28 fevereiro 2009

MPLA questiona Governo MPLA?

(imagem da embaixada angolana na Suécia via Internet)

Há dias falava-se que começava a emergir dentro do MPLA – como seria natural em partidos democráticos e pluralistas – uma tendência ou corrente de opinião, supostamente denominada “União das Tendências do MPLA”.

Nada mais natural, repito, num qualquer partido democrático e pluralista. Mas como a democracia e a pluralidade não se fazem nem se solidificam em poucos anos, principalmente quando se vem duma ortodoxia soviética e se “obriga” o seu líder a concorrer mesmo que tudo indique que não o deva fazer para bem da sua imagem e da imagem do País…

Depois das tendências surge agora que os deputados eleitos pelas listas do MPLA vão questionar o Governo de Paulo Kassoma sobre os efeitos da crise internacional na economia angolana. Nada mais pertinente numa sociedade democrática e não-seguidista.

E não será só o Executivo de Kassoma a ser interpelado. Também o Banco Nacional de Angola (presumo que o Governador) vai ser ouvido no Parlamento Nacional. Perfeito, nada mais que habitual numa sociedade democrática e não-seguidista.

Mas o que se estranha é que esta interpelação só aconteça agora e quando o Governo do primeiro-ministro Kassoma já aprovou um pacote de medidas de combate à crise como, por exemplo, a redução da despesa pública ou mesmo a intervenção no sector dos diamantes através da sua venda a preços “estratégicos” em função da queda da procura nos mercados internacionais e, ou, a proposta de fim de monopolização da extracção dos diamantes.

Estranha-se, a não ser que este “fim” seja também uma deixa para correrem com o executivo do engenheiro – este tem mesmo direito ao título académico – Paulo Kassoma…

Mas como numa sociedade democrática e não-seguidista é usual e natural um Governo ser questionado, acredito que não devem a estar a preparar uma rampa de saída a António Paulo Kassoma. Ou será que se esqueceram que este é mesmo um Governo feito à imagem e medida do e pelo Presidente Eduardo dos Santos?
Publicado no /Colunistas de hoje

Mugabe faz 85 anos e mantém mesmas atitudes

(Enquanto o Povo passa fome Mugabe devora caviar: foto daqui onde podem ver mais fotos da festa)

Costuma-se a dizer que a idade é um posto e sinónimo de maturidade e clarividência.

Daí que em África se reconheça aos Mais Velhos o direito à sensata sabedoria e prudência.

Provavelmente, sê-lo-ia em pessoas que dessem mostras disso, o que não é o caso do senhor Robert Mugabe que hoje completou 85 anos em displicente festão de cerca de
250 mil dólares norte-americanos e unicamente pagos em dólares norte-americanos pelos convivas.

Entre eles, estava previsto a ida do primeiro-ministro Morgan Tsvangirai. Será que foi e pagou a sua quota-parte da festa? Quero crer, ou espero, que não tenha ido ou pago porque isso seria uma afronta a todo o Povo zimbabueano que padece de fome, miséria e doença enquanto o déspota presidente Mugabe se alardeia em festas e
compra casas luxuosas na Ásia. (A ANGOP diz que ia, o portal do Diário IOL diz que esteve ausente).

E como o senhor Mugabe não consegue estar, onde quer que seja, sem dizer baboseiras aqui vai mais uma dita hoje na sua “pequena e singela” festa dada pelos seus “
pobres correligionários”: as “propriedades agrícolas dos brancos” vão continuar ao abrigo da sua tão contestada lei “aquisição das terra” e dadas “aos novos agricultores negros”, na sua quase totalidade – ou mesmo totalidade – partidários ex-combatentes do partido de Mugabe.

Bem clama o primeiro-ministro Tsvangirai para que se pare com os ataques aos agricultores brancos mas Mugabe continua a fazer ouvidos de mercador. Para ele os brancos são todos britânicos mesmo que sejam comprovadamente zimbabueanos e estejam nomeados para o Governo. Recordemos a detenção por “
terrorismo” de um vice-ministro proposto pelo MDC à sua chegada ao aeroporto de Harare, para a tomada de posse…

No Girabola-2009 a segunda jornada dá clássico

(Atlético Petróleos de Luanda (bonito o equipamento alternativo) e 1º de Agosto)

Excelente o clássico do Girabola que o Petro-Atlético e o 1º de Agosto (2-1) realizaram no Estádio da Cidadela com transmissão televisiva da TPA Internacional. Os dois vinham de difíceis vitórias da primeira jornada. O Petro foi à minha cidade derrotar o Académico local por 3-2 e os militares derrotaram os “proletários” do 1º de Maio, na cidade das acácias rubras, por 1-0.

Se os dois golos dos “petrolíferos” foram bem construídos e melhor concretizados que dizer do portentoso golo do “militar” Love na conversão de um livre directo frontal à baliza. Sobre este jogo e intervenientes poderão aceder aqui (mais ou menos...).

Quanto à TPA-I só um lamento. Para quando utilizar o seu portal para oferecer aos telespectadores a possibilidade de saberem a sua programação. Ontem, sexta-feira, realizou-se o embate – partida inaugural da 2ª jornada – entre o Benfica de Luanda e o Interclube, com a vitória do meu clube por 3-2.

Como a programação da TPA omitia a sua transmissão só já pude ver os últimos minutos da partida. É altura da TPA começar a respeitar os seus espectadores da Diáspora que não podem estar sempre sintonizados no pequeno televisor dado que trabalham e utilizam o portal para se informarem da programação.

E, também já agora, não é altura da TPA começar a colocar insersores de caracteres e do tempo nas transmissões das partidas televisionadas. Só quase no fim é que consegui saber qual o resultado do Benfica Luanda-Interclube…
.
NOTA COMPLEMENTAR: Pode aceder aqui para verificar resultados finais da 2ª jornada e respectiva classificação. De salientar a copiosa derrota da Académica do Lobito perante o Recreativo do Caála por 5-0 o que faz com que esteja no último ligar juntamente com o 1º de Maio, ambos só com derrotas.

26 fevereiro 2009

Depois da HRW é a administração americana a pôr o dedo na ferida…

Depois das críticas – que foram mais sugestões e alertas que críticas – da Human Rights Watch que provou um certo mal-estar junto de dirigentes do Departamento de Informação do MPLA, é agora a administração norte-americana, através do relatório anual do seu Departamento de Estado, aqui e aqui citados, que critica o Estado Angolano devido a alguns problemas de Direitos Humanos.

Segundo aquele relatório em matéria de direitos humanos continuaram a verificar-se "numerosos, graves problemas", e entre as várias violações apontadas, o relatório destacou as "mortes ilegais levadas a cabo pela polícia, militares e forças de segurança privadas" e "o restringir do direito dos cidadãos de eleger representantes a todos os níveis" aliados a uma "falta de condições nas prisões, a ineficiência do poder judicial, e as restrições à liberdade de expressão, de imprensa, de reunião e de associação".

Será que, tal como fizeram com a HRW alguém vai mandar calar o departamento de Estado norte-americano e aconselhar a não se meter em assuntos dos angolanos?

Já agora de destacar os números globalmente positivos para Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, pasme-se, Guiné-Bissau no que toca ao cumprimento dos direitos humanos, embora neste País tenham sido apontados problemas como "assassínios arbitrários, as más condições prisionais, a arbitrariedade de prisões e detenções e a falta de independência do poder judicial"; quanto a Moçambique, apesar de registar francas melhorias, nomeadamente nas detenções efectuadas, ainda vê persistirem situações "cruéis e colocam a vida (dos detidos) em risco, resultando em várias mortes" pelo que a nota não é positiva.

Quanto aos restantes países lusófonos, Brasil, Portugal e Timor-Leste o relatório, apesar de globalmente não ser cáustico também apresenta sérias críticas. De notar que o referido relatório se esqueceu, uma vez mais, de citar e denunciar algumas situações anómalas que se verificam nos EUA, como, por exemplo, a ainda – bem que Obama parece querer acabar com ela mas os seus aliados principais na Europa estão de ouvidos moucos – a prisão de Guantánamo ou as denúncias de corrupção por parte de cidadãos norte-americanos no Iraque.

25 fevereiro 2009

Será que a Internacional Socialista aceita a censura como natural?

(imagem Internet)

Se bem me recordo do tempo em que era quase obrigado a enfiar os bê á bás da Ciência Política (leia-se o abcdi-partidário) nos confins da memória hipotálica, para nunca os esquecer no dia-a-dia, uma das principais prorrogativas do socialismo democrático – e dos outros também – era que “fascismo nunca mais” e “nunca mais a censura”.

Quanto ao fascismo basta dar uma passeata pelo duplo hemisfério que compõe a nossa Mãe Terra para vermos que é o que não falta: uns chamam-lhe “democracia musculada”, outros, mais subtis, “uma ditadura”, outros menos prosaicos denominam-na como “isto é meu e só saio quando Deus quiser”.

Já quanto á censura, parece que começa a ser um meio muito querido em países cujos Governos são membros da Internacional Socialista (IS).

Umas vezes, mandam calar quem os matacanham os ouvidos; outros apreendem só pela simples denúncia de quem quer ser mais papista que o Papa e por nada, engaveta-se a “coisa” denunciada.

Dois casos concretos aconteceram, recentemente, em Angola e Portugal.

Em Angola, perante as denúncias, avisos, ou
alertas da Human Rights Watch (HRW) sobre as eleições presidenciais que se perspectivam em data a oportunamente a anunciar com cada vez mais razão no “dia de são nunca pela tardinha”, um dirigente do MPLA, partido que, até há pouco e não me recordo de ler o contrário, era membro da IS, veio em pleno éter exigir que a HRW deixasse de falar e se intrometer nos assuntos internos de Angola (como se as eleições angolanas fossem um assunto meramente interno e não um “case study” da SADC e da comunidade internacional). Para Rui Falcão, do Departamento de Informação do MPLA, o relatórrio da HRW é “uma afronta à democraticidade” de Angola.

Mais recentemente, outro dirigente do mesmo partido – com dirigentes assim, surpreende-me, ou talvez não e o seu aparecimento se deva a isso mesmo, que existam militantes a criarem uma corrente de opinião não-seguidista dentro do MPLA –, no caso Julião Paulo “Dino Matross”, criticou a Rádio Ecclésia-Emissora Católica de Angola (ECA) exigindo que esta emissora deixe de falar política – como canta a canção – e só se debruce em assuntos de cariz religioso e social (será que o dirigente não saberá que o que é social é, por norma e invariavelmente, político? – sobre esta matéria ler o artigo de Vicente P. Andrade no Angolense e
aqui citada); segundo Matross, ao contrário do que pensa Norberto dos Santos, a ECA fere constantemente a "sensibilidade do MPLA". E depois perguntamos porque é que não consegue a ECA se expandir pelo País e, não poucas vezes, fica sem pio na Internet.

Já e Portugal, e em pouco mais de uma semana dois casos inequívocos de censura. Um aconteceu com o Carnaval de Torres Vedras, localidade próxima de Lisboa, porque num portátil “Magalhães” – desculpem a publicidade – foi colada uma prancha com imagens de mulheres, algumas nuas, tal como aparecem quando “buscadas” no Google. Uma pessoa achou que
era pornográfico, denunciou, e o Ministério Público sem verificar primeiro mandou retirar a dita prancha, por essa razão (e não porque as imagens pudessem humilhar a “mulher”). Posteriormente, constatou que de pornografia nada tinha e lá seguiu o portátil com a referida prancha.

Neste último fim-de-semana, uma obra literária de título “Pornocracia” foi apreendida pelas autoridades, uma vez mais devido a denúncia “
por pornografia” de uma qualquer pessoa mais púdica, porque na capa além do título que mereceu no “Auto de Apreensão”, conforme mostraram na televisão portuguesa “Pornografia” – desde quando a pornografia, pelo menos em literatura, passou a ser um delito em Portugal é que eu não sei – teria (tinha) uma imagem de uma tela “L'origine du monde” (1866), da autoria de Gustave Courbet – uma parte de nu feminino (a zona pélvica) –, que está exposta no museu d’Orsay, creio que, em França.

Além destes factores visíveis e não pouco caricatos que dizer das pressões que jornalistas (daqueles que tem o "J" maiúsculo e que querem fazer jornalismo e não fabricar conteúdos conforme as vontades político-económicas do momento) sofrem em Portugal e noutros puntos do Mundo ao ponto de haver despedimentos colectivos, no primeiro caso, ou jornalistas que não sabem dizer sempre “sim” serem empratelados, no segundo caso.

Será que dentro da IS começa a haver uma corrente pela censura? Ou o que se passa são resquícios de personalidades que viveram sempre sobre a protecção das ditaduras e nunca souberam transitar para a plena democracia.

É que há ainda quem pense que se passa da ditadura para a democracia só pelo efeito de um acto legislativo ou como quem muda de um casaco no cacimbo para uma t-shirt no calor. Esquecem-se do principal: há qe primeiro moldar as mentalidades e reeducar sobre as teias de aranhas anteriores…

24 fevereiro 2009

Fradique diz nim, mas…

O presidente santomense Fradique de Menezes, na declaração que hoje fez ao País na sequência da crise dos ex-Búfalos e afins, decidiu não renunciar ao cargo presidencial mas, segundo ele, não quer continuar a ser factor de instabilidade ou de desestabilização do País.

O problema do presidente Menezes é que muitas vezes são praticados actos que têm por meta, directa ou indirectamente, o próprio presidente santomense.

Por isso não sei como Fradique de Menezes vai conseguir subsistir sem acabar por não renunciar antes do fim do mandato.

Com tantos sisões internos e externos a rondá-lo…

22 fevereiro 2009

Quem não quer a estabilidade em São Tomé e Príncipe?

(palácio presidencial santomense; imagem internet)
"Ciclicamente e quando tudo parece que está a estabilizar São Tomé e Príncipe é abanada por convulsões sociais ou paramilitares.

Recentemente um líder sindical foi detido por actividades que, segundo o Estado não estariam bem de acordo com a sua natural convicção social, ou seja, não estaria em actividade sindical, já que algumas reivindicações que levaram a ser auscultado iam para além do admissível.

Na passada quinta-feira a cidade de São Tomé acordou com um aparato militar e policial que visariam não só a proteger os palácios presidencial e de governo e do quartel general das Forças Armadas, como sitiaram o edifício onde estavam membros da Frente Democrática Cristã, partido sem assento parlamentar, incluindo o seu presidente, Arlécio Costa, que pertenceu ao extinto Batalhão 32, mais conhecido por “Batalhão Búfalo”. Juntamente com mais três dezenas de companheiros seus, foi detido, bem assim capturado algum, e não pouco material e munições paramilitares.

Arlécio Costa também é representante em São Tomé de um grupo financeiro e turístico sul-africano “Falcon Group.

Segundo parece, pelo que pude ouvir e ler, os membros do extinto “Batalhão Búfalo” têm mostrado uma capacidade financeira e interventora nas questões sociais e, porque não dizê-lo, políticas, que parecem pouco extravasar os limites admissíveis.

Depois de há alguns meses os ex-Búfalos terem sitiado o Tribunal de Contas (TC), agora parece que queriam uma “mudança” do Poder. Em 2003, foram co-autores de outra tentativa de golpe contra o governo da 1ª Ministra Maria das Neves, enquanto o Presidente da República estava na Nigéria. (...)" (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário , edição 204, de 21/Fev./2009

Morreu faz hoje 7 anos

Há 7 anos a sua violenta morte despoletou a Paz que hoje, mal ou bem, pretoriana ou não, Angola hoje vive.

Sete anos depois não é altura de todos os machados de guerra e canhões vociferados se calarem e permitirem que o seu corpo seja devida e cristãmente sepultado junto dos seus mais entes queridos e de modo a que quem quiser o possa respeitar.

Quanto mais tempo os seus detractores o hostilizarem mais o elevarão ao patamar que não o quer ter.

Jonas Malheiro Savimbi, bem ou mal, gostem ou não, morreu por Angola, pela sua Angola. Pela Angola de todos nós! É tempo de Angola o respeitar com o Homem mesmo que não o faça – alguns – como político e como estratega.

Guiné-Equatorial e STP sob os mesmos interesses?

Há dias São Tomé e Príncipe (STP) esteve sob os holofotes da comunicação social internacional devido à denúncia de uma possível crise político-militar que estaria preparada para ser levada a efeito por antigos elementos do extinto Batalhão 32 (o célebre grupo paramilitar sul-africano reconhecido como Batalhão Búfalo), facto que encheu as prisões de São Tomé (sobre esta matéria poderão ler num dos próximos dias, um artigo de opinião que escrevi para o Correio da Semana e publicado na edição 204 desta semana), embora alguns estejam descansados fora delas por eventuais ordens telefónicas de alguém que ninguém saberá quem foi.

Posteriormente, e no seguimento ou por causa disso e de observações pouco claras de dirigentes políticos nacionais, o presidente Fradique de Menezes numa reunião com pessoas muito próximas terá deixado sair que estaria farto e pronto a bater com a porta – leia-se, demitir-se.

Entretanto, na madrugada da passada terça-feira, 17 de Fevereiro, um alegado grupo de indivíduos terá desembarcado em Malabo, capital da Guiné-Equatorial, e tentado invadir o palácio presidencial, onde se acoita Teodoro Obiang Nguema que, segundo a revista Forbes, é só um dos homens mais ricos de África. Num país onde a riqueza do petróleo não se reflecte, nem pouco mais ou menos, na vida dos guineenses.

Se alguns foram detidos, cerca de 15, outros há que estão feridos e outros terão perecido em alto mar depois de alvejados pela Marinha da Guiné-Equatorial (estarão no fundo do mar como terá dito o ministro da Informação e porta-voz do governo, Jerónimo Osa).

Onde há partida poderia parecer nada haver mais que uma mera coincidência de actos e datas, esbate-se quando os eventuais membros atacantes parecem pertencer ao Movimento de Emancipação do Delta do Níger (MEND). Um grupo nigeriano, que, segundo consta, terá interesses junto dos ex-Búfalos santomenses.

Tal como já referi, por mais de uma vez, sempre que um destes países se aproxima de um dos potenciais países-directores da região – Angola ou Nigéria – acontece sempre alguma coisa.

Quer STP como a Guiné-Equatorial começavam, directa ou indirectamente, a aproximarem-se mais de Angola. São Tomé através dos contratos que terá celebrado com Angola, via Sonangol; a Guiné-Equatorial, pela cada vez maior proximidade da CPLP via STP.

Nenhuma destas situações agrada à Nigéria. Mas porque esta imagem também não satisfaz aos nigerianos, estes já desmentiram a proximidade do grupo á Nigéria, esquecendo-se que têm sido eles que, recentemente, criara, problemas em Dacca e nalgumas regiões dos Camarões além de ir conseguindo raptar pessoas e destruir interesses estrangeiros, bem assim praticar alguns actos de pirataria, sem que, assim parece, a Nigéria mostre ter condições de os impedir.

Como há dias afirmava a um amigo santomense, cada vez mais se parece que se torna mais vantajoso para STP ser um porta-aviões da marinha americana, podendo assim, ser mais facilmente defendível dos “amigos da onça”, mesmo que isso implique sair um pouco da CPLP; mas também quando um
responsável de uma progressista empresa de exportação portuguesa afirma que STP faz parte da zona francófona como os Camarões, Gabão, Senegal, Costa do Marfim ou Chade que interessa se falam português ou inglês com sotaque do tio Sam?

Sabe-se que na região esta vontade norte-americana em estabelecer bases na zona é malquista devido a um possível incremento do fundamentalismo islâmico na região. Mas não será isso uma esfarrapa desculpa para impedir essa entrada e manter o actual status quo?

21 fevereiro 2009

As (não) eleições presidenciais no Global Voice

As eleições presidenciais angolanas voltam à ribalta do panorama jornalístico.

Na mesma altura que
Abel Chivukuvuku, membro da Comissão Política Permanente da UNITA, em declarações à Rádio Ecclésia, Emissora Católica de Angola, se volta a posicionar como possível candidato, mesmo que independente, às eleições presidenciais angolanas, algures em data e ano incertos, apesar das linhas de força do governo angolano apontar para 2009 e as palavras de Eduardo dos Santos deixarem antever mais próximos de 2010, a correspondente do Global Voices Online, Clara Onofre, faz uma análise sobre a possibilidade, cada vez mais previsível, de as eleições serem adiadas.

Clara Onofre tomou por base de investigação artigos dos blogues de
Feliciano Cangue e deste vosso escriba, dos jornalistas Wilson Dadá e João Melo e da Agenda Politica do MPLA.

Uma análise a ler e ponderar

19 fevereiro 2009

O ministro passou-se, excedeu nos comprimidos ou…

(foto ANGOP)

O senhor Kundy Paihama, o actual – por quanto tempo? depois desta? – ministro da Defesa de Angola, criticou os bancos privados nacionais de protegerem os amiguinhos em detrimento do resto do Povo, ou mais concretamente e como ele terá, segundo alguns órgãos de informação, os bancos comerciais, em Angola “de privilegiarem algumas pessoas na concessão de créditos e desprezarem outras, classificando o procedimento de "amiguismo"”.

Se estivéssemos em campanha eleitoral até se compreenderia este lamento. Qual o povo que não condena, hoje em dia e com os problemas financeiros globais, a banca em geral?

Mas longe de mim pensar nisto como uma acusação por parte do senhor ministro. Porque se o fosse teríamos de questionar se o senhor ministro saberia a quem pertence a maioria, para não dizer a quase totalidade, dos bancos comerciais que operam em Angola.

Daí que se pergunte se o senhor ministro passou-se, ou se tomou – como o ex-ministro das finanças japonês – excesso de comprimidos para alguma doença endémica, como a malária, por exemplo, que produz efeitos altamente secundários – como delírios, por exemplo, – ou, então, está-se a perfilar como um potencial candidato à presidência da República, pressupondo que, como ministro das mesmas, terá o apoio inequívoco das forças armadas angolanas.

Como não creio que pense em tão altos voos, nem as forças castrenses angolanas parecem estar interessadas em política – ingénuo, eu?! – só se pode acreditar que o senhor ministro nunca viu a estrutura accionista dos referidos bancos…

Mesmo quando afirma que o que os bancos querem é desacreditar as políticas económicas do senhor Presidente da República em vésperas das eleições presidenciais.

Mas se constitucionalmente quem define as politicas económicas é o Governo…

Tal como, nada como salvaguardar as costas de quem se não quer proteger…

17 fevereiro 2009

Os “amigos da onça” ganharam?

Chegou-me aos ouvidos que o presidente Fradique de Menezes estará farto de tanta confusão e ponderará bater com a porta.

Será que os “amigos da onça” ganharam o round?

Caberá aos santomenses dizer que não e defenderem o seu País das tentativas externas em condicionar a política das ilhas maravilhosas.

15 fevereiro 2009

Os grandes líderes são assim...

(imagem via Internet, algures no Google)
Líder que é líder não faz por menos. Nunca sai de eleições com menos de 85% dos votos. E se for um líder incontestado e, claramente, amado, então só tem valores destes ou bem acima.

E como líder que é o senhor José Sócrates, primeiro-ministro de Portugal e secretário-geral do Partido Socialista (PS) como exemplo à livre e espontânea democracia que todos os grandes e amados líderes devem preservar foi às urnas para ser reeleito numa feroz peleja democrática pelo cargo de Secretário-geral do PS.

Infelizmente não consegui saber como, eventualmente, se chamava o seu opositor. Parece-me que se denominava “branco” ou “cruz una” dado que no boletim só estava inscrito o seu nome. Mas o que interessa é que foi a votos para ser reeleito.

E como um líder carismático e amado que é, na linha de outros como Hosni Mubarak, do Egipto (com 88,6%, embora um pouco menos na última reeleição), Teodoro Nguema, da Guiné-Equatorial (próximo dos 97%), ou Alexander Lukachenko, da Bielorrússia (com cerca de 82%), Sócrates foi reeleito para o cargo com 96,43%.

Digam lá se isto não é ser um líder amado e incontestável; e sem “banhos” ou electrodomésticos…

Ah! e os nomes apresentados foram só para exemplificar. Longe de mim qualquer analogia extra-votação…

13 fevereiro 2009

Mugabe dará posse ao novo Governo?

(será que Mugabe, uma vez mais, está a fazer um manguito ao seu Povo?)

Segundo o previsto o presidente Mugabe dará (daria) posse hoje ao novo Governo de Unidade Nacional, liderado por Morgam Tsvangirai, resultante do acordo do final do mês de Janeiro.

A posse de hoje seria a natural consequência da posse, como primeiro-ministro, que o senhor Mugabe conferiuu a Tsvangirai.

E para que vejam como o senhor Mugabe está de muito boa fé quanto ao Governo, o indigitado vice-Ministro da Agricultura, designado pelo MDC – partido por indigitado primeiro-ministro – foi detido ao chegar ao aeroporto de Charles Prince, em Harare.

Ora este pequeno – pequeníssimo – imbróglio jurídico criou, naturalmente, um impasse na tomada de posse dos restantes ministros que vão compor o governo zimbabueano.

Mas o que é que isto preocupa ao senhor Mugabe e ao martirizado povo zimbabueano se os vizinhos vão continuando a dar cobertura política aos desmandos do antigo e octogenário guerrilheiro no poder há… quase 29 anos (completa-os no próximo dia 18 de Abril).

12 fevereiro 2009

Parece que há quem não queira a estabilidade em São Tomé e Príncipe…

Depois de há uma semana um líder sindical ter sido detido por actividades que, segundo o Estado não estariam bem de acordo com a sua natural convicção, ou seja, actividade sindical, já que algumas reivindicações iam para além do admissível, a cidade de São Tomé acordou hoje com um aparato militar e policial não só a proteger os palácios presidencial e de governo e do quartel general das Forças Armadas – entretanto já desmobilizadas – como sitiaram um edifício onde, em tempos, esteve sedeado os membros do extinto “Batalhão Búfalo” e, actualmente, sede do partido Frente Democrática Cristã, cujo líder, também ele um antigo “búfalo”, juntamente com alguns companheiros seus, terá sido detido.

Segundo parece os membros do extinto “Batalhão Búfalo” têm mostrado uma capacidade financeira e interventora nas questões sociais e, porque não dizê-lo, políticas, que parecem pouco inocentes.

Já em tempos sitiaram o Tribunal de Contas (TC), agora parece que queriam uma “mudança” do Poder.

Registe-se que aos antigos membros, de origem santomense, do “Batalão Búfalo” foi-lhes concedido uma área para desenvolverem actividades económicas sustentáveis. E uma das suas “actividades” foi a criação de um Casino que mereceu, segundo parece, alguns reparos do TC quanto à sua gestão o que lhes terá desagradado.

Sendo que os membros do extinto "Batalhão Búfalo", teoricamente, foram “despejados” pelos seus antigos patrões sul-africanos sem nada – daí o estado santomense lhes ter concedido a tal área para actividades económicas – como se justifica terem fundos para criarem um Casino?

Será que há por ali mãos muito estranhas a São Tomé? E, perdoem-me a ingenuidade, com que intenções?

Quando um País está numa difícil situação de gestão de charneira entre Angola, Nigéria e Guiné-Equatorial e quer sustentar uma ligação equilibrada entre estes quase “amigos-da-onça” torna-se difícil manter o equilíbrio.

Seria nestas alturas que a CPLP deveria ter uma voz mais activa na sustentação dos Estados que a suportam, mas…
Publicado na rubrica "Colunistas" do , em paralelo com a sua Manchete

A vida paupérrima de Mugabe...

(Um Tsvangirai atónito olhar para a glutice de Mugabe e a pobreza endémica do Zimbabué; Cartune compilado por mim com imagens da internet; algumas daqui e daqui)

Enquanto País tenta assentar com um novo primeiro-ministro e, dentro do possível, um credível Governo nacional, Mugabe pré-diverte-se…

No Zimbabué, e depois de ler este alerta do GG, no
Universal, constata-se que o senhor Robert Mugabe e os seus amigos continuam a brincar com o Povo e com a sua miséria, ou então…

No mesmo dia que Morgan Tsvangirai tomou posse como
Primeiro-ministro de um Governo de Unidade, e conseguia que o ministério das Finanças fosse de alguém próximo de si, ao abrigo do protocolo assinado no final do mês passado para a partilha do poder entre Tsvangirai e Mugabe, mesmo com a grande desconfiança interna e externa que a mesma causou;

Ao mesmo tempo que a Cruz Vermelha Internacional
pede ajuda à comunidade internacional para minorar a crise epidémica da cólera no País que já provocou, de acordo com a OMS, cerca de 3380 vítimas e 69 mil infectados;

Numa altura que o
desemprego atingiu proporções incompreensíveis e que poderão aumentar consideravelmente caso se confirme o despedimento de muitos mineiros na África do Sul – a maioria zimbabueanos e moçambicanos – o que aumentará o nível de fome para mais de metade da população do país e a taxa de inflação já faz parte das principais enciclopédias mundiais de economia;

Quando a maior parte do dinheiro em circulação serve quase que unicamente para pagar os parquíssimos salários dos soldados e polícias evitando que estes entrem em crise e provoquem a queda do Poder de Mugabe;

E se recordarmos de última visita da esposa de Mugabe a
Hong Kong e Singapura e as dificuldades em comprar produtos para os seus concidadãos, mas não para ela e família…

O senhor Robert Gabriel Mugabe, nascido no ano da Graça do Senhor – não esqueçamos que ele está em contacto directo com Deus porque este ainda não decidiu, segundo Mugabe, pela sua saída – de 1924, juntamente com os seus amigos vão – ou pensam – celebrar os seus 85 anos, no próximo dia 21 de Fevereiro, com um lauto acontecimento.

E porque as festas dos “Príncipes” são sempre de arromba e carecem de “entradas-pagas” cada um dos seus amigos deverá depositar uma “dotação” numa conta, em USDólares e só nesta divisa, criada especificamente para este acontecimento qualquer coisa como entre 45 mil e 55 mil dólares.

Segundo o portal do espanhol
El País, o lauto repasto contará com, entre outros opíparos produtos, 2000 garrafas de champanhe (de preferência 61 Moët & Chandon e Bollinger), 8000 lagostas, 100 quilos de camarão/gambas, 4.000 doses de caviar, 3.000 patos, 16.000 ovos, 3.000 bolos de chocolate e baunilha e 8.000 caixas de bombons Ferrero Rocher.

Realmente se isto não é brincar com a miséria do Povo zimbabueanos pelo senhor Mugabe e a sua pandilha e, ainda por cima, com Mugabe a manter o claro beneplácito da maioria dos seus vizinhos para se conservar no Poder, mesmo que, agora, em partilha.

Falta saber até quando essa partilha se manterá…

11 fevereiro 2009

Angola assim vai lá, vai…

Angola 0 - Mali 4


Infelizmente não vi o jogo particular que os nossos Palancas fizeram em Paris, pelo que não posso fazer juízos de valor quanto á qualidade do mesmo, mas que o resultado promete, lá isso promete…

E ao intervalo já estavam encaixados 3 secos dos malianos…

Espero que o particular tenha servido para tirar ilações e dar luzes à FAF que não basta organizar campeonatos de futebol, como o CAN, se não houver boas estruturas competitivas internas além de que nomes não fazem selecções.

Esperemos que tenha sido só um dia não e que os próximos mostrem uma selecção mais vencedora.

Lobito quer proteger as tartarugas

(Lobito, Hotel Términus ©foto daqui; do outro lado, em frente fica o morro para o Egipto Praia)


A Praia do Egipto prepara-se para ser uma reserva especial de protecção às tartarugas marinhas, nomeadamente para a sua reprodução, evitando que os predadores de duas patas, perdão, de duas pernas, continuem a roubar os ovos e evitarem que as tartarugas se reproduzam livremente.

A Praia do Egipto, ou Egipto Praia, fica a algumas dezenas de quilómetros a norte da zona portuária da cidade do Lobito.

A cidade dos flamingos, das salinas e dos mangais apesar de haver quem pareça querer destruir algum do seu ecossistema com a cimenteira e a refinaria, previstos para a zona sul, também se preocupa com a biodiversidade.

Mas como quem manda e impõe a cimenteira e a refinaria é o Governo “central” de Luanda e na cidade é a Administração municipal, esta e Instituto Regional de Investigação Marinha no Lobito estão conscientes que se não se pode fazer turismo no sul que se faça no norte.

O problema é que se os resíduos que as duas fábricas vão criar se não forem devidamente tratadas afectarão, infelizmente, as zonas costeiras a norte da cidade. Há que esperar e desejar que a Administração municipal esteja atenta a este factor desestabilizador do ecossistema local.

07 fevereiro 2009

E o “rei” vai tentando…

"Como habitualmente, por esta altura, realizou-se, em Adis Abeba a reunião magna do Conselho de Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA). Foi a XII Cimeira que decorreu entre 2 e 3 de Fevereiro.

Uma vez mais os Chefes de Estado e de Governo africanos ponderaram a discussão de factos relevantes para África, como as sucessivas crises institucionais e políticas do continente, a fome, as guerras, aliados a assuntos de menor interesse como saber se Mugabe, no Zimbabué, deve ou não continuar a sofrer sanções internacionais ou de el-Bashir, do Sudão, se deve ser apresentado ou não ao Tribunal Penal Internacional.

Para os “ocupados” líderes africanos presentes nem as sanções devem manter, dado que já há acordo para a partilha de poder no Zimbabué – também há uns meses isso acontecia e depois viu-se que Mugabe não cumpriu – como o presidente sudanês não deve ser detido porque iria criar instabilidade na região – ou será que nas costas do vizinho, alguns líderes viram as suas e temem que também possam ser detidos por crimes contra os seus Povos? – Ambos devem não só sentir o peso das suas responsabilidades e serem presentes a Juízo. Mugabe continua a passar laudativas férias em Singapura e Hong Kong enquanto o seu Povo passa fome e pene sob o espectro da cólera.

Registe-se que nem todos os Chefes de Estado e de Governo africanos estiveram presentes. Dos 53 Estados membros da UA só 21 se fizeram representar a alto nível. Tudo porque alguns dos Chefes de Estado e de Governo preferiram pautar pela não presença, tendo sido representados por figuras menores; os líderes africanos já perceberam que alguns Coup d’État ocorrem na sua ausência; e porque será que não foram? será que têm contas estranhas a pagar?

Outras das matérias abordadas nesta Cimeira foram alguns documentos que se previam pudessem entrar em vigor por já terem sido ratificados por um número mínimo de Estados. Entre eles encontravam-se a Constituição da Associação das Organizações Africanas de promoção do Comércio, a Carta Africana do Transporte Marítimo e a Carta Africana da Democracia, Eleições e Governação. Destes, só os dois primeiros entraram provisoriamente em vigor.

A Carta Africana da Democracia, que todos os líderes africanos andam a dizer que já está implantada e quase consolidada em África só – repito, SÓ! – foi ratificada por 2 (DOIS!) Estados: a Etiópia e… Mauritânia.

Porque será? (...)
" (continuar a ler aqui)
Publicado no santomense , edição 201, de 7/Fev./2009

Democrata desde que ganhe…

A República Malgaxe, na quarta maior ilha do mundo e a maior de África, Madagáscar, está em polvorosa entre o edil da câmara de Antananarivo, capital malgaxe, o Andry Nirina Rajoelina, e o presidente eleito, Marc Ravalomanana.

Rajoelina – o “jovem TGV” como é conhecido devido à vontade rápida de ascender ao poder e também por causa do partido que ajudou a criar, o Tanora malaGasy Vonona (Juventude Malgaxe Determina) – acusa Ravalomanana de "derivas autoritárias e de práticas ditatoriais" e de ser "um regime que ridiculizou a Constituição" pelo que quer a sua imediata destituição. Esta foi uma das razões para que o líder malgaxe não estivesse na recente XII Cimeira da União Africana (UA) que avisou os adeptos do TGV para não tentarem derrubar o presidente porque não seriam reconhecidos.

Enquanto estes dois homens-fortes se digladiam o primeiro-ministro Charles Rabemananjara solicitou a destituição de Rajoelina por desvio da conduta autárquica – por contornar essa disposição o edil nomeou Michèle Ratsivalaka, a sua adjunta para a área dos Assuntos Sociais, Cultura e Lazer, como líder camarária temporária – e deu ordens ao exército e à polícia para disparar sobre uma manifestação mobilizada pela empresa de média de Rajoelina, causando cerca de 30 vítimas mortais.

Há, segundo especialistas malgaxes razões para o descontentamento populacional que grassa na ilha de Madagáscar. Mas também é verdade qe muito desse descontentamento tem sido fomentado pelo edil de Antananarivo que vê neste descontentamento uam forma de chegar mais depressa ao poder presidencial, mesmo que para isso, e como tem sido habitual desde meados dos anos 70 do século passado, haver, periodicamente, golpes de Estado institucionais sem cobertura, directa, militar, como relembrou Désiré Ramakavelo, um antigo ministro das Forças Armadas.

Refira-se que Andry Rajoelina já se auto-nomeou presidente e pensa apresentar os membros do seu Governo em breve. Também há quem diga que esta tomada de posição de Rjoelina se deve ao facto do edil da capital malgaxe estar sob supervisão do antigo presidente Didier Ratsiraka.

É por estas e por outras que na última Cimeira da UA só dois países ratificaram a Carta Africana da Democracia, Eleições e Governação. Para quê ratificar uma coisa que só existe no papel na maioria dos Estados africanos. Democracia sim, mas desde que eu seja o vencedor e dono do poder…
Posteriormente publicado no , na rubrica "Opiniões e Análises"

Estará a Assembleia Nacional legitimada para alterar a Constituição?

"As recentes eleições legislativas em Angola tinham matriz constitucionalizante? Ou seja, os deputados eleitos foram-no e estavam legitimados para discutir eventuais e profundas alterações à presente Constituição?

O eleitorado quando foi colocar a sua cruzinha no boletim de voto sabia que estava a dar prorrogativas constitucionais aos seus eleitos? Tinha conhecimento das alterações que os partidos políticos concorrentes se propunham fazer?

Sabemos que alguns achavam, e com toda a legitimidade que dá o desafio político, que a Constituição deveria ser alterada em sectores pontuais, alguns dos quais já votados e aprovados na anterior legislatura – a maior que se conhece e que durou cerca de 16 anos – mas que razões políticas impediram de ver luz do dia.

Mas o que não me recordo de ver, ler ou ouvir nos partidos políticos foi mensagens e desafios públicos para alguma eventual alteração da ainda vigente Constituição, nomeadamente sectores que pudessem pôr em causa o actual sistema eleitoral ou a forma constitucional do País.

Por isso, não deixa de ser surpreendente que na última reunião do Comité Central do MPLA o Presidente José Eduardo dos Santos, enquanto líder máximo do partido e ainda o mais Alto Magistrado da Nação Angolana, tenha divulgado a existência de diferentes correntes constitucionais dentro do MPLA quanto à futura eleição presidencial. Uma que defenderia a eleição directa, a que vigora e que dá ao Povo o direito de escolher directamente o seu representante máximo, e outra pela via indirecta, ou seja, pelo Parlamento.

Segundo o que consta, esta informação apanhou a maioria, senão mesmo a quase totalidade dos presentes, de surpresa dado que teria sido uma questão nunca posta.

E se os dirigentes do MPLA foram tomados de surpresa, mais surpresos ficaram os angolanos quando Quintino Moreira, presidente de um pequeno partido, recentemente eleito para o Parlamento, a Nova Democracia (ND), veio a terreiro e em duas entrevistas, quase seguidas, defender o mesmo: a eleição indirecta do Presidente. (…)
" (continuar a ler aqui)
Publicado no semanário angolano , edição de 30/Jan./2009

06 fevereiro 2009

Flávio dá mais uma taça ao Al-Ahly

(imagem CAF)
O actual campeão de África de clubes, o Al-Ahly, venceu hoje a Supertaça africana “CAF Super Cup”, ao derrotar a equipa tunisina do Club Sportif Sfaxien, vencedor da taça CAF-Mandela, por 2-1 com os dois golos do internacional Palanca, Flávio Amado (terceiro em pá na imagem com o nº 23). O último a passe de Gilberto.

Com esta vitória a equipa egípcia, treinada pelo treinador português Manuel José, conquista a 4ª supertaça.

05 fevereiro 2009

Haverá realmente interesse na Média em Portugal?

(daqui)

"Enquanto alguns países penam por ter mais e melhor Comunicação Social, ou seja, deixarem de ter só um jornal – e, em regra, dominado pelo poder instituído –, há outros que, embora não estejam nas mãos do poder (governativo ou legislativo), acabam, na prática, subordinados a este através das concentrações que foi, ou vai, permitindo sem se preocupar com as consequências que daí se adivinhem.

Há já uns anos que isso acontece em Portugal e, sublinhe-se, sem que o Poder tenha qualquer cor política definida. Bem pelo contrário. Para Poder novo há sempre um Sistema velho e habitual. Mútua subserviência para defesas comuns.

Recordo-me que, durante alguns anos o principal matutino de referência sedeado em Lisboa, mesmo após a privatização era reconhecido como o órgão oficioso do Governo (fosse ele qual fosse a cor política).

Depois foi, juntamente com outros, integrados num Grupo económico que, segundo parece – só assim se explica a tentativa de despedimento colectivo de 122 dos seus actuais jornalistas e funcionários –, não deverá gozar de muita saúde financeira.

A crise económica e financeira portuguesa (perdão mundial, porque em Portugal o Governo conseguiu colmatá-la; se não for verdade que justifiquem as palavras do seu primeiro) começa a justificar actos de gestão, pouco qualificáveis e injustificáveis perante situações que a montante (e recentes) mostravam uma pujança no Grupo e agora acaba com secções para criar dependências perante terceiros (não me parece que os jornais em questão deixem de noticiar eventos mundiais/internacionais; ora se não têm a respectiva secção terão de comprar as notícias às agências e pelas amostras que vou lendo algumas parecem mais fornecedoras de anedotas que notícias). (...)" (continue a ler aqui ou aqui)
Publicado no semanário regional , edição 978, de 5/Fev./2009

Toda ajuda é preciosa

(Podem saber mais aqui)
Timor-Leste como Nação nova que é e com problemas de crescimento e consolidação como Estado e Nação carece de toda a ajuda que se possa dar.

Por vezes não é só falar do que, mal ou bem, politica e socialmente, ocorre em Timor-Leste mas também da sua economia, do ensino ou do turismo.

E porque, quase sempre, a economia e o turismo estão interligados nada como saudar, infelizmente, e como alguém já o lamentou também, só na cidade do Porto, em Portugal, uma das actuais imagens de Timor-Leste, as bonecas de Ataúro, criadas pelo empreendorismo social de mulheres timorenses e premiadas pela UNICEF, vão estar em exposição a partir de amanhã na Feira Concept.

Mais do que, naturalmente, gastar dinheiro nas bonecas há que admirá-las e admirar a vontade das mulheres timorenses em não se submeterem ao “coitadismo social” tão ao gosto de alguns muitos lusófonos.

Toda a ajuda que se possa dar em favor do engrandecimento de um País é sempre preciosa, principalmente quando o que está em causa é a vontade de empreender e não a de se submeter ao subsídio-dependência da ajuda externa.

Raul Castro em Angola, para e por quê?

(Raúl Castro e Fernando Piedade dos Santos na Assembleia Nacional; foto ©Elcalmeida via TPA)

O que realmente Raúl Castro Ruz, Presidente de Cuba, está a fazer em Angola, numa viagem que alguns observadores, nomeadamente latino-americanos, consideram inesperada?

Além de ter sido obsequiado com uma sessão solene na Assembleia Nacional (foto em cima), como é natural entre as visitas de Estado de governantes amigos – só que para certos “amigos” preferia receber os inimigos… –, e ter procedido à inauguração, ontem, de um monumento/museu (um edifício bonito, pareceu-me) que recorda para os vindouros a brutal
Batalha de Cuito Cuanavale (Kuando Kubango) que opôs desavindos irmãos angolanos, cubanos e sul-africano, entre outros pseudo-internacionalistas, que mais fez Raúl Castro na sua visita a Angola?

Por certo que não foi devolver a viatura oficial de um então ministro, roubada em Luanda e vista mais tarde a circular em Havana e ainda com a matrícula angolana, ou pagar todos os instrumentos e máquinas cirúrgicas roubadas da antiga Clínica do Prenda.

Nem, tão-pouco, fazer aquilo que outros já fizeram. Pedir desculpas ao povo angolano pelas atrocidades que fizeram em nome da guerra e do internacionalismo socialista e no "sacrifício de milhares de vidas", como o próprio Raul Castro o afirmou. Que o digam os que padeceram com e no 27 de Maio de 1977… Uma "irmandade [só é] indestrutível" quando se reconhecem os erros e se penalizam por eles.

Mas não, segundo o que se sabe, oficialmente, além do já acima referido, Raul Castro terá homenageado Agostinho Neto, depositando uma coroa de flores no monumento erigido no Largo da Independência e ido ao cemitério Alto das Cruzes depositar uma coroa de flores no túmulo do comandante Raúl Arguelles, falecido em combate em Angola.

Sabe-se, também, que vai visitar a Zona Económica Especial (ZEE), nos arredores de Viana. Talvez queira mudar Cuba através da criação de uma zona similar já que, em alguns países onde isso era o prato-nosso de cada dia começam a questionar a sua manutenção. Mas como há necessidade de girar dinheiro e como ainda há muitas camisas com colarinhos brancos…

Tudo, segundo o Granma, órgão oficial do PCCubano, Raúl Castro está em Angola numa visita a convite de Eduardo dos Santos (reciprocidade à sua visita eme Agosto de 2007?) para reforçar as relações históricas e de amizade entre Cuba e Angola no dia do 48º aniversário do início da Luta de Libertação.

Pois, e se me permitem, concluo como comecei: o que realmente Raúl Castro Ruz, Presidente de Cuba, está a fazer em Angola, numa viagem que alguns observadores, nomeadamente latino-americanos, consideram inesperada?

04 fevereiro 2009

O 4 de Fevereiro, uma das datas da Libertação Nacional

"Politicamente ainda há quem determine o 4 de Fevereiro (de 1961) como a única data do início da luta de Libertação Nacional e do Nacionalismo Angolano.

E as celebrações oficiais que vão ocorrer por esta data assim o mostram e reforçam.

É altura, 6 anos, quase 7, que passam desde que a Paz chegou a Angola que os partidos políticos deixem de guardar algumas datas como partidonacionais e as aceitem, em definitivo, como datas verdadeiramente nacionais, ou seja, de todo o Povo Angolano celebrando-as, não como datas partidocráticas, mas como datas unificadoras da Nação.

O 4 de Fevereiro e o 15 de Março de 1961, o 13 de Março de 1966 aliados ao 4 de Janeiro de 1960 devem formar as 4 grandes datas de Libertação Nacional. A elas, podem – devem – ser aliançadas as datas de 22 de Fevereiro e 4 de Abril (de 2002) e 17 de Setembro, Dia do Herói Nacional.

Que privadamente os partidos o façam, até se aceita. Mas devem se restringir, unicamente, aos seus locais e celebrações partidárias.

No global, estas datas devem ser recordadas – seguindo o modelar exemplo dos santomenses quanto às celebrações do massacre de “Bate Pá” – como festas de União dos angolanos e não como celebrações partidárias, por vezes de forma abusiva e menos correcta, como a História já o comprovou. (...)
" (continue a ler aqui ou aqui).
Publicado no /"Colunistas" de hoje.

03 fevereiro 2009

Dois Países, duas celebrações a mesma reflexão



Moçambique e São Tomé e Príncipe celebram hoje duas datas importantes para a sua implementação como Nações e unificação dos Povos.

Em Moçambique comemora-se o Dia dos Heróis Moçambicanos em homenagem à data em que foi assassinado Eduardo Chivambo Mondlane, um dos principais artífices que levaram à independência de Moçambique, vitimado pela explosão de uma encomenda armadilhada, a 03 de Fevereiro de 1969, em Dar es-Salaam (Tanzânia), num atentado inicialmente atribuído unicamente à polícia política portuguesa, a então Pide, mas, recentemente, com
algumas vozes que surgem a denunciar a participação de individualidades da, ou próximas da, Frelimo no acto perverso.

Infelizmente, e para não variar, a data está a ser assinalada pela denúncia da Renamo sobre como estão a ser celebrados os actos oficiais. Tudo porque a Frelimo continua a não aceitar incluir na relação dos Heróis Nacionais Moçambicanos, entre outros, André Matsagaíssa, um dos fundadores da Renamo, morto em combate, em 1979 o que leva a Renamo a denunciar que a Frelimo está "reduzir Eduardo Mondlane à sua dimensão partidária".

Em São Tomé e Príncipe, relembra-se hoje o massacre de “Bate Pá” ocorrido há 56 anos (3 de Fevereiro de 1953) durante o consolado do Governador-geral, Carlos Sousa Gorgulho.

Tudo porque alguém parece que queria ser mais que governador de STP decidiu que os trabalhadores, santomenses de origem forro e alguns degredados provenientes de Angola e Moçambique deveriam trabalhar mais do que humanamente era possível e conforme parece que previa um instituído Plano de Fomento. Naturalmente esta situação acabou por degenerar num conflito social transformado em
massacre com um número inestimável de vítimas entre os santomenses.

Ao contrário das celebrações moçambicanas, os santomenses recordam, normalmente e este ano não fugiu à regra, este dia sem a presença efectiva de políticos ou de actos políticos mas sob o signo da vontade popular em congregar e unir o povo santomense.

02 fevereiro 2009

E tudo coronel Kadhafi tenta…

Um dos maiores sonhos do presidente líbio coronel Muammar Kadhafi, quando em 1999, propôs em Syrtre, a criação da União Africana era, logo que possível, criar os Estados Unidos de África, embora numa primeira ideia fosse só para os Estados ao sul do Saara.

A sua maior ambição era tornar exequível o que alguns visionários afro-americanos, nomeadamente o jamaicano naturalizado norte-americano, Marcus Garvey, pensaram nos primórdios do século XX, tal como o fez da década de 60 o ganês Kwane Nkrumah, e tornar-se no seu principal, se não mesmo, democraticamente o único, líder.

Tentou por duas ou três vezes introduzir essa ideia sem, contudo, a forçar.

Desta vez, e aproveitando-se do facto da presidência rotativa da União Africana ser de um País do Magreb, Kadhafi propôs-se para a presidência rotativa, esquecendo-se – ou talvez não, mas esperando que outros se fizessem esquecidos – que a Líbia pertence ao Mashreq e não ao Magreb, como muito bem relembrou o até hoje presidente em exercício e chefe de Estado da Tanzânia, Jakaya Kikwete ao jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA).

Mas se bem tentou melhor consegui porque foi eleito presidente em exercício da União Africana (UA). De certo que os outros Chefes de Estado não estavam a dormir. Só que ninguém quer, nesta altura, afrontar aquele que parece gozar de certo prestígio – ou será acomodamento – junto de alguns sectores africanos, europeus e norte-americanos ao ponto de um dos seus filhos propor a criação, pasme-se, de um Conselho que agrupe as ONG’s afro-árabes pelos Direitos Humanos! Pasme-se, novamente).

Mas se conseguiu a presidência falhou o seu objectivo maior. Avançar para a criação de uns Estados Unidos de África com um Governo comum e único baseado no modelo da União Europeia.

Angola foi dos países que disseram, e muito bem, NÃO! Porque há ainda que solidificar os diferentes conceitos regionais antes de se avançar para um conceito global de unificação africana.

Há muitos interesses divergentes entre os dirigentes e populações africanas para que seja possível “unificar” África em torno de um objectivo como se tem provado, desde 1963, quer com a OUA quer com a UA.

O senhor coronel Muammar Kadhafi vai ter de esperar mais uns anos – espero que muitos e longos – manter-se como indigitado “
rei dos reis africanos”…