29 fevereiro 2008

Angola subiu no IDH de 2007/2008

Os profetas da desgraça estão mortificados. Então não é que Angola conseguiu melhorar a sua performance no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2007/2008? Pois passou dos desesperantes 166º para os já melhores 162º, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008 (mas reportado a 2005).
Brilhante, não há dúvida!
Tão brilhante que um dos Países mais ricos de África e com uma brilhante população de novos-ricos – poucos, mas muito bons, até oferecem cabeças de gado aos seus cães –ainda se encontra no quadro de Desenvolvimento Humano Baixo, com 0,446 do valor IDH – só entra no Desenvolvimento Médio a partir dos 0,500 –; com uma esperança de vida a rondar os 41,0 anos e uma taxa de mortalidade infantil de 154/1000 nados-vivos e de 260/1000 para crianças até aos 5 anos; com uma taxa de alfabetização de adultos de cerca de 72,2%; com uma insípida taxa de escolarização bruta conjunta dos ensinos primário, secundário e superior na ordem dos 25,6; com um índice de pobreza de 40,3%; a despesa “per/capita” com a saúde não ultrapassa os 38 USDólarus e tem 8 médicos por cada 100.000 habitantes; apresenta um índice de 3,7% de infectados com HIV-Sida entre os 15 e os 49 anos; e “last but not least” apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) de, somente, 2.335 USDólares e uma inflação de 23%.
Se isto é suficiente para embandeirar em arco...
Já agora de registar que nos restantes países da CPLP, constata-se que Portugal está no 29º lugar com 0,897 do valor do IDH e o Brasil, está no 70º lugar, com 0,800 – fecha o índice de Desenvolvimento Elevado –; Cabo Verde em 102º, com 0736, São Tomé e Príncipe em 123º, com 0,654, e Timor-Leste em 150º, com 0,514, estão no grupo dos Desenvolvimento Médio; já Moçambique em 172º, com 0,384, e Guiné-Bissau em 175º e antepenúltimo lugar com 0,374.
Ao contrário de Portugal, houve países da CPLP, como casos do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique que melhoraram as suas posições face ao relatório global referente ao ano de 2000. São Tomé e Príncipe e Timor-Leste entraram pela primeira vez para o relatório e logo como Países de Desenvolvimento Médio. Ao contrário de Angola, também pela primeira vez no grande grupo, que está onde está...

Afinal parece que tinha razão…

Agora entendi porque o senhor Ministro da Defesa e, quase certo, (re)novo Director de Campanha do MPLA, Kundi Payhama, terá afirmado que a UNITA tinha ainda armamento e que havia elementos deste partido prontos para a guerra e sabia quem eles eram.
Agora ficámos também nós a saber quem eles são!
De acordo com uma notícia no Angonotícias, e citando o Multipress, milhares de ex-militares da UNITA – as ex-FALA –, em Benguela, continuam a aguardar a sua desmobilização e reintegração na sociedade civil, abandonados à sua sorte sem que o Instituto de Reinserção Social consiga perspectivar quando é que a sua reinserção irá acontecer. A última vez que se falou na reinserção foi em Dezembro de 2006 quando cerca de duas centenas de ex-Fala receberam cabeças de gado na Caála; daí para cá, e em Benguela, só os da antigas FAPLA.
Ora como a desmobilização dos ex-militares/milícias é da responsabilidade das FAA e estas estão subordinadas ao senhor Ministro da Defesa é natural que este tivesse proferido aquelas (in)sensatas palavras numa recente entrevista ao “Café da Manhã” da luandense Rádio LAC…
E em vésperas do período pré-eleitoral nada como manter os ex-militares/milícias das FALA em branda desmobilização e reintegração para provocar o descontentamento e assim, o director de campanha, mobilizar vantagens eleitorais, quanto mais não seja para justificar uma eventual presença de forças militares cubanas no País…
Ser Ministro da Defesa e eventual director de campanha partidária só mesmo em Angola…

Será que não sabem mesmo o que é cultura?

(imagem d' O Apostolado)
Segundo uma notícia d'O Apostolado, operários chineses que estão a recuperar o caminho-de-ferro do Namibe e sob a desculpa de falta de brita para a reconstrução estão a alvejar – leia-se dinamitar – grutas onde predominam pinturas rupestres, dilapidando – simpaticamente o Apostolado afirma que é involuntariamente – assim, o nosso riquíssimo património cultural.
Continua-se a não compreender porque os nossos operários se mantém afastados das obras chinesas. Não acredito que os acordos sino-angolanos não contemplem uma paridade entre operários chineses e angolanos como se insiste a verificar.
É um autêntico atestado de menoridade profissional, aquele que os chineses nos passam. E por isso, e porque não persistem em prescindir dos técnicos angolanos, operários culturalmente pouco qualificados destroem a nossa cultura! Até quando?

28 fevereiro 2008

Quando a tradição é aviltante…

... e atentatória da dignidade humana...
Há tradições e tradições.
Há aquelas que não só são de defender e preservar, nomeadamente as culturais, como há as que pela sua iniquidade e abjecção devem ser acabadas, mesmo que tenham uma teórica cobertura da teologia e do tradicional.
E neste caso está a mutilação genital (MGF), ou excisão, que a maioria dos países quer tornar juridicamente proibida mas que alguns indivíduos, nomeadamente os da classe masculina e agregados a ideias e movimentos teológicos desejam preservar.
Entre os países que estão prestes a dar um grande e profundo passo em frente está a Guiné-Bissau que hoje iria ver debatida no seu Parlamento legislação que ponham fim à excisão e impedir que se continue a praticar o acto nas jovens Bissau-guineenses; segundo o Instituto da Mulher e da Criança da Guiné-Bissau, em 2007, mais de 4000 (QUATRO MIL!!) jovens foram sujeitas a mutilação genital feminina.
Mas se as pessoas de boa vontade querem tornar o País num exemplo de vanguarda, outros há que não só criticam como “ameaçam” com eventuais excomunhões como foram os casos de líderes muçulmanos Bissau-guineenses, nomeadamente o presidente da Comissão Nacional Islâmica (CNI), El Haj Abdou Bayo, e Mustafa Rachid Djaló, presidente do Conselho Superior dos Assuntos Islamicos (CSAI), que se opõem à proibição da MGF, alegando que tal será "uma afronta ao Islão" esquecendo-se, porque lhes convém e assim mais facilmente manietam as pessoas mais crédulas, que o assunto nunca foi objecto de estudo corânico e que essa prática vem dos tempos anteriores à penetração do Islão em África!
Como afirmava um responsável de uma ONG Bissau-guineense o “fanado” é um excelente negócio para certos indivíduos da Guiné-Bissau. E só se espera que não aconteça o que sucedeu em 2003 em que as “fanatecas” voltaram à sua “actividade”

Às vezes um murro na mesa…

(Annan anunciando o acordo; foto daqui)
Estrebucharam, ameaçaram chamar os seus apoiantes e obrigar alguém aceitar alguém. Brincaram com o negociador dando um passo em frente e vinte atrás. Mas o antigo Secretário-geral das Nações Unidas e negociador para a paz no Quénia, Kofi Annan, fartou-se e ameaçou bater com a porta e de vez.
Voltaram os contorcionismos e as ameaças. Só que desta vez o negociador não pactuou e hoje foi assinado um protocolo de acordo entre as partes para colocar fim ao conflito político-social no Quénia.
O acordo, com assinatura televisionada, prevê a partilha do poder entre os dois líderes quenianos, sendo criado a figura de primeiro-ministro que deverá ser ocupada por Odinga ou alguém por ele nomeado. Só que os quenianos terão de alterar, muito em breve, a constituição porque a actual não prevê a figura de primeiro-ministro.
Espero que, ao contrário do que “lamenta” Orlando Castro, não seja mais um acordo até a guerra voltar e que desta vez os signatários, Mwai Kibaki, presidente do Quénia e vencedor oficial das eleições, e Raila Odinga, o líder da oposição que se considerava como vencedor, sejam “homenzinhos” e coloquem, de vez, os interesses da Nação assim dos seus interesses político-pessoais.
Porque mais de 1.000 mortos e 300.000 deslocados penso que são números para pensarem e não se repetirem.
Nem aqui nem em um outro qualquer país africano!

A nova bandeira de Portugal

Apesar de ser um Decreto-Lei de 2007 só agora me chegou às mãos e via e-mail.
Só espero não vir a ser atacado, vilipendiado e excomungado por algum fundamentalista luso-cristão assim como espero que isto não esteja contemplado na Constituição portuguesa como ofensa à dignidade lusíada e governativa!
Aqui fica então, a nova bandeira e os quesitos que a levaram a ser aprovada:

27 fevereiro 2008

Elefantes para abater?!

(Aceda ao video da Reuters [espere pelo fim da pub.])

O Kruger National Park quer abater elefantes porque a sua população cresceu acentuadamente devido à boa protecção que o Parque Natural evidenciou nestes últimos anos ao ponto de, segundo os responsáveis do Parque colocar em perigo outras espécies e a capacidade do Parque.
Será que a justificação contida no vídeo é plausível?
Não haverá outros países onde as manadas de elefantes quase desapareceram? Não poderia(á) a África do Sul, eventuais países receptores e Comunidade internacional transferir “famílias” para outros lugares?
Uma bala deve ser mais barata; aliada ao facto das presas serem sempre negociáveis mesmo, e principalmente, nos mercados paralelos!
E se pressionássemos o Governo da bandeira arco-íris para que repensasse a sua posição!

Helena Justino expõe em Lisboa

"Naturezas Mortas nº.6"
(Uma das telas de Helena Justino em exposição)
Integrada no ciclo "O prazer da Arte", a artista plástica Helena Justino inaugura hoje, pelas 18.30, na GalleryCenter, no Shopping Comercial Amoreiras, uma exposição de pintura integrando as suas últimas obras, num projecto que continua, de forma mais exuberante, a série "Ninhos", com que obteve um relativo êxito quando da sua apresentação, há dois anos, na Alemanha.
Helena Justino nasceu no Porto em 1944. Curso Geral de Pintura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto e licenciatura em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Fez a primeira exposição individual no Museu de Angola, Luanda, em 1963, e expõe regularmente desde 1985.
Conciliando a liberdade criativa de Júlio Resende com o rigor do traço de Lagoa Henriques, seus mestres na Escola Superior de Belas Artes do Porto, Helena Justino mantém a essência neo-figurativista da sua arte, em que o lirismo está sempre presente, assim como as ligações afectivas a África, que estão patentes no estilo de composição e sobretudo nas cores vivas e fortes que fazem a peculiaridade da obra.
Segundo o Professor Rocha de Sousa, que a conheceu quando da sua primeira exposição, em Luanda, em 1963: "Desde a proposta 'Sei um ninho', aliás muito ligada ao seu período criador no estrangeiro, conseguida internacionalização que haveria de superar, na obra, os habituais ostracismos nacionais, Helena Justino como que retoma o seu mistério inicial, o balanço entre a força, a claridade, a sombra e o sentido táctil da macieza e da aspereza, a ordem submetida ao convívio com diferentes devaneios nocturnos. Entre este ponto e certos limites já longínquos, a pintora reivindica para o seu modo de formar origens temáticas, ou temas aplicados posteriormente às formas plásticas apresentadas, bem como a ideia de mensagem, no sentido próprio da comunicação com os outros pela linguagem pictórica – a par de uma frequente pontuação africana indicadora de apelos por aquelas terras efectivamente mágicas ou encantatórias. A autora não deixa de referir, neste conjunto de autoavaliações, dois sentidos fundamentais do seu trabalho – o factor integrante da projecção poética, o qual arrasta a vibração lírica do próprio discurso, e o factor de reordenação dos sentidos coordenando as expectativas abertas."
A exposição, que está aberta ao público das 10 às 23 horas, prolonga-se até ao próximo dia 17 de Março.

26 fevereiro 2008

Para onde vai a crise social em Moçambique?

(imagem AP/Google)

"Quando tudo parecia ter acalmado com o fim dos aumentos das tarifas dos “chapas” quando parecia que o País já tinha entrado outra vez na calma habitual hoje Moçambique acordou sob o espectro de graves crises em Maputo e em Chimóio, onde, segundo a BBC terão ocorrido 5 casos mortais entre a população, tendo tudo começado porque a população quis linchar 11 suspeitos criminosos.
Já há dias o jornal electrónico
O Observador alertava para estes factos, nomeadamente para a onda de linchamentos no centro do País por causa da ineficácia policial. Houve quem dissesse que mais não era que especulação jornalística. O resultado está à vista.
A quem interessa estes factos? E em vésperas de uma visita presidencial estrangeira?
Será que a luta intestina na Frelimo entre ortodoxos, renovadores e os apoiantes de Guebuza vai aquecer ainda mais? (...)
" (pode continuar a ler aqui ou aqui)

Publicado no , na rubrica "Colunistas" em 26/Fevereiro/2008,

25 fevereiro 2008

Recenseamento eleitoral no exterior; afinal como ficamos?

De acordo com um comunicado do Tribunal Supremo (Constitucional) terá havido uma incorrecta transcrição do acórdão daquele tribunal no que toca à constitucionalidade ou não do decreto-lei que impede o recenseamento eleitoral dos angolanos no exterior.
Segundo o presidente do TS, Cristiano André, terá faltado uma palavra, um “não” que poderia deturpar o sentido do acórdão.
Estranho que só depois da UNITA ter divulgado o conteúdo do acórdão, da comunicação social – e blogues angolanos – se pronunciarem sobre o assunto e questionarem se as eleições seriam ou não adiadas e se o recenseamento deveria ser efeito em simultâneo com o intercalar de Maio é que o senhor Presidente do TS venha a terreiro “esclarecer” um erro!
Todos podem errar. Os juízes, como humanos e relatores “manuais”, não são menos susceptíveis de errarem. Agora o que não se compreende é que só vejam o erro muito depois. Quase três dias depois e a um fim-de-semana…
E se reparamos que o MPLA e os ministros próximos do CNE e do MIPE se mantiveram calados é ainda mais estranha a “rectificação” que segue, esclarecendo que: “… não obstante o teor então dado a conhecer quer aos requerentes quer ao órgão legislativo, tornava-se líquida uma leitura que nos conduziria pela negativa, em presença da fundamentação organizadamente oferecida e constante desse acórdão, confrontada com as conclusões, sob pena de colisão entre aqueles fundamentos e a respectiva decisão […] não declarar a inconstitucionalidade dos artigos 95 nº 2 e dos art 154º a 161, da Lei 6/05, de 10 de Agosto, Lei Eleitoral”.
Resumindo, parece que alguém estrebuchou demasiado e o TS teve de reverificar o acórdão.
Pode ser que seja vero, e ninguém no seu juízo perfeito vai negar essa constatação, mas que o acórdão, errado ou não, já criou expectativas e “felizes alaridos” entre a Diáspora e entre os analistas políticos angolanos disso já o TS não se pode eximir.
Vai ser difícil agora explicar aos angolanos porque é que continua a haver angolanos mais angolanos que outros. Venha e impere o bom-senso na classe política dirigente angolana. Até Maio há muito para fazer e reformular sem que isso possa atrasar as eleições.

24 fevereiro 2008

Fidel Castro dá lugar a… Raul Castro

Cuba tem um novo Presidente e Comandante-Chefe.
A “El Comandante”, doente de 81 anos, sucede… Raúl Castro Ruz, de 76 anos.
Já é oficial e foi pronunciado pelo reeleito presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular – onde é que já ouvi isto? –, Ricardo Alarcón.
Como primeiro-vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros foi eleito José Ramón Machado Ventura, um homem do princípio da nomenclatura.
No topo, mudou-se o nome, mas manteve-se o apelido e a consanguinidade familiar e… nada muda!

23 fevereiro 2008

Angola perde dois Homens da Angolanidade

Hoje Angola perdeu dois dos seus mais distintos defensores da Angolanidade: Gentil Ferreira Viana e Joaquim Pinto de Andrade.
Dois Homens de percursos distintos e semelhantes na mais alta defesa da nossa Pátria e da Angolanidade.
Ambos, faleceram vítimas de doença, Gentil Viana, em Lisboa, por volta das 14,30 horas, e Joaquim Pinto de Andrade, em Luanda. Acabava o seu sobrinho e presidente da Casa de Angola de saber do falecimento de Gentil Viana e ligava-lhe o irmão de Luanda a informar do passamento de Pinto de Andrade.
Ambos primavam pela coragem da defesa dos seus princípios e da liberdade.
Gentil Viana, deixou o seu nome e legado à luta pela independência de Angola e foi um dos precursores e mentores do 1º Congresso dos Quadros Angolanos do Exterior e advogou em Portugal tendo deixado um marco muito profundo entre os seus antigos discípulos estagiários.
Joaquim Pinto de Andrade, uma voz crítica e serena do actual sistema governativo angolano, como comprovou o facto de nunca deixar de se manifestar contra a forma como foi julgado Miala, era o presidente de honra do MPLA.
À família e a Angola o meu profundo pesar.
Todavia, sei que estejam onde eles já estiverem, estarão juntos de outros Grandes vultos da Angolanidade e todos farão por proteger os Angolanos das más-vicissitudes e deformações que alguns querem fazer do nosso País.
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NOTA Complementar: segundo informações da família o corpo de Gentil Viana irá ser velado na sede da Casa de Angola, em Lisboa, à Travessa da Fábrica das Sedas, a apartir das 16,00 horas de amanhã, 24 de Fevereiro.

22 fevereiro 2008

Seis anos depois, a vitória?

DDR

Após a sua morte os angolanos começam a ver uma luz ao fundo do túnel com a histórica posição do Tribunal Supremo (o Tribunal Constitucional) que deu razão à UNITA em dois importantes assuntos; um para o partido e outro para os Angolanos: o TS considerou válidas as razões da UNITA para reclamar ao não direito de se recensear os angolanos da diáspora, considerando-a uma norma não constitucional e ilegítima, pelo que veremos como o Governo e o MPLA irão descalçar esta bota, e o facto dos 16 “desavindos” deputados ex-UNITA não poderem se juntar como grupo independente, embora não tenha também dito que têm de sair.

Esperemos que 6 anos depois, o Povo angolano comece a sentir que a morte do Mais Velho não foi em vão, e que Savimbi possa, enfim, descansar nas nharas da sua terra.

Publicado n', edição 162, de 22-Fevereiro-2008, sob o título "Savimbi morreu em vão?"

21 fevereiro 2008

E agora CNE?

Uma das grandes lutas da Diáspora angolana era ser considerada como Angolana completa. Para isso queria e desejava ter o direito de se recensear e poder votar nas próximas – e futuras – eleições angolanas.
Todavia, quer a Comissão Nacional de Eleições (CNE), quer o Governo, através da Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral MIPE), evocando dificuldades logísticas – só não o evocaram para o Zimbabué, onde se puderam recensear – impediram os angolanos no exterior de se recensearem.
A Diáspora protestou, mas em vão.
Felizmente, ainda há quem se lembre de não se ficar pelos assentos seguros – sê-lo-ão? – do Parlamento Nacional e não se fique pela mera retórica do protesto verbal.
A UNITA reclamou e protestou junto do Tribunal Supremo de Angola que tem funções de Tribunal Constitucional e ao fim de dois anos, o TS apresentou um acórdão que vai, por certo, (pelo menos, isso acontece num país democrático e que reconheça ao eleitorado o direito de julgar os políticos) colocar em causa as próximas eleições legislativas se a CNE não cumprir com o respectivo acórdão.
De acordo com o acórdão do TS é reconhecido aos angolanos no estrangeiro o direito de se registar (leia-se, recensear) e o direito ao voto (estranhamente, ou talvez não, pode ter havido um problemas nas linhas telefónicas e de internet, tanto a ANGOP – estas situações ainda deve persistir – como o Jornal de Angola, edição online de hoje, omitem esta deliberação do TS, porque será?)!
Obrigado ao reclamante e obrigado ao TS por nos considerarem angolanos de pleno direito e não menos angolanos que aqueles que vivem no País!
Mas se esta foi uma disposição inédito por ser claramente favorável às pretensões da UNITA, embora extensiva a todos os Angolanos, mais espectacular foi o facto do TS também ter dado provimento à pretensão da UNITA em não considerar o direito a agrupamento independente aos 16 deputados que se excluíram da UNITA e que se mantém na Assembleia Nacional à revelia daquela força política e com o apoio discreto mas claro do MPLA e do Presidente da Assembleia Nacional.
Quem se deve estar a rir com estas “derrotas” pré-eleitorais de personalidades que se dizem mais angolanas que outros e pertencentes ao MPLA – e eu não acredito que o MPLA apoie indivíduos que estão a ter atitudes que põem em causa não só a credibilidade eleitoral como a própria credibilidade do partido e do Presidente Eduardo dos Santos – será o Mais Velho nas vésperas do dia que perfazem 6 anos que foi morto e a quem ainda não deixam transladar para a sua terra natal!

20 fevereiro 2008

Combate à pobreza e à fome passa pelo quê?

"Sim à “exploração de biocombustíveis no país, desde que esta indústria não colida com o programa do Governo de combate à fome e à pobreza”. Esta é uma das afirmações do presidente Armando Guebuza, que adiantou, e pertinentemente, que a matéria-prima para os biocombustíveis devem ser cultivadas em terrenos menos férteis.
Sim aos subsídios aos “chapas” porque o povo passa por dificuldades financeiras e, a fazer fé nas palavras acima, fome. Mas não pode esquecer os transportes colectivos inter-regionais e inter-cidades ou continua tudo na mesma e lá se vai o programa do Governo de combate à fome e à pobreza.
Sim ao desenvolvimento económico do País e a consolidação da iniciativa privada mas, minimizem o aumento do pão, porque o povo não pode passar fome e isso contraria o programa do Governo de combate à fome e à pobreza.
Sim à Livre Concorrência, em 2008, à União Alfandegária em 2010, ao Mercado Comum em 2015 e à União Monetária (qual?), em 2018, tal como prevê o Acordo de Comércio Livre da SADC, mas não tentem pôr em causa o programa do Governo de combate à fome e à pobreza.
Sim ao combate às cheias, à erradicação das doenças, à saída dos lavradores das machambas da orla fluvial, ao apoio das vítimas, mas lembrem-se que se não houver cheias e lavradores junto das férteis águas fluviais, mesmo que possam morrer, não vamos ter condições para implementar o programa do Governo de combate à fome e à pobreza e isso não permitiremos.
Sim à liberdade sindical dos trabalhadores moçambicanos, mas quem põe em causa o programa do Governo de combate à fome e à pobreza é um miserável reaccionário e isso não será permitido; mesmo que os trabalhadores evoquem, naturalmente, o elevado custo de vida e, por esse facto, revolucionariamente queiram melhores condições sociais e laborais.
E se dúvidas há quanto ao fracasso do actual programa do Governo de combate à fome e à pobreza basta ver como os “reclamantes” têm sido tratados por administradores locais e regionais e como a PIR tem sido sistematicamente chamada para abafar os protestos.
E eles não se têm confinado a Maputo. Xinavane (Manhiça), na província de Maputo (sul), Chókwe e Chibuto, (província de Gaza) e Inharime, (província de Inhambane) também têm sido palco de convulsões sociais. (...)
" (Continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado n', edição 160, de 20/Fevereiro/2008, sob o título "Governo combate os pobres e não a pobreza"

França já sofre efeitos colaterais de Kososo?

De acordo com uma notícia do diário moçambicano electrónico O Observador, edição 160, de 21/Fev/2008, o Palácio de Justiça de Ajacico terá sido metralhado durante a noite de terça-feira por um ou vários desconhecidos que se faziam transportar num carro deixando visível na fachada do edifício sete impactos de bala “vários dos quais à altura de um homem, e os CRS de guarda só escaparam aos tiros porque se lançaram ao chão”, conforme terá declarado o procurador da República em Ajaccio, José Thorel, que se deslocou ao local. Segundo o magistrado, “a arma utilizada era de grande calibre e o ou os atiradores terão utilizado uma viatura roubada que foi encontrada em chamas a cerca de 500 metros do Palácio alguns instantes mais tarde”.
Efeitos colaterais da auto-proclamação da independência do Kosovo e do reconhecimento do Estado kosovar pela França?
É preciso não esquecer que os corsos desde há muito que lutam pela independência da ilha.
Relembremos que já em Setembro de 2005 a Câmara Municipal de Ajaccio foi atingida por um um rocket, num local muito perto do gabinete onde se encontrava o presidente da autarquia, sem contudo, e também dessa vez, sem fazer feridos, ao contrário do verificado no início do ano de 2007 onde uma pessoa morreu e outra ficou ferida devido a um atentado levado a efeito, especulou-se, por nacionalistas corsos.

19 fevereiro 2008

Pequenos ou talvez por causa disso…

(a canoagem santomense já arrecadou duas medalhas de bronze)

Os santomenses podem ser um Estado pequeno, ou mesmo um micro-Estado, mas os seus filhos são grandes.
Mas como diz o adágio os Homens não se vêem pela altura mas pela qualidade dos seus actos, aqui fica uma prova disso mesmo, embora com um pequeno atraso. De acordo com uma notícia do Correio da Semana, pela primeira vez, um cidadão afro-lusófono – ou da CPLP – ascendeu a um elevado cargo numa Confederação desportiva continental (exceptua-se, embora seja mundial, o brasileiro João Havelange, presidente da FIFA de 1974 a 1998).
Foi o caso do santomense João Costa Alegre que foi eleito presidente da Confederação Africana de Canoagem.
Em São Tomé e Príncipe, a vida não se faz só em torno das intermináveis rotações governamentais mas onde os “mesmos” (ver o nº 1 da lista) estão sempre com o lugar garantido.

É a democracia uma treta?

"Democracia, a palavra mais amada e, simultaneamente, mais odiada do sistema político internacional deve a sua origem semântica aos gregos.
De facto, foi a partir de duas palavras gregas que se formou Democracia (Demos [povo] e Kratia [poder], ou “povo no poder”) sendo considerado como o pai da expressão “demokratia”, o grego Aristóteles.
Mas também diz uma certa história que, e ao contrário do que a Ciência Política vem afirmando, a versão original aristotélica considerava a demokratia uma forma injusta de exercer o poder ao contrário de “politeia” ou, no latim, “res publica” (coisa pública).
No primeiro caso haveria um governo injusto gerido por muitos ao contrário do segundo que, embora também por muitos, seria mais justo por representar o povo. Ou seja, no primeiro caso, haveria uma representação directa, aquela que se aproxima da moderna democracia autárquica – o povo directamente instalado no poder – enquanto na politeia haveria uma representação indirecta ou representativa, a que foi adoptada pelos pais da independência norte-americana, por ser, na sua concepção, mais justa, a “Democracia republicana” ou Democracia representativa.
Mas será que a Democracia é mesmo vantajosa ou é uma treta?
Em teoria todos, de uma maneira geral, mesmo os ditadores e autocratas a utilizam, embora a desprezem, a consideram como a forma mais correcta de Governar dado que os membros do poder estão, genericamente, instalados no Poder por via do voto directo – casos dos presidente nas maiorias das novas Democracias – ou por via do voto representativo alicerçado nas Assembleias Parlamentares que representam, directamente, a vontade popular.
É assim nas verdadeiras Democracias, e em África, felizmente já vai havendo algumas; é assim nas autocracias, ou, eufemísticamente para não afectar certas “aproximações que vão acontecendo amiúde, “Democracias musculadas” – o que predomina em África –; ou mesmo nas mais descaradas ditaduras – embora poucas, muito poucas, ainda as há em África. (...)
" (pode continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado no , edição 152, de 16 de Fevereiro de 2008

Salazar já tem sucessor no Guinness…

Ao fim de 49 anos e 3 dias depois de ter assumido os destinos de Cuba (16 de Fevereiro de 1959, como primeiro-ministro) Fidel Castro Ruz anuncia a sua retirada do poder de Cuba deixando os EUA órfãos.
Com Fidel Castro fora dos comandos de Cuba quem será o próximo fidalgal inimigo do senhor do Norte?
António de Oliveira Salazar, o “eterno” presidente do Conselho português tem um digno sucessor no Guinness World Records como o líder que mais tempo esteve no poder; a dúvida manter-se-á em saber qual o mais despótico...
Mas se Castro cede o seu lugar, Castro ocupará, definitivamente o lugar. Só mudará, o nome próprio. A família continuará à frente dos destinos da Nação cubana. Pelo menos nos primeiros tempos e até os cubanos se habituarem a não ter os longuíssimos discursos nacionalistas de Fidel Castro. Para isso vão ter de sintonizar os transístores para o vizinho do sul, para o senhor Hugo Chávez.
Até já Sierra Maestra para onde, por certo, irá descansar "El Comandante"!

18 fevereiro 2008

Escócia e Córsega independentes, JÁ!


(a bandeira oficial, azul-dourada, roubada aqui; e a que, na prática, vigorará)

Se o Kosovo, que todos afirmam, mesmo os que o querem ver independente ou os que estão a “governá-la” como é o caso da OTAN/NATO, ser inviável como Estado, pode ser independente e é reconhecido pelos EUA, Reino unido, França e Alemanha, ou seja, o xerife e os 4 grandes europeus – e viva a unidade europeia – então, e por motivos ainda mais válidos, quer económicos, quer políticos, quer sociais, a Escócia, a Córsega e o País Basco francês, ou o Porto Rico, podem ser independentes, JÁ!
E, já agora, como irão, e quando, estes países reconhecer a independência da Ossétia do Sul e da Abkhazia que já disseram querer seguir os passos do Kosovo? E elas até nem são russas, bem pelo contrário, são mesmo pró-Rússia onde existe um Estado, a Chechénia, região pela qual a jornalista russa Anna Politkovskaia deu a vida, e que também quer a sua independência. Só que esta, ao contrário das duas anteriores tem um “patrono” com armas nucleares e fornece o gás tão necessário para a vida da Alemanha. Por isso que os alemães já vieram dizer que uma hipotética independência daquelas regiões georgianas nunca seriam consideradas a nível internacional e o reconhecimento do Kosovo deverá ser ponderado.
Sei que há quem defenda a secessão do Kosovo e não veja nisso nada de mal.
Mas perguntem aos espanhóis (País Basco, Catalunha ou Galiza), aos cipriotas (A República Turca do Norte), aos Italianos (o Tirol ou a Lombardia) se estão de acordo com a independência?Há quem pense que isto não irá ser o dedinho que irá derrubar muitas pedras do dominó. Espero que, de facto, não o seja. Todavia, temo por isso…
E enquanto os donos do Mundo se vão deliciando numa nova Conferência de Berlim e criar novas fronteiras, o Kosovo declarou-se independente.
É certo que o Kosovo se tornou independente com barriga e bolsos vazios, com elevadas taxas de desemprego – o único emprego garantido é o que oferece a Kfor e a Nato – e analfabetismo, mas, valha-nos isso, é independente. Está de mãos estendidas à caridade europeia? Não há problemas, são pobres e podem ser indigentes, mas são independentes.
Ora se a Escócia, a Córsega ou o País Basco francês e o Porto Rico declararem a independência não o farão de barriga vazia, nem assentes num desemprego desenfreado e muito menos com um rendimento per capita inferior a alguns dos países mais pobres de África.
Por isso, apoio a pretensão de senhor Sean “Bond” Connery quando diz querer a independência da Escócia!

17 fevereiro 2008

Kosovo auto-declara independência

Manifestações de alegria da maioria kosovar-albanesa após a declaração de independência no Parlamento provincial kosovar (fotos ©Elcalmeida via TV-CNN).
Só uma pequena questão. Qual a diferença entre estas duas bandeiras? Uma é dos kosovares (a da CNN, à direita, e a da SIC, à esquerda) e a do centro é a da Albânia.

Ainda há dúvidas quanto às reais intenções dos dirigentes kosovares-albaneses? Será que a União Europeia interessa-lhe mais mostrar aos EUA que tem capacidade de projecção política e social mesmo que isso lhe possa trazer amargos de boca? Esquece-se a Europa que a Sérvia tem o apoio claro e inequívoco da Rússia, a mesma que já ameaçou utilizar mísseis contra um dos seus antigos aliados, a Ucrânia?
Ou será que a Europa, leia-se, a União Europeia e os Estados-membros que mais força têm, pensa que em caso de conflito os EUA virão logo a ajudá-la. Esquecem-se que também na 2ª Grande Guerra, o pensavam e os americanos só vieram quando a Europa já estava quase de joelhos perante os alemães e os soviéticos.
Ultimamente, a Europa esquece-se muito rapidamente da História…

Kosovo independente? Estará a Europa cansada da Paz?

Kosovo, uma região sérvia de maioria albanesa pensa, segundo se consta, declarar a independência unilateral hoje por volta das 15,00 horas.
Um espectáculo com hora marcada e espectadores fiéis já prontinhos para saudar a declaração unilateral de independência. Entre eles países que, habitualmente e desde há muitos decénios, advogam a teoria de “não se entendem que se separem”, no caso os EUA e o Reino Unidos.
Ao contrário a Sérvia, para quem o Kosovo é a região-embrião da Sérvia e a Rússia alinham pela oposição total a essa independência. Será que a Europa está preparada peara um conflito que o reconhecimento do novo Estado poderá causar ao continente e, queira Europa pensar nisso ou não, se extrapolará para outras paragens?
Será que o Kosovo vai ser mesmo um país independente ou não será mais que um pequeno passo para o próximo, o grande, que será a sua auto-anexação à Albânia e com isto cimentar a vontade de Enver Hoxha, antigo presidente albanês de se criar a Grande Albânia.
Já repararam que a maioria dos defensores do Kosovo independente flamejam quase sempre, ou sempre, a bandeira albanesa?
Será que a Europa – certos países europeus e alguns não-europeus – estarão preparados para, natural e logicamente, também darem independências a regiões suas que as desejem. Relembrava o País Basco e a Córsega, em França, a Escócia e a Irlanda do Norte, no Reino Unido, a Lombardia, em Itália, a Madeira (onde é que se põe a cruz a favor do sim?) e os Açores, em Portugal, Porto rico, nos EUA, ilhas Faroe, na Dinamarca, etc…
Mas mais que tudo isso, estará a Europa cansada da Paz? Lembram-se onde começou a 1ª Grande Guerra?

A CPLP, Timor-Leste e a crise…

Orlando Castro, enquanto jornalista do matutino português Jornal de Notícias, faz uma análise ao que (ainda não) fez a CPLP na actual situação de Timor-Leste, sob o título “CPLP só pode intervir teoricamente”.
Para aquela sua análise, Orlando Castro juntou o contributo de terceiros onde se inclui este vosso escriba e que passo a citar: “Em termos políticos, de acordo com o especialista angolano em Relações Internacionais Eugénio Almeida, "o grande problema da CPLP é não ter, ao contrário da britânica Common-wealth ou da Communauté Française, um Estado com capacidade de projecção e liderança que defina e determine as linhas de actuação da Comunidade, tal como faz Londres ou Paris".
O facto, "ainda não ultrapassado e se calhar de difícil solução, de a CPLP não falar a uma só voz, de não ter uma voz de comando que determine o rumo a seguir, leva a que, em situações de crise num dos seus membros, sejam terceiros a resolver o problema", diz Eugénio Almeida.

Já agora e para elevar mais as suspeições às estórias mal-contadas, nomeadamente, à diferença horária entre os atingidos major Reinado e o presidente Ramos-Horta, a notícia que este estava a pensar em convocar eleições antecipadas para 2009, conforme parece ter confidenciado a “Xanana” usmão e a “Lula” da Silva.
Cada vez mais me convenço que os alvos eram precisamente o major Reinado, para não “falazar como nunca teria falazado” (Asterix dixit) sobre as suas estranhas relações com os australianos e com alguns políticos timorenses, e o presidente Ramos-Horta, por não querer, talvez, continuar a pactuar com o neo-colonialismo australiano.
Como relembra a embaixadora e eurodeputada portuguesa Ana Gomes, numa entrevista hoje publicada no JN, Ramos-Horta tentou sempre a que Fretilin fizesse parte de um Governo de unidade nacional, por considerar aquele movimento/partido como “um pilar da construção democrática”.
E sabendo que dentro da Fretilin há personalidades que não morrem de amores pela Austrália e que são duros de negociar como os próprios aussies o reconheceram por mais de uma vez, relembremos os acordos sobre o petróleo…
Já agora porque o Governo autorizou as buscas efectuadas pelas Falintl-FDTL e não lhes entregou mandados de busca? Pensa(vam) o Governo/Ministério Público e os militares que os “renegados” estariam descansados “a tomar uma cerveja numa esquina e a fazer sinal do tipo "estou aqui"” e venham-nos prender?

15 fevereiro 2008

As crises resolvem-se assim?

(foto d’ O Globo)
A crise pós-eleitoral no Quénia, e depois de várias centenas de mortos, muitos feridos e milhares de desalojados, parece estar a caminho do fim com um acordo de princípio assinado entre o candidato derrotado e o candidato reeleito das eleições presidenciais de 27 de Dezembro.
Segundo os negociadores, o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e o negociador governamental, Mutula Kilonzo, já há acordo entre as duas partes sendo que um dos principais pontos do acordo passará pela alteração da Constituição queniana que vigora desde a independência, em 1963.
Que seja realmente o princípio do fim da crise e que, por outro lado, não sirva, definitivamente, de modelo para as próximas eleições gerais que se avizinham em África…
Porque sempre que um “derrotado” não queira aceitar o escrutínio, levar a mudanças Constitucionais…

14 fevereiro 2008

Em Benguela, ex-militares viram pastores

Quarenta cabeças de gado para tracção animal, fertilizantes e sementes foram distribuídos, na segunda-feira, a cinquenta ex-militares das FAPLA [MPLA], no município do Chongoroi, 150 quilómetros a sudeste da cidade de Benguela.”
Uma medida a favor do desenvolvimento social e da agro-pecuária que se saúda.
Só espero que não se esqueçam que também há ex-militares das FALA [UNITA] que aguardam e (des)esperam pela sua reintegração social.
Só assim o País poderá se desenvolver económica e socialmente evitando-se que se digam disparates, nomeadamente, face a instrumentos audio-visuais ou após bem regadas refeições…

13 fevereiro 2008

Ruy Duarte de Carvalho vence prémio Casino da Póvoa 2008

(imagem a partir daqui)
O escritor, cineasta e antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho conquistou o prémioCasino da Póvoa”, da 9ª edição das Correntes d’Escritas para autores de expressão ibérica, com o romance “desmedida; luanda - são paulo - são francisco e volta”.
Ao concurso estavam outros autores africanos onde se destacavam os angolanos Ondjaki e Manuel Rui, o moçambicano Mia Couto, além dos portugueses António Lobo Antunes, Lídia Jorge ou Rui Zink, do colombiano Santiago Gamboa, dos brasileiros Tabajara Ruas e Bernardo Carvalho, do galego Carlos Quiroga, entre 62 participantes.
De notar que no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa e até ao dia 9 de Março, está patente uma exposição sobre a vida e obra de Ruy Duarte de Carvalho (ver um poema de Ruy Duarte de Carvalho no Malambas).

12 fevereiro 2008

Declarações perigosas em período pré-eleitoral

Segundo uma notícia do Angonotícias, citando uma eventual entrevista do Ministro da Defesa, Kundi Pahiama, à Rádio LAC, a UNITA ainda terá armas escondidas e alguns dos seus líderes estarão preparados para a guerra.
Em vésperas do período pré-eleitoral estas afirmações são não só irresponsáveis como tremendamente perigosas para a estabilidade social, política e económica do País.
São irresponsáveis porque vindo de um Ministro com o pelouro que Paihama tem a serem verdadeiras só lhe caberia uma rápida solução. Apresentar os prevaricadores, como a própria UNITA muito bem o exige, a tribunal para serem ouvidos e caso se confirmasse o delito serem devidamente penalizados.
Dado que não só não apresenta provas como ainda omite o nome dos eventuais “guerrilheiros” somos levados a pensar que foi mais uma manobra eleitoral e que, face aos acontecimentos ocorridos após as primeiras eleições, muito pouco inteligente.
Também vindo de quem veio e depois das polémicas declarações que, eventualmente, terá proferido na Matala mesmo que fosse verdade, e duvido que o seja dado não mostrar provas cabais, as pessoas nunca o levarão a sério, salvo aqueles para quem o acto eleitoral não interessa minimamente.
Parece ser altura do próprio Procurador-geral da República e do Presidente José Eduardo dos Santos chamar a atenção do senhor Ministro da Defesa da gravidade das suas declarações e solicitar-lhe, se não calma e ponderação, pelo menos dê lugar a outro e se limite às suas intervenções políticas nos lugares próprios.

Alterações governativas em STP

(Cidade de São Tome; imagem daqui)

Quando a riqueza, ou pretensa riqueza, é muita e todos são, ou se perfilam, filhos não há dúvidas que ninguém se entende. E infelizmente, o petróleo continua, talvez indirectamente, a causar os maiores incómodos aos sucessivos Governos das ilhas maravilhosas. Aliado a isso, a falta de emprego e alguns actos poucos qualificáveis como os que foram denunciados no ilhéu das Rolas.
O certo é que não vemos um Governo estável em São Tomé e Príncipe. Um Governo que comece e termine com a legislatura.
Como seria de esperar com o “põe e tira” perpetrado pelo Governo de Tomé Vera Cruz com o Orçamento e as Grandes Opções do Plano, com a possível, quanto absurda, mudança da Lei do petróleo de querer prescindir de concursos públicos numa região onde a corrupção é enorme, depois de Fradique de Menezes, em Setembro, ter dado um puxão de orelhas ao Governo quando Vera Cruz estava a recuperar, em Portugal, de problemas de saúde, depois do próprio Vera Cruz, no Congresso do MDFM/PL, em Maio passado ter quase passado um atestado de menoridade ao criarem a figura de presidente do partido e dado ao ainda presidente da República Fradique de Menezes, era natural que Tomé Vera Cruz acabasse por apresentar o seu lugar à disposição do presidente evitando um possível voto de desconfiança no Parlamento.
E se bem o fez, melhor fez Fradique que aceitou e iniciou diligências para se formar um novo Governo e nomear um novo Primeiro-Ministro.
Ora segundo as últimas notícias esse cargo parece que vai ser entregue ao derrotado das últimas presidenciais Patrice Emery Trovoada que irá chefiar um governo multipartidário, aquele que será o 12º Governo Constitucional em 30 anos de independência, ou seja, quase um Governo anual desde a implantação o multipartidarismo.
O previsível Governo de Trovoada deverá incluir ministros do seu partido, a ADI, do MLSTP/PSD e da coligação MDFM-PCD.

Dacar é em África!

Como é possível que a organizadora do antigo Paris/Lisboa-Dacar se decida fazer um Dacar na América Latina e na Europa?
Será que os africanos vão admitir que um grupelho de pseudo-terroristas destrua o que levou anos a consolidar e o nome africano de Dacar/Dakar seja levado para fora de África?
Que serve a África que os seus dirigentes não se surpreendam com esta decisão e fiquem quedos?
Fica África a perder e interesses não qualificáveis nem quantificáveis a ganhar!
Não poderá o maire de Dacar salvaguardar o nome da cidade e registá-la de modo a que ninguém possa utilizar o nome da Cidade fora de África?
Fica a ideia!

Nem cancro nem úlcera…

(foto daqui)

O Chefe do Estado-Maior General das Falintil/Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), brigadeiro-general Taur Matan Ruak, deve estar ou com um grande problema psiquiátrico ou candidatou-se a ser o próximo alvo a decapitar.
Pois não é que Matan Ruak, durante uma dura conferência hoje dada, foi dizendo que espera que a presença das “novas” forças militarizadas australianas, que deverão estar – ou já o fizeram – a desembarcar, "não sejam um cancro nem uma úlcera" mas que venham para o País para ajudar a resolver e não para agravar os problemas em Timor-Leste.
Isto depois de relembrar que já há uma semana tinha alertado para um possível ataque aos líderes nacionais e a zonas nevrálgicas de Díli.
Matan Ruak foi mais longe na conferência de imprensa que deu ao “exigir” "uma completa investigação internacional para apuramento de todos os factos trágicos ocorridos, que chocaram o país e que visaram os pilares do Estado democrático timorense" e pondo as F-FDTL em total "disponibilidade" para ajudar ao esclarecimento do que aconteceu durante os ataques contra José Ramos-Horta e Xanana Gusmão.
É que Matan Ruak não entende – afirmou mesmo, de forma irónica, estar surpreendido – como foi possível um duplo ataque aos dois principais líderes nacionais, com uma diferença de cerca de uma hora um do outro, e com a presença de milhares de militares e polícias internacionais quer no país, quer, principalmente, em Dili.
Matan Ruak relembrou, ainda, que as FDTL "são unicamente responsáveis pela segurança do perímetro da residência do Presidente da República" enquanto que a responsabilidade da segurança pessoal do Presidente está a cargo da UNPol (Polícia da ONU) e da PNTL (Polícia Nacional de Timor-Leste).
Mais dúvidas que as certezas confirmam…

11 fevereiro 2008

Muitas dúvidas e poucas certezas...

Timor-leste acordou hoje sob o espectro de um eventual atentado – leia-se Golpe de Estado(?!) – contra as principais figuras do Estado timorense. E segundo quase todas as fontes externas, o responsável principal por este acto tresloucado e cobarde teria sido o renegado e fugitivo antigo líder da Polícia Militar, o major Alfredo Reinado.
Não se contesta nem se duvida dos atentados que o presidente Ramos-Horta e o primeiro-ministro “Xanana” Gusmão foram alvos. Nem tão pouco se duvida que o presidente tenha sido atingido durante o atentado. Tal como não se duvida que o major Reinado possa ter sido recolhido morto – não dizemos que tenha sido morto – no local do atentado ao presidente. E não afirmado que tenha sido morto porque há muitas contradições neste duplo atentado.
Por um lado, enquanto o presidente foi alvo de um atentado à sua residência quando estava fora dela (de acordo com Xanana o presidente Ramos-Horta estava a fazer os seus exercícios físicos fora da residência), tendo decidido voltar para esta em vez de se pôr a salvo, o que parece querer demonstrar uma falta gritante de conhecimento dos problemas sociais do país, o que não queremos crer, mas que não previa algum tipo de ataque à sua pessoa, o chefe de Governo, “Xanana” Gusmão era alvo de uma emboscada quando regressava a Dili, levado a efeito por um segundo líder, o tenente Salsinha.
E todo este imbróglio, segundo fontes externas, teve como responsável o renegado e foragido major Reinado!
Ora, é aqui que começam as contradições.
Sabe-se que tanto Ramos-Horta como Xanana “protegiam” o major Reinado de eventuais tentativas de detenção que a polícia das Nações Unidas e um juiz do Tribunal timorense tentaram levar a efeito.
Por outro lado sabia-se que nem os australianos, nem as forças internacionais da ISF faziam alguma coisa para deter o renegado e foragido antigo líder da Polícia Militar porque nem Ramos-Horta e, também, nem Xanana o permitiam. Realce-se que ainda há poucos dias Reinado numa “entrevista” acusava Xanana de ser o principal responsável pela situação e ameaçava-o de, caso fosse detido e julgado, “levar” Xanana com ele e solicitava à ONU que demitisse o Governo de Xanana e entregasse o poder a Ramos-Horta. E Xanana chegou a afirmar que Reinado não era “ uma ameaça real à estabilidade de Timor-Leste”.
Logo se o major Reinado queria que o poder fosse para Ramos-Horta, e como relembrou hoje Mari Alkatiri, começava a haver um consenso de estabilidade no país, como se justifica o atentado e sob as ordens de Reinado.(…)” (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado na Manchete de hoje do , sob o título “Golpe de Estado? -São mais as dúvidas e menos as certezas

10 fevereiro 2008

Atentado a Ramos-Horta?

Segundo notícias veiculadas nas televisões portuguesas e a partir de telex da Reuter e da Lusa o presidente timorense Ramos-Horta terá sofrido uma emboscada, em sua casa(?) sofrendo ferimentos no estômago.
Ainda de acordo com as tais notícias o líder da eventual emboscada teria sido o major Reinado que foi abatido.
Por mim e sem querer pôr em causa a notícia e apesar de ser de domínio público que Reinado não morria de amores por Ramos-Horta era neste que mais “apoio” encontrava; relembremos como por mais de uma vez Ramos-Horta se encontrou com Reinado e como impediu um juiz de fazer cumprir um mandado de captura. Por outro lado, já a sua “aversão” a Xanana era quase proverbial.
Por esse facto é um pouco estranho este eventual atentado e com ele como líder. Mais estranho que tenha sido a única vítima mortal no tal ataque.
Um atentado a Ramos-Horta com ferimentos no “protector” e a morte do “protegido”…
Porque seria? Uma estória um pouco mal contada e cujo desfecho parece agradar mais a estranhos que aos timorenses!
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NOTA Complementar: Segundo o correspondente da RTP em Dili também Xanana terá sido alvo do atentado o que complica mais este imbróglio. Ora se Ramos-Horta estava em casa e o atentado foi ao princípio da manhã como Xanana estava também lá? Ou terá sido que o "atentado" iniciou-se na casa de Xanana e acabou na de Ramos-Horta?
E porque é que os australianos que estão, pretensamente, a proteger os dois estadistas estavam tão distraídos para deixarem aproximar dois carros aos tiros?
Ou será que o que parece mentira será mais uma verdade encoberta e este eventual duplo atentado vai mais longe do que parece?
e como é tão interessante que em vez de serem as autoridades timorenses a falarem seja o ministro do exterior australiano que irá falar, segundo afirmou o Governo aussie, que está acompanhar a situação.
Um enredo muito hollywoodesco para ser levado tão levemente...

CAN2008: Egipto bi-campeão

(o golo dos campeões; foto ©elcalmeida via Eurosport)
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O Egipto venceu a final do CAN-Ghana2008 ao bater na final os Camarões por 1-0, com golo de Abou Trica.
Um golo que saiu de um erro defensivo de um excelente e veterano jogador camaronês, o capitão Rigobert Song, o que vem comprovar que o erro não acontece só aos inexperientes e que na final a pressão, por vezes, tolda os sentidos dos mais habituados.
Uma final interessante que disse adeus ao Ghana e um até já a Angola, para 2010.
Um bi-campeonato para o Egipto que passa a ter 6 CAN's ganhos! O recordista dos CAN!
Morreu o CAN-Ghana2008 viva o CAN-Angola2010.
Nota: Nos lugares imediatos classificara-se o Gana que bateu a Costa do Marfim por 4-2.

Depois da seca as cheias


Depois da seca que mata a chuva que afoga

Depois de meses prolongados de seca que já provocava fome e escassez de água potável entre as populações, o Sul de Angola está sobre efeitos de fortes chuvadas que vão, por certo, provocar inúmeras cheias e perdas assinaladas para a economia angolana, em geral, e do sul, em particular.

08 fevereiro 2008

CAN2008: e os finalistas são…

Egipto x Camarões
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(a bola do torneio; imagem CAF)
"Os leões indomáveis" dos Camarões, de Samuel Eto'o e Binya, e os “faraós” do Egipto.
Enquanto os camaroneses eliminaram os anfitriões do Ghana por 1-0, os faraós despacharam os anteriores finalistas, naquela a que alguns falavam de final antecipada, por concludentes 4-1.
Não tive oportunidade de ver estes dois desafios por razões particulares, pelo que não posso fazer juízos de valor quanto aos mesmos. Mas…
Mas quando uma equipa que, na parte final tudo fez para amordaçar os Palancas Negras e quando a partida terminou abraçavam-se e vitoriavam-se como tivessem reconquistado o título, darem 4-1 à forte e bem organizada equipa de Didier Drogba – o verdadeiro melhor jogador africano de 2007 –, isso faz elevar o meu narcisismo e nacionalismos a picos elevados.
(Mais uma achega para o brasileiro – sê-lo-á(?!), por mim duvido que o seja, – me atirar com as seus cobardes comentários quando “atinjo” alguns dos seus “adorados”; aquilo que ele pelo que escreve – ou não escreve – mais me parece ser um covarde que se acoita no anonimato quando aqui deixa os seus viperinos comentários e que gostosamente os deixo para que possam ver e aquilatar da péssima qualidade moral e intelectual dele.)
Vamos esperar pelos jogos de sábado para a atribuição do 3º e 4º lugares entre Costa do Marfim e Ghana e a final de domingo entre o Egipto e Camarões e se Eto'o consolida a conquista de melhor marcador ou se é apanhado e ultrapassado pelo egípcio Hosni Rabou.


(imagem ©daqui)
Nota: Essa de um atleta, no caso jogador de futebol, perder o direito ao título de "Melhor Jogador" só porque não pode estar presente não lembra ao diabo. Foi o que aconteceu a Didier Drogba e por isso o maliano Kanouté, do Sevilha, que estava em segundo lugar acabou por receber o prémio!!!!

07 fevereiro 2008

1000 Baleias para investigação científica?

(imagem ©daqui)
O Japão diz querer capturar, este ano, durante o verão antárctico – não dizendo quantas mais durante o resto do ano –, 1000 (MIL!) baleias para, segundo as autoridades nipónicas, investigação científica.
Talvez por isso, as autoridades alfandegárias australianas tenham visto e gravado um vídeo onde uma baleia anã e a sua cria foram capturadas em simultâneo. Deve ser para ver como se diferem uma da outra.
Desde os meados de Janeiro, quando neozelandeses avisaram da presença de baleeiros nipónicos na Antárctida, que os japoneses estão em “combate” com o Greenpeace para a captura dos cetáceos, tendo, até agora, esta organização conseguido travar o morticínio, mas o que as autoridades alfandegárias viram e gravaram não me parece que seja muito próprio de uma captura para uma investigação científica.
Investigação científica? Vão gozar com a chipala dos outros!
Será que a comunidade científica e a ONU/UNESCO não têm uma palavra efectiva a dizer neste ano que é o Ano Internacional do Planeta Terra e, por sinal, uma quase continuação do anterior que foi, precisamente, o Ano Internacional dos Golfinhos? Um juiz australiano já considerou ilegal a sua captura. E o resto do Mundo porquê tão mudo e quedo?
Uma rotina a que já nos vamos habituando como nos casos de Darfur, Somália ou Chade…
Porque é que o Japão não inicia o ano lunar chinês do “Rato”, que hoje se inicia, com um acto de misericórdia e humanidade abandonando a captura dos cetáceos?
Investigação científica? Vão gozar com a chipala dos outros!

05 fevereiro 2008

Há crise no Chade? África no seu melhor!

"Há crise no Chade? Não há problemas, estão longe…
Se não é isso o que se pensa nos ocidentais lugares de lazer europeus e norte-americanos, para lá caminha.
Há crise no Chade? Não há problemas! Não sei onde fica e como não conheço deve ser lá longe!
Milícias agrupadas numa Frente Comum ou Coligação Tripartida, desde Dezembro, provenientes do vizinho Sudão entraram na capital N’Djamena e cercaram palácio presidencial; formam a coligação a União das Forças para a Democracia e Desenvolvimento (UFDD), de Mahamat Nouri, União das Forças da Mudança, de Timane Erdimi – sobrinho de Débi –, e UFDD-Fundamental – dissidência da UFDD –, de Abdelwahid Aboud.
É crise num tal Chade! Não há problemas! Não sei onde fica e como não conheço deve ser lá longe, fora do périplo dos grandes campos de golfe!
Milhares estão deslocados de N’Djamena; milhares fogem para países vizinhos. Outras centenas morreram ou foram assistidas em hospitais da capital.
É uma crise no Chade! Não há problemas! Não sei onde fica e como não conheço deve ser lá longe, fora do roteiro dos grandes centros balneares! (...)
" (continuar a ler aqui)
Publicado n', edição 148, de 4 de Fevereiro de 2008

Dúvidas e (muitas) certezas sobre a saída de Capapinha

"Terá sido a carta de Tchizé dos Santos ou as ligações à Igreja Maná que levaram à demissão do governador de Luanda?

A seu pedido – terá sido mesmo?!?!? –, e de acordo com um comunicado da Presidência da República de Angola, Job Pedro Castelo Capapinha deixou o cargo de Governador Provincial de Luanda por razões ainda não cabal e devidamente explicadas. (Sobre este assunto leia também a crónica de Jorge Eurico).

E torna-se estranho porque ainda há dias mostrava uma força e pujança ilimitadas como provavam as suas palavras na tomada de posse de novos administradores municipais e comunais da cidade de Luanda, onde exigiu – teria sido por isso? – mais empenho no combate ao deteriorado saneamento básico que é uma mina para certos e pouco escrupulosos “fornecedores de água” que, não raras vezes, “foge” da capital, no arranjo das estradas municipais, na recolha do lixo e no reordenamento da venda ambulante, na conservação da iluminação pública e no combate ao banditismo, na proibição clara de ocupação ilegal de terrenos – será que desta vez as ONG’s conseguiram ter mais força que o poder central , ou teria sido que certos especuladores conseguiram correr com Capapinha? –, ou a exigência de informação correcta às populações das eternizadas e pouco claras obras públicas que se fazem na cidade e que muitas a estão a descaracterizar.

O que, realmente, espoletou esta saída? Terá sido a carta que se indica como sendo produzida por Tchizé dos Santos, uma das filhas do presidente Eduardo dos Santos? Terão sido as ligações à Igreja Maná?

Relembremos que a carta em questão criticava os “… 'engraxadores', 'bajuladores', os 'Kotas Bosses', e outros delinquentes do colarinho branco…” que pululam pelo país passando, não poucas vezes, por “cima de outros cidadãos, ricos ou pobres” no que a articulista considera ser o “dia-a-dia da batalha pelo ganha pão”.

Só que, como ela relembra, existem muitos “…'pseudo-novos-ricos' angolanos esquecem as suas origens e querem passar por cima do seu vizinho que saiu do mesmo bairro e acham que têm direito a tudo na lei da força”.

E como recordamos casos como o de Kundi Pahiama, o todo poderoso Ministro da Defesa, que manda aviões às suas fazendas (ainda há quem ganhe o suficiente com a sua actividade governativa ao contrário do que lamenta o presidente Eduardo dos Santos) buscar cabeças de gado para a sua família e para os seus cães! e nunca para os pobres, porque desses não reza a história.
" (continuar a ler aqui ou aqui)
Publicado como Manchete no , de hoje.