, também ele, um dos criadores da Negritude, corrente mais tarde adoptada por muitos dos intelectuais e políticos africanos: Leopold Ségar Senghor (1906-2001), Poeta, Ensaísta e Homem de Estado estar a comemorar o centenário do nascimento.
Havia também o facto da proximidade do Dia Mundial da Poesia. Todavia, nem por esse facto, a data deixou de ser indesculpavelmente, esquecida. Mas como vale mais tarde que nunca e porque em Angola está a decorrer a Feira do livro infantil – comemorou-se ontem o Dia Mundial – e em Maio vai decorrer a Feira do Livro e do Disco da CPLP, aproveito para vos deixar aqui um poema de Senghor na versão francesa (da obra "Oeuvres Poétiques", ed. Le soleil) e na versão portuguesa de Guilherme de Souza Castro:
Femme noire
Femme nue, femme noire
Vétue de ta couleur qui est vie, de ta forme qui est beauté
J'ai grandi à ton ombre; la douceur de tes mains bandait mes yeux
Et voilà qu'au coeur de l'Eté et de Midi,
Je te découvre, Terre promise, du haut d'un haut col calciné
Et ta beauté me foudroie en plein coeur, comme l'éclair d'un aigle
Femme nue, femme obscure
Fruit mûr à la chair ferme, sombres extases du vin noir, bouche qui fais
lyrique ma bouche
Savane aux horizons purs, savane qui frémis aux caresses ferventes du
Vent d'Est
Tamtam sculpté, tamtam tendu qui gronde sous les doigts du vainqueur
Ta voix grave de contralto est le chant spirituel de l'Aimée
Femme noire, femme obscure
Huile que ne ride nul souffle, huile calme aux flancs de l'athlète, aux
flancs des princes du Mali
Gazelle aux attaches célestes, les perles sont étoiles sur la nuit de ta
peau.
Délices des jeux de l'Esprit, les reflets de l'or ronge ta peau qui se moire
A l'ombre de ta chevelure, s'éclaire mon angoisse aux soleils prochains
de tes yeux.
Femme nue, femme noire
Je chante ta beauté qui passe, forme que je fixe dans l'Eternel
Avant que le destin jaloux ne te réduise en cendres pour nourrir les
racines de la vie.
Mulher Negra
Mulher nua, mulher negra
Vestida de tua cor que é vida, de tua forma que é beleza!
Cresci à tua sombra; a doçura de tuas mãos acariciou os meus olhos
E eis que, no auge do verão, em pleno Sul, eu te descubro,
Terra prometida, do cimo de alto desfiladeiro calcinado,
E tua beleza me atinge em pleno coração, como o golpe certeiro
de uma águia.
Fêmea nua, fêmea escura.
Fruto sazonado de carne vigorosa, êxtase escuro de vinho negro,
boca que faz lírica a minha boca
savana de horizontes puros, savana que freme com
as carícias ardentes do vento Leste.
Tam-tam escultural, tenso tambor que murmura sob os dedos
do vencedor
Tua voz grave de contralto é o canto espiritual da Amada.
Fêmea nua, fêmea negra,
Lençol de óleo que nenhum sopro enruga, óleo calmo nos flancos do atleta,
nos flancos dos príncipes do Mali.
Gazela de adornos celestes, as pérolas são estrelas sobre
a noite da tua pele.
Delícia do espírito, as cintilações de ouro sobre tua pele que ondula
à sombra de tua cabeleira. Dissipa-se minha angústia,
ante o sol dos teus olhos.
Mulher nua, fêmea negra,
Eu te canto a beleza passageira para fixá-la eternamente,
antes que o zelo do destino te reduza a cinzas para
alimentar as raízes da vida.
02 abril 2006
O caso Miala II
De acordo com a agência africana Panapress em despacho de Luanda, o presidente dos Santos terá ordenado o afastamento do director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE), general Fernando Miala, bem assim a sua “desgraduação e reforma compulsiva nas Forças Armadas Angolanas (FAA) por "graves violações às normas de trabalho e disciplina"”.
Tudo isto teve como base o relatório da Comissão criada para analisar as críticas que se faziam à conduta de Miala e alguns dos seus colaboradores no SIE. Segundo o referido relatório, estas entidades são “também acusados de aproveitamento, no desempenho das suas funções, de determinadas reuniões internas e encontros pessoais para a manifestação de atitudes de desrespeito ao Presidente da República e de insubordinação, chegando ao ponto de alvitrarem a hipótese de tomada de "medidas activas"” e que o SIE andou a realizar “expedientes operativos (de investigação secreta) contra governantes, membros dos Serviços de Apoio ao Presidente da República e determinadas actividades do governo de carácter estratégico, bem como se intrometia nas missões e actividades da Segurança Presidencial sem orientação superior”.
Realmente, a ser verdade todas estas acusações, é muito grave num Estado que se quer justo e democrático.
E uma pergunta que se deixa no ar: a quem interessou o despoletar desta questão que tem tanto de melindrosa como de preocupante, ainda por cima em vésperas de saída de Eduardo dos Santos do país - ia ao Brasil - e em vésperas de chegar o chefe de governo português a Luanda? Ou será que alguém quer mostrar uma Angola, politica e militarmente, instável e desgovernável?
Tudo isto teve como base o relatório da Comissão criada para analisar as críticas que se faziam à conduta de Miala e alguns dos seus colaboradores no SIE. Segundo o referido relatório, estas entidades são “também acusados de aproveitamento, no desempenho das suas funções, de determinadas reuniões internas e encontros pessoais para a manifestação de atitudes de desrespeito ao Presidente da República e de insubordinação, chegando ao ponto de alvitrarem a hipótese de tomada de "medidas activas"” e que o SIE andou a realizar “expedientes operativos (de investigação secreta) contra governantes, membros dos Serviços de Apoio ao Presidente da República e determinadas actividades do governo de carácter estratégico, bem como se intrometia nas missões e actividades da Segurança Presidencial sem orientação superior”.
Realmente, a ser verdade todas estas acusações, é muito grave num Estado que se quer justo e democrático.
E uma pergunta que se deixa no ar: a quem interessou o despoletar desta questão que tem tanto de melindrosa como de preocupante, ainda por cima em vésperas de saída de Eduardo dos Santos do país - ia ao Brasil - e em vésperas de chegar o chefe de governo português a Luanda? Ou será que alguém quer mostrar uma Angola, politica e militarmente, instável e desgovernável?
Não será altura de marcar eleições?
Catorze anos (14) depois de terem sido marcadas as primeiras eleições livres e universais angolanas e quatro anos (4) após a entrada da Lei da Amnistia para todos os crimes militares e contra a segurança do Estado, cometidos no quadro do conflito armado angolano, não será altura do presidente Eduardo dos Santos marcar novas eleições.
Por este andar e com os problemas que vão, ciclicamente, surgindo no parlamento angolano, qualquer dia começamos a ver cair os deputados de podre como os frutos.
A idade e a senescência também passa por eles. Alguém se lembra qual era a validade que estava inscrita no rótulo?
Por este andar e com os problemas que vão, ciclicamente, surgindo no parlamento angolano, qualquer dia começamos a ver cair os deputados de podre como os frutos.
A idade e a senescência também passa por eles. Alguém se lembra qual era a validade que estava inscrita no rótulo?
01 abril 2006
RDP África, 10 anos
Parabéns à RDP-África pelos 10 anos que hoje comemora em prole de África, da Lusofonia e da cultura africana.
Pena é que, em regra, se esqueça dos valores que, embora africanos, estão em outras latitudes e que lhe são informados por e-mail - aqueles que estão nos contactos.
Mas como o tempo é pai e mãe de todas as virtudes há sempre que esperar que, um dia, esteja à frente da Rádio e Televisão de Portugal alguém que, realmente, goste de África e pense que o continente africano não é só o que hoje é, ou era,... uma região de conflitos, de secas, de doenças, de mau-gestores e corrupção. Como diz um trecho bíblico, e desculpem a ressonância, "quem não tem pecados..."
Pena é que, em regra, se esqueça dos valores que, embora africanos, estão em outras latitudes e que lhe são informados por e-mail - aqueles que estão nos contactos.
Mas como o tempo é pai e mãe de todas as virtudes há sempre que esperar que, um dia, esteja à frente da Rádio e Televisão de Portugal alguém que, realmente, goste de África e pense que o continente africano não é só o que hoje é, ou era,... uma região de conflitos, de secas, de doenças, de mau-gestores e corrupção. Como diz um trecho bíblico, e desculpem a ressonância, "quem não tem pecados..."
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