30 dezembro 2006
Feliz 2007
O jornalismo incomoda, incomoda, incomoda!
Executado!
A ser verdade o seu enforcamento ao amanhecer deste sábado, deixaram-no morrer como ele queria; como mártir, como o cordeiro no sacrifício (hoje celebra-se o Eid-al-Adha)!
Será que o Ocidente está preparado para as consequências? Ou será que espera que mais 17 a 20.000 militares que os EUA e o senhor Bush querem colocar em Bagdad serão suficientes para abafar alguma eventual e previsível revolta sunita?
Entretanto, dezenas de processos ficaram sem a possibilidade que poderem realmente virem a ser conhecidos os seus meandros e possíveis consequências políticas, como, por exemplo, quem deu o material utilizado na chacina dos curdos ou porque é que Saddam Hussein realmente começou a guerra com o Irão…
Mais uma execução para o curriculum do xerife do Texas.
29 dezembro 2006
África, o HIV/SIDA não pára!
Em Angola, depois das febres hemorrágicas de Marburg, novo e desconhecido foco de febres epidémicas surge no Uíge já com vítimas mortais a lamentar e com as autoridades sanitárias angolanas e internacionais a assumirem o desconhecimento do tipo de doença.
Além destas a cólera, a tuberculose, ao paludismo/malária e o Sida não dão descanso às autoridades sanitárias.
E se o SIDA aumentou em Angola, no resto do Continente a progressão foi desproporcionada.
Segundo um estudo das Nações Unidas (ONUSIDA) dentro de 20 anos 10% a 25% da população africana estará contaminada com a doença do século.
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
Mas o relatório considera que se duplicarmos os investimentos nos sistemas de saúde, na agricultura – segundo últimos dados a malária ajuda a deteriorar o sistema imunológico do seropositivo – e na educação poderíamos, de certa forma, reduzir os números da pandemia.
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
Todavia, e apesar de 2006 ter sido considerado como um ano onde os esforços para prevenir o HIV/Sida, constata-se que na região subsahariana existem cerca de 8 milhões de crianças órfãs e morrem diariamente seis mil pessoas pelo Sida, entre os 15 e os 24 anos, a sua maioria mulheres.
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
Segundo o relatório da ONUSIDA a África meridional continua a ser o epicentro da epidemia mundial do HIV-
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
Mas, apesar disso, regista-se que no Zimbabwe diminuiu tanto a prevalência como a incidência da doença. Ainda assim, um em cada cinco adultos (20,1%, num intervalo de 13,3%-27%) vive com o HIV/SIDA fazendo com que a esperança de vida para os zimbabweanos se situe entre as mais baixas do mundo, ou seja 34 anos e para os homens 37 anos.
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
Mas é na Swazilândia que se regista a maior prevalência do HIV/SIDA em adultos de todo o Mundo, cerca de 33,4%, só quase igualada pelo Botswana onde, em 2005/6, cerca de 40% das mulheres grávidas, entre os 25 e 40 anos, eram seropositivas; já na Namíbia os níveis de infecção em adultos, embora igualmente altos, não ultrapassam os 19,6%; por sua vez, na África do Sul, habitualmente um país onde a incidência está entre as maiores do Mundo, regista-se pelo menos 5,5 milhões de pessoas, incluindo cerca de 240.00 crianças, vivem infectadas com o HIV/SIDA; Moçambique registou um acréscimo com a mudança do século tendo o segmento feminino dos 15 aos 40 anos aumentado os níveis de mulheres grávidas infectadas; só o Malawi e a Zâmbia parecem ter estabilizado os números, no entanto, tanto um como outro mostra que as grávidas seropositivas andam na casa dos 14%-17%.
E no entanto ainda há, em África, quem pense que esta doença passa com curandices e tisanas populares.
E só falámos de países meridonais porque nos outros a situação não é muito melhor.
É altura, e de uma vez, dos políticos africanos compreenderem e tomarem consciência que o HIV/SIDA não só destrói o depauperado tecido social dos nossos países como tem reflexos fortemente negativos na economia dos mesmos.
Vamos fazer do combate ao HIV/SIDA o factor principal para o desenvolvimento económico e social dos Estados africanos.
Fonte: ANGOP
As assassinas silenciosas
De acordo com o Instituto Nacional de Desminagem, no biénio 2005/2006, foram desactivadas e destruídas 900 minas anti-pessoal e 153 minas anti-tanque; no mesmo período, 9.437 engenhos, não detonados, foram também removidos.
Angola está mais limpa o que permite que as suas populações transitem e cultivem com menos receios e que alguns sectores não agrícolas tenham sido reabilitados. Ainda assim, muitos milhares de minas permanecem, silenciosas, à espera de vítimas incautas, a maioria crianças que, inocentemente, brincam descansadas.
Embora consideremos que a desminagem nos pareça lenta, demasiadamente lenta, não podemos deixar de congratular pelo empenho de alguns Homens que, embora bem pagos – pelo menos assim o penso e espero –, não deixam de pôr a sua vida em perigo a favor da livre circulação de outros, tornando o país mais belo e acolhedor!
Assim os outros também o entendam!
Somália: Nada está definido - análise
"Dada a situação actual da Etiópia, o país seria alvo de inúmeras convulsões caso se verificasse uma vitória completa dos Tribunais Islâmicos", salienta o especialista em Relações Internacionais Eugénio Costa Almeida, alertando para o facto de os etíopes "ainda não aceitarem o facto de terem ficado sem uma saída para o mar e de Djibuti não parece ser o caminho mais indicado para lá chegar". Este analista recorda a instabilidade de toda a região, "seja a oeste o Sudão com as crises que se conhecem, entre elas e a principal, em Darfur, seja a sul com um Quénia que, por vezes, nos oferece cíclicas perturbações sociais devido à incisiva penetração dos islamitas radicais". "Se a sudeste estiver um estado claramente islâmico, como poderia a Etiópia manter o actual estatuto de país-sede da União Africana, maioritariamente cristão, mas com uma comunidade islâmica superior a 30%?", interroga-se Eugénio Costa Almeida, afirmando que a situação na Somália "dará ao Sudão um pequeno intervalo nas pressões internacionais com nefastas consequências para o mártir povo de Darfur".
Somália, que caminho para a crise?
Parece, porque se há algo que um radical não aceita é a derrota. Para ele, a derrota de um combate é o princípio da vitória de uma guerra. E na região – que não só no Corno de África e nem só em África – estão muitos interesses em jogo e muitas vontades para serem cumpridas.
Como já escrevi, o Corno de África é um importante e apetecível check-point na região onde pontuam potências como o imprevisível Iémen ou a tradicionalista islâmica Arábia Saudita além da Etiópia e das forças francesas estacionadas no Djibuti.
Ora, apesar dos islamitas da UTI estarem conotados com a al-Qaeda, é ponto assente que tinham alguns militares eritreus a combater ao seu lado. Como na guerra de secessão, que a Eritreia levou contra a Etiópia, os eritreus foram apoiados pela Arábia Saudita é de crer que muitos sauditas estivessem por detrás da UTI.
Haverá país islâmico mais tradicionalista, ortodoxo e radical que a Arábia Saudita?
28 dezembro 2006
Gestores públicos que se cuidem
Mas Julião António foi mais longe.
Segundo ele, no próximo ano, o TC irá estar igualmente atento ao fenómeno da falta de transparência na apresentação dos resultados do exercício de algumas instituições.
Se o TC e o seu presidente conseguirem levar avante o que desejam, penso que o Governo vai ter de criar uma enorme “carteira” de gestores porque muitos serão os “despedidos” pelo TC; nem as cores políticas os salvarão, ou… estarei enganado?
O bom e mau aluno
Porque a Europa começa a estar farta de “sustentar” os habituais “mais olhos que barriga” o Jornal de Negócios estampou um artigo de um analista da Comissão Europeia a alertar para os riscos que essa entrada vai trazer e os alertas para aquilo que a Eslovénia não deve fazer: ou seja, imitar o que Portugal consegui; ser bom e mau aluno.
Uma análise interessante que pode e deve ser lida num apontamento de Liliana Castro no “Ser Europeu”.
E depois ainda há quem queira relançar um nado-morto: a Constituição Europeia.
Um pedido que peca por tardio
O presidente da Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, Francisco Benante, pediu a João Bernardo “Nino” Vieira que dissolva o Parlamento e convoque eleições antecipadas a fim de devolver a verdade democrática aos bissau-guineenses.
Segundo Benante, esta seria a forma de Nino” Vieira devolver um "rumo" ao país, confrontado com "problemas em todos os sectores" – parece que o única que neste momento está a trabalhar bem é o das pescas como comprova a detenção de dois barcos coreanos que pescavam ilegalmente nas águas territoriais –, nomeadamente, aqueles que a associação cívica Fórum de Convergência para o Desenvolvimento (FCD), espaço politico próximo do presidente anda a criar.
Relembrar que a FCD agrupa deputados do Partido da Renovação Social (PRS) do antigo presidente Kumba Yalá, Partido Unido Social Democrata (PUSD) criado por Francisco Fadul, entretanto retirado da política, e "dissidentes" do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), o mais votado nas últimas legislativas, e ameaça constituir um grupo parlamentar que lhe daria oportunidade para presidir os trabalhos no Parlamento.
O FCD considera Benante uma fonte de desestabilização parlamentar. Tudo porque o presidente do Parlamento, com o apoio do PAIGC, recusa a substituição de seis parlamentares por outros afectos ao FCD e que, segundo aquele, teriam o beneplácito de “Nino” Vieira.
Uma polémica que parece ir durar salvo se “Nino” Vieira assumir a responsabilidade política de devolver a legalidade e legitimidade democrática ao País com a convocação de eleições legislativas antecipadas.
Este pedido de Benante pecará por tardio mas mais vale tarde que a acomodação política; pior, de certeza que o País não ficará até porque, de uma maneira geral, os políticos e analistas bissau-guineenses acusam “Nino” Vieira de recusar o diálogo entre as instituições, situação que se comprova no difícil e deficiente desenvolvimento do país.
27 dezembro 2006
Devemos calar as nossas opiniões?
A ser verdade o que recebi via e-mail, e que Orlando Castro já muito bem escreveu no seu Alto Hama, há indivíduos que, provavelmente sem conhecimento superior – quero acreditar que sim –, utilizam meios pouco convencionais para tentarem calar jornalista e fazedores de opinião.
Mesmo que para isso tenham de atingir familiares directos!
Já o disse, e reafirmo, que não quero acreditar que os dirigentes máximos visados tenham conhecimento do que uma qualquer arraia-miúda ande a propalar, em nome de um qualquer ideal, o que espero não ser o que querem para Angola.
Porque não acredito, acho, e espero, que as autoridades do meu país deveriam verificar o que se passa. É grave e atentatório ao bom-nome da Liberdade em Angola.
Já o disse, e reafirmo, quero continuar a acreditar que nem a Cidade Alta nem os dirigentes máximos do partido a que dizem pertencer terão conhecimento que indivíduos em nome desse determinado partido, para calarem os incómodos, andem a fazer ameaças por via de terceiros ou, em alternativa, ofereçam umas belíssimas férias pagas em Luanda.
Porque não acredito, acho, e espero, que as autoridades do meu país deveriam verificar o que se passa. É grave e atentatório ao bom-nome da Liberdade em Angola.
Chamem-me ingénuo ou inocente!
O que querem? quero continuar a acreditar que em Angola todos seremos iguais e todos teremos uma palavra a dizer em prole do seu engrandecimento. Uns pela via braçal, outros pela via intelectual; todos sobre a bandeira da Justiça, da Liberdade, da Compreensão e do Respeito Mútuo pelas diferenças de cada um!
UA com dois pesos e duas medidas?
A citada resolução adoptada em 6 de Dezembro passado, autoriza a criação de uma força de paz africana na Somália de modo a apoiar o governo provisório de transição somali e fomentar o diálogo com a UTI.
Até aqui nada a objectar, pelo contrário. O Corno de África há muito que precisa de Paz.
O que se estranha é a UA só exigir a saída das tropas etíopes. E as eritreias que apoiam os islamitas?
Compreender-se-ia melhor e o povo somali agradeceria, como já alertou o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, se a UA exigisse a retirada imediata das tropas estrangeiras no local e o acantonamento imediato das duas milícias somalis: as dos senhores da Guerra e as da UTI. Agora só um dos contendores?
Será que a UA já começa, claramente, a ter dois pesos e duas medidas?
A ver pela entrevista que o vice-presidente da Comissão da UA, Patrick Mazimhaka, parece ter dado à BBC, é essa a ideia que fica.
Os oleodutos da desgraça
Nigéria, o maior produtor de crude da África, ao sul do Sahara, é também o maior deficitário em combustível de produção interna.
A maioria da sua exploração petrolífera nigeriana é para exportação, o que faz ao longo das centenas de oleodutos que saem das zonas de exploração e produção atarvés, a maioria, do delta do Níger. E cada empresa petrolífera tem o(s) seu(s) oleoduto. Cada oleoduto que é furado é um ganho qualitativo – leia-se lucro – para a outra empresa; sejam elas americanas, holandesas, francesas ou inglesas.
Mas o que interessa que em cerca de 133 milhões morram mais centena ou menos centena. Os lucros do crude e dos seus derivados são mais importantes que as vidas miseráveis das pessoas que vêem as suas terras, a maioria, as mais férteis do delta, serem ocupadas por oleodutos das grandes companhias petrolíferas com a conivência de governos locais – que por sua vez acusam o Governo Central, que agora os quer enterrar – e dos militares nigerianos.
Foram mais uns 500 a juntar a outros milhares. Mas quem liga a isso?!
Amanhã já todos terão esquecido que algumas centenas de pessoas tentaram aproveitar um furo de um oleoduto para minguar a fome de combustível no maior produtor e exportador sub-sahariano de crude.
Saddam vai ser executado já?
Esta foi, pelo menos, a indicação do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) iraquiano que não só confirmou a sentença do Alto Tribunal Penal que o “julgou e condenou” como deu 30 (trinta) dias para consumar a sentença, ou seja, ser enforcado.
Absurdo!!
Não defendo as atitudes de um ditado facínora nem do seu regime, mas todos têm direito a um julgamento justo e equilibrado e isso, segundo a Amnistia Internacional, os advogados do réu – a maioria estrangeiros, logo mais independentes, – e algumas organizações jurídicas acusaram o julgamento de ser tudo menos justo e equitativo.
Mas também o que se pode esperar quando:
- o STJ, sabendo que ainda existem vários processos para serem julgados decide a consumação da condenação num prazo de 30 dias “esquecendo” os outros inúmeros processos pendentes sobre Saddam Hussein;
- o primeiro-ministro iraquiano, por acaso e só por acaso xiita tal como os que levaram á condenação à morte do ditador, quer fazer cumprir a sentença até ao final do ano, esquecendo que ainda estão mais processos para serem julgados e que os muçulmanos vão entrar num dos períodos mais paradigmáticos do islamismo: o Eid El Adha, ou a festa do sacrifício;
- o xerife de Texas, reconhecido como presidente dos EUA, George W. Bush, aplaude a sentença do STJ, interferindo inequivocamente na justiça de um país estrangeiro, esperando que a mesma seja cumprida de imediato; esqueceu-se que estão mais processos jurídicos pendentes sobre o ditador.
Será que todos têm medo que Saddam decida, de uma vez, falar em Tribunal e diga tudo aquilo que alguns temem que ele fale?
Um sunita, por mais ditador e facínora que tenha sido, não conseguiria dominar a larga maioria xiita e combater um país xiita, como o Irão, se entre os xiitas não houvessem também colaboradores próximos de Saddam, logo algozes como ele.
E será isso o que muitos temem e, como eles, aqueles que, externamente, o apoiaram!!! Que ele, enfim, fale!
Entretanto, e enquanto isso, já morreram 2974 militares dos EUA – um número já superior ao das vítimas do 11 de Setembro – e ficaram feridos 22.401 soldados; isto só dos EUA. E dos outros? Será que a queda de Saddam, porque foi disto que se tratou e nada mais, justificou estas mortes e de milhares iraquianos e a quase completa “shatterização” do Iraque?
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ADENDA. Nem de propósito. O antigo chefe da diplomacia e, mais tarde, vice-primeiro-ministro, de Saddam, senhor Tarek Aziz, por acaso um cristão, quer testemunhar antes da execução do ditador, porque segundo ele terá informações importantes sobre a chacina dos curdos e que, por certo, irão «provocar um grande embaraço junto de muita gente no interior e no exterior». Será que os seus carcereiros - Aziz entregou-se aos norte-americanos em 2003 - e o Alto tribunal Penal deixarão que ele preste este testemunho?
25 dezembro 2006
Kabila nomeia primeiro-ministro
Embora ainda não formalmente empossado, Gizenga já se comporta como efectivo primeiro-ministro e vai advertindo que "os ladrões, os sanguinários, os corruptos e outros estão excluídos".
Não sei como ele irá conseguir formar Governo...
Fazer filhos é um dos únicos crimes impunes no Mundo
Será que os pais do autor desta imbecil, inopinada e estúpida frase também foram condenados por terem dado à luz um obtuso destes?
Da terra da Liberdade, Igualdade e Fraternidade também saiem abortos como estes; talvez por isso que haja quem defenda tanto a Interrupção Voluntária da Gravidez, vulgo aborto.
O Dia da Família ainda não é para todos
Depois dos líderes da UTI ter declarado que estava em guerra com a Etiópia devido à alegada presença de tropas deste país ao lado do Governo provisório que os islamitas não reconhecem, agora é a Etiópia a confirmar, “pela primeira vez, que começou a tomar "medidas ofensivas" em regiões da Somália que circundam a cidade de Baidoa [sede do Governo provisório] para "tentar evitar" a infiltração de milicianos islâmicos somalis”; o aeroporto de Mogadiscio tem estado sob bombardeamentos etíopes.
É o Corno de África a continuar a nos alertar que, apesar do Dia Mundial da Paz estar próximo, este ainda é um dia e uma palavra vãs e sem sentido.
Os dias da rádio ainda o são em certos lugares
Cem anos depois, a Rádio ainda junta povos, em volta de transístores, sendo o único veículo informativo e formativo de inúmeras comunidades como, por exemplo, nas regiões mais interiores de África.
Cem anos depois, ainda é a Rádio quem me faz sentir vivo principalmente quando se tem a oportunidade de acordar ao som discreto, ou vibrante, de um qualquer tipo de música.
Cem anos depois, ainda é a Rádio quem, primeiro, mais facilmente nos transmite, e a vós, o perfume dos nossos países.
Como recordo, com saudade, a voz calma de Sebastião Coelho ao oferecer-nos uma xícara de café quente ou a voz estonteante e forte de Francisco Simmons a relatar – como só ele sabia – uma partida de basquetebol ou de hóquei em patins, ou a voz bem timbrada de Pedro Moutinho, no Rádio Clube do Lobito, a dar-nos as últimas notícias do dia. Era na rádio que ouvíamos as emissões dos movimentos de Libertação, ou da Voz da América, ou a Rádio Moscovo, ou Voz da Suiça, ou a sempre actual BBC – a primeira emissora a despertar-me para o Golpe dos Capitães, nas primeiras horas da madrugada, estava eu em pleno alto mar, no Infante D. Henrique, já que regressava à minha Angola depois de uns meses vividos em Portugal.
Foi também na Rádio que pela primeira vez ouvi a voz quente do pai do soul, James Brown, hoje falecido. O éter ganhou mais uma estrela e mais sonoridade; a Rádio ficou menos rica embora nos valha o seu arquivo.
Ok! admito!! Provavelmente andará por aqui uma galopante PDI, mas que a Rádio ainda é Rádio, lá isso é.
23 dezembro 2006
O Pai Natal "chinês" no Mindelo
Com votos de Bom Natal, proponho-vos uma passagem por lá.
Sanções contra o Irão
A resolução obriga a que todos os Estados “impeçam a entrega, a venda ou a transferência directa ou indirectas ao Irão de todo o material, equipamento, bem ou tecnologia que possa contribuir” para o “enriquecimento de urânio e o reprocessamento de material, projectos ligados aos reactores de água pesada e desenvolvimento dos vectores de lançamento de armas nucleares”.
Sendo a Europa um continente demasiado dependente do petróleo e gás natural, será que ponderou sensatamente todos os prós e contras quanto a esta resolução? Ou estão os europeus dispostos a ficarem dependentes dos pipelines russos que, periodicamente, são sujeitos a “contratempos” não-naturais?
Caberá aos países africanos, nomeadamente Angola, Argélia, Moçambique e Nigéria, tirarem a ilações económicas que considerarem mais oportunas…
Uma Carta ao Pai Natal – artigo de opinião
Então seria assim, pedindo desculpa pela singeleza da mesma porque, como já disse antes, há muito que não escrevo ao senhor das barbas vestido de vermelho e que o senhor Hugo Chavez, por acaso, presidente da Venezuela, diz ser representante do imperialismo americano:
“Caro Pai Natal,
Esperando que esta epístola [isto é para ele perceber que já não sou muito novo] o vá encontrar de boa saúde neste dia que já prepara para ser transportado pelos Céus do Mundo na boa e sensata companhia do Rodolfo e esperando que V. Exa. não se recorde que já não lhe envio missiva alguma há já uns anos, venho por este meio apresentar o meu singelo pedido…”
Artigo publicado na edição 96, de 23-Dezembro-2006, do semanário santomense Correio da Semana, sob o título "Carta ao Pai Natal" e que pode ser lido, na íntegra, aqui.
O Corno de África agita-se neste final de Novo Ano
O final do ano não se vislumbra atraente para o Corno de África.
Os islamitas somalis da União dos Tribunais Islâmicos (UTI) continuam a sua progressão diante das forças conjuntas dos Senhores da Guerra, legitimados pelos EUA e pela ONU/UA quando os obrigaram a constituir um Governo provisório com capital provisória em Baidoa.
Se há ou não desproporcionalidade militar entre os dois conjuntos, não o sei. Agora que parece que as forças islamitas – segundo os bastidores políticos norte-americanos apoiadas e apoiantes da Al Qaeda – estão melhor organizadas, quer política, quer social, quer militarmente disso não parecem restar dúvidas.
A prova está como célere e disciplinadamente chegaram às portas da capital do governo provisório onde, segundo rezam certas notícias, já se verificam combates entre os dois opositores militarizados embora, desta feita, e de acordo com os islamitas os senhores da Guerra têm a combater ao seu lado tropas etíopes; este facto levou a UTI a declarar guerra à Etiópia, como terá reafirmado o principal dirigente islamita, xeque Muhamad Ibrahim Suley.
É evidente que não descarto esta natural hipótese de tropas etíopes estarem a combater ao lado do Governo de Transição.
Dada a situação actual da Etiópia, o país seria alvo de inúmeras convulsões sociais caso se verificasse uma vitória completa dos islamitas da UTI, como preconiza um dos seus líderes, o radical xeque Hassan Dahir Aweys.
Senão vejamos:
A norte têm a Eritreia, islâmica e pouco satisfeita com os etíopes, ao ponto de se constar que estão militares eritreus a combater ao lado dos islamitas somalis. Não esquecer que a Etiópia ainda não “aceitou” ter ficado sem uma saída para o mar e o Djibouti não parece ser o caminho mais indicado. Relembremos que na terra dos Afars e Issas “pernoitam” os franceses;
A oeste o Sudão com as crises que se conhecem, entre elas e a principal, no Darfur, mas que se mantêm, e renovado, no Sul animista;
A sul está um Quénia que, por vezes, nos oferece cíclicas perturbações sociais devido à incisiva penetração dos islamitas radicais.
Ora, se a sudeste estiver um estado claramente islâmico onde a sharia está já aplicada nos locais dominados pela UTI, como poderia a Etiópia manter o actual estatuto de país-sede da União Africana, maioritariamente cristão, mas com uma comunidade islâmica superior a 30%.
Claramente, o Corno de África, importante check-point marítimo, vai ver acabar o ano numa agitação militar como há muito não se via, a que não poderemos dissociar a que, certamente, ocorrerá na vida social e política da região, com particular destaque para aqueles que navegam junto dela, para Norte, de caminho para o Médio Oriente e Europa, ou através dos seus estreitos para os países do centro e sul africanos.
E com isto, o Sudão conseguirá um pequeno intervalo junto da Comunidade Internacional com nefastas consequências para o mártir povo de Darfur.
NOTA: Artigo publicado, na íntegra, no portal sob o título "O Corno de África".
21 dezembro 2006
A Lei de Imprensa angolana
Daí que vos proponha uma ida até aqui onde o Olho Atento do "Soberano" Canhanga nos tenta oferecer uma análise, talvez um pouco académica mas nem por isso menos interessante, bem pelo contrário.
Porque, e citando Soberano Canhanga apesar da Lei já ter sido aprovada em Maio passado, de realçar “… ausência até agora (Dez. 2006) da respectiva regulamentação, bem como a remissão de determinadas matérias para outras leis ainda inexistentes como o Estatuto do Jornalista”.
Tal como parece certo que as eleições legislativas e presidenciais serão mesmo em 2008 e 2009, esperemos que a Lei da Imprensa e tudo o que ela regulamenta, nomeadamente, o que toca à Televisão para que com a entrada de novos canais de esta possa “contribuir para o fortalecimento da Democracia” dado que a "“televisão é um órgão democratizante por excelência”".
Querem Timor-Leste a ferro e fogo?
Só assim se entende que tropas australianas e neo-zelandesas ameacem recorrer a métodos letais para impedir eventuais ataques às suas forças.
E tudo porque, segundo corre nos “corredores políticos” de Timor-Leste, um timorense foi há dias morto por arma de fogo tê-lo-ia sido por disparos australianos.
O que não se entende porque é que as autoridades timorenses não impediram o precipitado enterro e não impuseram uma cuidada autópsia para permitir deslindar o caso.
Depois do arquivamento do processo contra Alkatiri só falta mesmo as Forças internacionais da Missão Integrada da ONU em Timor-Leste (UNMIT) começarem, indiscriminadamente, aos tiros.
E eu sei, porque já tive essa experiência: como se começa um indiscriminado e imbecil tiroteio à custa de um só tiro!
E nessa altura são mais os inocentes que sofrem do que os culpados!!!
Lobito sem água potável…
Nem tudo se faz num dia, mas com 4 anos de Paz e com a prosperidade que se sabe já estar a acontecer e que se prevê seja cada vez maior, notícias como a que acabei de ler no Angonotícias já não se admitem.
Se já para Luanda são notícias pouco agradáveis, embora compreensíveis dado o fluxo migratório que a capital sofreu devido à guerra e nunca se ter preparado, correcta e devidamente, para tal em cidades como a minha, Lobito, cuja a população é menos de um décimo não é admissível.
A notícia em questão prende-se, tão só, com a falta de água potável há duas semanas na bela sala-de-visitas de Angola.
De acordo com a notícia daquele portal, as pessoas passam, diariamente, a calcorrear quilómetros para obter duas míseras bacias com água que mal dão para as necessidades básicas alimentares. E mais incrível ainda é a exploração canalha que se faz com um dos bens mais essenciais da vida humana. O que, em tempos comprava por 5 a 10 kwanzas (já de si incompreensível, embora se compreenda porque o saneamento básico não é barato) compram agora por uns especulativos 50 (CINQUENTA) Kwanzas. Mais que agiotagem, é ROUBO e isso as autoridades têm a obrigação de ver e punir severamente.
E tudo porque um teste na Barragem do Kileva falhou e impediu que a nova Estação de Tratamentos de Águas Brutas de Benguela não entrasse em funcionamento na data prevista e nem se sabe quando entrará em vigor.
Mas será que não há outra barragem na região, com capacidade energética, para, alternativamente, pudesse suprir a falta de energia da do Kileva?
A mim parece-me que houve, outrossim, uma deficiente gestão, por não previsão de factos anómalos, do Governo Provincial de Benguela.
20 dezembro 2006
Fora de rota?
Segundo a companhia aérea portuguesa o fim dos voos – deixam de operar a partir de 13 de Janeiro próximo – deve-se à deficiente operacionalidade da pista santomense que não só põe, segundo a operadora, em perigo os passageiros como danifica seriamente as aeronaves.
Como estamos habituados a que as culpas morram solteiras será que, também desta vez, ninguém assumirá este descalabro?
Poderão as belas ilhas atlânticas ficarem fora das rotas internacionais, nomeadamente da Europa e dos EUA? Ou será que outros interesses se projectam e a exclusão da TAP seria um mal que viria por bem?
Decidam-se, mas o povo santomense não pode ficar isolado do resto do Mundo.
Angola, 2007 parece que já era?
Segundo notícias que transpiraram daquela reunião o CE propôs ao presidente que as legislativas se verifiquem entre Maio e Agosto de 2008 – ou seja fora do período das chuvas como alguns iluminados sugeriram – e as presidenciais em 2009.
Apesar do povo já estar cansado de esperar pelas eleições penso que o bom-senso imperou. De facto e para que não haja um choque demasiado grande nas Instituições será preferível que as legislativas ocorram primeiro – e aqui concordo com Eduardo dos Santos quando alerta que a Constituição prevê eleições legislativas de 4 em 4 anos e presidenciais a cada 5 anos – e as presidenciais depois.
É certo que se fossem em simultâneo não viria mal ao Mundo mas, diz a sensatez popular que tudo de uma vez, por vezes não é bom conselheiro.
O que se deseja é que, efectivamente, haja eleições; que o povo diga da sua justiça.
Para isso já começaram a se recensear; segundo consta, nesta primeira fase, já se recensearam cerca de 1.000.000 de angolanos.
… E já agora, em que fase está previsto o recenseamento dos angolanos no exterior?
Processo contra Alkatiri arquivado
Pelo menos no que à Justiça diz respeito. O antigo primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, viu o arquivado processo que dizia respeito à distribuição de armas pelos civis.
Lá, como em Portugal, os arguidos nunca conseguem fazer provar a sua inocência.
Lá, como em Portugal, quando o Ministério Público não consegue provas substantivas e qualitativas contra os arguidos impede-os de, em Tribunal, provarem a sua inocência e, por extensão, a clara incapacidade do Ministério Público em provar os factos.
Lá, como em Portugal, quando isso acontece, arquiva-se um Processo ficando o arguido com a sempre suspeição de… seria, ou não seria culpado? se arquivaram foi porquê? por não encontrarem provas… então ele pode não ser inocente…
Meus senhores, por uma vez, deixem de arquivar processos e permitam aos arguidos saírem dos Tribunais acusados ou inocentados.
Acabemos, de vez, com a tendência em deixar a Espada de Demóstenes nas cabeças dos arguidos, ou seja, a eterna manutenção da suspeição.
19 dezembro 2006
A Conferência de Nairobi - artigo de opinião
Sob o peso e o alarme de estarmos a caminhar para uma cada vez maior desertificação das terras aráveis, a morte inexorável de alguns dos principais rios e florestas mundiais, o envenenamento contínuo dos mares e dos oceanos a Cimeira acabou por nada trazer de novo.”
Artigo elaborado no final de Novembro e publicado na edição 94, do princípio de Dezembro de 2006, do semanário santomense Correio da Semana, sob o título "A Conferência de Nairobi pariu um rato!" e que pode ser lido, na íntegra, aqui.
18 dezembro 2006
Connecticut, berço de George W. Bush?
17 dezembro 2006
Mundial de Clubes 2006 - Finais
Uma angolana na presidência das mulheres Lusófonas
De acordo com a ANGOP – alertado por esta via –, de onde extraí a globalidade desta notícia (lamentavelmente não vi nada disto reflectido na Comunicação Social Portuguesa, nem via Google – só o da Angop –; provavelmente dificuldades minhas de visão ou o facto não ser lamentavelmente mau para ser noticiado), as parlamentares lusófonas reuniram-se, em Luanda, para debater e criar a Rede de Mulheres Parlamentares do Fórum dos Parlamentos de Língua Portuguesa, na sequência do que havia sido já discutido durante o V Fórum dos Parlamentares da CPLP, em Abril passado, também em Luanda.
Apesar de não ser considerado um dos principais patrocinadores da CPLP, parece, no entanto, que Angola mostra ser um dos mais dinâmicos da organização.
Daí que não seja de estranhar que a Rede de Mulheres Parlamentares Lusófonas já tenha analisado e aprovado os estatutos da Rede e, simultaneamente, tenha já nomeado um Presidente: para o cargo foi nomeado uma angolana, Maria de Lourdes Veigas, que ocupará a primeira Presidência da Rede até Abril de 2007, quando será substituída por uma senhora Bissau-guineense.
Uma nomeação que se saúda.
Fonte: AngolaPress (ANGOP)
16 dezembro 2006
Amélia Veiga lança poesia na Casa de Angola
36 anos separam a sua anterior obra “Libertação”, publicada em Luanda, d’ “As Lágrimas da Memória”, título que a autora deu a este seu livro de poesias, com a chancela da editora angolana Chá de Caxinde e Prefácio de Jorge Arrimar.
Este belo livro de poemas teve a apresentação do jornalista angolano Emídio Rangel.
O poema “Desenraizados”, um dos muitos e bonitos poemas que definem a sensibilidade desta poetisa quanto à falta que Angola e África lhe fazem, pode ser lido no Malambas.
15 dezembro 2006
Será que é desta?
Deste órgão consultivo fazem parte o presidente da Assembleia Nacional, o Procurador-Geral da República, o presidente do Tribunal Supremo, o primeiro-ministro, os líderes dos principais partidos com assento parlamentar, e personalidades da sociedade civil convidadas pelo Presidente da República, num total de 23 pessoas.
14 dezembro 2006
Serviço (im)público de Comunicação
A UNITA acusa os citados órgãos de dualidade de critério. Só transmitem o que diz respeito ao principal partido do GURN, o MPLA, e nada do que diz respeito aos restantes partidos nacionais.
Já agora, a UNITA podia ter incluído a ANGOP. Basta ir ao portal da ANGOP e ver como está equitativamente distribuída a informação partidária nacional…
Mas esta situação não se põe só com a actividade político-partidária. Também eventos que não tenham a chancela do chamado partido no poder – não gosto desta expressão porque queira a UNITA, ou não, ainda faz parte do GURN e como tal é jurídica, política e constitucionalmente um partido do Governo – são ignorados ostensivamente pelos órgãos estatais.
Relembro-me de ter lido aqui que uma iniciativa denominada Projecto Criança Futuro não terá tido qualquer cobertura pela Comunicação Social Estatal. Como diz o “Angolense” foi devido a “um “milagre” chamado Emissora Católica de Angola, que o Governo teima em não deixar florescer [e porque será?], que a opinião pública ficou a saber” como o mesmo tinha decorrido. Como curiosidade [terá sido por isso?] o antigo director-geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE), general Fernando Miala, esteve presente neste evento.
E o interessante é que foi aprovada há pouco tempo, em Angola, uma nova Lei de Imprensa…
Angola na OPEP
Alguém me diz qual o verdadeiro e real valor acrescentado para o país em pertencer a este cartel onde pontificam países como a Líbia, Venezuela, Nigéria, Indonésia, Arábia Saudita, Qatar, Kuweit, Irão, Iraque, Emiratos Árabes Unidos e Argélia?
Uma realidade, mera casualidade, claro, é certa nesta chegada à OPEP: os combustíveis falham e estão mais caros!!!
13 dezembro 2006
Mugabe e Samora, o ódio separava-os?
Segundo parece o presidente do Zimbabwe tinha um ódio a Samora Machel no que, segundo consta, teria a sua devida retribuição.
Mesmo se odiando não se percebe como Mugabe terá sentido satisfação pela morte do então presidente de Moçambique, Samora Machel, conforme conta Geoffrey Nyarota, fundador do jornal «Daily News», num livro recentemente publicado sob o título, “Against the Grain – Memoirs of a Zimbabwean Newsman” (Zebra Press, Cape Town, 2006) – uma situação verificada com o avião pessoal de Machel e relatada pelo autor crê-se não ter ocorrida na altura do acidente.
Não me parece que o ódio fosse motivado só pelas questiúnculas que os mesmos tiveram durante o exílio de Mugabe em Moçambique.
Como se sabe, os ditadores sabem muito uns dos outros e satisfazem-se quando um dos parceiros morre. Porque com ele, vão alguns tenebrosos segredos e como sabemos que ambos tinham (tem) inúmeros segredos.
Talvez por isso que jovens zimbabweanos refugiados em Londres tenham apupado o presidente Guebuza acusando-o de nada fazer para impedir que o regime de Mugabe continue a praticar as graves violações de Direitos Humanos sobre o povo zimbabweano que começa a vislumbrar um Mugabe vitalício.
Sudão ajuda povo palestiniano
Não se contesta esta ajuda e solidariedade com o povo palestiniano.
O Governo sudanês, na maioria muçulmano, nada mais fez que cumprir um dos três conceitos, ou postulados, onde assenta a Lei islâmica1: o Postulado da Fé (Íman). Neste postulado o crente terá direito ao paraíso “o êxito supremo” por melhor cumprir as suas obrigações sociais e religiosas ou ao que, de uma forma contratual e nada metafísica, ofereça a sua vida e os seus bens terrenos em prol de uma vontade de Alá.
Ora é o que o Sudão está a fazer. Oferecer 10 milhões de USDólares ao Governo palestiniano do primeiro-ministro, e líder do Hamas, Ismail Haniyeh.
Muito bonito e muito correcto, até porque não será o único a fazê-lo. O Qatar também irá dar uma ajuda financeira ao Governo palestiniano do Hamas.
Só que o Governo sudanês de Cartum esqueceu-se que este postulado engloba toda a Umma (comunidade muçulmana ou que dela dependam) e não só uma parte.
O Governo sudanês de Cartum esqueceu-se dos seus concidadãos – porque o são independentemente de serem cristãos ou animistas – do Darfur que continuam a penar com fome e sob o espectro da guerra e do terrorismo perpetrado por milícias afectas ao regime islamita de Cartum.
Ou seja, o Governo de Cartum não cumpre o terceiro postulado, o do Comportamento Social, que prevê a recusa de comportamentos altivos, ambições injustificadas, a gula e a pilhagem. É precisamente isso que Cartum está a fazer em Darfur: pilhar os bens locais em seu próprio proveito desprezando um dos mais elementares comportamentos sociais: respeito pela vida humana.
Não será isto, também, um genocídio?
1 Sobre esta matéria podem ler mais elaboradamente no meu livro “Fundamentalismo Islâmico, A Ideologia e o Estado”, edição Autonomia27;
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Padre ruandês condenado por genocídio
Ontem foi o ditador etíope Mengistu, hoje o TPIR condenou um religioso católico que estava encarregue da paróquia de Nyange, na localidade de Kivumu, na província de Kibuye onde se tinham refugiado cerca de 2000 pessoas, a maioria tutsi, e que foram chacinadas quer por militares e milícias Interahamwe quer, segundo a acusação, por ordem do próprio prelado que mandou destruir a paróquia com máquinas escavadoras e matar os sobreviventes à facada.
Mas este não é o primeiro veredicto do TPIR. Em Fevereiro de 2003, um pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Elizaphan Ntakirutimana, fora condenado a 10 anos de prisão e na Bélgica, um tribunal local condenou duas freiras ruandesas entre 12 e 15 anos de prisão pela sua intervenção nos massacres ruandeses.
Campeonato do Mundo de Clubes
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O Al-Ahly vendeu caro a derrota face aos campeões da Taça de Libertadores da América, os brasileiros do Internacional de Porto Alegre.
Apesar de derrotados por 2-1 os campeões africanos mostraram que não estão neste Campeonato por favor mas por mérito.
O Internacional deve a sua passagem à final por culpa dum guarda-redes que só não defendeu o remate de Flávio (e vão 2 os golos do angolano no Campeonato) e do poste. Os remates foram repartidos entre as duas equipas; mas enquanto os brasileiros viram a maioria dos remates para fora, já os egípcios tiveram mais pontaria porque quase todos foram á baliza.
Mas como o que conta são os que entram, boa sorte ao Internacional e que o Al-Ahly consiga arrecadar o terceiro lugar da prova.
12 dezembro 2006
Os ditadores protegem-se
Lembram-se de um tal Mengistu Mariam que chegou a se intitular “Imperador Vermelho” e que governou a Etiópia entre 1977 e 1991 com o apoio da defunta União Soviética que, por acaso e até essa data, apoiava a Somália?
De notar que Mariam esteve entre os militares que derrubaram o imperador Hailé Selassié.
Sabiam que quando Mariam foi deposto, fugiu para os braços de um tal Robert Mugabe, o eternizado presidente do Zimbabwé?
Acabei de ler aqui que o tal senhor, ao fim de 12 anos de férias no Zimbabwé, foi considerado culpado pelo Supremo Tribunal Federal da Etiópia pela prática de genocídio, detenção ilegal, homicídio e confiscação de propriedades. E com ele outros 34 réus, a maioria, à revelia.
Mas como ele continua nos braços do seu amigo Mugabe o Tribunal vai ter de proferir a condenação – que se espera seja à morte, para não variar, não conhecem outra condenação mesmo que a mereçam – à revelia porque o Zimbabwé, na pessoa do seu ilustre presidente, tem recusado os pedidos de extradição do ex-ditador.
Pois é, os ditadores protegem-se embora, por vezes, se odeiem. Mas como sabem muito uns dos outros…
Até sempre Professor Ki-Zerbo!
Ao contrário de outras entidades similares a Francofonia relembrou a vida e obra deste historiador e político burquinabe através de uma mensagem enviada ao presidente do burkina Faso, Blaise Campaoré o qual parece se ter esquecido do nefasto evento a fazer fé nas notícias que provém daquele país africano.
Com a sua morte África perde um dos maiores acervos da moderna historiografia do Continente.
Muitos de nós, principalmente os que têm África como tema de estudo e análise, trazíamos os dois volumes da História da África Negra (salvo erro editada em Portugal, pela ed. Europa-América) e o seu importante contributo para a L`Histoire générale de l`Afrique noire (História Geral de África, editada sob patrocínio da UNESCO), como duas das principais, senão mesmo as principais, fontes da História Africana.
Só se lamenta que outras entidades e meios de Comunicação não o tenham feito saber.
Ainda há quem a defenda…
Pelos vistos a Assembleia Nacional Popular, o Parlamento nacional Bissau-guineense, pensa que sim ao aprovar, por unanimidade, uma lei que regula a obrigatoriedade do uso da Língua Portuguesa nos Departamentos do Estado, escolas e nos meios de comunicação social audiovisuais públicos e privados e, progressivamente, nas sessões de trabalho de todos os órgãos de soberania e das estruturas a eles ligados como são os casos do Conselho de Estado, Mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP), Conselho de Ministros, Ministérios, institutos e serviços públicos, todos os órgãos do poder judicial e as Comissões Especializadas do Parlamento!
Estou para ver como certos generais, alguns com cargos de Chefia Militar, e régulos Bissau-guineenses vão descalçar esta bota...
11 dezembro 2006
A mortalidade infantil segundo a UNICEF
Por exemplo, relativamente à mortalidade infantil verifica-se que é em África, nomeadamente ao sul do Sahara, que este tema atinge os mais preocupantes números.
Por exemplo, em 2005 – números a que reporta a Tabela deste Relatório – nos três países com maior mortalidade infantil, dois são africanos e um asiático. Se o asiático ainda terá razões, se razões assistem, para encimar a tabela passam por guerras, já os dois Estados africanos, embora, em 2005, estivessem no rescaldo de guerras fratricidas por que passaram, não justifica esse desiderato. Há países africanos ainda em guerra, relembro o Sudão, que se mantém um pouco afastados do mau-lugar. Nos primeiros piores 25 lugares só dois não são africanos: Afeganistão, em 3º e Cambodja, em 25º.
Infelizmente, os países africanos de língua portuguesa encimam esta “maldita” tabela. Sabendo que os africanos consideram a criança um “bem” inestimável não se entende como deixam morrer tantas crianças antes de atingirem os 5 anos. As políticas sociais destes países continuam a fazer prevalecer o bem de uns quantos em detrimento da estabilidade social de milhares ou milhões que vivem em cada um dos países analisados.
Vejamos a tabela dos países da CPLP, por ordem decrescente, tal como foi elaborada pela UNICEF:
. Angola, em 2º lugar, com 260, por cada 1000, crianças mortas antes de atingirem os 5 anos;
. Guiné-Bissau, em 12º com 200/1000;
. Moçambique, em 24º, com 145/1000;
. São Tomé e Príncipe, em 41º, com 118/1000;
. Timor-Leste, em 68º, com 61/1000;
. Cabo Verde, em 85º, com 35/1000;
. Brasil, em 86º, com 33/1000;
. Portugal, em 168º, só com 5 crianças mortas em cada 1000.
Surpreendente o facto de regiões onde a guerra atinge níveis incompreensíveis, como o Sudão (em 49º lugar onde 90 crianças em cada 1000 não atinge os 5 anos), ou a Palestina (em 106º com “só” 23 crianças mortas) conseguem apresentar números melhores que os 4 primeiros países afro-lusófonos.
Onde está o erro?!?!?!
Esperemos que 2006 tenha trazido uma alteração qualitativa a estes números que só nos envergonham.
Angola, mais que qualquer um deles, tem obrigação de proceder a essa reviravolta! Não estraguemos o nosso futuro! Deixemos as crianças crescerem felizes! As nossas crianças exigem-no!!!
Um já foi…
Augusto Pinochet, para muitos o maior ditador da América Latina – há quem queira, convenientemente, esquecer outros – e para outros uma vítima do sistema e, por isso, continuam a manter-lhe a auréola de um grande patriota, morreu como viveu: na ribalta do conflito. Ou seja, até às portas da morte e quando terá recebido a extrema-unção havia dúvidas da sua debilidade física.
Não foi julgado pelos crimes cometidos durante o seu regime pretoriano mas não conseguiu justificar muita da fortuna que acumulou no estrangeiro.
Não foi julgado pelo Golpe de 11 de Setembro de 1973, contra o governo do socialista Salvador Allende e dos morticínios que se seguiram. Mas se tivesse sido julgado, teria sido realmente condenado?
Relembro um livro que li em finais de 1974, para um trabalho escolar, editado, salvo erro, pela Edições 70, precisamente sobre o Golpe e os momentos que o antecederam, nomeadamente a greve dos camionistas que foi o rastilho final. Nesse livro, do que, lamentavelmente, não me recordo nem autor nem o título, há um capítulo onde Allende chama ao palácio presidencial as cúpulas militares que, mais tarde, tomariam o poder e disse-lhes na cara que sabia que estavam a preparar um Golpe com a conivência da CIA. Disse-lhes quem participava e quem era o chefe, bem assim, quem era o operacional que os estava a ajudar.
Allende tinha, na altura, o corpo militar presidencial a seu lado. Porque não impediu, na altura, o golpe e deteve os militares?
Ele tinha tudo nas mãos. Porque deixou o país cair no abismo como caiu?
Esta é uma das dúvidas que desde sempre me assaltou e que também o autor, no fim colocava.
Um já morreu, mas na América Latina ainda persistem outros da mesma época ou mais velhos, alguns doentes - muito doentes que nem se sabe se chegarão ao Natal, mas que não deixam de dar nome a localidades -, e que nunca foram alvo de condenações judiciais ou ainda persistem em mandar nos seus países como coutadas pessoais se tratassem.
Al-Ahly nas meias do Mundial de Clubes
Ao contrário do que aconteceu o ano passado o campeão africano não baqueou logo na primeira jornada do Campeonato do Mundo de Clubes ao derrotar o representante da Oceânia, a equipa neozelandesa do Auckland, por 2-0.
O angolano e mundialista Flávio, que abriu o caminho para as meias, e Aboutrika foram os marcadores de serviço. O Al-Ahly vai encontrar nas meias-finais o automaticamente apurado Internacional de Porto Alegre, do Brasil – como reclama Manuel José, o treinador da equipa egípcia campeã africana, não se entende porque os campeões Europeus e Sul-americano têm entrada directa nas meias finais.
Já agora os outros semi-finalistas são o Barcelona, de Espanha – perdão, da Catalunha – e o Club América, do México, que afastou a equipa sul-coreana Jeonbuk, por 1-0
Com estes acertos que visam manter o sistema da antiga Taça intercontinental entre Sul-americanos e europeus, vamos lá a ver se não há surpresas e algum dos chmados favoritos ficam pelo caminho.
Era cá um gozo…
07 dezembro 2006
Bom longo fim-de-semana
Salazar, eu? – parte II
Pelas mãos simpáticas de um colega deste aparelho global que é o blogue, tive acesso ao discurso de Isaías Samakuva, pela VI Reunião da Comissão Política, realizada em finais de Novembro passado.
Ora segundo aquele documento escrito, o presidente da UNITA nada mais fez do que copiar uma atitude do Papa Bento (ou Benedito) XVI ao citar uma terceira pessoa para qualificar o actual regime angolano.
Em nenhum momento do seu discurso ele diz que o presidente de Angola é parecido a Oliveira Salazar mas que pelo facto de Angola vir, nos últimos tempos, a assistir “…à degradação do estado de direito, ao aumento da pobreza e à vertiginosa perda de confiança dos cidadãos nas instituições” aliados ao facto da Lei constitucional ser “…sistemàticamente violada” da corrupção estar institucionalizada e não ser devidamente combatida, do País estar sem rumo e do regime persistir “… na sua gestão casuística do poder, ora promovendo uma fachada de democracia, ora subvertendo a mesma” aliado ao facto do sagrado princípio constitucional que são as eleições estarem a ser coordenadas por “órgão não participado e não isento, a CIPE” é de molde a constatar que Angola não estará no bom caminho.
Por isso, não surpreendeu que, a dado momento, Samakuva, citando uma página do livro de José Freire Antunes "1961 - Kennedy e Salazar - O leão e a raposa", tenha aproveitado para afirmar que o actual regime angolano se parece com o regime de Salazar, principalmente nos artifícios jurídico-constitucionais para levar a água ao seu moinho. Ou seja, para perpetuar o actual “status quo” que só interessará a quem tem tudo e tudo mais quer sem se preocupar, realmente, com aqueles que nada ou quase nada têm; e são alguns quantos milhões.
A mim não me cabe fazer política. Como analista político deverei somente analisar actos e atitudes políticas.
Daí que se estranhe que alguns analistas políticos tenham vindo a terreiro clamar que estavam a insultar o presidente dos Santos chamando-lhe ditador em comparação dom Salazar.
Se lerem calmamente o discurso verão que Samakuva fala sempre no regime e nunca no Presidente. O presidente da UNITA só fala em dos Santos no terceiro parágrafo junto ao Secretário-geral das NU e no último parágrafo antes do fecho da sua palestra para falar, e ainda, no regime.
Porque será que quando convém a certos sectores, falar em regime é como se falasse no Presidente? Será que assim, já que ninguém já lhes liga, se tornaa mais fácil de serem ouvidos?
Por mim acho que o Presidente já deve estar farto de “ser mandado para a frente” quando a outros lhes convém.